O Sangue do Mestiço escrita por Júlio Oliveira


Capítulo 16
Antes que tudo


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Antes de tudo, quero pedir desculpas pelo atraso. Dito isso, desejo uma excelente leitura :D



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David estava quase cochilando sobre a confortável cadeira estofada de seu pai. O lugar era mágico para ele: o prédio de um dos jornais mais importantes de Nova York. Sendo incentivado desde cedo a trabalhar na área, o pequeno jornalista logo pegou gosto pela leitura. Não só isso, ele se alimentava de curiosidade e só se satisfazia quando pesquisava incessantemente e encontrava as respostas do que buscava. Seu sonho? Ser um jornalista investigativo. “Eu teria pego ‘Jack, o Estripador’”, ele gostava de pensar. Entretanto, as coisas não eram tão mágicas assim na prática.

O garoto passava a maior parte do seu tempo revisando textos de outros jornalistas. Textos chatos, coisas sobre esportes, o tempo e a política da cidade e do país. “Um time que ninguém se importa, uma neve que ninguém pediu, uma Lei Seca que ninguém cumpre”, sempre refletia. Lembrava de ouvir boatos de que na própria biblioteca do congresso aconteciam festas e bebedeiras. “Uma chatice”, pensava. No entanto, em um momento ou outro ele tinha a sua diversão: analisar textos de crimes estranhos, histórias curiosas e lendas urbanas. Às vezes podia até não fazer sentido, mas isso divertia ainda mais o garoto.

Mas havia algo de estranho. Não, ele não devia estar ali. O que estava fazendo no conforto do seu quase lar? David lembrava-se bem: estava em Roanoke, aquela ilhazinha bizarra no meio do nada. Era na Carolina do Norte, não tinha absolutamente nada a ver com a bela Nova York. Levantando-se de sua cadeira, começou a observar o cenário ao seu redor: o birô do seu pai cheio de papéis para serem assinados, estantes com livros e documentos mal organizados e o quadro de seu avô, fundador do jornal. Da janela ele via o resto da cidade: tudo corria como sempre, os carros atravessando as avenidas, as pequenas formigas abaixo do prédio trafegando de um lado para o outro. Tantos pensamentos, tantas vidas. “Será que aguentariam uma semana na ilha?”, questionou.

Voltando-se para a saída do escritório, caminhou brevemente. Girou a maçaneta metálica e, ao abrir a porta, assustou-se com o silêncio ali presente. Mesas vazias, solidão total. “Onde está todo mundo?”, perguntou aos céus. A sala em questão estava sempre movimentada graças aos funcionários, seus trabalhos, piadas e broncas. Lembrava-se da Anna, do Jake, da Melissa, do Negan. E tinha o Patwin, seu grande amigo. Não era algo que fizesse tanto sentido: o mestiço era mais de dez anos mais velho, além de haver toda uma diferença de criação entre ambos. David era um garoto rico e tipicamente americano. Pat estava mais para um ex-índio bem encaixado na sociedade americana dos anos vinte. Ou ao menos era assim que o ingênuo garoto enxergava.

Mas nada disso importava naquele momento: só havia ausência. O silêncio, a invisibilidade e a incerteza encheram o coração do garoto de medo. Medo da solidão, medo se ver por conta própria em um mundo selvagem. Selvagem? Ele estava em Nova York. Não havia melhor lugar para ficar. A civilização em forma de cidade.

— Procurar demais pode ser perigoso.

David virou-se assustado para ver de quem era aquela voz profunda e áspera. Um homem de preto com uma longa barba branca sorria jocosamente para o garoto.

— Não me conhece? Pensei que já soubesse tudo sobre mim — disse o velho.

David engoliu em seco. Sim, sabia quem era aquele homem.

— John Dee? — O pequeno jornalista sentia-se cada vez menor graças ao medo que crescia dentro de si.

Sem responder, John começou a caminhar lentamente em direção ao jovem. “Que tipo de pesadelo é esse?”, David se questionou enquanto tentava acordar. Sim, o garoto conhecia bem John Dee: era o homem do quadro, do diário e dos mapas que vira na câmara secreta da igreja do Padre Marcus. Devia estar morto há mais de 400 anos.

