O Sangue do Mestiço escrita por Júlio Oliveira


Capítulo 17
O deus protetor


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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As coisas estavam mudando para Patwin. Se antes ele se via como um mestiço deslocado dentro da tribo, aos poucos sentia uma espécie de integração. Suas vestimentas sujas o faziam parecer o forasteiro que realmente era. Agora, no entanto, estava trajando peles de animais, chegando cada vez mais perto de se assemelhar a um nativo. Além disso, as dores no corpo pela falta de conforto foram desaparecendo aos poucos. Seu paladar cada vez mais aprendia a apreciar os diferentes sabores apresentados pela tribo e sua mente começava a raciocinar segundo o dialeto local.

Mas sua mudança não se resumia as suas sensações físicas e aprendizados: a própria maneira que os índios o enxergavam havia mudado. Claro que não foi algo de uma hora para outra: se antes havia curiosidade e medo, agora existia um tipo de admiração. Desde aquela primeira caçada bem-sucedida, Pat se inteirou cada vez mais das atividades do grupo. Ele caçava melhor, falava melhor e se sentia melhor. As crianças o viam como um irmão que se separou da tribo e retornou. Talvez uma espécie de filho pródigo?

Evidentemente essa visão não era a única presente entre membros do grupo. Ainda havia quem duvidasse da lealdade do mestiço. Mahpee, por exemplo, estava sempre com um pé atrás em relação ao homem. Ele era, antes de tudo, um homem da cidade acostumado com a dita cultura branca e criado nessa mesma cultura. Independente de seu sangue indígena, ele passou por anos nas mãos daqueles que eram supostamente inimigos da tribo. Caso Mahpee conhecesse um pouco da história grega, certamente chamaria Patwin de “cavalo de Tróia”. Ainda assim, ele não podia negar: o homem aparentava estar querendo se adaptar a realidade da tribo. Era compreensível a admiração que os mais jovens tinham por ele. Ainda assim, algo em especial incomodava o veterano do clã: Eyanosa, sua filha.

A moça andava cada vez mais próxima do mestiço. Conversava com ele, falava dele e parecia menos preocupada com questões da tribo. Sim, ela continuava uma exímia caçadora, se relacionava bem com todos, mas algo havia mudado. Mahpee temia que estivesse ocorrendo com ela o mesmo que ocorreu com Adaky em relação àquela moça da cidade, Jessica. “A maldita curiosidade e suas armadilhas”, ele pensava. Não conseguia entender como isso acontecia. Não tinha qualquer interesse que fosse em entender como a sociedade dita “civilizada” funcionava. Pouco importava como as cidades funcionavam, como suas tecnologias se desenvolveram ou como os homens de tais lugares se relacionavam. Eram apenas forasteiros que haviam trazido desgraça para sua tribo e tantas outros ao longo da América.

Quando a Patwin? Ele se sentia bem com o tratamento recebido pelo povo. Parecia que era mesmo um membro da família, talvez um primo distante ou algo do tipo. Chegava até mesmo a esquecer todos os seus problemas por alguns momentos. Esquecia-se da saída repentina de Richard, da situação de David na cidade, da caçada ininterrupta de Edward Muller. “Será que ele desistiu?”, questionava-se quando a memória retornava. Sim, o mundo continuava a mover-se fora da tribo. Um poderoso homem ainda buscava vingar a morte da sua filha, seus aliados ainda sofriam e o seu trabalho ainda o aguardava. Ao mesmo tempo, parte do mestiço não queria deixar a tribo. Mas ele sabia que isso deveria ser feito cedo ou tarde. “Mas não hoje”, pensou. Era uma mentalidade em eterno conflito e contradição.

Naquele dia, Patwin teria seu corpo pintado pela primeira vez com a tão comumente usada tinta azul. Ela era extraída de plantas cujo mestiço não fazia ideia da existência. Após um tratamento feito pelos anciões do grupo, ela finalmente era aplicada em seu corpo. Eyanosa, Adaky, Mahpee, Macawi e outros nativos assistiram ao processo. A tinta estava fria e Pat sentiu seu corpo inteiro se arrepiar. Com o calor do verão, ela foi secando aos poucos e o mestiço pôde ver em sua pele a mesma textura que via em todos os índios ao seu redor. Sim, agora ele parecia alguém como seu pai. Mas será que se parecia com Patwin?

