O amor abençoado pelo Nilo escrita por kagomechan


Capítulo 12
Enjoos matinais


Notas iniciais do capítulo

Hello!! Olha quem voltou de viagem XD
não, eu não escrevi o capítulo super mega rápido. Eu apenas já deixei ele escrito antes de viajar para poder postar quando voltasse. eu literalmente cheguei hoje em casa :)
bem, divirtam-se XD



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Um caloroso e carinhoso abraço foi trocado entre Bastet e Sadie. Fazia anos que Sadie não via sua querida amiga Bastet, certamente era um alívio poder abraçar ela agora. Enquanto as duas trocavam aquele abraço que mataria anos de saudade, Anúbis olhou para a rua de um lado para o outro, certificando-se que não havia nenhum monstro para se preocupar e que seus chacais ainda estavam de guarda. Satisfeito por ver uma rua completamente normal para os padrões britânicos, ele fechou a porta novamente.

Os aprendizes já tinham voltado para seus deveres ou simplesmente para voltar a fazer algo mais interessante. Infelizmente, esse ‘algo mais interessante’ era bisbilhotar a conversa que acontecia ali no estreito corredor que levava para a entrada principal do nomo.

— Não vai encontrar ninguém - disse Bastet depois que Anúbis fechou a porta - Devo ter matado meia dúzia de monstros no caminho até aqui.

— Obrigado - respondeu Anúbis e Bastet soltou Sadie na hora olhando para ele surpreso.

— Eu ouvi certo? - perguntou Bastet - Você acabou de me agradecer por algo?

— É, é, está doendo em meu ouvido e na minha boca também. - resmungou Anúbis cruzando os braços e se encostando contra a parede.

O olhar de Bastet se desviou de Anúbis e foi para Sadie enquanto também mudava de uma leve carranca para um sorriso animado ao olhar para a garota. Era possível ver no olhar brilhante de Bastet o orgulho que sentia de Sadie.

— Olha só para você! - dizia Bastet - Parece até que foi ontem que você não passava de um filhote! Você cresceu!

— É. - disse Sadie soltando uma leve risada - Faz alguns anos que você sumiu né? Era esperado que eu crescesse. A última vez que você me viu foi uns 10 anos atrás.

— Verdade. Verdade. - disse Bastet tocando no rosto de Sadie para virá-lo de um lado para o outro como se quisesse decorar cada centímetro dele - Uma bela moça mesmo. E você!

Bastet exclamou abraçando Sadie novamente colocando seu rosto grudado em seu peitoral enquanto olhava para Anúbis. Os olhos de Bastet mostravam o tom acusatório do que iria falar. Acostumado com esse tipo de conversa com a deusa gata, Anúbis simplesmente revirou os olhos.

— Eu… - disse Anúbis suspirando.

— Vejo que depois de 5 mil anos finalmente deixou de ser adolescente. Devo dizer que estou um tanto surpresa que tenha desistido da imortalidade - disse Bastet.

— As circunstâncias deixaram a decisão bem mais fácil - disse Anúbis dando de ombros.

— Pode até ser… MAS COMO OUSA ENGRAVIDAR A SADIE?! - exclamou Bastet raivosamente.

— Não precisa jogar toda a culpa para cima de mim. - disse Anúbis lentamente saindo de lá e indo para a cozinha não estando com muita paciência no momento para lidar com Bastet - Ela estava totalmente de acordo também.

— Oh minha filhote. Tem um péssimo gosto pra homens, eim? - suspirou Bastet acariciando a cabeça de Sadie.

Apesar da risada que escapou os lábios de Sadie, ela se soltou do abraço e olhou para Bastet. A deusa não parecia um dia sequer mais velha do que da última vez que se encontraram, era estranho pensar que, provavelmente, em mais alguns anos, Sadie iria parecer mais velha do que Bastet.

A inimizade entre Bastet e Anúbis era algo que Sadie tinha aprendido desde antes de conhecer o deus da morte, mas agora, tendo ele como noivo, se viu mais do que nunca no direito de defendê-lo.

—  Não sei porquê vocês não se dão bem. Sério. Ele é bem legal. - disse Sadie - Gentil, carinhoso, cavalheiro...

