O amor abençoado pelo Nilo escrita por kagomechan


Capítulo 35
Trabalho em Equipe


Notas iniciais do capítulo

olha só mais um cap! esse ficou grande pq quero trazer logo a Aya pra vocês ♥ então aproveitem! Vou tentar trazer o próximo o mais rápido possível tbm!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/755771/chapter/35

O desespero foi a primeira coisa que Sadie sentiu ao sentir o líquido escorrendo por suas pernas. Esperava que a primeira coisa que sentisse quando chegasse a hora fossem as contrações, mas se Aya queria chegar fazendo toda uma cena dramática, o que ela podia fazer?

Um parto, por si só, já era uma coisa complicada. Ter que lutar contra um deus antigo durante ele, deixava tudo mais maluco e preocupante ainda. Assim, enquanto Anúbis se levantava dolorosamente do chão já com o coração batendo rápido vendo que teria que arranjar um jeito de se dividir em dois, Sadie respirava fundo e lentamente tentando organizar os pensamentos e controlar as emoções.

— Temos que ir pra um médico! - exclamava Clare desesperadamente.

— Não… - disse Sadie respirando fundo e colocando a mão na enorme barriga enquanto Bastet finalmente se levantava e pulava na direção de Ahriman - Não posso sair daqui se não vão vir atrás de mim… atrás da Aya…

— Eu vou levar essa briga pra outro lugar e tentar acabar com ela de uma vez… - disse Anúbis indo até ela com dor nos olhos pois queria estar a cada momento ao lado de Sadie agora que parecia que Aya ia chegar à qualquer momento.

Sadie olhou para ele com o mesmo olhar de dor mas, esse olhar dela tinha outro motivo e estava acompanhado da preocupação. Isso porquê, segundos antes, ela olhou para Ahriman e viu a facilidade com que ele agarrava Bastet pelo pescoço e começava a envolver o corpo dela com trevas tão densas que pareciam prender a deusa gata como numa camisa de força. 

— Volte logo, por favor. - pediu Sadie preocupada pela mortalidade do marido.

Anúbis segurou o rosto dela em suas mãos gentilmente e depositou um beijo rápido em seus lábios. Queria fazer o beijo durar mais, verdade, mas tinha coisas mais importantes para resolver. Contudo, deu-se os segundos necessários para dar um breve beijo na barriga dela também.

— Vou tentar chamar o Carter e a Zia… - disse Sadie com a voz trêmula e tagarelando um pouco pela ansiedade - Quem sabe tem um portal funcionando agora. Ou… Nico e Will… Nico pode trazer o Will pelas sombras e um estudante de medicina é melhor do que nada né? Eu tinha lido que a bolsa romper antes de contrações não significa necessariamente que o bebê vai nascer agora… pode levar mais 48 horas também…

— De toda forma, é melhor você não ficar sozinha e deixar tudo à postos. - disse Anúbis olhando rápido para Clare, William e Peter, dificilmente a melhor companhia para ela naquele momento - Vou tentar voltar o mais rápido possível.

Sem muitas alternativas, Anúbis sumiu da frente de Sadie dissolvendo-se em pura névoa e no segundo seguinte reapareceu logo atrás de Ahriman um pouco no ar, evitando tocar o chão cheio de trevas potencialmente grudentas. Assim de perto, não foi muito dificil envolver a si, Ahriman e Bastet em névoas e, finalmente, conseguir levar o poderoso deus para longe do centro de Londres e direto para o centro do maior cemitério da capital inglesa. 

Aproveitando o milésimo de segundo de distração causado pela troca repentina de cenário, Bastet, numa explosão de poder, conseguiu se soltar das amarras de Ahriman pousando num ponto cujo único perigo era uma poça criada pela chuva que caía insistente.

— Não ache que vou perder tão fácil assim. - disse Bastet enquanto Anúbis aproveitava a distância que ela criou para criar uma névoa que putrefava tudo que tocava - Eu lutei contra Apófis! Precisa de mais do que isso.

— Apófis… pff… - disse Ahriman - Eu sou pior do que a tal serpente.

