Em seu lugar escrita por Aislyn


Capítulo 6
Rotina


Notas iniciais do capítulo

To sem ideia pras notas hoje, então boa leitura -q

Eu queria postar a história nova, mas não consegui capa, nem sinopse, ai fiquei chateada. É isso u.u



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Mikaru estendeu a mão pela terceira vez naquele início de manhã, mas não teve coragem de tocá-lo. Por que Takeo tinha lábios tão bonitos? Mesmo finos, eram bem desenhados, com os cantinhos voltados para cima, como se estivesse pronto para sorrir e aprontar a qualquer instante.

 

Subiu o olhar por sua face, tendo certeza que ele dormia profundamente antes de tentar mais uma vez, passando o indicador de leve pelo contorno, sorrindo satisfeito. Ainda não acreditava que o tinha ali, ao alcance de suas mãos. Tão perto… tão desejável… e tão proibido.

 

Sobressaltou ao sentir lábios envolvendo e sugando a ponta de seu dedo, afastando a mão e voltando a se deitar. Estava praticamente em cima do corpo do amigo!

 

— Te acordei? – questionou baixinho, observando-o abrir os olhos, piscando enquanto se acostumava com a pouca claridade.

 

— Sim…

 

— Desculpe. – mas Mikaru não se sentia nem um pouco arrependido. Ele estava sorrindo pra si! E se os lábios dele já não fossem desejáveis o suficiente, o tom de voz rouco, de quem acabou de acordar, era o suficiente para deixá-lo arrepiado.

 

Não que Katsuya não fosse bonito à sua forma, mas Takeo era sexy e despudorado. Exalava sensualidade com os mínimos movimentos.

 

— Que milagre aconteceu para estar acordado à essa hora? – Takeo se moveu no colchão, deitando a cabeça em seu ombro e abraçando-o pela cintura.

 

— Ah… perdi o sono. Daqui a pouco volto a dormir de novo. – ele era tão quente…

 

Katsuya! Precisava pensar no namorado! Não ia fazer nenhuma besteira. Não depois de toda confiança que o garoto colocou em si! Então Takeo passou os lábios por seu pescoço e a preocupação foi jogada pra cima. Foda-se, Izumi havia pedido para não parecer um chato e ele não era um santo também. Correspondeu ao abraço, dispensando-lhe um cafuné nos cabelos.

 

* * *

 

Hayato não se lembrava de ter ido para a cama, mas havia dormido feito uma pedra. Não sabia se a falta de Katsuya ao seu lado causava alívio ou preocupação, afinal ele poderia ter ficado chateado com suas atitudes do dia anterior.

 

Abriu o closet com um pouco mais de satisfação ao ver cores ali dentro, decidido a provar as peças e ver se ficariam bem nele, ou em Mikaru, no caso. Não entendia de onde vinha aquela fixação por roupas sociais, mas achava que não era só por conta do cargo na empresa.

 

Experimentou três conjuntos antes da porta do closet ser aberta, logo sendo fechada de supetão.

 

— Desculpe. – Katsuya sussurrou do lado de fora, se apoiando contra a porta – Eu fiquei preocupado e vim te chamar. Você não costuma perder o horário de ir pra empresa.

 

— Ah… você precisa de carona? – no dia anterior Mikaru comentou que às vezes o levava até a faculdade. Droga, precisaria de uma desculpa para não dirigir mais cedo do que imaginava.

 

— Não, hoje tenho a manhã livre, a aula é só a tarde.

 

— Entendi… Katsuya, pode me ajudar aqui? – Hayato terminou de abotoar a camisa, abrindo os braços e aproximando alguns passos quando o outro rapaz entrou – O que acha? Eu comprei algumas roupas novas ontem. Queria sua opinião.

 

Após testar todas elas, Hayato teve certeza que Mikaru tinha algum problema pessoal com o espelho. Observando-o bem, ele não era feio, pelo contrário, até tinha um corpo legal, apesar de ser magro demais, na sua opinião.

 

— Hmm eu gostei… – Katsuya se aproximou, analisando de cima a baixo, levando os dedos até a gola da camisa e desabotoando uma casa – Assim fica melhor.

 

— Não está muito estranho? Muito diferente do usual? – Hayato voltou o olhar para o espelho, notando que seus movimentos eram acompanhados por outro par de olhos.

 

— Diferente está, mas de um jeito bom. Você ficou mais jovial.

 

— Acha que eu pareço um velho? – Hayato questionou preocupado, fazendo uma nota mental de falar a respeito com Mikaru. Ele precisava saber daquilo!

