Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 101
CLARISSE - Problema Extra Surpresa


Notas iniciais do capítulo

bem vindos à mais um capítulo :3
hoje estamos aqui com a Clarisse, q n narra faz tempo, para explicar direito o q raios aconteceu com a Mallory.



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CLARISSE

Quando deixamos Lisboa para trás, eu sinceramente não achei que as coisas iam dar tão errado. Tudo que tínhamos que fazer era ir para uma cidade no interior de Portugal, bem ao norte, quase na Espanha e seguir o curso de um rio chamado Rio Lima e esperar até ele resolver mostrar que na verdade era uma versão fora do submundo do Rio Lete. Parecia fácil. Mas claro que tinha que ter algum problema inesperado no meio do caminho, faz parte da vida de um semideus.

Pelo o que Thalia falou, as Caçadoras de Ártemis já tinham lidado com o Aqueronte, então esperávamos coisa parecida. Na pior das hipóteses, algo a ver com perda de memórias de bônus ao invés de dor, já que o Lete era o rio do esquecimento. 

O rio era cercado por cidadezinhas e vilarejos até onde vimos, o que complicava bastante nossa tentativa de não envolver outras pessoas em qualquer eventual briga. O lugar mais vazio que encontramos para acampar e passar uma mensagem para o rio de “hey, se quiser brigar, estamos bem aqui” foi numa área rural com plantações de umas flores amarelas e com umas árvores. Não era longe o suficiente da cidade a ponto de não ser possível ver no horizonte as casas mais altas e a torre mais alta de uma igrejinha qualquer, mas era melhor do que nada.

Em duplas, nos revezamos para andar na margem do rio esperando ele começar uma briga ou aparecer qualquer naiade. Até porque não adiantava muito cutucar o rio com a ponta de uma lança. Sim, eu tentei. No dia que tudo foi de mal a pior, era minha vez de andar por ali com a Thalia, o que era um pouco estranho quando eu parava pra lembrar que ela foi de filha secreta de Zeus, para árvore e então pra filha não tão secreta de Zeus e finalmente caçadora imortal de Ártemis que se absteve de todo e qualquer tipo de relacionamento. O que vamos e convenhamos, parando para analisar os homens, era uma decisão muito sábia talvez. 

— Então… - disse Thalia enquanto tudo ainda estava bem aparentemente tentando puxar um assunto - como estão as coisas com o Chris? 

— Você é ruim assim pra puxar assunto ou já andaram fofocando dos motivos de eu ter vindo? - perguntei.

— Era uma tentativa genuína de puxar assunto… - defendeu-se ela - Prefere que eu pergunte como está a universidade então já que pela cara as coisas não vão bem com ele?

— A universidade não tá indo bem também. - rebati não gostando nem um pouco das tentativas de conversa dela - Teoricamente é pra eu me ano que vem mas sei lá… tranquei o curso por esse semestre pra tentar organizar a cabeça um pouco. Não sei se é o curso que eu quero. Mas pelo menos eu que escolhi dar um tempo, ao contrário de com o Chris.

— Entendi… -  disse ela suspirando bem audivelmente.

Ficou um silêncio desconfortável tão grande que achei que a conversa ia parar ali. Mas, apesar de nunca ter ido pra universidade e de estar num grupo de guerreiras imortais proibidas de namorar, Thalia conseguiu achar conselhos para me dar.

— Eu não sou a melhor pessoa pra dar dicas de relacionamento mas… - disse Thalia dando de ombros - Muita coisa pode acontecer ainda e você tá com… o quê? 20 anos? 21? Não precisa estar casada e com diploma até o final do ano que vem. Tem gente que tira ano sabático antes de entrar na universidade, né?

— Se eu tivesse dinheiro pra isso pra começo de conversa. - respondi rindo.

— Ah, o pessoal do ano sabático viaja e às vezes também faz voluntariado… você está nesse momento em Portugal ajudando a salvar o mundo. - disse ela rindo de leve - Acho que conta.

Aquilo não era minha ideia de uma viagem de férias mas não podia negar que era algo diferente do que ficar largada em casa fazendo as mesmas coisas de sempre. Mas aqueles foram nossos últimos segundos de sossego. Enquanto andávamos embaixo das árvores, de repente surgiu uma garota, uma naiade na verdade, de pé bem na beira do rio com os pés na água nos encarando. 

