Pov Sophia

Depois da saída dramática de Loki, ninguém ousou segui-lo, o dia passou e novamente o sol brilhava no céu no dia seguinte.
Surpreendentemente, os jardins passaram a ser o meu lugar favorito de toda a Asgard, e eu voltei para lá, com um livro na mao...

Eu ia simplesmente sentar na grama e fingir que nada mais existia a não ser as palavras do livro, porém ao longe sentado, com as costas apoiadas num tronco de árvore, com as pernas cruzadas e um livro na mão estava Loki...

Ele parecia concentrado, e eu pensei que talvez fosse uma boa ideia falar com ele, depois do que aconteceu ontem na sala do trono...

Eu me aproximei e me sentei ao seu lado, ele levantou os olhos do livro para ver quem eu era, mas voltou a colocar os olhos no livro, ignorando a minha presença....

— você está bem? - eu perguntei.

— porque eu não estaria? - perguntou ele. - estou livre das correntes, mas não tenho poder. Não há nada melhor. - disse ele com sarcasmo.

— desculpa, não havia outra maneira. - eu olhei para o chão.

Ouvi Loki suspirar profundamente antes de um silêncio se instalar...

—porquê?

—hm? - eu disse distraída pelo livro em minhas mãos.

—porque você resolveu tão determinadamente, me tirar da minha cela? - ele perguntou.

— porque eu não acredito que tenha matado todas aquelas pessoas por diversão...

— como sabes? Eu posso ter gostado de as ouvir gritar. - ele respondeu com um sorriso maléfico.

— tu não és mau, Loki. Eu acredito que há um coraçao bom e sincero ai dentro... - eu apontei para o peito dele. -... Apesar de toda a solidão em que você viveu. Não és mau tu és solitário. Eu compreendo...

— estas errada! Ninguém compreende.... - ele murmurou voltando os olhos Esmeralda novamente para o seu livro.

— eu compreendo, porque eu mesma já me considerei um monstro como você... - eu disse lembrando de quando eu descobri que os meus olhos ficavam pretos.

— porque faria isso? Não tem nada de errado com voce... - Loki perguntou curioso.

— por causa disto... - eu disse mostrando os meus olhos negros.

Depois de Deimos e Fobos me mostrarem como eles controlavam isso, eu consegui controlar os meus e só não podia controlar em momentos de extrema raiva.

— os teus olhos... - disse Loki chocado.

— eu sei, eu sei também que você é adotado e é um jotun... E por isso fez o que fez... Eu não te culpo, tu não sabias outra forma de lidar com isso a não ser a raiva.

Novamente se instalou o silêncio até que Loki falou novamente, mas desta vez na sua forma de gigante de gelo. A sua pele estava azul, com alguns traços mais escuros e os seus olhos eram vermelhos.

— e você não tem medo? - ele perguntou.

— porque eu teria medo? - ele não respondeu. - posso? - perguntei querendo tocar a pele gelada.

Loki assentiu lentamente e eu coloquei a mão na bochecha dele, e com um dedo tracei uma das linhas azul escuro. Senti um pouco de dor no início, como se a pele dele fosse tão fria que me congelasse, porém essa sensação desapareceu, deixando apenas uma mancha azul na minha mão.

Loki voltou a sua forma asgardiana, os seus olhos abertos em choque e arrependimento...

— a sua mão! Eu te magoei!

— Não, Loki! Olha! - eu disse e lhe mostrei a minha mão que agora voltava à cor normal.

— como isso é possível? Sempre que eu toco em alguém com esta forma eu acabo por magoar a pessoa... Porque não aconteceu o mesmo com você? - ele perguntou confuso.

— eu não faço a mínima ideia! - eu sorri - mas já que você não me magoou, talvez pudéssemos ser amigos.

— talvez...

— vamos, Loki! Uma corrida de cavalos se eu ganhar você vai ser meu amigo e se você ganhar eu juro que te deixo em paz! - eu sorri.

Loki estreitou os olhos enquanto eu me levantava, como se não acreditasse que eu o deixaria em paz.

— você jura em nome de Zeus? - perguntou Loki.

— eu juro em nome de Zeus. - eu jurei e Loki se levantou.

Os dois nos dirigimos aos estábulos e enquanto Loki colocava a cela num cavalo castanho eu chamei Nero, que não precisava de cela.

Nero se abaixou para que eu pudesse subir, e quando eu já estava no seu lombo ele voltou a erguer-se.
Ouvi passos de cavalo a aproximar-se e olhei, para ver Loki com um sorriso encantador no rosto, que fez o meu coraçao bater um pouco mais depressa. Que sentimento era este?

— isso não é justo, eu tive que colocar a cela no meu! - reclamou Loki ainda com aquele maldito sorriso.

—oh, bem... Nero é um bom garoto! - eu ri e Nero mexeu a cabeça como se concordasse - quem chegar ao outro lado de Asgard ganha, sem atalhos e sem truques! - eu olhei para Loki.

— eu nunca faria isso! - disse Loki como se estivesse ofendido.

— claro que não! - eu ironizei rolando os olhos.

Assim, a nossa pequena corrida começou, a sensação do vento no meu rosto e fazendo o meu cabelo esforçar para trás era ótima, tão ótima que eu me esqueci completamente dos olhares confusos e assustados por verem Loki sem correntes ou guardas por perto.

Obviamente, Nero sendo o cavalo mais rápido, ganhou a corrida, deixando Loki extremamente frustrado.

— mantenha a sua promessa Loki! Agora terás que me aturar todos os dias! - eu ri.

—Será um prazer, Lady Sophia! - disse ele num tom de sarcasmo, mas os olhos dele diziam que era apenas uma brincadeira.

Eu passei o resto do dia com Loki, e por incrível que pareça, ele era um bom amigo, e não um completo idiota como as vezes ele aparenta ser. Ele pode sim, ser uma boa pessoa e um bom amigo.

No dia seguinte, acordei com Diana e Clara no meu quarto, tentando me acordar e uma Ragna desesperada com o minha atitude depois de ser acordada à força. Mal sabia ela que eu já estava habituada.

— por favor senhoritas, saiam e deixem a princesa descansar. - disse Ragna uma última vez.

Diana e Clara me abanavam, a esta altura eu já estava bem acordada, mas fingia que estava a dormir.

—Sophia! - chamou Clara.

—tenho sono, sai daqui! - falei com uma voz sonolenta, colocando a cabeça debaixo dos lençois.

— temos algo extremamente importante para te contar! - disse Diana.

— esta bem! - eu murmurei.

A ruiva e a loira se afastaram e eu lentamente me levantei, antes de pegar em duas das inúmeras almofadas brancas e jogar cada uma na cara de Diana e Clara.

— isso é por me acordarem tão cedo! - eu reclamei.

Eu passei uma mão pelos meus longos cabelos ondulados, que no momento estavam todos bagunçados e perguntei:

— o que aconteceu para vocês me acordarem tão urgentemente?

As duas se entreolharam sem saber o que contar, e eu sabia que quando isso acontecia, uma delas acabava de fazer algo que provavelmente se arrependeram de fazer e não sabiam como imendar a situaçao.

— digam logo! - falei, odiando o silêncio.

Clara suspirou, olhou para as próprias mais e disse num tom quase inaudível:

— eu beijei o Bruce...

— você o que quê!? - eu gritei em choque.

E um silêncio se instalou que ninguém ousou quebra-lo, nem mesmo Ragna que organizava a penteadeira e agora parava para ouvir apenas o som do vento da manhã....

Continua...