Dias passaram e por fim finalmente chegou o dia do baile, não que eu estivesse realmente interessada nisso.

Relativamente ao beijo de Clara e Bruce, não havia nada que eu pudesse fazer a respeito, era o coração de Clara que deve decidir isso, apesar de eu, algum tempo atrás ter pensado que ela ia acabar por ficar com Clint.

Já Diana estava muito bem com o Steve de facto, eles eram muito fofos juntos.

No Palácio já se viam os servos a correr de um lado para o outro por conta do baile, tudo devia estar perfeito, sendo que era Frigga quem estava a organizar o evento, a comida, as decorações tudo!

E por esse motivo os servos andavam stressados de um lado para o outro incluindo nas cozinhas, para que tudo estivesse perfeito e no seu devido lugar.

No momento estava no jardim a ler um livro asgardiano, era sobre um príncipe que numa cavalgada encontrou uma bela moça, mas esta estava destinada a ficar sozinha para a eternidade, amaldiçoada por uma bruxa. Foi Loki que me introduziu a estas lendas, foi ele também que me contou toda a história Nórdica.

Loki... Agora que nos entendiamos parecia uma pessoa totalmente diferente, mais Alegre, gentil, porém, tudo isso desaparecia quando alguém se juntava a nós.

E falando no diabo, ele aparece, a caminhar elegantemente pelo jardim até que seus olhos astutos me viram no meu canto. A direção de seus pés muda.
E eu sem tirar os olhos do livro, digo:

— boa tarde, meu príncipe. - sorri com deboche.

— ora, boa tarde, bela dama. - respondeu ele com um dos seus típicos sorrisos de canto. - não devieis estar a preparar-se para o baile desta noite?

—pff... - falei com uma cara de nojo- caro príncipe, posso ser uma dama mas jamais me interessaria por tais coisas. -falei num tom exagerado que fez nós os dois cair em riso.

—Mas é sério, não vais ao baile? -perguntou Loki ao sentar-se ao meu lado na grama.

— claro que sim, Loki. -respondi ao fechar o livro e olhar para o homem pálido de olhos verdes. - o baile será dado em honra de toda a minha família incluindo eu, não podia simplesmente não ir.

O silêncio reinou no jardim depois disso, mas nem eu, e muito menos Loki tivemos a intenção de quebrá-lo. Aquele silêncio não era pesado, nem tenso, era apenas um silêncio relaxante no qual podiamos ficar para a eternidade.

Até que, por fim Loki se ergueu da grama e chamou a minha atenção, mais uma vez naquele dia.

— tenho algo a lhe mostrar. - disse ele simplesmente.

Talvez eu tenha esquecido de dizer a vocês, nos últimos dias, eu e Loki formamos bons laços de amizade, mas há um sentimento, um certo batimento a mais no meu coraçao que eu não sei bem o que é.

Olhei para Loki na esperança de encontrar algo nos seus olhos verdes que me fizessem recuar, uma segunda intenção escondida por palavras e um sorriso, mas não encontrei nada que me provasse isso.

Loki estendeu a mão direita com um brilho no olhar e um sorriso malicioso.

—vamos, princesa, ou não confia no seu príncipe?

Eu por fim aceitei a mão de Loki, que rapidamente me puxou para cima, para que me indireitasse nos meus próprios pés, ainda com as bochechas coradas e o coração acelerado pelo comentário feito.

E então Loki guiou o caminho até onde pretendia me levar. Ele realmente havia se tornado meu amigo, incluindo o facto de este confiar em mim ao ponto de ser gentil, calmo quando estava por perto.

Deimos e Fobos que ainda andavam por aí, após terem dito que apreciavam a personalidade de Loki, resolveram falar com ele e assim surgiu uma amizade de traquinagem.
Os servos sofriam com os três, apesar de Loki ainda estar com a pulseira de Hera, ele formulava os planos com aquela inteligência única, enquanto Deimos e Fobos usavam a própria magia para obter os resultados.