— Vocês… - disse a naiade nos olhando de cima a baixo - São as Caçadoras de Ártemis?

— Bem… eu sou. - disse Thalia que, assim como eu, tentou se preparar como podia para uma eventual briga sem que a naiade percebesse muito.

— Bom bom…. - resmungou a naiade afirmando com a cabeça.

Ainda bem que nos preparamos, pois do nada o caos começou. A parte do rio logo atrás da naiade explodiu para o alto como um enorme chafariz e pareceu inclusive mudar de cor, como se ao invés de água, agora fosse leite. Eu não sei, eu não tive tempo para olhar, pois aquele mesmo enorme jato d’água nos achou com cara de alvo e foi magicamente em nossa direção.

Quer fosse só água ou não, uma quantidade absurda de água como aquela e naquela velocidade podiam fazer um baita estrago. Então não pensei duas vezes antes de rolar para o lado ao desviar do jato. Thalia fez o mesmo. Aliás, Thalia fez mais do que isso, ela também lançou um raio contra a naiade. O que foi bem efetivo. O choque fez a naiade cair de joelhos no chão, mas a água que nos atacou não parou de se mexer.

O quão idiota é falar que água é… água? O jato d’água branco que atacou a gente virou uma grande poça d’água onde estávamos. Podia ter sido impressão minha mas, quando ele tocou meu joelho e as minhas mãos no breves segundos em que permaneci de joelhos depois da desviava apressada, eu senti como se minha cabeça tivesse ficado levemente confusa. Não bem confusa, mas aquela sensação de quando você se pergunta se desligou o fogão ou trancou a porta de casa.

— Não podemos tocar na água. - exclamou Thalia se levantando ao mesmo tempo que eu e aparentemente notando o mesmo que eu.

— Sentiu também né? - perguntei, já que um pouco da água devia ter tocado nela também.

— Sim. - respondeu ela já preparando outro raio para lançar, só que agora com a água como alvo, pois ela parecia se mexer novamente - Cuida da naiade e eu da água?

— Bem melhor. Não é como se desse pra cortar a água ao meio. - respondi.

Também foi nessa hora que as outras Caçadoras, Mallory e Artemis chegaram depois de terem sido atraídas pela confusão.

— Hey, Ariel! - gritei pra naiade - Se quer briga, cai dentro. Não fica aí de covarde na água.

— Não leve para o pessoal. Eu não tenho escolha. - resmungou ela.

Na minha cabeça, as náiades eram bem calmas na maioria das vezes. Mas aquela certamente estava querendo briga. Então, enquanto Thalia e Artemis lidavam com a água branca com vida com raios e flechas mágicas que pareciam de fato machucar a água, eu me concentrei na troca de golpes contra a naiade. Eu ainda tinha que tomar cuidado em tocar o mínimo possível na água, então permaneci com minha lança, o que me dava maior espaço para desviar.

Era com certeza difícil para Thalia lutar sem tocar na água demais e nenhuma caçadora parecia ser sequer prima de Percy, então Ártemis e Thalia certamente estavam bem concentradas e algumas das caçadoras ajudavam elas contra outras partes do rio. O rio claramente se mexia sozinho, apesar da naiade estar controlando parte dele na luta contra mim. Assim, eu também tinha que me concentrar. Mas verdade seja dita, eu estava só enrolando no momento.

— O que quer dizer com não ter escolha? - perguntei no meio da luta que parecia ser muito mais difícil para ela do que para mim, que estava ainda me aquecendo e enrolando um pouco para ter essa resposta.

— Sobrevivência. - respondeu ela parando por um segundo a quase um metro de distância - Vocês humanos vão destruir toda a natureza um dia. Naunet me deu uma solução. 

— Entendi. - resmunguei continuando nossa briga.

A naiade, no entanto, não parecia nem um pouco acostumada à batalhas. Ela se atrapalhava e não tinha um jogo de pés muito bom. Então não demorou muito para minha lança atravessar-lhe. Mallory se aproximou pronta para ajudar quando minha lança atravessou a naiade como se ela fosse feita de água. Mas Mallory não estava virada para minha luta. Na verdade, ela ficou entre mim e o rio. Isso me deixou um pouco confusa, já que a luta do rio havia se concentrado totalmente ao redor de Thalia. Naquela parte onde estávamos, o rio era completamente normal e sem graça. Até sua cor era normal.