Ahriman olhou para a névoa que começava a rodeá-lo com um interesse muito baixo. Só começou a considerá-la como preocupante quando uma dor começou a atingir toda a sua pele como uma brasa queimando-o cada vez mais intensamente numa intensidade que o toque da água da chuva fazia arder ainda mais. Erguendo a mão, viu como a pele começava a ficar negra criando machucados dignos de um corpo de defunto. Estes, no entanto, não duravam muito graças à rápida recuperação do deus.

Isso, no entanto, não era a única coisa que Anúbis tinha planejado, pois apressadamente invocou seu cetro para uma forcinha extra e envolveu o corpo do inimigo em dezenas de metros de faixas de linho tentando impedir os movimentos.

— EU SOU A PRÓPRIA ESCURIDÃO E O CAOS! - gritou Ahriman com uma voz horripilante que faria qualquer criança chorar - NÃO PODE ME DERROTAR COM A MORTE!

— Não custa tentar… - disse Anúbis vendo a pele do rosto cinzento e naturalmente um tanto cadavérico do inimigo começando a ficar com pontos pretos enquanto a pele caía como papel de outros, que logo se curavam.

— Abaixa a névoa um pouquinho! - pediu Bastet.

Apesar de que era claro pela expressão de Anúbis, e pelo suor que se misturava com a água da chuva, que ele estava custando toda a concentração dele para impedir que Ahriman se libertasse das amarras de linho, ele atendeu ao pedido de Bastet. A névoa abaixou lentamente até estar na altura dos joelhos de Ahriman. Foi nessa hora que Bastet aproveitou para dar um longo e mortífero pulo na direção de Ahriman com as poderosas garras extendidas de forma ameaçadora.

Sem ter muitas opções de movimento, Ahriman foi atingido pelo ataque da deusa gata. As garras de Bastet abriram quatro profundas fendas no rosto do deus maligno que jorrou sangue negro. Contudo, o ataque, por mais efetivo que tivesse sido, também contraiu a raiva de Ahriman. Gritando no mais puro ódio, Ahriman deixou suas trevas explodirem produzindo um barulho que lembrava um poderoso trovão. 

As trevas de Ahriman, antes lentas e meio grudentas, se tornaram ásperas, duras e velozes como setas mortíferas que iam caoticamente de um lado para o outro acertando tudo que estivesse no caminho. Árvores, túmulos, tudo era atingido pelas velozes setas negras que majoritariamente tentavam atingir Bastet e Anúbis apesar de ambos tentarem desviar seguidamente. Uma delas, rápida e mortífera, conseguiu num piscar atingir Bastet no estômago atravessando-a sem dificuldades. Na mesma direção, outra tentou atingir Anúbis, mas precisava de bem menos esforço simplesmente sumir em névoa do que tentar desviar das setas.

Todavia, ele não podia ficar constantemente desaparecido em névoa, ele tinha que reaparecer em outro lugar. E com as poderosas setas tomando conta de todo o cemitério, não tinha muito espaço para Anúbis aparecer. Assim, não foi muito surpreendente quando um certeiro pedaço de trevas atingiu-o na cintura rasgando roupa e pele e causando uma dor pra se somar a dor que já tomava conta dos seus braços e outras partes do corpo devido aos cortes com os cacos de vidro da janela do Nomo.

— VOCÊS NÃO PODEM ME DERROTAR TÃO FÁCIL ASSIM! - gritou Ahriman claramente bem irritado enquanto seus ferimentos se fechavam novamente - EU SOU TODO O MAL DE MEU PEQUENO PANTEÃO! NINGUÉM MANDOU DISPERSAREM SUAS TREVAS E CAOS POR TANTOS DEUSES DIFERENTES!

Enquanto isso, no Nomo britânico, Clare, William e Peter tinham ajudado Sadie a subir as escadas para seu quarto. Os três estavam desesperadamente preocupados, mais do que ela, que insistia que não estava necessariamente sentindo muita dor no momento, só um desconforto, um cansaço crescente e o bebê mexendo de tempos em tempos como se estivesse terminando de se arrumar para nascer.

— O-O que precisamos para fazer um parto? - gaguejava Clare desesperada - Na televisão sempre é água… toalhas….

— Gente… calma… - pedia Hannah, a aprendiz, que apesar de ser simplesmente uma adolescente, tentava deixar os três adultos mais calmos.