— Devo admitir: você está incrível — disse uma Eyanosa brincalhona.

— Se não fosse pelo sotaque, diria que nasceu aqui — Adaky falou sorridente.

Macawi deu apenas um sorriso, enquanto Mahpee mantinha sua observação séria.

— Bem, falta alguma coisa? — Pat questionou.

— Está tudo certo. Só não tome banho no rio tão cedo — um ancião sugeriu.

O mestiço gesticulou positivamente com a cabeça e soltou um sorriso. Olhou para Eyanosa e ela o pediu para segui-la. Aceitando o comando da moça, Pat caminhou até se deparar com uma fogueira mais afastada da tribo. Adaky veio junto trazendo um belo corte de cervo e mais alguns vegetais.

— Sempre fico com fome depois desse tipo de coisa — disse o garoto.

Patwin sentia felicidade genuína ao ver o índio tão leve, tão alegre. Nem parecia aquele mesmo garoto sofredor que fora preso, ou mesmo o monstro que vira em seu pesadelo. “Ele está superando o ocorrido com Jessica. Ainda bem”, pensou.

— Vai ser bom tirar um dia para descansar — o mestiço falou enquanto se sentava. — Caçar é bom, mas comer é melhor ainda.

Eyanosa riu enquanto ajustava a fogueira para receber o corte do cervo. Aquela seria uma comida de qualidade para comemorar um ritual importante.

— Eu nem acredito — ela começou. — Isso parecia bem impossível, sabe? Quando te acertei com a flecha, não imaginava que a tribo te receberia tão bem logo em seguida.

“Logo em seguida?”, Pat pensou. Para ele, a coisa não tinha sido tão simples assim. Tivera que se esforçar bastante, lutar e ignorar as dores. Além disso, havia ganho também uma bela cicatriz no lugar onde a flecha o acertara. Por sorte, os eventos foram mais generosos com ele do que foram com Richard.

— Fico imaginando como deve ser nos casos difíceis — o mestiço respondeu.

— O Richard — Adaky logo lembrou. — O coitado estava sendo maltratado. Tentei impedir que fosse embora, mas ele não me ouviu. Fico pensando se eu poderia ter feito mais.

— Todos nós sempre podemos fazer mais — Patwin falou com certo pesar. Ele sabia que também poderia ter feito alguma coisa para ajudar o artista atormentado. — Eu estava preocupado demais em me adaptar e esqueci de ajudar alguém que sofria tanto ou mais que eu. Falhei com um irmão.

— Ele não é bem seu irmão. Nós somos — Eyanosa disse.

— Todos somos irmãos, Eyanosa. Somos filhos do mesmo Deus, do mesmo mundo, universo, que seja — Pat concluiu.

Um incômodo silêncio tomou conta do ambiente após tais palavras. Adaky logo começou a preparar a carne e tentou romper o momento:

— As coisas vão se ajeitar. De alguma forma, elas vão — falava com uma certa esperança na voz. — Sabe, depois que perdi a Jessica, eu pensei que não havia mais esperança. Que havia apenas os bons e os maus. Os bons, logicamente, éramos nós, enquanto os maus eram os brancos. Mas Patwin me mostrou que o caminho não é bem esse. Existem pessoas muito boas na vila. A mãe do Richard nos acolheu, mesmo arriscando-se para fazer isso. É claro que sempre existem aqueles monstros, mas sim: há esperança e bondade por aí.

Eyanosa ouvia com atenção. Ela não tinha muita experiência fora da tribo. Tudo que sabia era o que o seu pai contava e seus próprios momentos com Patwin.

— Desculpa — disse a nativa. — Eu só sinto medo. Medo de perder as pessoas que amo, medo de perder a minha tribo.