— Você morreu — o garoto afirmou.

— Ninguém morre enquanto seu nome continua na boca e na mente de outros — John respondeu com calma. — Talvez não morra nem depois disso.

— O que você quer?

David se afastava a cada passo que o homem dava.

— Por que pergunta para mim? O sonho é seu, garoto — o velho deu uma risada assustadora enquanto apressava o passo.

O pequeno jornalista tentou dar mais um passo para trás, até que simplesmente viu que não havia para onde ir: estava com as costas na parede acinzentada.

— Afaste-se! — David gritou. — Você não deveria estar aqui!

— O que foi, David? — Dee parecia cada vez mais estranho e simplesmente não parava de se aproximar. — O conhecimento lhe põe medo? Talvez você não devesse estar aqui. Está mexendo com algo maior do que todos nós. Mas mesmo assim, a curiosidade é maior, não?

O pequeno jornalista fechou os olhos. Temia o pior. Podia muito bem ouvir os passos macabros daquele velho se aproximando, até que uma voz o chamou:

— David! — Era a voz do Padre Marcus.

O garoto abriu os olhos. Não via padre algum. Entretanto, a voz do homem de Deus voltou a ecoar com mais força e, em um salto, o jovem despertou de seu estranho sonho.

— Você está bem? Estava suando e balbuciando algo — Marcus explicou.

David olhou assustado para o lado. O padre estava na próxima cama, enquanto Selvagem dormia no espaço entre eles. O garoto então tateou o próprio corpo em busca do diário de John Dee, aquele mesmo que furtara anteriormente da câmara secreta do padre.

— Está procurando isso? — Marcus mostrou que tinha o diário em suas mãos.

Mais uma vez, o desespero tomou conta da alma de David. Tinha feito algo de errado e temia a reação do padre. “Ele já tem uma câmara secreta. Lugar perfeito para esconder meu corpo”, pensou de maneira estúpida.

— O que foi? O gato comeu sua língua? — O padre queria uma resposta.

— Padre, eu... — David buscava palavras, mas elas não eram encontradas facilmente. — Eu estava tentando ajudar, juro. Patwin está perdido por aí, tem um maluco com guardas armados, tem também os índios e tudo mais, eu nem sei se eu devia estar aqui. Tudo é uma bagunça!

Marcus aguardou pacientemente a verborragia do garoto.

— Relaxe, David — falou com calma. — O que você fez não foi nem um pouco certo. Não se deve invadir a propriedade dos outros e tomar o que não é seu. Eu confiei que você não faria isso, mas parece que é esperto e curioso demais para deixar qualquer coisa como essa passar. A curiosidade matou o gato, sabia? Que bom que você é um homem.

— Desculpe-me, padre — David abaixou a cabeça envergonhado.

— Desculpas aceitas. Mas não repita isso — Marcus começou a passar algumas páginas do livro. — Até onde você leu, afinal?

O pequeno jornalista, ainda que envergonhado e desconfiado, começou a falar:

— O básico do básico. O começo parece bem autobiográfico. John Dee nasceu em 1527, na cidade de Londres. Cresceu como um garoto mais inteligente que a média e se tornou um estudioso bem singular dentro do seu contexto. Misturava ciência natural e ocultismo. Um tanto quanto estranho, devo dizer. Era também um homem deveras religioso. Uma figura contraditória e bem diferente do que eu imaginava. Parece personagem de ficção.

— Mas você não leu só isso — o padre adivinhou. — Até onde foi?

— A parte da aventura, devo dizer? — Aos poucos, David começava a se soltar mais uma vez. — Bem, ele se tornou conselheiro da rainha Elizabeth I. Uma grande honra, ainda mais para um homem esquisito como ele. Mais do que isso: ele era o seu espião. Isso explica toda aquela coisa com a criptografia, todo esse cuidado no que tange a documentação.

Parou para respirar. Não só era muita informação, como também era algo que ele não esperava encontrar e nem ter que compartilhar tão cedo com o padre. “Devo ser mais precavido”, pensou. Em seguida, prosseguiu:

— Uma de suas missões foi rumo ao Novo Mundo. Especificamente, a uma colônia chamada Roanoke. E foi aí que as letras começaram a ficar turvas e eu adormeci, creio eu — concluiu.