O grupo havia trago uma cadeira para Sadie, que, apesar de ter a cama como opção para sentar, não estava ansiosa para molhar ela. Assim, ela sentava e respirava profundamente enquanto tentava ligar para Carter e, ao mesmo tempo, Hannah tentava ligar para Nico. Cada toque do telefone esperando a resposta do outro lado parecia aumentar ainda mais a ansiedade das duas, mas, felizmente, Nico atendeu o telefone.

— Quem é? - perguntou Nico.

— Oi… erm… - disse Hannah meio embaralhada com as palavras - Aqui é a Hannah.. uma das aprendizes do Nomo Britânico… Você não tem meu número, desculpa…

A fala de Hannah foi interrompida por um susto. Sadie repentinamente mordeu o lábio suprimindo o que parecia um grito, largou o telefone na cama e se segurou com força na cadeira. Tudo parecia indicar que aquilo era uma contração.

— Ai droga! - reclamou Hannah olhando para Sadie - Respira fundo Sadie.

Tentando respirar fundo apesar da dor da contração, Sadie estendeu a mão para Hannah pedindo o telefone dela apressadamente. Hannah entregou-o sem pensar duas vezes e Sadie prontamente falou ao telefone tentando controlar a dor da contração enquanto respirava fundo.

— Traz o Will pra cá por favor! - pedia ela desesperadamente - Minha bolsa rompeu e Anúbis tá lutando contra o deus idiota lá E O CARTER NÃO ATENDE A PORRA DO TELEFONE!

— T-Tá… tô indo! - gaguejou Nico desesperadamente desligando o telefone logo em seguida.

No cemitério, Bastet caía de joelhos jorrando sangue pelo ferimento o qual usava toda sua concentração para curar. Mas, enquanto o sangue de Bastet era prateado, o avermelhado de Anúbis mostrava o quão pior era sua situação apesar de seu conjunto de ferimentos ser menor. A mão direita de Anúbis segurava o ferimento na cintura impedindo mais sangue de sair por ali, enquanto a esquerda segurava o cetro. Ao ver a situação dos dois, Ahriman soltou uma risada de arrepiar os cabelos da nuca. 

— Ora, ora… - disse Ahriman olhando para Anúbis - Será que está se arrependendo de ter aberto mão da imortalidade agora, Anúbis? Acho que vou me livrar de você primeiro… é mais fácil… mais… mortal.

Anúbis não estava exatamente muito cheio de energia (e sangue) para fazer um ataque muito complicado em Ahriman. Portanto, julgou que naquele momento seria bom o suficiente apenas invocar uma parte dos fantasmas dali, que certamente estavam irritados por terem suas tumbas destruídas por Ahriman, e fazê-los voar contra o deus caótico. Distraindo Ahriman obstruindo sua visão com fantasmas, Anúbis ganhou os segundos necessários para fazer um curativo apressado na sua cintura. Contudo, sabia que o golpe que havia lançado contra o adversário era ridículo de fraco, apenas uma pequena distração mesmo. Mas tinha que saber usar bem seus poderes. Afinal, não tinha mais um estoque quase ilimitado de magia como antes.

Afastando os fantasmas com a mão como se fossem moscas irritantes, Ahriman logo começou a rir quando estes se dispersaram o suficiente.

— Pobre Anúbis… - zombou Ahriman - abriu mão da imortalidade para morrer aqui, de uma maneira tão sem graça.

Mas, de repente, Anúbis e Bastet não eram os únicos com os quais Ahriman tinha que se preocupar. Mesmo que não fizesse muito sentido para o clima típico londrino, especialmente considerando a insistente chuva que ainda caía, uma tempestade de areia chegou. Mais rápida e afiada do que qualquer tempestade de areia normal, todos os milhares de grãos de areia pareciam virar em Ahriman. Ele notou a aproximação rápida da tempestade tarde demais. No segundo seguinte ele foi envolto por milhares de grãos de areia que rodopiavam ao seu redor numa velocidade tão grande que era capaz de raspar a pele do deus.