 

— Não, mas o terno te deixa sério. Agora parece mais a vontade, mais solto.

 

— Hmm posso ir pra cafeteria assim?

 

— Pode… mas e a empresa? Não vai?

 

— Vou tirar alguns dias de folga. Preciso resolver algumas pendências no café. – Hayato deu mais uma volta, passando a mão pelos cabelos, satisfeito com o resultado – E para um encontro, eu poderia ir assim?

 

— Um encontro de negócios? Acredito que sim… não está muito formal, mas também não é tão casual…

 

— Não, eu quis dizer um encontro entre nós dois. Não teria vergonha de me apresentar para seus amigos?

 

— Está falando sério? – o brilho no olhar de Katsuya mostrou que ele estava tomando a decisão certa. Hayato acenou concordando, vendo o sorriso do rapaz aumentar – Está perfeito para um encontro! Eu nunca teria vergonha de você, não importa a roupa que vista!

 

— Que tal no fim de semana? – Hayato esperava que até lá ainda estivesse no corpo de Mikaru, já que não seria muito viável marcar para o mesmo dia.

 

— Combinado! – Katsuya se adiantou, como se fosse abraçá-lo, se contendo no último instante, encarando-o em expectativa – Eu… posso te dar um beijo?

 

— No rosto? Pode. – Hayato riu nervoso, virando um pouco a face, mas sentiu os lábios dele tocando de leve nos seus – Hei!

 

— Seus lábios ficam no rosto. – ele sorriu travesso, como uma criança que havia aprontado, mas estava feliz mesmo se recebesse um castigo.

 

Hayato sentiu o rosto esquentar, notando ali o motivo de Mikaru ter cedido aos encantos do garoto. Ele era muito fofo! E que Takeo nunca pudesse ler seus pensamentos, mas Katsuya era realmente um amor de pessoa.

 

* * *

 

Hayato chegou na cafeteria algum tempo depois de combinar os detalhes do passeio com Katsuya, satisfeito por ter conseguido fazer o garoto feliz, mas mal deu dois passos após a entrada e sentiu o clima pesado no ambiente. Alguns funcionários rapidamente encontraram algo para fazer e bem fora do seu caminho. Olhou ao redor atrás de algum cumprimento de bom dia ou ao menos um sorriso ou um aceno de cabeça, mas todos desviavam o olhar ao notar que era observados. Não entendia porque eles tinham tanto receio de Mikaru, mas ouvir algumas fofocas a respeito dele e não fazer nada talvez causasse isso. Não tirava a razão do empresário se sentir chateado quando descobriu.

 

Entrou na sala da gerência, notando que alguém já trabalhava por ali.

 

— Bom dia, Mikaru! Não precisa chegar tão cedo… eu não venho pra cá esse horário. – Hayato largou a mochila no chão ao lado da mesa, sentando de frente para o colega, tentando ver no que ele trabalhava.

 

— O correto é Izumi. – corrigiu Mikaru, sem erguer o olhar do computador – Se acostume desde já, antes que confunda numa hora inapropriada.

 

— Que azedo… Não dormiu abraçado ao namorado? – Hayato cutucou, enfim conseguindo a atenção do outro, que lhe sorriu de canto.

 

— Com o seu? Sim, dormi. E também aproveitei a carona para vir abraçado à ele.

 

— Seu abusado! Venha de metrô! – queria falar poucas e boas, mas se lembrou que também havia aproveitado do namorado alheio – Katsuya me levou pra cama no colo!

 

Mikaru abriu a boca para responder, mas suspirou fundo, negando com um aceno.

 

— Shiro me levou pra um motel. – contou um pouco envergonhado, recebendo um olhar incrédulo – Não aconteceu nada, ok? Eu pedi pra ir embora.

 

— Sacana… Katsuya é um bom rapaz, ele não tentou nada. Mas ficou muito feliz quando aceitei conhecer os amigos dele.

 

— Que bom… espero que ele aproveite. – Mikaru murmurou satisfeito, voltando à atenção à tela do computador.

 

— Mikaru, posso te perguntar uma coisa? – como não obteve retorno, Hayato prosseguiu – Por que ternos e por que tudo branco? Não só as roupas, mas a casa em geral?

 

O empresário ergueu o olhar, rindo baixinho com a pergunta boba.

 

— Quando eu comprei a casa ela já era daquela cor e como não fico lá muito tempo, não me dei ao trabalho de mudar. Quanto aos ternos, eu gosto. Não tem um motivo em particular, exceto talvez pelo fato que acho que roupas escuras me deixam pálido, então evito.

