Sede de Poder escrita por Mermaid Queen


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

esse último capítulo na visão do evan foi fofo mas nao se ilude q era só a calmaria antes da tempestade viu



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Katherine acordou a noite toda por causa de Evan, que parecia sonhar e ficava extremamente agitado. Mas, a cada vez que ela voltava a dormir, lutava ela mesma com os próprios sonhos e encarava Alex de novo e de novo. Mas no sonho, ele tinha somente buracos de órbitas vazias e sombrias no lugar dos olhos. Eram assustadores, mas ainda era melhor que olhá-lo nos frios olhos azuis.

Calafrios lhe subiram pelas costas quando Katherine pensou nisso, e Evan se mexeu novamente e virou de barriga para cima. Ela podia ver gotículas de suor na testa dele. Resolveu acordá-lo.

— Ei – murmurou, balançando o ombro dele. – Evan?

Ele abriu os olhos e, imediatamente, as mãos dele agarraram os braços de Katherine. Ela tentou recuar, assustada, e quase caiu da estreita cama de solteiro.

Mas o aperto nos braços relaxou e Evan tentou puxá-la para um abraço. Fechou os olhos com o rosto encostado no peito dela.

— Você está bem – sussurrou, ainda abraçado.

— Foi um pesadelo? – Katherine perguntou. Enterrou os dedos no cabelo preto, tentando acalmá-lo. – Você estava muito agitado. Mas eu estou bem aqui.

Katherine o tinha nos braços com uma naturalidade chocante. Como se aquela intimidade tivesse sempre pairado ao redor deles, só esperando para ser aceita. E Katherine se questionava agora de por que havia esperado tanto.

Evan se sentou na cama ao lado dela e tirou a camisa, que tinha manchas de suor. Jogou a camisa no chão e voltou a se deitar, e Katherine não deixou de notar as olheiras escuras e a forma como ele parecia transtornado. Puxou a mão dele para si.

— Quer me contar? – perguntou.

Evan ergueu olhos sombrios para ela.

— Não parecia um sonho, Kat – disse ele. Deslizou o polegar pela bochecha dela. – Pareciam lembranças.

Katherine franziu a testa, imaginando tipo de lembranças poderiam tê-lo deixado naquele estado.

— Suas lembranças, acho.

Ah. Isso fazia mais sentido.

— Foi Alex, né? – ela perguntou, já sabendo a resposta. – Sonhei com isso também.

— Sinto muito por não ter chegado a tempo.

Katherine o observou com cautela, pesando aquelas palavras. Imaginou que ele estivesse se martirizando por causa daquilo desde o ocorrido.

— Você chegou a tempo – ela murmurou, atraindo o olhar dele. – Eu já tinha desistido. Ia deixar que ele me matasse, já não via mais sentido naquilo.

Evan não respondeu. Ele a encarava intensamente, como se tivesse medo da resposta, mas ainda precisava sabê-la.

— E eu o vi ao meu lado, sufocando – Katherine relembrou. – Achei que você pudesse morrer junto comigo. Ainda acho, não sei até onde esse pacto nos deixa atados. E só então eu o enfrentei, com uma força vinda de algum lugar do além. – ela riu. – Sério, não sei mesmo.

— Você o arremessou – Evan sorriu. – Com um soco. E ainda não sabe por que eles temem você.

— Eles não me temem – Katherine revirou os olhos. – É só um jogo de poder.

Evan assentiu.

— O que acha que Dionora está fazendo agora? O que acha que eles vão fazer com o nosso endereço? Talvez ela pudesse nos ajudar.

— Acho que ela estava delirando quando achou que poderia nos preparar para qualquer coisa – Katherine murmurou. – E não importa com quantas pessoas ela pode contar, se o governo não lhe dá ouvidos e o Serpente tem gente suficiente para planejar um golpe, ela não pode nos ajudar.

— Então não vamos pensar nisso agora – Evan se aninhou novamente no peito dela e fechou os olhos. – Ainda temos horas de viagem para nos planejar. E são cinco da manhã.

Quando ouviu a respiração de Evan se tornar regular, Katherine cogitou deixá-lo ali, dormindo, e seguir viagem sozinha. Poderia se entregar para o Serpente em troca de David e Mary. Que diferença ia fazer para ela?

