Hermione, A Diva escrita por Kyriê Snow


Capítulo 6
Capítulo 6 – Hedwiges e Helga


Notas iniciais do capítulo

Para convencer a mãe a aceitar sua nova condição, Hermione vai às compras sem esquecer o poder de Cristo sobre todas as coisas.



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Capítulo 6 – Hedwiges e Helga

De volta à nova residência Granger, agora Aconcágua, Harry comparava as diferenças existentes entre aqueles saltos com a nova Hermione e as experiências que já tivera com os transportes bruxos. O pó de flu havia sido um desastre, aparatar era um tiro no escuro e o portal era altamente desconfortável, mas aquilo que ela fazia era tão suave, tão natural que era como ser conduzido pelo pensamento. Confortável, suave e rápido. Entraram em casa e já foram ouvindo a voz da senhora Hedwiges.

— Minha filha, arrume a mesa que o jantar está quase pronto!

— Mamãe, a senhora não precisa ficar cozinhando, tem...

— Não se preocupe, é para o meu prazer. Cozinhar é uma terapia para mim e aparentemente terei tempo de sobra. Uma hora ou duas naquele computador e o serviço estava pronto. Deixaram tudo muito bem organizado.

Hermione sorriu, e em um gesto, a mesa estava posta. Pratos, talheres, guardanapo e taças em seus lugares. Embaixo dos pratos, pequenas toalhas tecidas em renda branca. A mesa, redonda, comportava umas dez pessoas. A parte central era elevada uns cinco centímetros, parecia ser giratória e já expunha uma bela travessa de salada de folhas. Ao centro, um pedestal de prata, com cerca de meio metro de altura, sustentava outra plataforma, bem menor e na mesma madeira que o restante da mesa. Eram quatro pessoas, mas ela arrumou mesa para sete. A salada foi ganhando companhia, outra salada de legumes com azeitonas e queijo amarelo, batatas, massa e carne vermelha. Quando a senhora Hedwiges colocou a última travessa, o senhor Dionísio chegou. Examinou a mesa e fez a pergunta que o Harry queria fazer.

— Teremos visitas ou você está pensando nos funcionários? Se for, vai faltar espaço.

Enquanto ele falava, Hermione abriu uma garrafa de vinho e serviu uma taça. Frustrou a expectativa de todos, pois ao invés de a entregar ao pai ou à mãe, colocou-a na parte mais elevada da mesa. Repetiu o processo com uma segunda taça e só na terceira serviu ao pai.

— Amo o senhor, papai, mas lá no alto tem aqueles que velam por todos nós – disse enquanto servia à mãe – que sejam bem vindos à nossa mesa e aos nossos corações.

— Entendi, minha filha, uma taça para Jesus e outra para Dionísio.

— Exato, mamãe, e uma para meu pai e outra para a senhora que tenho o prazer de entregar em mãos.

Em pouco eram quatro as taças em oferenda e Hermione serviu outras duas.

— Vamos de suco de uva, Harry? – não esperou resposta e foi enchendo a taça.

Todos servidos e o senhor Dionísio voltou às perguntas.

— Visto que estamos herdando um novo cerimonial, minha filha, explique para nós de onde veio esta sua espada? Herdou de quem, dos irmãos...?

— Não, papai, não veio deles. É fato que alcançaram objetos do outro mundo, mas a minha espada veio da vida e não da morte. Quando fiz minha primeira incursão em um mundo totalmente mágico, recebi a missão de assistir ao cerimonial de uma execução. Fiz o que me foi pedido sem nunca esquecer o respeito e o amor ao próximo, que vocês me ensinaram. Entendi que fiz o meu melhor e quando me postei, para em oração dar o testemunho do que vi, fui homenageada com uma festa de luzes, danças e alegrias. Inesquecível! Os sentimentos daqueles que participavam da festa gerou o meu prêmio. A espada se materializou em minhas mãos e a festa se acabou. Ela não veio para matar, ressuscitar ou me esconder, veio da alegria e para a alegria. Posso cortar um bolo de aniversário com ela, porém jamais, a carne alheia.

Enquanto o senhor Dionísio examinava a arte da espada, Harry examinava o prato da dona. Assim como no dia das costeletas, não havia carne no prato dela.

— É uma obra de arte! Isto é prata, minha filha?

— Algo semelhante, retirado dos montes gelados de Asgard e manipulado a frio por mãos mágicas.

— Quer dizer que você não precisa mais de uma varinha, como eu? – perguntou Harry.

— Não, não preciso. Depois daquela festa posso fazer qualquer coisa só com as mãos – juntou as mãos em concha e dentro delas surgiu um lindo cacho de uvas – estas são de mesa, doces e sem sementes, podem provar.

Até mesmo o Harry ficou abismado.

— Senhor Altíssimo! O que fizeram com a minha filhinha!? Tudo que sempre pedi à Santa foi saúde e sabedoria, que lhe desse amor aos livros para que o conhecimento tornasse seus caminhos mais suaves. Mas isto, só ao Cristo... – a senhora Hedwiges espalmou as mãos no rosto e começou a chorar e soluçar descontroladamente.

Hermione apressou-se em levantar e abraçar a mãe.

— Calma, mamãe! Tenha fé na sua Santa, ela também guarda as bênçãos de Deus e pode acalmar seu coração – pegou a taça da oferenda e levou aos lábios da mãe – tome, ela ouve as tuas preces e neste cálice derramou a paz de Cristo.