— Vingativo, frio, rancoroso… - completou Bastet e Sadie suspirou revirando os olhos.

— Está aqui para me fazer desistir desse casamento, que nem Hórus tentou, ou veio por outro motivo? - perguntou Sadie.

— Hórus realmente está tentando eim? - bufou Bastet - Felizmente, vim aqui por outro motivo.

Para poder discutir tal situação melhor, Bastet, Sadie e Anúbis escolheram uma sala para poderem conversar sem os outros aprendizes atrapalharem. Uma sala simples, com um longo sofá e uma poltrona, ambos com o estofado verde-água com padrões delicados trabalhados em branco que tanto lembravam a Inglaterra da era vitoriana. No centro entre o sofá e a poltrona, estava uma mesa de centro feita de madeira. Sobre ela, um jarro branco com flores. As avermelhadas amarílis ao lado das delicadas e douradas botão-de-ouro e das rosadas ciclames criavam um belo buquê que davam cor ao cômodo cujas paredes de um leve tom de bege estavam repletas de pequenos quadros dos antigos líderes daquele Nomo. O último quadro era certamente o mais diferente, pois, depois de dezenas de pessoas sérias e de roupas sérias, estava Sadie, uma mera jovem sorridente de cabelos coloridos e pose descontraída.

Nas mãos de Sadie estava um copo de iogurte, algo que Anúbis trouxe para ela depois de ter saído da cozinha pois sabia que ela precisava comer. Certamente uma deliciosa janta viria logo em seguida da conversa que os dois tinham com Bastet naquele pequeno cômodo. Contudo, antes da conversa que Bastet queria ter, eles acharam que seria bom atualizar a deusa sobre as visitas não desejadas que haviam tido até então. Set, Hórus, Ginneyya… provas de que aquele casamento não seria nada ordinário.

— Então… - disse Sadie sentada ao lado de Anúbis no sofá enquanto Bastet ficava com a poltrona.

— Então… - disse Bastet - Pelo o que me contaram, parece que o fato de que Sadie estar grávida de Anúbis já virou uma fofoca entre os monstros.

— Pelo menos é o que parece depois do que Ginneyya disse - disse Anúbis.

— Mas realmente nosso bebê ainda contaria como semi-deus? - perguntou Sadie - Afinal, de certa forma, Anúbis não é mais um deus.

— Tem razão nesse ponto… - disse Bastet - Antes de vir para aqui, consegui falar um pouco com Thoth sobre isso. Ele é esperto, então considero o entendimento dele disso melhor do que o meu. Ele certamente poderia explicar melhor do que eu, mas o que ele disse foi mais ou menos assim… Sim, Anúbis não é mais imortal e aparentemente perdeu boa parte dos poderes, mas essa quantidade de poderes que foram mantidos ainda é maior do que muitos magos por aí. Certo?

— Certo - confirmou Anúbis.

— E também… - disse Bastet - Por mais que tenha perdido sua imortalidade, a sua essência ou algo assim ainda é bem ‘divina’. Você não é um mero mortal com magia, você é um mortal que foi um deus, que viveu milhares de anos, que viu coisas que os mortais não se lembram mais, coisas que eles nunca deveriam ver. Tem conhecimentos que eles não deveriam ter. Foi gerado por dois deuses e, mesmo que tenha se aposentado do salão do julgamento, ainda é importante lá. Sem falar do Aaru, que ainda é seu.

— Bem longe da definição de ‘mero mortal’ - disse Sadie.

— Sim. - concordou Bastet - Está bem mais perto da definição de deus do que de mortal. A ideia de ‘deus mortal’ não é tão estranha hoje em dia, certo?

— Não deve ter fugido de Hórus só pra falar isso… - disse Anúbis.

— De fato não. - disse Bastet se levantando da poltrona ficando de pé com a pose mais heróica que conseguiu arranjar - Com o tanto de inimigos em potencial, nada mais justo do que a Sadie ter uma protetora em tempo integral. Afinal, duvido que consiga fazer uma proteção em tempo integral, Anúbis.

— Proteção em tempo integral!? - perguntou Sadie surpresa.

— Hum… odeio dizer isso, mas até que a ideia é boa - disse Anúbis.