— Vocês não vão perder nada — o mestiço garantiu. — Tudo irá se ajeitar. Eu não sei como, mas irá.

Ele realmente não fazia ideia. Muitos fatores estavam em jogo e havia uma nebulosa cortina entre os olhos de Patwin e a própria realidade dos fatos. Não sabia nada mais sobre Edward, David ou qualquer outro elemento daquele jogo perigoso. Ainda assim, mantinha a esperança.

— Está feito — disse Adaky depois de um tempo. — Um maravilhoso corte de cervo.

Antes de atacar o alimento, no entanto, Adaky e Eyanosa agradeceram à Mãe por aquele momento. Pat apenas observava silenciosamente. Com todas as palavras de gratidão proferidas, o trio se viu autorizado a se alimentar.

— Quais seus planos, Patwin? — Adaky perguntou enquanto retirava um pedaço de carne.

Antes de responder, o mestiço experimentou uma pequena fatia que havia retirado. Que sabor! Não esperava comer algo tão bom ali. Definitivamente era diferente de tudo que havia provado por lá até então. Ou será que estava simplesmente se acostumando?

— Eu ainda penso muito nisso — respondeu com sinceridade. — David ainda está por aí. Eu sou responsável por ele, como deve saber. Não só isso, eu sou seu amigo, devo isso a ele sem dúvidas. Provavelmente sairei desta ilha assim que puder e retornarei a Nova York.

Aquelas palavras visivelmente entristeceram Eyanosa. Ela disse:

— O que te aguarda por lá?

— Sinceramente? — Pat começou a pensar no assunto. A conclusão o assombrou. — Nada. Quer dizer, meu pai já morreu. Minha mãe também. Não tenho esposa ou qualquer outro tipo de família por lá. Meus “amigos” são apenas colegas de trabalho. Para falar a verdade, creio que a pessoa com quem mantenho a melhor relação seja o próprio David. Às vezes o vejo como um filho, sabe? Talvez eu é que esteja ficando velho.

Dada aquela resposta, o trio manteve o silêncio enquanto consumia aquela deliciosa carne.

— Vejo que estão aproveitando bem a última caçada — uma voz áspera falou distante.

Virando-se para identificar o autor da fala, Pat viu que se tratava de Mahpee. O homem prosseguiu:

— Espero não estar atrapalhando nada.

— Não, pai — Eyanosa respondeu rapidamente. — Estávamos apenas conversando e aproveitando esta bela refeição.

— Belíssima, devo dizer — o mestiço tentou ser agradável, ao mesmo tempo em que Adaky apenas acenou com a cabeça.

— Bem, não é sobre a comida que venho conversar. Patwin, será que podemos ter um momento a sós? — Mahpee questionou.

O mestiço estremeceu-se com aquele chamado. O nativo mais velho sempre parecia ter uma aura agressiva, revanchista. “Espero não ser a vítima de nenhuma vingança maluca desse homem”, pensou estupidamente Pat enquanto caminhava rumo ao seu destino. Eyanosa e Adaky se entreolharam, sem poder imaginar qual assunto seria tratado.

— Siga-me — disse Mahpee.

A dupla caminhou por longos minutos até o mestiço sentir-se completamente isolado da tribo, da vila e de tudo mais. A única companhia era o sol escaldante, as árvores e os animais.

— Peço desculpas por trazê-lo para tão longe, Patwin — começou o nativo. — Espero que não pense nada de errado de mim.

— Por que pensaria? — Pat questionou, ainda que pensasse. — O que você quer, afinal?

— Sabe, eu tenho sido bem duro nos últimos tempos. Confesso que recebi sua chegada com ceticismo, desconfiança e até medo — suas palavras apresentavam uma sinceridade um tanto quanto pesada. — Você entende do medo? Nós temos muito a perder aqui e a história nunca teve pena de nós.