A areia então se juntou tomando a forma de uma lâmina de foice que claramente tentou decapitar Ahriman com um golpe certeiro que, infelizmente, não fez dano suficiente para arrancar-lhe a cabeça. Mas, sem perder um segundo, essa areia toma outra forma revelando ser Set.

Com a espada em punho e acompanhado de ainda parte de areia, Set avançou com golpes certeiros e rápidos contra Ahriman como se quisesse lembra-lo que ele não era o único deus do caos. 

Motivada pela aparição daquele deus não tão querido, mesmo que sua barriga ainda lhe causasse uma dor muito forte e quase insuportável, Bastet preparou as garras e se juntou ao combate rápido e ágil. Golpes, defesas e contra-ataques eram trocados entre os dois deuses egípcios e Ahriman numa parceria que apenas Apófis havia visto. Mas Ahriman com suas trevas também era rápido e, assim, nenhum dos deuses conseguia fazer qualquer dano em ninguém. Notando isso, Anúbis resolveu dar uma ajuda mesmo sabendo que ela puxaria muito de seu poder restante.

Anúbis apontou o cetro para Ahriman e, com toda a força que tinha, começou a tentar puxar forçadamente a alma do deus. Sabia que não poderia separar alma e corpo de um deus poderoso como Ahriman tão facilmente, mesmo considerando que o cemitério estava lhe dando mais força e mesmo se ainda fosse um deus completo no auge de seu poder, mas queria que a tentativa ao menos deixasse Ahriman lento o suficiente para os ataques de Bastet e Set funcionarem. E de fato, quando os dentes brancos como osso de Ahriman se fecharam numa clara expressão de dor que incluiu um olhar irritado para Anúbis, o ex-deus da morte entendeu que o plano provavelmente daria certo.

Não demorou muito para os ataques de Bastet e Set começaram a acertar o deus maligno. Ahriman estava lento demais para contra-atacar ou se defender e por vezes tinha que se contorcer de dor um pouquinho. A cena parecia bela para Set, que logo começou a rir.

— Nada pessoal, Ahriman. - disse Set depois de conseguir fincar sua kopesh na parte superior do ombro de Ahriman - De fato, nada pessoal até mesmo com a pirralha minha neta. Não ligo pra nenhum dos dois. A catarrenta é apenas mais útil para mim viva e do nosso lado.

Contudo, ficar constantemente tentando puxar a alma de Ahriman era muito fisicamente exaustivo. Anúbis estava cansado, ofegante e não demorou mais muito para suas pernas perderem a força.

Enquanto Anúbis estava prestes à cair de joelhos, Nico e Will já haviam chegado no Nomo Britânico graças à uma útil viagem nas sombras. Do lado de fora do quarto de Sadie, Peter tentava constantemente ligar para Carter, Nico ficava de olho em tudo começando à dar sérias encaradas para William depois que contaram para ele como toda aquela situação começou. Mas, dentro do quarto de Sadie, enquanto Hannah e Clare preparavam a piscina inflável para talvez encarar um parto, Will tentava sentir com as mãos a posição do bebê na barriga de Sadie.

— Realmente parece que ela está se preparando para nascer. Está ficando na posição, o que é muito bom. - comentava Will pressionando levemente  a barriga em pontos específicos enquanto Sadie prestava muita atenção em tudo que ele dizia - Que horas foi sua última contração?

— Uns 10 minutos atrás quase… - disse ela - Foi quando eu falei com o Nico no telefone.

— Bem… - disse Will olhando para o relógio - Vamos ver quando vai ser a próxima então. Enquanto não estiver a cada 5 minutos ou menos, está tudo bem. Se bem que… seria bom saber... quanto de dilatação voc…

A última frase que Will já dizia com certa vergonha, foi interrompida quando ele notou que Sadie estava chorando e não parecia ser de dor. 

— Hey, o que foi? - perguntou Will questionando-se silenciosamente se eram os hormônios falavam mais alto.

— Eu queria que o Anúbis estivesse aqui… não é justo… - choramingou ela.

— Ele logo vai estar aqui, tenho certeza. - disse Will tentando acalmar ela - Nem que o Nico tenha que ir sequestrar ele, vamos fazer ele estar aqui pra ver a Aya nascer, ok?