Com aquilo dito, o silêncio tomou conta do quarto. Marcus encarava a capa do diário enquanto David tentava ler sua mente. “Se eu tiver que sair daqui, não faço ideia onde vou parar”, refletiu.

— Imagino que isso aqui lhe trouxe mais perguntas que respostas — Marcus disse sacudindo o livro.

— Na verdade, sim — o pequeno jornalista balançou a cabeça afirmativamente. — Confesso que só aumentou minha curiosidade. Vou me controlar. Não vou mais invadir câmaras secretas, nem ler livros estranhos, nem tentar traduzir criptografias ou mapas antigos. Prometo.

— Não prometa o que não pode cumprir, garoto — a voz do padre pareceu áspera pela primeira vez. — Não seja tolo pensando que vou lhe punir ou lhe entregar para Edward Muller. Eu sei que você é uma pessoa boa e tem excelentes intenções. É muito nobre que queira ajudar Patwin. É muito nobre que sinta revolta pelo estado desta ilha e que pense em fazer algo para mudá-la. Eu também sinto isso. Mas para funcionar, uma coisa é primordial: verdade. Então chega de jogos. Pergunte-me o que quiser saber e responda-me com sinceridade quando eu lhe fizer meus próprios questionamentos.

Mais uma vez o garoto engoliu em seco. Não havia piadinha alguma para aquele momento.

— Esse erro não irá se repetir, padre. Falo sério — David prometeu. Em seguida, resolveu seguir o conselho de Marcus e elaborou uma pergunta. — De onde veio essa câmara secreta? Quer dizer, ela parece muito antiga. Não acho que você a tenha construído.

O padre respirou fundo. Pensou que talvez estivesse sendo duro demais com o garoto. Focou então na pergunta e logo trouxe a resposta:

— Você está certo. Eu não construí nada disso e muito menos cataloguei. Aparentemente, John Dee, antes de voltar para Londres, deixou com alguém de confiança. Seja quem for essa pessoa, ela construiu essa igreja para esconder todos os segredos de seu mestre. E aqui estamos.

— E por que você estava procurando por isso? Digo, você sempre faz isso, ou as circunstâncias mudaram? — David lembrou-se da imagem do padre vasculhando a câmara.

— Tudo mudou — Marcus disse com pesar. — Desde a morte de Jessica, o nível de tensão aqui na ilha disparou. Você sente no ar. É como se uma nuvem densa de violência pairasse sobre nós e como se não pudéssemos fugir. Eu estou apenas me precavendo.

— Mas como anotações de 400 anos atrás podem ajudar? Quer dizer, o que isso tudo tem a ver com Edward Muller?

— Essa é a questão, David: talvez o grande problema não seja a ação de Muller, mas a reação que ele pode provocar.

O pequeno passou um breve instante processando tudo aquilo.

— Você está me dizendo que o risco real é como os nativos vão reagir? É isso mesmo? Qual a lógica? Nada faz sentido — disse o garoto.

— Continue lendo e você vai entender. Se eu falar, vai dizer que é loucura. Talvez continue achando que é mesmo depois que ler. Eu mesmo me mantive cético por um tempo. Mas ando temeroso de que todas as palavras presentes neste diário são reais — respondeu Marcus.

Aquilo deixou David desconfiado. O que poderia pôr medo no próprio Padre Marcus? Aquele homem parecia ser feito de pedra. “Não, todos tem um ponto fraco”, refletiu. Isso o fez estremecer. Sim, o garoto tinha consciência que corria risco real de vida naquela ilha. Não, não podia morrer ali. Não podia deixar o jornal de seu pai para trás, Nova York ou mesmo sua antiga vida.

— Eu lerei — disse com a voz trêmula. — Mas acabei de ter uma ideia.

— Que ideia? — Padre Marcus apresentou curiosidade.

