Os acordes do alaúde eram tocados com maestria pelos dedos de Lázaro, enquanto ele cantava sobre Besante, a mais valiosa das guerreiras. A canção folclórica era entoada com ares de saudosismo e um melancólico heroísmo, narrando as aventuras da mulher que abandonou sua espada e sua honra, para salvar seu povo do extermínio.

A última nota foi tocada de maneira singela e ecoou no ar seco. Geanna aplaudiu, levantando-se do tapete floral onde sentava-se.

— Que bela canção! — exclamou, os olhos marejados. — Mas por que ela abandonou o que amava fazer para se casar com alguém que não amava?

— Há coisas mais importantes que amor, Geanna — Yaha falou, bebericando do vinho. — Dever, honra, lealdade.

— Mas ela traiu a si mesma. — Geanna cruzou os braços.

— De certa maneira, sim. — Bebericou o vinho. — Nem sempre as escolhas certas, são as fáceis de serem feitas. Às vezes, tomamos decisões por terceiros, não por nós.

— Por isso papai foi à guerra? — Yaha lançou-lhe um olhar frio. — Posso retirar-me?

Yaha assentiu, Geanna foi para o quarto a passos rápidos.

— És uma boa mãe, mas cobras-te demais de ti. — Lázaro disse, com um inusitado semblante sisudo. — Sabes, mesmo o mais valioso dos guerreiros não vence uma batalha sozinho.