Achou-se um pouco ridícula por ter resistido quando o homem, provavelmente um dos Agentes, tentara levá-la na noite do baile. Não era como se interessasse a Katherine proteger Staham de qualquer coisa, especialmente não depois de ele ter enviado Alex para matá-la e assim se proteger, se a teoria de Evan estivesse certa. E fazia sentido.

A única coisa nisso que a incomodava era a escolha de Alex. Claro, era um comportamento que já era esperado dele, mas como o governo poderia saber? Katherine não queria pensar que Jack poderia ter contado a eles ou tivesse algo a ver com aquilo.

Ela escorregou da cama lentamente para não acordar Evan e saiu do quarto para se sentar no corredor com varanda. Era tarde para se arrepender de ter saído para o mundo completamente às pressas. Estava atrasada mais de mil milhas, e levava Evan junto consigo para a toca do leão sem um plano.

Sem um plano que envolvesse voltar para casa, pelo menos.

Quando Evan acordou, foram tomar o café da manhã. Ele parecia menos perturbado do que quando acordara de madrugada com os pesadelos. Katherine sentia-se contente por ter conversado com ele sobre Alex. Achava que tinha aliviado Evan de uma grande culpa que ele vinha carregando.

— Está pronta para ir? – Evan perguntou.

— Arrumei as coisas enquanto você dormia – Katherine tomou um gole de café. – E posso ir dirigindo.

— Legal – ele assentiu. – Vou fechar a conta.

Katherine foi buscar a mochila no quarto e, quando desceu, Evan assinava um último papel na recepção. A garota deu a ele um recibo.

— Até mais – disse Evan, enfiando o papel no bolso. – Obrigado pela estadia, April.

— Você é muito gentil – disse April, sorrindo.

Katherine esperou por ele ao lado da porta e foi sorrindo com expectativa para Evan enquanto andavam para o carro. Tomou as chaves da mão dele e foi para o volante.

— Quer ver uma coisa engraçada? – perguntou ela, dando ré no estacionamento.

— Que coisa?

— Olha direito o recibo que ela te deu.

Evan franziu as sobrancelhas. Katherine tinha certeza de que a recepcionista April escrevera o número do telefone no recibo, mas queria ver por conta própria. Evan enfiou a mão no bolso de trás da calça desajeitadamente, e pegou o papel.

— Ela deixou o telefone?

Evan revirou os olhos e jogou o papel pela janela, rindo.

— Sabia – Katherine riu também.

O dia havia amanhecido não tinha muito tempo. Deixaram Maryland para trás e as horas se arrastaram pela estrada enquanto o ar esfriava e o dia nublado parecia se tornar ainda mais melancólico.

Katherine sentia os olhos secos e sensíveis enquanto dirigia. Não estava acostumada a dirigir por tanto tempo, e tentou esticar as costas.

— Quer trocar? – Evan sugeriu, observando-a se mexer no banco com desconforto.

— Quanto tempo falta para chegar?

— Acho que você logo vai entrar em Nova Jersey.

— Então sim – disse ela, e encostou quando pôde para trocarem de lugar.

Evan a beijou quando se cruzaram na frente do carro. Katherine sorriu para ele.

Não demorou muito para chegarem, como ele previra. O trânsito em Nova Jersey se tornou lento, e o ar se encheu de buzinas.

— Podemos nos hospedar em algum lugar que dê visão para o local do endereço – Evan sugeriu. – E observamos a movimentação.

— Se ainda estiverem nesse mesmo endereço depois dele ser vazado – Katherine observou.

Evan concordou.

— Talvez possamos procurá-los pela frequência da mente… - Katherine falou, incerta. – Como eu consigo sentir a sua presença antes mesmo de vê-lo. Talvez possamos fazer isso com eles.

— Acho que tem razão! – Evan ergueu um olhar surpreso para ela. – Estamos chegando ao túnel Lincoln. Preciso de dinheiro para o pedágio.

Katherine assentiu e deu a ele o dinheiro. O congestionamento estava intenso no túnel, e ela começou a tamborilar os dedos incessantemente no painel. Chegaram ao pedágio e ele pagou. Continuaram a viagem.

— E estamos oficialmente em Manhattan! – Evan anunciou, soando animado. – Coloque o endereço no GPS.

Katherine sorriu e obedeceu. Foi ditando as instruções enquanto olhava, impressionada, através da janela. O prédio mais baixo fazia Glaston inteira parecer uma cidade em miniatura, e o coração dela acelerou. Queria ver tudo, visitar tudo e guardar na memória com a maior riqueza de detalhes possível.