Deixando as lágrimas escorrerem pelos olhos, Sadie afirmou com a cabeça tristonhamente. Enquanto levava a mão direita para o rosto para limpar as lágrimas, eis que outra contração veio. Ela se contorceu de dor começando a controlar a respiração meio desesperadamente enquanto também segurava a mão de Will com mais força do que ele achava confortável enquanto ele olhava na mão livre, no relógio de pulso, que horas eram e contava quantos segundos estava durando a contração.

— 13 minutos de espaço… - disse ele depois que ela relaxou a pegada em sua mão e começou a respirar mais calmamente - 30 segundos de contração… Quer fazer uns exercícios simples para ajudar na dilatação e tudo mais?

— Quero esperar o Anúbis! - reclamou Sadie fechando os olhos tentando acalmar-se um pouco.

Provando que aquele era claramente um dia agitado, a campainha tocou. O som fez Sadie abrir os olhos mas Will foi logo dispensando a preocupação dela falando que um dos que estavam do lado de fora do quarto iriam ver o que era. 

Do lado de fora, William e Peter se entreolharam preocupados com medo de atender a campainha. Mas, já acostumado com as confusões e problemas que aconteciam desde sempre, Nico não pensou duas vezes antes de pegar sua espada (que achou muito importante trazer apesar de o foco da viagem ser fazer um parto) e andar para a porta. A visão de uma espada claramente afiada e de metal tão negro foi intimidador para Peter e William que não conseguiam mais ser enganados pela névoa depois de tanta confusão. 

Sem nenhum pingo de medo, Nico foi até a porta de entrada perguntando-se quem estaria querendo entrar. Olhou brevemente pela janela quebrada e imediatamente ficou confuso ao ver uma mulher com cabeça de hipopótamo.

— Gente, tem um hipopótamo na porta! - gritou ele para ninguém em específico.

Alheio ao fato que tinha um hipopótamo querendo entrar no Nomo, Anúbis sentia os joelhos cederem cansados. Já quase podia sentir a dor de bater os joelhos nos cascalhos do chão do cemitério quando mãos gentis o seguraram impedindo-o de cair. Confuso e surpreso, ele olhou para trás e foi surpreendido pelo sorriso gentil de Ísis.

— Desculpa a demora. - disse a deusa gentilmente.

Sem o feitiço que consequentemente deixava Ahriman mais lento, a batalha entre Set, Bastet e Ahriman voltou a ficar mais equilibrada e rápida, por mais que Ahriman já acumulasse vários ferimentos que demoravam para sarar. Todavia, a velocidade aumentada da batalha não durou muito, pois logo um pássaro chegou voando rápido como uma flecha e se transformando de última hora em Hórus que fincou sua espada no estômago de Ahriman.

Ver Ísis já era surpreendente o suficiente, mas Hórus ajudando parecia quase um milagre. Mas Anúbis nem teve tempo de processar tudo, pois Ísis já estava usando sua magia para curar seus ferimentos e então falando:

— Vá… - disse Ísis - Vá para o Nomo ficar ao lado de Sadie. Tawaret foi para lá fazer o parto.

— Obrigado… - disse Anúbis, já com as pernas mais firmes, mas ainda surpreso com tudo.

Num piscar de olhos, Anúbis deixou o cemitério para trás torcendo para que sua família cuidasse das coisas por ali (e também que consertasse as tumbas destruídas por Ahriman). Ele reapareceu na rua em que morava e que ainda ostentava alguns focos de destruição graças a parte da lua que aconteceu por ali. Mas, a primeira coisa que viu, foi Nico e Tawaret discutindo na porta.

— Olha, eu quero acreditar que você quer ajudar, - disse Nico suspirando - mas você vai ter que me dar um pouco mais de garantia para acreditar nisso. Não posso simplesmente deixar você passar pelo tal escudo mágico sem isso. Muitas coisas já deram errado por hoje.

— Algum dos Kane então e eles poderam lhe dizer que sou mesmo Tawaret e nada demais. - insistia a deusa suspirando pesadamente.

— Tawaret… - disse Anúbis um pouco ofegante e muito encharcado pela chuva se aproximando dos dois e se fazendo ser notado - Obrigada por virem… ambos… 

— Vamos logo, não temos o dia todo. - insistiu a deusa e juntos, Anúbis e Tawaret entraram na casa depois de Nico abrir caminho.