Tomou um gole do vinho, respirou fundo umas três vezes e voltou a perguntar.

— Como é possível, minha filha fazer coisas que só foi autorizada ao Cristo? Você está banalizando o milagre dos pães!

— Mamãe, antes que Ele me autorizasse eu já fazia isto com a ajuda de uma varinha. O Harry pode fazer isso. É simples. Mais difícil foi trazer vocês para cá e a senhora encarou muito bem!

— É simples?! Eu estava em minha casa e como em um sonho apareci em frente a um banco, isto é simples! Agora colher uvas dentro da minha cozinha?! Não senhora, isto não é simples! E que história é esta, Dele te autorizar?!

— Para mim é simples, mamãe. Veja. Um vinho branco...

E surgiu uma taça de vinho branco em sua mão direita.

— Um conhaque, um licor, água, talvez o papai queira um Whisky – empurrou o copo para o pai, e à medida que ia falando, tanto a bebida quanto a taça mudavam – a senhora não pode ficar assustada com as coisas que faço e nem com medo, pois eu estou sim, abençoada a fazer isto, por Odin, pela Santa Hedwiges, por Dionísio e por Cristo.

Na suavidade das palavras dela, Harry sentia a benção calmante que vinha junto. A mãe fez o sinal da cruz e o pai voltou a perguntar.

— Então aquela cerimônia que te deu a espada foi...?

— Foi só uma cerimônia, pai. Para mim uma festa de boas-vindas ao mundo deles e para eles, a aceitação de uma nova ordem no mundo. Uma ordem que abrange o mundo dos deuses, dos bruxos e dos não bruxos. O Cristo veio para ficar, e qualquer que seja o deus que ajude a amansar o coração humano, estará a serviço Dele.

— E coube a você fazer esta conexão?

— Fui enviada por Odin, não posso falar por outros Panteões, mas o poder do sangue de Cristo está vivo em mim. Não se preocupe com o fogo do inferno, mamãe, tudo que faço é em nome e pelo amor de Cristo. E nas palavras Dele, “quem não espalha, comigo junta”. Odin se uniu a Ele e eu tive a chance de escolher espalhar o amor em detrimento de ser uma vigilante ou cobradora dos erros alheios.

— Você incentiva sua mãe a fazer oferendas para Santa Hedwiges, porque você não faz?

— Harry, faço minhas homenagens a Dionísio porque ele é o deus da festa, da alegria e do vinho, temos muito em comum. Com o Cristo é algo mais íntimo, mais sanguíneo, ele me deu tudo, sem que eu pedisse nada. As Marias que choravam ao pé da cruz, pediam ao Pai, que o deixasse entre nós, juntei minhas lágrimas às delas e não pedi outra coisa. Com a Santa é diferente, somos amigas tão íntimas que é como se eu estivesse orando para mim mesma.

— Assim a nível de Helga...?

— Exato, Harry, no mesmo nível.

— Quem é Helga...?

— Uma amiga bruxa com um grande coração, mamãe. Enquanto a Santa Hedwiges amparava os desvalidos das guerras e outras mazelas, ela corria de fogueira em fogueira salvando quem pudesse e amparando suas famílias. A Santa implantou muitos abrigos que viraram templos e ela implantou abrigos que viraram escolas de magia. Pelo sangue de Cristo, fortaleci a obra das duas.

— Isto é muito confuso para mim, minha filha, nem comemoramos seu décimo sexto aniversário e você me fala que realizou grandes obras...

— Talvez a senhora entenda se eu lhe mostrar de uma forma mais concreta, quem sabe uma praia tropical, um balneário de águas quentes ou uma estação de esqui? Não, não, acho que a senhora está precisando de um banho de loja.

Tocou o ombro da mãe e em seguida ela estava maquiada, penteada com luzes no cabelo, ostentando um lindo conjunto Prada que combinava o vestido, verde água, com brincos e colar de esmeraldas. Um grande sorriso, marcado por um batom rosa discreto, denotava a ausência de preocupação e um ar de quem está pronta para uma grande festa.

— Ela está bem assim, papai? – perguntou sorrindo.

— Isto não parece tão simples como servir o meu Whisky! – disse, admirando as mudanças na esposa.

— Não papai, não foi. Ela levou uma semana para escolher tudo. Acho que estes dias em Paris vai fazer bem à compreensão dela.

Os dois meninos se entreolharam sem entender nada. A senhora Hedwiges examinava, curiosa, o resto do jantar, ainda na mesa.

— A senhora não vai encontrar mofos aí mamãe, acabamos de servir este jantar.

— Então nada disto foi conjurado!? - admirou-se Harry.

— Não, Harry, não foi. Mamãe escolheu cada peça. Fizemos algumas visitas, curtimos as luzes e os cafés de Paris, e...

— Quer dizer que enquanto nós piscamos...

— Nós passeamos por lá uma semana. Sou uma viajante do tempo. Vou, vivo e volto no mesmo instante em que parti. Não é bom que eu vá acompanhada, mas abri uma exceção para minha mãe. Vocês entenderam isto? Posso estar aqui, curtindo os meus dezesseis anos e ao mesmo tempo acompanhando o desenrolar da história em outras eras.

— Então os três irmãos eram...?

— A Arca de Noé...?

— Como era a Santa...?

Perguntaram os três ao mesmo tempo. Hermione riu daquela curiosidade simultânea.


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Notas finais do capítulo

Respostas no próximo. Mas a aparência não retrata tudo.



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