De repente, Evan segurou a mão dela. Katherine olhou para ele com as sobrancelhas erguidas, mas sorrindo.

— Vou trazê-la aqui de novo – prometeu ele. – Dessa vez, sem problemas e sem dezoito horas dentro do carro.

Katherine apertou a mão dele e demorou o olhar no rosto de Evan, tentando conter uma euforia que crescia no peito.

— Vou cobrá-lo – falou, quase sussurrando.

Tirou a mão da mão dele para que Evan pudesse dirigir. Notou que estava trêmula. Talvez não vivesse o suficiente para cobrar dele qualquer coisa, mas estaria bom se ele pudesse levar David e Mary para casa em segurança.

— Está pronta? – perguntou Evan, depois de andar por mais várias ruas. – Vamos virar a próxima esquina e chegamos.

Katherine arregalou os olhos.

— É esse prédio aí na frente, 285 L – disse ele, indicando com a cabeça e reduzindo a velocidade.

Parecia um prédio comum, com janelas comuns e tijolos comuns. Não era tão alto, nem tão baixo, altura comum também. Talvez ela estivesse esperando um castelo de estilo gótico no meio de Manhattan. Também não havia seguranças parados na porta, nem câmeras de vigilância aparentes. Só um interfone.

Evan não parou o carro. Virou outra rua e puderam vislumbrar uma escada de incêndio e uma saída dos fundos, além de algumas janelas. Katherine ficou imaginando se David poderia vê-la através de uma daquelas janelas, ou se ele estaria muito longe dali e aquele prédio seria apenas uma armadilha.

— Vou abrir um aplicativo de hospedagem e procurar por apartamentos aqui em volta – disse ela, sacando o celular. – Melhor a gente não parar. Ou estacionar em algum lugar longe daqui.

Assentindo com a cabeça, Evan virou à direita e entrou em uma avenida. Começou a acelerar.

— Sempre ouvi dizer que o trânsito aqui era péssimo – murmurou ele, olhando pelo retrovisor. Parecia nervoso. – Mas as pessoas são malucas! Esse carro aí atrás está tentando passar por cima da gente.

Katherine se debruçou sobre o banco para olhar para trás e viu o enorme veículo preto de vidros escuros, realmente próximo. Deu de ombros.

— Deixa ele ultrapassar – sugeriu ela sem muito interesse.

— Tem razão – disse Evan.

Ele ligou a seta e afastou o carro um pouco para a direita. Katherine observou o veículo preto acelerar, mas não ultrapassou. Manteve-se ao lado deles.

— Meio esquisi… - começou ela, mas não conseguiu terminar de falar.

O carro preto se chocou contra eles e Katherine bateu a cabeça no vidro. Evan gritou alguma coisa, mas ela não conseguiu ouvir.

— Acelera! – berrou ela, agarrando o banco.

Evan obedeceu, e o outro carro os seguiu. Ele dobrou à primeira direita, atravessou uma rua estreita e virou à esquerda. Caíram em outra rua, dessa vez mais longa, e Evan desacelerou. Não estavam vendo o carro.

— Meu deus! – Katherine exclamou. – O que foi isso?

— Você está bem? – perguntou Evan, ofegante.

Katherine fez que sim com a cabeça, sentindo o coração martelar no peito.

— Droga – Evan sussurrou.

Quando ela virou para olhá-lo, sentiu o impacto sem nem ver o outro carro. O carro todo foi jogado para frente, Katherine foi prensada no banco e depois foi para a frente também, e o cinto esmagou o peito dela. Ouviu a buzina, e deduziu que Evan tivesse batido a cabeça no volante. Começou a tatear a fivela do cinto para se soltar, e depois soltou Evan.

— Ei – Katherine chamou, erguendo os ombros dele. Estava alarmada. – Evan, você precisa levantar.

Evan abriu os olhos lentamente e tornou a fechá-los. Havia uma marca vermelha na testa, e o lábio inferior dele sangrava.

Ela olhou pelo retrovisor e viu o carro preto vários metros atrás deles. O impacto devia ter jogado o carro de Evan para frente. As portas do outro veículo se abriram e Katherine saltou do carro.