— Existem vários textos criptografados lá embaixo, certo? E se eu traduzisse eles? Quer dizer, eu particularmente não entendo disso. Entretanto, conheço quem entende. Poderia fazer cópias de alguns escritos e mandar tudo para Nova York, para o meu escritório. Existem pessoas excelentes que fariam um esforço para agradar o filho do chefe — David tentou forçar uma risada, mas viu que não surtiu efeito algum no padre. — Levaria tempo, claro. Mas seria melhor do que ficar às cegas. O que você acha, padre?

Marcus parecia relutante. Passou longos segundos pensando. Seria confiável entregar os textos não só para David, mas para estranhos moradores de uma cidade distante? Eles estavam enterrados em uma câmara secreta por algum motivo. Entretanto, também não teriam nenhuma utilidade ali, sem que houvesse qualquer compreensão. Se os tempos sombrios estavam chegando, era importante estar preparado. Olhando com confiança para David, disse:

— Faça as cópias e envie para o jornal. Precisamos de respostas.

Longe da igreja, mas ainda na vila, um ferido e cansado Richard caminhava lentamente. As últimas horas tinham sido duras para o garoto. Sentia cansaço, revolta, fome e sede. Mais do que isso: sentia-se abandonado. Assim era o se estado enquanto corria através da floresta. Suas longas passadas não aconteciam por ter disposição ou força, mas porque já não aguentava mais aquela visão, aquele cheiro, aquelas memórias. O verde para todo o lado, as pessoas com as peles pintadas, o dialeto nada compreensível. Ele havia apenas trocado um inferno por outro. Agora, caminhava de volta para um bem conhecido: já entendia a língua de seus demônios e suportava bem o calor de seus caldeirões. “Este inferno é o meu lar”, pensou.

Erguendo a cabeça, Richard visualizou a grandiosa estrutura que era a mansão da força motriz de todo esse caos: Edward Muller. “Velho desgraçado e maldito”, o artista cuspiu no chão. Queria poder pisotear no rosto daquele homem, cuspi-lo e queimá-lo. Fazer arte da dor daquele diabo que fizera da vida dele um inferno. Mas não, isso não seria possível. Apesar de louco, o garoto não era tolo. Sabia que Muller tinha olhos por aí, guardas armados e pessoas que tinham medo. E esse medo era contagiante. Simplesmente não havia lugar seguro na vila. Talvez, na verdade, já até tivessem o visto e informado ao poderoso chefão a sua chegada. “Que se dane”, Richard jogou tudo para o alto.

Olhou dessa vez para um lugar que sempre foi seu porto seguro. “Ou era”, refletiu. Seus olhos estavam virados para a estalagem de sua mãe, Margaret Olsen. Sua última lembrança de lá? Uma fuga desesperada no meio da madrugada. Antes disso, havia uma memória ainda pior: o maldito xerife Arnold vindo buscá-lo e se horrorizando com suas pinturas. “Xerife idiota!”, Richard xingava mentalmente. Como não poderia entender o que era arte? Entretanto, o garoto também reconhecia o seu erro: como poderia ter invadido o necrotério? Que decisão estúpida!

O fato, no entanto, é que era tarde demais para lamentações. Era um foragido, mas não havia refúgio seguro, ou ao menos era assim que pensava. “Mas minha mãe deve ter algum plano”, torcia mentalmente. Caminhou rumo ao que chamava de “casa”, ao mesmo tempo em que observava a mesma cena de sempre: crianças brincando, mães e pais trabalhando. “Eu me sinto num eterno déjà vu. Todos os dias e momentos parecem iguais. Só que piores”.

Finalmente estava de frente para aquela velha porta de madeira. Girou a maçaneta. “Estranho”, pensou ao ver que o lugar estava trancado. Resolveu bater na porta.

— Já vai — a voz da sua mãe parecia distante.

Após longos segundos de espera, Margaret abriu cautelosamente a porta. Com apenas uma fresta permitindo a entrada de luz, a mãe pôde vislumbrar seu filho depois de tortuosos dias sem vê-lo. Com os olhos arregalados e a boca sem conseguir soltar qualquer palavra, ela começou a chorar emocionada. Richard tratou logo de entrar no lugar e fechar a porta e, finalmente, abraçou sua mãe.

— Mãe... — ele tentava dizer algo, mas não conseguia achar palavras. Também sentia emoção e alívio por estar ali, ainda que um certo medo rondasse o ambiente. — Como é bom estar aqui.