— Tem algo vindo. - disse Mallory como se soubesse que eu estava querendo algumas explicações.

No segundo seguinte aquilo tudo virou um caos. Não tinha batalha contra naiade nem contra um rio coisa nenhuma, pois um enorme laser vermelho veio do horizonte, do outro lado do rio. O laser cortou árvores e qualquer coisa que havia pelo caminho desintegrando tudo por completo. Nos abaixamos apressadamente vendo o rastro de destruição que o laser fazia sem desaparecer. 

Ao me abaixar no chão, notei que as pedrinhas no chão tremiam. Toquei o chão e senti o impacto que fazia elas tremerem, como se fosse alguém muito grande e pesado andando em nossa direção.

— O que é isso?! - perguntei torcendo para ao menos a naiade, que também tinha se abaixado, ter a resposta.

— Acha mesmo que eu não tinha notado vocês por perto? - perguntou ela quase se desmanchando em água, acho que meu golpe tinha doído bastante - E que não sei que estão lidando com todos os rios que tentamos fazer se rebelar?

— Você pediu ajuda… - conclui no mesmo segundo que Mallory descia o machado no pescoço da naiade.

Ainda bem que a naiade se desfez em água, se não seria uma cena muito sangrenta. Mas ainda tínhamos outras coisas para nos preocupar. O laser gigante continuava ali se mexendo de um lado para o outro, acertando inclusive o chão perto do rio levantando pedras pesadas e água para todo o lado. E seja lá quem era o dono do laser, ele estava se aproximando a cada passo. Já era impossível não notar que o chão tremia como se fosse um terremoto.

Eu tentava olhar para o outro lado do rio para ver o que se aproximava, mas era impossível. Aquele laser gigante estava claramente mirando em nós. Assim, tive que correr de um lado para o outro e saltar quando, por um triz, quase não fugi a tempo do laser ininterrupto que destruiu o chão sob meus pés.

As demais também não iam muito bem. O chão e as árvores destruídos parcialmente lançavam dejetos grandes e pesados demais. Foi num desses golpes que fez o chão explodir com vários pedregulhos que alguém caiu dentro das águas brancas do rio.

— ARTEMIS, O QUE É ISSO?! - ouvi o grito de uma das caçadoras, acho que a chamada Kowalski.

Aquilo foi um erro. Aparentemente nosso novo inimigo estava perto demais. O laser percorreu todo o caminho de onde ele estava até Kowalski destruindo tudo pelo caminho. Incluindo Kowalski. 

— NÃO! - gritou Ártemis enquanto eu via, sem acreditar nos meus olhos, Kowalski ser desintegrada. 

— Dona Naiade… desculpa a demora. - disse o nosso novo adversário que eu já estava doida para cortar em pedacinhos - É bem difícil conseguir abrir o olho e achei melhor já chegar com tudo. Já até acabei com um de seus problemas.

Nosso novo adversário, era um gigante, um gigante ciclope absurdamente enorme, com dentes afiados e acompanhado de quatro soldados de aparência bem normais, se não fossem o fato de estarem pálidos e cinzas demais para estarem vivos. O laser enorme que matou nossa companheira, vinha do único olho enorme do desgraçado acompanhando para onde quer que ele olhasse.

Algumas das caçadoras tinham se recolhido para um lugar mais escondido para ficarem mais prontas para buscar vingança assim que o maldito grandalhão atravessasse o rio apesar de Artemis já estar mirando sua flecha no monstro. Grandalhão esse que olhava de um lado para o outro atrás delas destruindo tudo pelo caminho. Eu não sei quão boa era a visão dele com aquele laser vermelho junto, mas ele claramente estava com um pouco de dificuldade.

Eu estava indo fazer o mesmo que as outras caçadoras, mas então notei a cabeça de Mallory saindo do rio completamente ensopada depois de um mergulho acidental. Com cabelos tão vermelhos daquele jeito que Mallory tinha, Artemis também notou e também notou eu me levantando de meu esconderijo.

