Proibida Pra Mim escrita por TessaH


Capítulo 27
23.2. velha infância


Notas iniciais do capítulo

EU QUERIA DEDICAR ESSE CAP A pudimdaluna69 PELA RECOMENDAÇÃO MUITO LINDA! UM CAPITULO POR SUA CAUSA ♥



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cover Banda Melim - Velha Infância

   

23.2|

Lily Luna Potter

Eu estava um pouquinho nervosa para as apresentações, mesmo que a festa já tivesse sido iniciada há um tempo e ter percebido que ninguém queria perfeição de ninguém ali, porém todos se reuniam para celebrar e se divertir. Então mesmo que eu cantasse tão desafinada a ponto de quebrar as janelas, não ligariam tão seriamente. Não era a merda de um concurso de talento.

Acalme-se, Lily, a quem quer impressionar?

Bufei irritada comigo mesma e odiei ter tomado a decisão de sair de perto de Rose. Depois que tínhamos nos reunido com nosso grupo, nos separamos porque eu inventei que iria pegar uma limonada.

Ah, francamente, só os professores para acharem que em uma festa tomada por adolescentes não iria ter bebida. Era tudo secretamente, óbvio, um burocracia porque eles estavam à espreita e era aniversário da diretora, porém aceitem que quando queremos algo, damos um jeito.

Assim, eu estava afastada do motim que se agrupava perto do palco para cantar e dançar junto com os cantores e músicos da vez. Como não tinha sido contratada nenhuma banda de fora e coisa do tipo, não só eram performances das turmas de Línguas Estrangeiras, como também grupinhos aleatórios que se juntavam pra cantar uma música qualquer.

Beberiquei meu copo com tequila e senti seu trajeto me arder até os olhos. Provavelmente meu grupo iria subir em poucos minutos, mas por ora, meu adorado primo e melhor amigo ia iniciar seu show.

Hugo Weasley estava com uma camisa branca de botões, com os primeiros soltos, e seu riso combinava com seu porte desleixado. Ele parecia estar mais alegrinho que o costume, eu afirmava porque sabia que não era de sua natureza quase pular onde estava mesmo que estivesse explodindo de felicidade, então sabendo quem era, eu supunha que Hugo já havia entornado um copo - ou mais - pelo nervoso.

Ele era exatamente como eu.

— Boa noite, meus colegas! - ele pegou o microfone e todos gritaram em resposta. - Minha turma de Português vem trazendo um pouco da cultura do Brasil, então espero que apreciem, e de preferência com seus pares porque essa é pra se declarar!

Fiquei curiosa quando não vi Una ao lado de Hugo, pois sabia que iriam interpretar a música juntos, porém agora ao seu lado estava Helen. A doce Helen.

— Fico feliz em compartilhar esse momento com vocês e espero que gostem de nossa escolha. Nossa amiga Una não pôde vir agora, então vim substitui-la. - Helen anunciou e deu uma risadinha que todos encarariam como fofa e tímida, porém que não me entrava de jeito nenhum.

Tomei meu shot de uma só vez quando os acordes começaram, Hugo com um violão e o microfone no tripé.  Helen ao seu lado, se balançando como uma maldita boneca bonita ao seu lado.

 Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito  

Eu passei a odiar naquele exato instante o modo como Hugo cantava. Eu já não conseguia enxergar a doçura e suavidade que sempre via quando ele incorporava o música. Eu só via vermelho, só observava a imagem dele e de Helen lado a lado; ela parecendo se derreter ao cantar vidrada nele. Por outro lado, ele focava o rosto na plateia e senti um pequeno maligno prazer por aquilo.

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo
É o meu amor

E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa
De ser criança
A gente brinca
Na nossa velha infância

Todos se balançavam no ritmo da música, e eu não desgrudava meus olhos do telão que traduzia a letra da música.

Era como um golpe em meu estômago e tive que me inclinar sobre meu próprio corpo para não vomitar, tamanha veracidade da sensação. 

Havia relutado em pensar sobre tudo que parecia do avesso depois das novidades com Hugo porque tinha medo das conclusões que me apareceriam, porém aquilo estava exterior a mim. Eu não queria pensar, não queria ponderar, mas o pensamento não parava e eu não conseguia dominá-lo, de forma que já me apavorava a decisão que eu teria e temia.

Eu precisava sair dali, do torpor e de dentro da minha cabeça, do meu caos. Olhar o palco me parecia que os olhos de Hugo me acharam no meio de tantos outros, era me sentir exposta a sua observação como nunca antes. Era me sentir vulnerável diante da pessoa que eu mais confiava e temer isso.

Odiava a sensação. Movimentei-me sobre os saltos em busca do que fazer para acalmar o alvoroço em minha barriga e acalmar meus nervos. Ao visualizar a silhueta mais recente que eu tinha conhecido, tratei de ir ao seu encontro.

