Eternamente Seu escrita por keca way


Capítulo 3
O Acidente


Notas iniciais do capítulo

A relação de Gerard e penny estaindo longe demais. Onde isso vai acabar os levando?



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O acidente

No dia seguinte ele acordou antes de todo mundo em casa. Levantou doído, mas sabia que aquela dor ia sumir. Se olhou no espelho. O nariz inchado, o lábio cortado, o olho levemente roxo... sorriu. Aquele era o seu verdadeiro eu. Não passou remédio nos machucados. Nunca passava remédio nos seus cortes. Gostava de ver a ação natural do tempo. Se arrumou e tomou o café rapidamente pra sair de casa antes que alguém da família o visse. Estava um pouco agitado e resolveu andar, a manhã estava agradável, era sábado e apesar disso as ruas estavam tranqüilas. Gerard andou por horas até que resolveu ir ao parque para pensar em tudo o que aconteceu, sua vida estava mais estranha do que o normal. Também não era para menos depois que aquela louca entrou apareceu tudo mudou, talvez para melhor, mas ele pensava onde tudo isso iria acabar. Quando chegou ao parque, viu Frank estava sentado em baixo de uma arvore e foi falar com ele.
“Bom dia!”.
“Bom dia! Nossa!!! Cara, o que houve com você?”
“Eu... fui atacado ontem por um bêbado. Estranho, né? Eu tava andando e ele surgiu do nada, me batendo”.
”Que merda. Você registrou queixa ou algo assim?”.
“Não, eu consegui fugir” - Ele sabia que aquilo não respondia à pergunta, mas não estava nem aí. Depois de um longo silencio Frank resolveu falar com ele
”Cara... você tá estranho ultimamente”.
Gerard soube que era hora de contar a verdade. Ou pelo menos parte dela. Há muito tempo não conversava com seu amigo, pois depois que conheceu Penny não tinha muito tempo, vivia saindo com ela e deixava todos para trás, ninguém a conhecia. Ela pediu para que Gerard não contasse nada sobre eles.
Por algum tempo Gerard esqueceu sua paixão por Frank, mas vê-lo ali, estar tão perto dele, fez com que todo sentimento voltasse à tona.
”Certo. Eu vou te contar, mas você tem que jurar que não vai falar pra ninguém, principalmente pro Mikey”.
“Tá. Você sabe que pode confiar em mim. O que é?”
Gerard contou a história da privação de sono, tirando alguns detalhes, como Penny.
“... então, ontem eu estava num bar de madrugada, quando esse cara me atacou. Eu tenho que fazer alguma coisa pra não dormir. Não conte para o meu irmão, ele vai contar para Donna, e aí eu não vou mais poder continuar a experiência”.
“Certo. Mas por quanto tempo você vai continuar? Você não tá bem, e...”.
“Eu nunca estive bem” – Gerard sorriu amargamente
“Tá, mas você vai continuar por muito mais tempo? Porque isso não faz bem, e você sabe”.
“Uns... 5 dias, acho” - Ele chutou.
“Tomare que isso funcione!” – Gerard notou que Frank não estava bem, ele estava com uma cara triste. Então resolveu perguntar o que aconteceu.
“Você ta bem?!”
“To, por que a pergunta?!” – Ele tentou sorrir, mas não conseguiu.
“O que aconteceu?! Me fala, talvez posso te ajudar.”
“É que... minha namorada terminou comigo”.
“Quando?!”
“Ontem de noite, ela disse que queria conversar, então ela acabou com tudo” – Seus olhos estavam cheios de lagrimas, era de cortar o coração e Gerard não sabia direito o que fazer.
“Mas ela disse pelo menos o por que?”
“Disse, disse que eu já não sou mais o cara por quem ela se apaixonou, que eu estava muito distante ultimamente, que não me importava com ela e que ela não via mais o porque de a gente estar juntos se ela não me amava mais”.
“Você gosta muito dela né!?!”.
“Eu a amo muito, você não sabe o que eu foi capaz de fazer por ela, pra tudo acabar desse jeito”.
“Talvez ela não seja a pessoa certa, você vai ver, logo você arranja outra pessoa”.
“Talvez ela tenha razão, tenho que mudar, dar mais importância para as coisas”.
“Quer saber de uma coisa?”.
“Fala”.
“Pra mim você é perfeito do jeito que é” – Gerard se aproximou de Frank, passou a mão no seu rosto tentando reconfortá-lo, quando percebeu seu rosto estava mais perto do dele e então ele lhe deu um beijo. Frank foi pego de surpresa, e por alguns segundos correspondeu, mas de repente ele o empurrou.
“Você esta louco?!” – Frank se levantou
“Calma, eu não consegui me controlar!”
Frank o olhou muito confuso e saiu correndo.
“Frank, espera!” – Gerard saiu correndo atrás dele e logo o alcançou.
“Espera!”
Frank parou e se virou para ele, estava chorando.
“Me deixa em paz“
“Me perdoa, eu não...”.
“Me deixa sozinho... Por favor, depois a gente conversa, quando eu estiver mais calmo eu te procuro!”.
Gerard ficou um pouco assustado.
“Tá, mais vê se não vai fazer nenhuma besteira” – Gerard fez o que Frank pediu e foi para casa.
Frank foi até o cais e ficou lá praticamente a tarde inteira estava muito triste pelo fim do namoro e confuso pelo beijo que Gerard lhe deu, por mais que não quisesse aquele beijo não saia de sua cabeça, naquele pequeno tempo em que Gerard lhe beijou se sentiu tão bem, aquilo tinha sido estranho, mas tão bom.
Quando Gerard chegou em casa foi direto para seu quarto e lá ficou a tarde inteira. Estava se sentindo horrível por ter se aproveitado de um momento de fraqueza, do seu amigo, para demonstrar seus sentimentos. Estava sentindo um vazio maior do que o que sentia sempre, tinha uma grande impressão de que além de ter perdido seu grande amor, havia perdido também seu único amigo.