— Eu não posso julgá-lo, Mahpee. Meu pai também era um nativo, ele me contava as histórias. Sei o quanto sofreram e é completamente compreensível toda essa cautela. Mas espero que não me confunda com nenhum inimigo. Eu não estou contra a tribo, tenha certeza absoluta disso.

Mahpee parou por um momento e recolheu uma fruta próxima. Estendeu a mão e a ofereceu a Patwin, que aceitou com um olhar de estranheza.

— Eu sei que você não é o nosso inimigo, mestiço — continuou o nativo. — Mas você os conhece. Sofreu em suas mãos. Sabe, Adaky disse-me que você presenciou a morte de Wohali. É verdade?

Sim, era. E aquela era uma lembrança de que Pat tentava a todo momento se livrar. Ver um humano perdendo sua vida de maneira violenta era algo traumático. E aquela imagem fez o mestiço lembrar de seus algozes: o homem gigante e, principalmente, Edward Muller.

— Eu vi tudo — disse com ódio no coração. — Wohali sangrou até morrer por culpa daquele miserável.

— Eu vejo seu rosto — Mahpee aproximou-se e observou que lágrimas desciam dos olhos do mestiço. — Isso são lágrimas de raiva, certo? O clamor pela justiça. Imagine que não é um clamor individual, Patwin. É o clamor de um povo.

O mestiço estava entendendo bem. Havia sentido na pele a ira sem sentido de seus algozes. Homens sem coração, maldosos e com puro desejo de mais e mais poder. Ou ao menos era assim que ele os enxergava.

— Diga-me, Patwin: onde fica a vila dos brancos? Digo, um rio e uma densa floresta nos separam. Nos tempos em que fazíamos trocas, tudo ocorria em um campo... — o índio deu uma pausa para lembrar a palavra. — Neutro! Essa é a palavra. Na verdade, não há homem branco que saiba onde fica a tribo, e nem índio que saiba o oposto. Mas você, mestiço, você sabe de ambas as localizações. Conte-me e poderemos nos ajudar em nossa busca por justiça.

O mestiço ficou pensativo. Mahpee parecia deveras extremista em determinados momentos, mas havia uma lógica! Sim, era compreensível aquilo. Talvez fosse a decisão que seu pai tomaria, a decisão certa!

— Depois do rio, você deve seguir a direção do poente. Siga incansavelmente e, após encarar a densa floresta, você encontrará a vila — explicou ao nativo.

— Você está fazendo o certo, Patwin. Tenha certeza disso — Mahpee sorria enquanto falava.

Logo em seguida, um choque de consciência acordou o mestiço. O que estava fazendo? Entregar aquela informação poderia ser perigoso! E se Mahpee atacasse a vila como um todo ao invés dos verdadeiros monstros? E se isso colocasse pessoas como Richard, Margaret, Marcus, entre outros em perigo? Pior, e se David corresse risco de vida?

— Mahpee — Patwin falou com nervosismo. — Não ataque a vila. Digo, existem pessoas boas lá!

O nativo olhou para o mestiço e deu um sorriso.

— Não se preocupe — falou em um tom suave. — Eu não pretendo fazer mal a ninguém.

Apesar daquelas palavras, Patwin desconfiava das intenções do homem. “O que foi que eu fiz?”, questionou-se desesperadamente.

Longe dali, David tinha seus próprios desafios: não só lia o diário do misterioso John Dee como também copiava seus textos criptografados. Tinha que ter cuidado na produção das cópias, pois até a posição dos símbolos podia fazer toda a diferença. Sua mão doía e sua vista estava cansada, mas o garoto não parava por nada. O Padre Marcus também ajudava como podia, além da presença da bela cadelinha Selvagem trazer algum conforto para a alma.

— Você é rápido — disse Marcus assombrado ao ver a pilha de textos que o pequeno jornalista já havia copiado.

— Já estou acostumado a isso — o garoto respondeu. — Lá no jornal, eu uso mais uma máquina de escrever, mas escrever à mão também é tranquilo. Apesar das dores. Apesar do cansaço. Apesar de tudo, resumidamente.