— Não se preocupe Sadie. - disse Bastet dando uma piscadela para a garota - Você nem vai me notar.

— O ideal na verdade seria acabar com esses inimigos de uma vez só. - disse Anúbis - Sinto que Hórus tem um dedo nisso.

— E deve ter mesmo… - disse Bastet - Os monstros não ficariam sabendo sem mais nem menos desse pequeno detalhe. Faz séculos que não nasce nenhum semi-deus egípcio, afinal, somos proibidos de ter relações com os humanos, ao contrário dos gregos. Ninguém deveria estar mais procurando por algum semi-deus egípcio depois de tanto tempo!

— Então vamos resolver isso com Hórus! - exclamou Sadie.

— Sair começando uma briga frontal com Hórus é loucura. - disse Anúbis - Precisamos ser mais sutís. Nem que seja apenas no começo. Tentar resolver esse impasse de outra forma.

— Que forma? - perguntou Sadie.

— Carter. - disse Bastet - Ele podia falar com Hórus. De um faraó para outro. Hórus é o faraó dos deuses, Carter dos mortais. Eles deveriam conversar entre si esporadicamente.

Notando que isso iria caminhar rapidamente para ter que explicar toda a situação para Carter, Sadie fez uma nota mental de que ligaria para o irmão. Mas só depois de comer. Afinal, estava morrendo de fome. O que era justificável, estava comendo por dois, assim como Anúbis fazia questão de lembrar sempre que achava que o prato dela não estava grande o suficiente. Foi certamente um jantar animado no Nomo londrinho aquele dia. Bastet e os aprendizes estavam rapidamente virando amigos.

Com a escuridão da noite, Anúbis e Sadie conseguiram o seu merecido descanso e privacidade. Largados na cama, os dois aproveitavam a companhia um do outro, ambos de pijama. Sadie usava o braço do noivo de travesseiro enquanto mexia no celular e ele a abraçava acariciando docemente sua barriga.

— Sou idiota por estar com medo de ligar para o meu irmão? - perguntou Sadie olhando para o contato de Carter em seu telefone.

— Não mesmo. - disse Anúbis dando um beijo na bochecha dela - Vocês dois passaram muito tempo tendo só um ao outro, é normal que ele seja superprotetor às vezes, sendo ele o mais velho e tudo mais.

— Estou com medo de ele começar a ralhar comigo por já ter ficado grávida - disse Sadie.

— Você é uma adulta agora. - disse Anúbis - E não foi algo acidental. Foi uma escolha e você tem a idade e a maturidade para fazer suas escolhas. Talvez ele demore para enxergar isso.

— Amanhã eu ligo para ele… - disse Sadie - Posso protelar algumas horas mais né?

— Não acho que esperar ou não essa noite passar vá fazer muita diferença de toda forma - disse Anúbis.

— Aliás… - disse Sadie olhando para ele e mostrando a tela do celular - Decidi onde quero casar.

Anúbis, que a essa altura já tinha fechado os olhos, olhou para a tela do celular onde uma praia de areia branca e mar azulado era exibida. Passando as fotos, ele foi vendo que se tratava de um elegante hotel com camas luxuosas e café da manhã colorido e cheio de frutas. Como se não bastasse o exuberante mar, o hotel ainda contava com piscinas luxuosas e SPAs. Olhando as informações sobre o lugar, Anúbis se tocou que era uma pequena cidade turística que ficava à quase duas horas de carro do Cairo e era banhada pelas águas do Golfo de Suez que vinham do mar vermelho.

— Ain Sokhna? - disse ele repetindo o nome da cidade.

— Sim - disse Sadie - Mais especificamente esse hotel que pareceu muito bonito.

— Ele também me parece particularmente caro - disse Anúbis dando uma leve risada.

— Ainda bem que meu noivo é advogado e tem um monte de ouro milenar esquecido no submundo.

— Ainda bem mesmo… - disse Anúbis vendo as outras fotos.

— Deixamos isso para amanhã também? - perguntou Sadie - Logo depois de falar com Carter.

— Parece-me justo - disse Anúbis devolvendo o celular para ela e a abraçando.