— Oi, Brice, tudo bem? - perguntei, tentando abafar o som da voz de Hugo e de Helen e também me forçando para não morrer com isso. A morena dos cabelos azuis me olhou, surpresa, mas foi educada.

— Oi, Potter, tudo e com você?

— Parece que conseguimos fugir naquele dia, hein - respondi e ela assentiu, taciturna. Mexia em alguns doces sobre a mesa, mas parecia inquieta. - Você quer alguma coisa pra beber? Posso buscar pra você, já estava indo procurar algo pra mim.

Eu só queria não ficar sozinha comigo mesma e era desesperador. Estava implorando para alguém trocar palavras comigo para que eu me concentrasse em outra coisa fora Hugo e sua canção de amor.

— Ahn... É que Jake estava conversando comigo e já saiu pra buscar...

— Olá, meninas. Aqui está, Kellen, seu suco. - um garoto apareceu atrás de Kellen e lhe estendeu um copo. - Ah, oi, Lily, tudo bem?

— Ah... Oi! Sim, e você? - fiquei um pouco sem graça ao imaginar que estava atrapalhando um possível flerte de Jake da Sonserina. - Soube que conseguiu o lugar no time de rugby esse ano, parabéns, cara.

— Obrigado! Sim, consegui, mas estava comentando pra Kellen o quanto isso vai me deixar com pouco tempo pra ler e... - Jake começou a falar entusiasmado, mas eu me perdi na conversa, só vendo sua boca abrir e fechar e abrir e fechar num ciclo.

Olhei para a menina ao seu lado e percebi que Kellen não estava tão animada assim com ele. Ela me sorriu de lado, entendendo que eu tinha percebido. Deu de ombros, e eu entendi, Jake não era o cara mais interessante da escola, mas era gente boa e podia ser uma companhia aceitável já que aparentemente ela estava sozinha, afinal Scorpius estava sumido...

Pensar no loiro sonserino me fez abrir um sorriso sacana porque minha prima também não estava às vistas. Depois de um flagrante comprometedor, Rose conversou comigo um tanto constrangida para explicar a confusão da história deles e nem ela sabia os motivos que os levaram a se pegarem pelo colégio. Logo eles.

Nem eu entendia. Na real, a gente tem cada atração louca por algumas pessoas que, nossa!, não dava mesmo. Isso me lembrava o quão péssima eu me sentia ao me imaginar beijando Hugo no lugar de Helen.

A que ponto eu cheguei, por Deus?!

— Ahn, acho que vou indo, então, daqui a pouco vou subir pra cantar - cortei a tagarelice de Jake e sorri para Kellen. Toquei seu ombro com um aperto porque depois de nos falarmos, parecia mais legal. - Até mais, pessoal!

Virei-me para acenar enquanto saia, porém Kellen e seu amigo tinham sido abortados por um outro cara. Ele chegou e começou a fazer perguntas, de modo que Kellen se irritou e percebi que havia gritado. Saiu furiosa e deixou os dois sozinhos.

— Ops. - murmurei quando vi sua figura vindo ao meu encontro. - Aquele menino acabou com sua festa, pelo visto, hein.

— Nem me fala. Você o conhece? - Kellen arqueou a sobrancelha e o nariz arrebitado se enrugou.

— Ele me parece familiar. Mas não enxergo muito bem daqui, sabe, só estava vendo uma iminente briga.

Kellen sorriu um pouco com minha sinceridade.

— É o Uckermann. Ele acha que é o dono do que ele quiser, então age como tal e não percebe como é idiota.

— Uh, você parece irritadíssima. Falando secretamente pra você, posso arrumar algo pra beber e te fazer ficar mais calma.

Ela me estreitou os olhos.

— Eu estou mesmo, mas como você pode arranjar isso, Potter?

— Só vem comigo.

Ri como se fosse a vilã de um filme e peguei na mão da garota até o local onde eu sabia que teriam copos de tequila para que tomássemos.

— Mas então... Conheço mesmo Thomas, só tenho uma memória ruim às vezes. São amigos? - perguntei como quem não quer nada, mas a curiosidade me corroía.

Thomas Uckermann era um dos galãs do colégio e fazia a fama valer. Eu sabia que era rico, filho único de um político de alta patente, mas ele raramente falava do pai.

Eu sabia que o invocava quando lhe era conveniente. Bom, assim, até eu, né.

— Não. Ele é amigo de Scorpius, só isso - Kellen revirou os olhos e bebeu do copo que lhe entreguei. - Como eu sou próxima de Scorpius, ele meio que serve de ponte pra aquele pesadelo.

— Você quer dizer o Thomas. - eu ri de suas palavras porque parecia que tinha muito mais naquela história. - Eu acho ele um gato. Na verdade, quem não acha?