E falando neles, aqui estavam, ao encontrar-nos enquanto atravessavamos os jardins, vindos diretamente de dentro das paredes douradas de um corredor do palácio.

Loki mudou completamente de comportamento, a postura mais rígida, o olhar distante, indecifrável, aqueles olhos verdes não mostravam mais aquela gentileza de momentos antes.

—Loki! Irmã!- disseram eles em conjunto.

—o que fazem aqui? - perguntou Deimos.

—isso não é da vossa conta. O que desejam? - respondeu Loki antes que eu abrisse a boca.

Os meus irmãos olharam entre si e sorriram maliciosamente.

— nós tivemos uma ideia... - começou Fobos e eu estreitei os olhos e pentei o meu cabelo castanho para trás. - no momento os três Guerreiros estão na pequena arena deles, como sempre... Eu e Deimos pensamos em assusta-los.

—Mas como são guerreiros e pouco os assusta, não nos surgiu nada na mente, então virmos pedir a sua ajuda Loki, já que os conhece melhor que nós. - completou Deimos.

Loki rapidamente pensou num plano e sorriu maléficamente antes de dizer:

— eu tenho o plano perfeito, mas antes preciso saber, vocês dois podem se metamorfar? - perguntou ele.

— você quer dizer... - disse Fobos enquanto a forma dos irmãos diminuía e se transformaram em lobos pretos de olhos negros como a noite, de dentes afiados. - assim? - disse ele após voltar à forma humana.

— sim, mas no lugar de lobos, vocês vão ser mulheres. - Loki sorriu maliciosamente.

E eu, finalmente entendi o plano de Loki, ele pretendia fingir que Deimos e Fobos eram mulheres para que não os reconhecessem.

—desta forma ninguém vai reconhecê-los quando eu e Sophia, avisarmos que há duas mulheres mortas na entrada da arena. - explicou ele.

— e depois podemos esfaquear eles? - perguntou Deimos.

— sim, Deimos, depois pode esfaquear eles. - respondeu Fobos. - mas onde se encaixa Sophia nisso?

— se eu entrar na Arena sozinho, eles vão suspeitar, já que eu não vou lá há muito tempo.

E assim foi planeado o ataque, como previsto, os meus irmãos conseguiram metamorfar em belas mulheres de cabelos e olhos negros, porém, Deimos tinha o cabelo mais comprido do que Fobos nesta forma, por algum motivo.

Eu e Loki caminhamos até a arena e observamos os soldados no treinamento, os três guerreiros pararam o combate para tirar satisfações com Loki.

— o que faz aqui? - perguntou Hogun

— nós viemos buscar ajuda. - falei ao alinhar o plano de Loki.

— há anos que não vem aqui, então porque veio aqui hoje? - desconfiou Frandall.

— eu vim apenas acompanhar a princesa do Olimpo. - disse Loki com um sorriso sínico.

Os três guerreiros olharam para mim durante alguns segundos antes de hogun perguntar novamente:

— o que a traz aqui, princesa? - falou ele com simpatia, diferente da maneira como se dirigem a Loki.

— duas mulheres estão deitadas no chão, à entrada da vossa arena e vocês nem sequer se deram ao trabalho de ir cuidar do assunto. - Loki fez questão de responder.

Hogun e Frandall fixaram o olhar em mim perguntando silenciosamente se realmente era verdade, eu assenti e me senti culpada por isso.
Os três guerreiros correram para a entrada da Arena onde estavam Deimos e Fobos nas suas formas femininas a fazer de mortos.

Volstagg deixou cair o pedaço de carne que tinha na mão, enquanto Frandall e Hogun se aproximaram de Fobos e Deimos respetivamente, verificando se realmente estavam mortos.

Num único segundo, as gêmeas tiraram um punhal cada uma e esfaquearam hogun e Frandall, e desabaram a rir, um riso que se estivéssemos na Terra teria feito o homem mais valente acovardar-se com medo. Um riso malévolo, no entanto divertido que me fez sorrir levemente.