***********************

A tarde foi horrível e pensar que estava tão disposto de manha, mais logo anoiteceu e Gerard finalmente saiu de casa para se encontrar com Penny. Ele estava mais sombrio do que o comum sua cara estava horrível.
“O que aconteceu?! Você não dormiu!”
“Dormi, e muito!”
“Então porque essa cara de zumbi!?”
“Essa é a única que eu tenho, não posso mudar”
“Nossa, o que aconteceu?! Você esta mais grosso do que o normal!”
“Meu dia foi péssimo”
“Que coincidência, o meu também, e quando meu dia é bom?!”
“E eu vou saber!”
“Chega de bobeiras hoje a bebida e o cigarro é por minha conta!”
Eles compraram bebidas e cigarros e foram para o mesmo lugar da noite passada
“Hoje não to afim de quebrar a cara de nenhum trouxa!”
“E quem disse que iremos fazer isso hoje?!’ – Ela disse isso com um sorriso malicioso, pegou o cigarro da boca dele e começou a fumar -"Existe outros jeitos de se divertir”..
“Ei! – Ele pegou o cigarro de volta, então ela acendeu um para ela. - “Então o que vamos fazer hoje?!”
“Uhm! Bem que tal um pouco de adrenalina!?!”
“Não to te entendendo!”
Vem comigo. Ele ousou perguntar onde estavam indo. Ela não respondeu.
Pelo que pareceram horas, eles andaram sozinhos pelas ruas escuras. Gerard tinha a sensação de algo mais anormal que o de costume ia acontecer. Andaram até chegar numa daquelas lojas de conveniência pobres. Penny parou e tirou algo da mochila.
“Me encontre nos fundos em 5 minutos” - Gerard focalizou o objeto pesado que ela segurava.
”Peraí, isso é uma arma?” - ele falou, mas ela já tinha ido.
Gerard foi para os fundos da loja e esperou.
Ele se perguntou se aquela relação estava indo longe demais.
Logo, Penny apareceu, apontando a arma para um cara de mais ou menos 30 anos. Ela o fez ajoelhar no chão. Gerard falou, abobado:
“O que você pensa que está...”
”Cale a boca. Sacrifício humano”. - ela falou calmamente. Apontava a arma para a nuca do cara. Falou a ele:
”Me dê a sua carteira”.
Ele obedeceu. Ela leu e falou:
”Robert Paulsen. Você mora na Franklin, nº 23, né?”
O cara concordou, desesperado. Penny continuou, falando:
”Cartão de biblioteca, nenhum dinheiro. Não costuma pegar um pouco do caixa de vez em quando?”
Robert Paulsen falou um "não" choroso. Ela continuou.
”Nobre, muito bem. Mora sozinho? - ele assentiu. - Hum. O que você fez na faculdade?”
Ele só chorava. Gerard, que assistia a tudo tenso, falou:
“Responde logo!”
”Física”. - Robert Paulsen chorou. Penny falou.
”E porque você escolheu isso?”
”Porque eu queria ensinar! Eu... eu fiz mestrado!”
”E ao invés você tá passando as madrugadas num caixa?” - ela deu uma pausa. – “Você tem uma semana para ser professor de física. E eu vou checar, viu. Eu sei onde você mora. Vai, sai daqui”.
Robert Paulsen correu como não corria há muito tempo. Gerard estava estático. Então seu cérebro voltou a funcionar e ele falou, histérico:
“Pra que você fez isso?”
“O próximo café da manhã dele vai ter um gosto todo especial. As pessoas não dão valor ao que têm até perderem.”
“Você é doida”.
Ela sorriu, jogando a arma no chão. Gerard a apanhou e viu que estava descarregada. Penny se virou para ele.
“Escolha um carro”.
“Quê?”
“Escolha algum carro que esteja aqui”.
Gerard estava tão chocado que nem perguntou. Apenas apontou para um Chevet preto. Ela conseguiu abrir a porta em alguns minutos e logo os dois estavam andando por uma rua, com Penny dirigindo.
“Acho que isso está indo longe demais”. - ele falou, cansado.
“Longe demais?” - ela o olhou, com raiva. – “Nós estamos nisso juntos. Você decide o seu nível de envolvimento!”
“Acontece que eu não sei mais o que é "isso". Acho que eu nunca soube”. - ele falou. Ela dirigia agora numa estrada bastante movimentada, e quase nunca olhava para frente.
“Você precisa esquecer o que sabe. Esquecer o que você pensa que sabe, sobre a vida, sobre amizade, e especialmente sobre você e eu”.
“O que isso quer dizer?”
Gerard prendeu a respiração ao ver Penny o olhando enquanto girava o volante para a esquerda, fazendo o carro ficar na contra-mão.
”O que você quer fazer antes de morrer?” - ela perguntou
A respiração de Gerard falhou.
“Sei lá. Sai da contra-mão”. - falou tentando girar o volante para a direita. Ela o afastou.
“Diga. Se você morresse agora, como se sentiria sobre a sua vida?” - tinha um caminhão vindo direto na direção deles, buzinando. Gerardd estava em pânico.
“Não, não sentiria nada de bom. É isso que você quer ouvir? Qualé!” - falou, tentando girar o volante, mas ela o impediu.
“Ainda não”. - O caminhão estava realmente próximo agora. Gerard gritou:
“Penny! Para com isso agora! Sua louca!” – ele estava desesperado.
O caminhão e outros dois carros desviaram deles bem a tempo. Penny permanecia impassível. Gerard gritava.
”Dane-se isso tudo, dane-se você, e essa droga de "libertação"! Estou de saco cheio disso tudo!”
Penny riu.
”Ok”. - e recostou no banco, tirando as mãos do volante. Gerard não sabia mais o que fazer. Tentou guiar o carro de volta à pista normal, falando a ela:
“Pare com essa merda!”
Mas Penny o afastou e gritou:
”Olhe para você! Está patético!”.
“Quê?”.
”Se libertar não é um seminário de fim de semana. Pare de tentar controlar tudo e relaxe!”.
Gerard ainda segurava o volante, abobado. Penny gritou:
”Relaxe!”.
Gerard piscou, como se acordasse de um sonho, e tirou as mãos do volante, deixando-o completamente livre. Penny botou o cinto de segurança, ele também. Ela acelerou. O carro começou a virar para a esquerda, passando por cones, até eles enxergarem luzes de faróis à frente. O impacto fez o carro deles sair da estrada e rolar por um pequeno barranco que havia lá. O carro capotou varias vezes, até bater em cheio em uma árvore que havia lá embaixo.

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