Deu uma risada quando viu a pilha de textos que ainda faltava. Ainda assim, não desanimava: podia sentir que estava progredindo e que aquilo ajudaria Patwin e a ilha de alguma forma.

— Por que criptografar tudo? — David questionou. — Quer dizer, eu só faria isso se quisesse esconder de alguém. Mas se o problema já está por aí, porque não facilitar a busca pela solução?

— Talvez a solução fosse parte do problema, eu não sei — Marcus respondeu sem certeza alguma. — Dizem que os gênios são meio loucos, não?

— Talvez ele escondesse algo da própria coroa, quem sabe? Ainda é cedo para julgar a moral desse tal de John Dee. Nossa, minha mão está latejando.

Parou de fazer as cópias para ter um descanso.

— Beba um copo d’água, deite um pouco. Está há muitas horas fazendo isso — disse o padre.

— Você está certo, padre — David respondeu. — Mas vamos relembrar as últimas descobertas, o próprio progresso do diário.

— Certo.

O padre levantou-se e buscou o diário. Passou algumas páginas e viu a mais recente marcação.

— Bem, então você chegou na parte assustadora — disse ao garoto.

— Sim — o pequeno jornalista assentiu com a cabeça.

— Dee conta que colonos e índios mantinham um relacionamento neutro a princípio. Até que um dia tudo desandou. Os nativos foram acusados de terem roubado uma xícara de prata dos colonos.

— Sabe que eu reli essa parte algumas vezes? — David interrompeu o padre para comentar. — Continuo achando isso dez vezes idiota.

— Vai piorar — Marcus prosseguiu. — Para punir os nativos pelo roubo, quer dizer, um roubo que nunca foi provado, alguns colonos se juntaram e colocaram fogo na vila tribal.

— Desproporcional, hein?

— Isso te lembra alguma história, David?

— Edward caçando índios sem pensar apenas por achar que algum deles assassinou sua filha? Tudo bem que a acusação é mais grave, mas a apuração do crime continua ridiculamente... — deu uma pausa para escolher bem a palavra. — Ridícula.

Mas a situação toda não parava por ali. O pequeno jornalista havia lido mais e sabia que o horror ainda estava por vir.

— Os índios sobreviventes recuaram, desapareceram por um tempo — continuou Marcus. — Até que retornaram de maneira sombria. Aqui diz que eles elaboraram um estranho ritual para invocar o que eles chamavam de “deus protetor”.

— Essa parte me dá calafrios — o garoto admitiu. — Não podemos pulá-la?

— É sempre bom rever os detalhes — o padre prosseguiu. — Um hospedeiro foi escolhido e, após o ritual, ele sofreu severas alterações em seu corpo. Não parecia mais um humano, mas um ser demoníaco, uma “heresia em carne e osso”, como descreveu o próprio Dee.

David respirou fundo. Aquilo não poderia ser verdade. Não, não fazia sentido. Monstros não existiam, ainda menos frutos de rituais indígenas.

— Será que esse tal de John Dee não acabou entrando em contato com algumas ervas e cogumelos? — Ele questionou.

— Temo que não — Marcus respondeu com sinceridade. — Continuando: o ser demoníaco invadiu a colônia e massacrou a maioria absoluta de seus moradores. Nem os ossos restaram. Foi um verdadeiro massacre, uma vingança maior que qualquer punição causada pelo incêndio.

— Eles sabem como dar o troco.

O padre então encerrou a revisão. Sim, ele também sentia medo pelo que estava vindo pela frente. Após raciocinar um pouco, David perguntou:

— Você acha que há risco de isso acontecer de novo? Quer dizer, veja bem: Muller pensa que índios mataram sua filha. Ele então os ataca. Os nativos revidam com força total. É por isso que estava revisitando a câmara secreta, padre? Você teme que essa história de horror se torne repita? Você acha que isso tudo é real?

— Eu não vou mentir para você, David — havia pesar na voz de Marcus. — Temo que cada palavra desse diário seja verdade.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigado pela leitura! O que tem achado da história?

Até o próximo capítulo ♥



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