E enquanto Frandall e Hogun seguravam as feridas laterais, chega Afrodite, minha mãe, com os cabelos loiros ondulados esvoaçantes e uma cara de quem tem raiva a deitar pra fora.

Ela curou as feridas dos guerreiros e deu um olhar de morte para as gêmeas que ainda riam. Pegou nos braços delas com tanta força que começaram a mudar de forma para homens, novamente.

— vocês dois, sempre aprontando, ainda por cima arrastaram sua irmã e o príncipe Loki para suas brincadeiras, começo a me cançar! Vocês não são mais crianças! Porque não espalham amor no lugar das traquinagens?

— desculpa, mãe... - disseram eles em uníssono e pareciam realmente arrependidos depois das palavras de nossa mãe.

—eu não me importo que o façam desde que não magoem ninguém... - disse ela suavemente com uma mão no rosto de cada um.

E tão rápido como veio, Afrodite foi embora, andando elegantemente e lançando um olhar divertido na minha direção antes de voltar a olhar em frente.

Eu e Loki nos entreolhamos, e eu ri da pequena discussão de minha mãe com meus irmãos, enquanto Loki esboçou apenas aquilo que seria um rascunho de um sorriso.

Depois disso, passei o resto do dia com as pessoas ou deuses mais travessos de todo o Universo. E depois do jantar, quando chegou a hora de me arrumar, Ragna me procurou dizendo que estava na hora. Claro que os outros três continuaram se divertindo sendo que os homens não têm o terço da dificuldade que nós mulheres temos para entrar num vestido asgardiano ou grego, sem falar no trabalho que dá arrumar os cabelos.

Enfim, lá fui eu nada feliz, e admito um pouco nervosa e ansiosa, pois eu nunca havia participado de um baile como este...

Cheguei ao quarto e Ragna me encaminhou para a banheira. Inspirei sentindo o aroma de baunilha e flores.

— onde estão as meninas Ragna? - perguntei levemente.

— nos seus respetivos quartos ,princesa, preparando-se para o baile, e provavelmente irão diretas para o salão.- respondeu ela com um sorriso no rosto pálido.

Eu assenti e fechei a porta, tirei a roupa e entrei nas águas mornas da banheira, e relaxei o corpo. Depois de tomar o meu banho, saí do cômodo, para o quarto onde Ragna me esperava com o vestido que minha mãe me dera semanas antes.

E eu coloquei a roupa íntima assim como o vestido que abraçava perfeitamente a minha forma, os sapatos eram brancos para condizer com os tecidos do vestido, depois disso, Ragna me guiou até à penteadeira onde secou o meu cabelo, escovou e começou a pentea-lo.

Algum tempo depois, eu pude ver pelo espelho que a primeira metade do meu cabelo castanho claro estava metido num coque, enquanto a outra metade caía em ondas por minhas costas, duas mechas da frente foram deixadas soltas para contornar o meu rosto.... Eu me senti uma deusa....

Ragna colocou a tiara que meu avô me deu na minha testa, com aquelas duas mechas da frente por cima do prateado da tiara.

Não coloquei nada no meu rosto a não ser batom rosa claro e um olho de gato discreto. Eu estava linda... Podia muito bem ser a primeira e última vez que eu diria tal coisa mas era a mais pura verdade.

— uma verdadeira princesa! - sorriu Ragna docemente e eu a abracei, grata por sua amizade e por tudo o que ela já aturou de mim.

Saímos as duas do quarto, conversando e passamos por todos os corredores dourados, até que finalmente chegamos às grandes portas. Daqui conseguia ouvir o barulho das pessoas do outro lado a rir e a falar, acompanhadas por um dom suave de música asgardiana.

E eu inspirei profundamente enquanto os guardas abriam as portas e anunciavam a minha chegada.