— Não vá! - sussurrou Ártemis - Ela está bem no meio do Rio Lete, não mais só no Rio Lima! Não pode tocar nessa água. E Balor vai chegar mais rápido lá!

Nem parei para registrar a informação que Ártemis sabia quem era o desgraçado. Eu só via lá Mallory, no meio da água mágica do esquecimento, cada vez mais perto de levar uma pisada ou algo pior de nosso adversário.

Minha preocupação era maior pois Mallory não parecia nadar na nossa direção, na verdade, provavelmente nem nos via, já que estávamos escondidas, e parecia confusa olhando de um lado para o outro como se tentasse entender como tinha caído no rio. Assim, eu me levantei para ir até ela salva-la, mas foi também nesse momento que eu notei uma coisa faltando. O laser e os barulhos e tremores dos passos do gigante ciclope. Ele também havia parado e olhava agora para o céu evitando acertar em qualquer coisa.

— Esse cheiro… - disse ele já parado no meio do rio com os quatro soldados nadando para segui-lo.

Ele então abaixou sua enorme mão na direção de Mallory, que a essa altura já estava tentando nadar para longe dele.

— NEM PENSE NISSO SEU FILHO DA PUTA! - gritei saindo de meu singelo esconderijo pronta para matar o maldito.

Mas Ártemis foi mais rápida. A flecha dela cortou o ar e atingiu em cheio o olho do gigante. Não tínhamos mais que nos preocupar com o laser, pois ele rugiu de dor e fechou o olho parando o laser completamente. Contudo, ele mesmo assim agarrou Mallory como se ela fosse uma mera boneca.

O ataque de Ártemis e o jeito que o gigante agarrou Mallory causou uma agitação na água fazendo Mallory engolir água. Ela tossia quando Artemis preparava outra flecha para atirar no gigante. 

— ARQUEIROS! ODEIO ARQUEIROS! - gritou o ciclope.

Cego, mas tremendamente irritado, ele correu na nossa direção. O chão tremeu tanto que eu mal conseguia ficar de pé. Irado, ele destruiu, socou e chutou tudo que tinha pelo caminho com tanta raiva e velocidade que eu já estava tendo dificuldades só em conseguir ficar em pé e longe de qualquer coisa mortífera.

Sangue começou a jorrar pelo meu olho esquerdo quando uma pedra grande e afiada abriu um corte em minha testa. Minha visão ficou ruim já que passei a depender totalmente do direito. Mas era o suficiente para erguer a minha lança no último segundo quando um dos soldados mortos vivos terminou seu nado até o nosso lado do rio e começou a brigar comigo. Os outros três com certeza estavam brigando com as outras meninas, não sei quem estava se saindo melhor considerando que o gigante continuava socando e chutando para todo lado enchendo meus ouvidos dos gritos de Mallory.

No pouco que eu via dividida entre me manter viva e achar um jeito de ajudar Mallory, eu vi também os clarões que os raios de Thalia faziam, mas não conseguia notar quem ela estava acertando. Quando eu estava crente que logo talvez conseguiria acabar de vez com meu adversário, o gigante achou um grosso tronco de árvore e começou a usá-lo como um taco. Ele sacudia de um lado para o outro bem rente ao solo atingindo várias pessoas de uma vez. Os soldados dele. As caçadoras, e eu. 

Eu voei de um jeito nada elegante e bem dolorido para o lado quando o tronco me atingiu na lateral da perna. Ouvindo e sentindo com plena certeza que eu tinha quebrado alguma coisa já, eu caí de mal jeito sobre o meu ombro. 

Meu corpo inteiro doía de um jeito tão absurdo, especialmente as pernas, que eu tinha certeza que Hades podia vir me pegar a qualquer momento. E pelo silêncio que se fez ao meu redor, podia imaginar que as outras não estavam tão bem assim também.

— Ajuda dada. - disse o gigante ciclope dando uma leve risada - Vamos voltar pro País de Gales…

Eu estava fraca, doída e tinha certeza que ia desmaiar. Mas consegui ver, em minha visão embaçada, ele se afastar segurando Mallory na mão.

 


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Notas finais do capítulo

e por hoje é isso kkk
desculpa pelo terceiro assassinato da história kkk mas juro q n gosto de matar a galera. mas vamos pensar assim, faz mto tempo q ngm morre kkk
até o prox cap ♥



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