Margaret chorava sem parar. Com a cabeça encostada no peito de seu filho, ela aproveitava o seu calor, sua presença e amor. Era como uma pitada de sonho em meio a um pesadelo tremendo que os últimos dias estavam sendo. Ela virou o olhar para ele e tateou seu rosto, como se buscasse confirmar que aquilo era realidade e não uma ilusão feita para aliviar sua tristeza.

— Filho... — ela soluçava. — Eu não acredito!

Voltou a abraçá-lo e a enchê-lo de beijos. O artista finalmente podia sentir um pouco de amor depois daqueles dias infernais. Margaret não o julgava ou criticava. Muito menos queria o seu mal. Muito pelo contrário: aquela mulher era a única pessoa em que ele sabia que poderia confiar a sua vida. Devia tudo a ela.

— Eles te fizeram algum mal? — Richard perguntou.

Era estranho. Raros eram os momentos em que o artista se preocupava com algo além de sua arte. Margaret sorriu e aproveitou cada segundo daquele momento. Ainda abraçada a seu filho, ela respondeu:

— Não. Ainda que as coisas não estejam bem, digo que vivemos numa paz estranha.

“Paz estranha?”, Richard não entendeu bem a escolha de palavras. O que será que se passava naquela maldita vila? Será que Edward havia, afinal, encontrado o assassino de sua filha? Ou ele estava certo em suspeitar dos selvagens da floresta?

— Edward ainda me procura? — O garoto questionou.

E, diante daquela pergunta, Margaret foi puxada mais uma vez para a realidade. E que odiosa realidade! Ela não poderia simplesmente aproveitar o tempo com o seu filho? Trabalhar, dormir e acordar com tranquilidade, simplesmente viver? Não. Havia um demônio entre eles. Edward ainda buscava sua justiça por mais injusta que fosse.

— Sim — ela respondeu com pesar. — Ele ainda procura a todos. Mandou aquele xerife aqui. Sorte que o David me ajudou. Ainda assim, não acho que estejamos seguros.

Richard se afastou com desânimo. Encarou o chão e as paredes, como se buscasse uma rota de fuga para toda aquela desgraça. “Então o inferno me persegue, hein?”, pensou.

— O que pensa em fazer? — Sua mãe perguntou. — Mais do que isso: você está bem?

Ela finalmente havia se dado conta dos ferimentos de seu filho. Se antes o sonho tornava sua visão turva, agora Margaret via como a realidade poderia ser brutal.

— Aquele índio jovem tentou me ajudar — Richard começou. — Qual o nome dele mesmo? Adaly, eu acho. Mas os outros me detestavam, mãe. Não aguentei, tive que sair daquele inferno. Mas vejo que aqui também não é seguro.

— Não há lugar seguro nesta ilha — ela respondeu. — Vamos sair daqui o quanto antes. Infelizmente não são todos os dias em que embarcações vão para o continente. Mas pegaremos a primeira, isso eu prometo, meu filho.

Richard sabia que aquilo poderia ser loucura. Afinal, para onde iriam? O que fariam quando chegassem do outro lado? No entanto, preferiu não questionar sua mãe.

— Mas o que eu faço enquanto isso? — Ele perguntou.

— Reze para que não tenham te visto e fique aqui. Não saia por nada. Eu cuidarei de odo o resto — Margaret falou de maneira assertiva.

Sim, sua mãe resolveria tudo. As coisas voltariam a ser como eram, o artista imaginava. Uma pena que não acreditava em seus próprios pensamentos. Richard sabia que o futuro era tão sombrio quanto seus quadros.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigado por terem lido até aqui. O que acharam?

Vamos agora falar das curiosidades ;)

John Dee realmente existiu e foi um homem deveras inteligente. Sua mentalidade lhe rendeu infortúnios (como ser interrogado várias vezes pelos religiosos locais), como também conquistas (a construção de um biblioteca particular, sendo a maior da Inglaterra na época). Enfim, para mais informações, o link da Wikipedia brasileira satisfaz e se mostrou confiável quando comparado com outras fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Dee

Até o próximo capítulo :D



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