— Como ela está? - perguntava Anúbis para Nico enquanto entrava na casa e usava uma magia simples para se secar.

— Will, Clare e Hannah estão lá com ela. - disse Nico dando de ombros - Não sei mais do que isso.

Carregando Tawaret junto consigo, Anúbis deixou a porta de entrada para trás sumindo completamente e reaparecendo na frente da porta do quarto dele e de Sadie. Isso não só fez com que Peter e William descem, cada um, um grito de susto, como também fez com que a cabeça de Anúbis ficasse meio tonta. Tinha claramente já usado magia demais pra uma noite só e tinha certeza que 90% dela foi usada na tentativa de puxar a alma de Ahriman.

— Isso não é hora de ficar tonto. - disse Tawaret segurando-o firmemente pelo braço - A hora de quase desmaiar é um pouco mais tarde.

— Não vou desmaiar. - garantiu ele quando abriu a porta do quarto.

No cemitério, a batalha era feroz. Sem nenhuma alma mortal por perto, nenhum dos deuses egípcios se controlavam minimamente nos golpes mágicos e ataques mortíferos. Uma luta contra Bastet e Anúbis era uma coisa, ou até mesmo uma de Set, Bastet e Anúbis… mas uma contra Set, Bastet, Hórus e Ísis era algo totalmente diferente. A estranha combinação dos quatro deuses não hesitava nem um pouco ao usar espadas, garras, magias e todo o poder para derrotar o caos e as trevas de Ahriman.

As garras de Bastet arrancavam pedaços inteiros de pele e até carne abrindo fendas profundas no corpo do deus, as espadas de Set e Hórus cortavam de um lado ao outro e chegaram até mesmo à decepar um dos braços de Ahriman, as areias de Set raspavam a pele de Ahriman como lixa e as magias de Ísis faziam os mais diversos tipos de estragos fazendo cortes, protegendo os outros deuses e quebrando ossos.

Eram ferimentos demais para Ahriman conseguir curar rapidamente. Não demorou muito para ele não ser mais do que um monte ensanguentado de joelhos no chão, ofegante, sem um braço e com um dos orgulhosos chifres quebrados.

— Deixe-me deixar isso como um aviso… - disse Hórus - Da próxima vez que estiver tramando pelas nossas costas de alguma forma, seja para pegar o trono egípcio, roubar nossa influência ou o que for, você não vai sair vivo. Te deixarei ir dessa vez por simples diplomacia visto que, como bem sabe embora não se importe aparentemente, pode ser bem danoso para as relações entre deuses de diferentes povos irmos nos matando por aí.

— Tem certeza que quer deixar o filho da puta vivo, Hórus? - questionou Set - Ele tinha um plano que, devo admitir, era cheio de lógica, de substituir não só o garoto Kane, como também à você.

— Temos que mostrar que não somos do nível deles. - justificou Hórus - E também manter boas relações com os outros deuses, principalmente da África, do Sinai e da Península Arábia. Não podemos sair por aí matando os deuses dos outros.

— Tsc. - reclamou Set.

— Irei embora… - declarou Ahriman com a voz lenta evidenciando a sua dor - Deixarei-os em paz…

Com o rabo entre as pernas, Ahriman se desfez em pura escuridão e, misturando-se com a escuridão da noite, foi embora. Ísis sorriu orgulhosa do trabalho em equipe, Bastet suspirou aliviada enquanto Hórus e Set encaravam o ponto onde Ahriman estava antes, ambos de braços cruzados e pensando coisas diferentes.

— Alguém mais vai querer acompanhar um nascimento? - perguntou Ísis.

— Tenho coisas mais importantes a tratar… - disse Hórus se transformando em falcão e indo embora.

— Que coincidência… - resmungou Set indo embora também.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

antes q venham surtar dizendo q o Hórus foi burro por deixar Ahriman vivo, só digo q relaxem ok? ;D
sim, próximo cap tem a Aya já! prometo! era pra ela ter nascido nesse mas a porrada ficou mto longa e aparentemente partos demoram horas kkkk



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O amor abençoado pelo Nilo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.