Sentindo o sono pesar sobre si, Sadie desligou o celular e se soltou de Anúbis o suficiente para poder botar o celular carregando na tomada perto do criado mudo ao lado da cama. Após isso, ela rapidamente voltou para o confortável abraço e ambos caíram no sono.

Na porta do quarto deles, um gato despreocupadamente dormia. Um gato malhado de intensos olhos verdes que qualquer um tomaria como um gato qualquer, mas que alguém mais versado em magia identificaria como Bastet. A deusa gata não perdeu tempo em começar sua missão de proteção integral de sua querida amiga, mas, pelo menos, achou que o casal merecia a privacidade de dormir juntos. Afinal de contas, ela estava logo ali na porta caso algo acontecesse e, apesar de não gostar muito da ideia, sabia que Anúbis estava logo ali dentro do quarto pronto para acabar com qualquer um que fizesse mal à Sadie.

A manhã seguinte começou normal. Ou o mais normal que poderia considerando a realidade deles. Isso agora envolvia, além de aprendizes brincando com varinhas no café da manhã, Sadie botando para fora o pouco que ainda tinha no estômago. Foi necessário alguns minutos para convencer Bastet de que estava tudo bem. Mas, mesmo assim, a deusa ficou lá em seu formato de gato esperando ao lado da porta do banheiro.

— Eu certamente odeio enjoo matinal… - resmungou Sadie sentada na frente do vaso com o cabelo amarrado desengonçadamente por Anúbis que estava logo ao lado segurando um copo d’água e um celular.

— Aqui está falando que é recomendável você comer um biscoito de água e sal antes de levantar e aguardar dois minutos. - disse Anúbis lendo da tela de celular.

— Faremos o contrabando de biscoitos lá para o quarto hoje mesmo então… - disse Sadie fracamente - Fala até quando dura?

— Ahm… - disse Anúbis olhando para ela inseguro se deveria compartilhar a informação que lia - Também diz que fica pior na 8ª semana e que pode durar até a 12ª ou 16ª….

— Ah! Maravilhoso! - exclamou Sadie com raiva pegando o copo de água da mão dele e bebendo lentamente.

Bastet soltou um miado alto olhando para Anúbis, era quase como se disesse que era culpa dele o fato de Sadie estar botando as tripas para fora naquele momento. Anúbis ignorou Bastet completamente enquanto Sadie inspirou fundo e, sentindo-se lentamente melhor, encostou a cabeça sobre o ombro dele. Anúbis nem se mexia. Afinal, era mais importante para ele ela ficar confortável do que ele ficar confortável. De olhos fechados e com a mão sobre a barriga, Sadie esperava o enjoo passar para que pudesse se levantar e tentar novamente tomar café da manhã.

— Hey… posso perguntar uma coisa? - disse ela.

— Além dessa? - disse Anúbis sorrindo levemente.

— É - disse Sadie soltando uma leve risada - Engraçadinho. Tá aprendendo comigo é?

— Talvez. - disse Anúbis - O que quer saber?

— A… A Anput não ficava enjoada? - perguntou Sadie com delicadeza.

Ao ouvir a pergunta, Bastet focou os olhos em Anúbis de forma discreta curiosa não pela resposta, mas pela mera menção daquele nome que à tantos séculos não ouvia. Anúbis soltou um suspiro e demorou alguns segundos para responder. Fazia séculos, literalmente, que não tocava no assunto de Anput e Kebechet com ninguém mais, mas entendia a curiosidade que Sadie tinha, especialmente naquele momento.

— Não. - respondeu ele - Talvez mais uma para a lista das diferenças entre bebês mortais e imortais.

Depois de mais alguns segundos ali, lentamente Sadie começou a se levantar. Prontamente Anúbis ajudou-a mesmo que não fosse tão necessário assim. Depois de lavar-se na pia, a garota se espreguiçou pronta para começar um novo dia.

— Pronta para a segunda tentativa de tomar café da manhã? - perguntou ele.

— Só se você roubar da cozinha pra mim o que eu quero. Eu que não entro mais lá hoje. - respondeu ela.


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Notas finais do capítulo

por hj é isso. espero que tenham gostado. não esqueça aquele comentário legal ;)



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