Deu a volta correndo e abriu a porta de Evan, abraçando o peito dele por trás e tentando puxá-lo. A princípio, não conseguiu movê-lo, mas então sentiu aquela estranha e familiar sensação da força. De repente, segurava o corpo mole de Evan do lado de fora do carro. Tirou-o com facilidade.

Katherine olhou para trás e viu dois homens saltarem do outro veículo.

— Evan, a gente vai ter que correr – disse ela, tentando puxá-lo.

Evan assentiu com a cabeça, mas os olhos estavam semiabertos. Ele deu um passo e o corpo começou a tombar.

Katherine o segurou, desesperada, e começou a andar o mais rápido que podia sustentando Evan. Não ousou olhar para trás.

Sem se dar conta, começou a correr. Conseguira erguê-lo, e carregava o corpo de Evan. Passou o braço dele sobre os ombros, enquanto sustentava o corpo dele com o braço esquerdo em volta do torso.

Virou à direita. Conseguia ouvir os passos atrás dela, mas não parou de correr, sentindo o peito e a garganta arderem. Deu de cara com outra rua estreita, sem carros nem pessoas na calçada. Sem ajuda.

— Espera! – gritou, de repente virando-se para trás. Os dois homens pararam também. Pareciam surpresos. – Eu vou com vocês, mas deixem ele em paz. Digam a ele, digam a Serpente que eu me entrego em troca de David e Mary.

Os homens sorriram um para o outro.

— Acha que está em uma situação de fazer trocas? – disse o da direita, erguendo uma arma.

Katherine arregalou os olhos e saiu em disparada. O peso de Evan sobre si parecia só uma lembrança enquanto a adrenalina explodia dentro dela, enchendo-a de terror. Sentiu uma dor aguda na perna, como uma picada de uma abelha de vinte quilos, e começou a cair quando tentou pisar no chão com a perna afetada.

Tentou proteger o rosto de Evan com o braço e se estatelaram no chão.

Sentiu o movimento de Evan, e notou com alívio que ele estava acordado. Completamente desorientado, mas acordado e com o rosto intacto com exceção da vermelhidão que era a marca do braço dela. Katherine, por outro lado, sentia a bochecha arder e achou que a tinha ralado no asfalto.

Puxou o ar o mais fundo que conseguiu e começou a se levantar. Assim que apoiou a perna direita no chão, ela cedeu e Katherine teve que se apoiar com o braço. Mas Evan já estava se levantando, e estendeu a mão para ela.

— Você está bem? – ela tentou falar, mas só ouviu um chiado.

Katherine sentiu um impacto no ombro direito e uma nova queimação, e tombou novamente para a frente. O queixo bateu com força no chão e ela achou que tivesse quebrado alguns dentes quando o gosto de sangue inundou a boca.

Os ouvidos zumbiam. Ela olhou para o lado e encontrou Evan caído ao lado dela com os olhos arregalados. Ele parecia estar gritando alguma coisa, mas Katherine não conseguia distinguir nada.

Katherine viu mãos agarrarem as roupas dele por trás, e estendeu a mão para tocá-lo. Segurou a mão dele por alguns segundos, e alguém a puxou pelo agasalho para o lado oposto.

— É a mim que ele quer! – ela berrou com força. – Deixem Evan em paz! Deixem…

 Os braços dela começaram a ficar moles e ela não conseguiu lutar contra quem a segurava, como estava vendo Evan fazer.

O homem que o agarrou havia colocado Evan de pé, e Evan se jogou contra ele. Os dois caíram no asfalto, mas Evan se levantou de novo e começou a correr na direção dela, pulando sobre o homem que a segurava.

Katherine não conseguiu identificar o que estava acontecendo naquela confusão de braços e pernas em que ela estava envolvida, mas os olhos dela pareciam cada vez mais pesados. Não foi mais capaz de se manter sentada e sentiu o corpo ceder. Deitou a cabeça na rua e observou Evan, que parecia cada vez mais distante.

Evan havia imobilizado o agressor, mas de repente caiu de joelhos. Katherine berrou, mas não conseguiu nem estender os braços para tocá-lo. Os braços pareciam pesar toneladas. As pálpebras começaram a cair, e um rosto surgiu na visão dela, impedindo-a de ver Evan.

— Dorme bem, princesa – disse o dono do rosto. A voz era arrastada.

Ele sorriu, e a última coisa que Katherine viu antes de apagar foram as presas.


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Notas finais do capítulo

espero que vcs gostemmmm ♥♥♥



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