Suspirei enquanto tentava focar minha visão no dito-cujo, e Kellen arregalou os olhos. Engasgou e se recompôs.

— Eu não acho.

— Ah, fala sério! Para de mentir, eu sei guardar segredo, sua bobinha. Você tá ficando com o Jake?

— Uau, você é bem direta.

— Desculpa, é um mal. Mas então, você tá? Desculpa ser intrometida, é só uma informação irrelevante, né. - dei de ombros rezando para que ela falasse. Eu gostava de saber do que acontecia.

— Não estou. Estávamos conversando. Ele se aproximou, já tinha perguntado de mim pra Scorpius, então... Só deixei que me fizesse companhia, não foi nada demais.

— E por que Thomas interrompeu vocês? Se ele é amigo de Scorpius...

— Porque ele é idiota, eu te disse, Potter. - Kellen bebeu seu copo de uma vez só.

Ixi, eu conhecia aquela atitude....

— Pode me chamar de Lily, mesmo. E eu continuo achando que tem mais coisa aí, hein.

Kellen riu.

— Você é implacável, Lily. Thomas só gosta de pegar no meu pé, me irritar e faz isso como ninguém. Ando fugindo dele, inclusive.

— Ah, é? - eu tinha percebido que ela já estava mais à vontade comigo e estava soltando as peças do quebra-cabeça.

— Sim... Teve um episódio que... Ahn, não deu muito certo entre a gente, então depois fiquei sem saber como agir, foi muito estranho isso, porque eu prometi a mim mesma que não me sentiria assim nunca mais.

A garota suspirou e parecia perdida em memórias. Peguei meu copo e a ofereci, achando que seria bom algo para distraí-la. Ela aceitou e agradeceu.

— E a gente tropeçou no corredor aquele dia, lembra? Bom, vi algo e não sei por que não fiquei feliz em saber que estava certa. Desde o começo. Ele não é uma boa influência. Só isso.

— Aham. Só isso mesmo.

Kellen não percebeu meu sarcasmo, mas decidi deixar a história pra lá. Ela estava mais calma e me fazia companhia agora, então a aproveitei.

— Sabe de uma coisa, Kellen? - eu falei em algum momento depois que dançamos afastadas do motim principal. Na verdade, eu dancei e ela ficou rindo de mim. Eu estava olhando para o palco e a movimentação de quem ia cantar.

— O quê?

— Quando a gente tenta fugir tanto de uma pessoa, é aí que ela nos atormenta ainda mais.

Kellen assentiu vigorosamente e voltei meus olhos para Hugo, Thomas, até Scorpius, e mais uns meninos que subiram e riam no palco. As garotas estavam eufóricas e fiquei com uma sensação me corroendo. Por que elas não desapareciam e paravam de pedir pra que eles tirassem a blusa?

— Que falta de respeito. Urgh. - Kellen externou meus pensamentos e a olhei. Ela deu de ombros. - Olha aí, pedindo pra que tirem a roupa, nossa.

Tive que rir de sua careta porque apostava que eu estava com uma igual.

— Ah, Lily, te achei!

— Oi, Rose. Estou aqui com minha mais nova amiga Kellen Brice, se conhecem? - levantei minhas sobrancelhas sugestivamente, afinal ela era a melhor amiga de Scorpius! - Hein, Rose, não fica com essa cara de paisagem, mulher!

— Ah, Ah, meu Deus! Sim, conheço! Oi, Kellen, tudo bem? - Rose saiu de seu transe e a cumprimentou. - Sim, Lily, quando vamos subir? Já estou entediada dessa festa.

Rose estava de braços cruzados e com um bico teimoso.

— Nossa, será que eu tô fazendo a mesma cara que vocês? Deve ser horrível olharem pra cá e verem três garotas com ciúmes sem fundamento. Bom, pelo menos o meu é.

— O quê?! - Rose protestou.

— Ciúme?! - Kellen exclamou na mesma hora.

Eu ri sozinha.

— Esses meninos são odiosos. Vamos dar o troco, Rose. Kellen, quer vir com a gente?

— Não tô entendendo mais nada. Mas obrigada pela oferta. - Ela respondeu.

— Deixa de imaginação, Lily. Scorpius só está um pouco feliz demais ali em cima. - Rose se lamuriou e depois percebeu que tinha se entregado na frente de Kellen.

— Relaxe, Rose. Eu tô sabendo, espero que esteja tudo bem entre vocês. - Kellen respondeu depois de ver o rubor tomar conta do rosto de Rose.

Mina prima gaguejou um obrigada, depois ficamos olhando a performance deles.

Logo depois, Kellen não se importou em ficar sozinha encostada na parede porque precisávamos, finalmente, cantar.

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Notas finais do capítulo

Olar! Talvez eu venha com o próximo hoje mesmo! Quero adiantar as coisas, então apareço rápido! Mas senti falta de vocês?? Falem comigo!



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