 

— Hmm… certo. Ah! E você podia ter avisado sobre a senhora que trabalha pra você!

 

— Ah, sim… havia me esquecido dela. Quase não nos encontramos em casa.

 

— Pois devia voltar mais cedo algumas vezes. Ela foi muito prestativa, preparando o banho e um lanche.

 

— Ela é paga pra isso, sabe? – Mikaru revirou os olhos, incrédulo com a inocência do outro. Hayato achava que ela fazia aquilo por ser boazinha?

 

— Mesmo assim, foi muito atencioso da parte dela. Até desejou que você descansasse bem.

 

— Claro…

 

— E com Takeo, aconteceu mais alguma coisa?

 

— Não, além de vocês dois serem muito pervertidos. Não pode respirar perto dele que já acha que estou querendo que coloque as mãos em mim.

 

— É isso que namorados fazem, ok? Ficam perto, se abraçam e beijam. Devia testar com o Katsuya. Nós sentamos cada um em uma ponta no sofá!

 

— Você com certeza fez ele pensar que eu estava com raiva. Eu sempre fico ao lado dele.

 

— Como você costuma agir com ele? Se me der mais detalhes, não vou fazer nada errado.

 

— Na verdade eu prefiro que continue assim, deixe ele pensar que estou chateado e isso vai mantê-lo a distância.

 

— Pensei que você queria um namoro normal pra ele. – lembrou Hayato, pegando um bloquinho e uma caneta para anotar o que considerasse importante – Então… senta do lado no sofá. O que mais?

 

— Você é irritante! – Mikaru fechou o notebook, massageando a ponte do nariz para pensar no que deveria contar – Vejamos… ele gosta de teatro e museu, eu almoço e passo as tardes de domingo na casa dos pais dele… Ah, trate a irmã dele bem, ela é sempre gentil comigo.

 

— Ah, droga… – Hayato parou de anotar, erguendo o olhar, incrédulo. Então respondeu a pergunta muda de Mikaru, quando ele o encarou sem entender – Eu vou ter que conhecer os pais dele?

 

— Tecnicamente você já conhece. Aja normalmente, cumprimente, converse um pouco, almoce e vá pro quarto com ele, fim.

 

— O que vocês ficam fazendo no quarto? – questionou baixinho, mais por curiosidade do que receio sobre o que teria que fazer. Conhecia Katsuya, não seria tão difícil ficar perto dele, mas conhecer os pais dele… estava se sentindo um adolescente, sem contar que nunca foi apresentado para os pais de nenhum namorado, não sabia como agir.

 

— Nós não transamos, te garanto. Os pais dele costumam ficar na sala e a irmã no quarto ao lado. Eles ouviriam se fizéssemos algo.

 

— Certo… mas então, o que fazem?

 

— Ficamos deitados na cama conversando, ele conta as novidades do curso, do trabalho, algum lugar que ouviu falar e quer conhecer. Eu conto alguma novidade, se tiver. – Mikaru deu de ombros, omitindo a parte sobre deitarem abraçados e trocando beijos – Esse tipo de coisa.

 

— E teve a cara de pau de me pedir para mostrar um namoro normal… Isso que vocês fazem me parece bem dentro dos padrões de normalidade.

 

— Talvez… mas não costumamos sair. Acho que falta essa parte.

 

— Ok, vou ver o que posso fazer. Mas ainda não estou confortável em almoçar com os pais dele. – Hayato começou a beliscar o lábio num tique nervoso, mas Mikaru parecia bastante à vontade com a situação.

 

— Não vá. Nada te obriga a isso. Diga a ele que não pode ou que não quer sair e ele vai ficar com você. – Mikaru voltou a abrir o notebook e também o arquivo em que trabalhava – Agora que já coletou suas informações, podemos trabalhar de verdade?

 

— Você está fazendo seu namoro parecer mais simples do que imaginei.

 

— A culpa disso é sua, por ficar insinuando que sou um alien. – empurrou algumas notas sobre a mesa, juntamente com uma pequena lista com números de telefone – Devolva para Miura, seja rígido e a mande solicitar novas, com as correções que marquei a lápis.

 

— Ahhh... não acredito! Você faz isso pra implicar com ela? Por isso falam mal de você!

 

— Eu faço isso porque é necessário. – Mikaru encarou-o sombrio, odiando aquele último comentário – Se achar que estou implicando, fale com o contador antes. – e voltou a atenção para o trabalho a sua frente, pronto para ignorar qualquer protesto ou reclamação.


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Notas finais do capítulo

Pra quem tava apostando quem ia aguentar mais ou fraquejar primeiro, segue empatado XDD



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