Crônicas Mitológicas escrita por Elias Franco de Souza


Capítulo 8
Pélias


Notas iniciais do capítulo

Para comemorar o 1º mês de publicações da minha história, fiz este capítulo em que o Cavaleiro de Bronze de Therion encontra-se com o primeiro Marina de Crônicas Mitológicas. Mais especificamente, trata-se de uma Tenente Marina. Como podem ver, este capítulo é o mais longo até agora, mas seu tamanho justifica-se por seu conteúdo. Boa leitura a todos!



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Na ala privada de seu palácio, Pélias adentrou o salão de banho. Era um salão fechado, no subterrâneo, feito de pedras rústicas, com uma única porta de entrada e sem janelas. Continha uma piscina térmica, cujo vapor se espalhava por todo o salão. O rei pendurou o roupão em um cabide da parede e entrou no banho. Uma bela donzela o aguardava recostada em um canto da piscina, com os braços abertos, estendidos sobre a beirada; porém seus seios permaneciam ocultos sob a água. Ela tinha cabelos pretos como o ébano e olhos verdes como os campos de relva. Sua pele alba e macia contrastava com os lábios vermelhos.

— Você me deixou esperando... Não gosto de esperar — advertiu, autoritária. Como sempre, sua postura era a de alguém que conversava de igual para igual com o Rei.

— Elmyra, não posso fazer negócios com Orfeu me vigiando. Mesmo agora é perigoso nos encontrarmos. Ele pode retornar a qualquer momento, e não tenho certeza se ele não deixou alguém para me observar — explicou, com desgosto.

— Você sabe que essa situação não pode continuar. Os seus atrasos nos tributos não fazem parte do acordo — Pélias odiava o quanto ela conseguia ser mais arrogante até do que ele mesmo. — Se isso persistir, não sei por quanto tempo os meus superiores vão respeitar os termos de não agressão.

— Vocês estão sendo inflexíveis — retrucou irritado. — Sabem que não posso simplesmente me livrar dele. Seria como eu declarar guerra aberta ao Santuário.

— Você não pode ou você não consegue?

— O quê? — ela estava mesmo questionando a sua força como cavaleiro?

— Você não quer entrar em guerra com o Santuário, ou você não tem o poder para se livrar de Orfeu? — Pélias não gostava de ser subestimado. — Você não pode continuar em cima do muro. Nosso acordo foi mutuamente benéfico até aqui, mas ele está deixando de ser interessante para o meu lado. Mesmo por que não rendeu bons frutos no fim das contas... Está na hora de você deixar de ser covarde e escolher: o Santuário ou os Marinas. Chega de esperar pelo lado vencedor.

— Se eu apoiar abertamente os atlânticos, vocês terão caminho livre para o interior da Grécia, que será assolada pela guerra. Não é do interesse de vocês matar civis. É por isso que eu os ajudei a procurar por ela até aqui. Lembre-se disso. — Elmyra se calou por um instante. Ela parecia estar analisando a verdade em suas palavras. A donzela se desencostou da parede, e caminhou em sua direção, até ficar bem próxima. A mulher era mais baixa, mas seu olhar penetrante continuava intimidador. Pélias sentia-se um pouco nervoso agora. A respiração dela tocava o seu rosto. O perfume era extasiante.

— Para você pouco importa os nossos objetivos. Você só está com medo de lutar. — Elmyra o empurrou contra a parede da piscina, deixando-o sem reação. Aquela mulher podia ver através da sua máscara. — Você sabe que se desafiar Orfeu, será derrotado. Sua melhor opção agora é se unir a ele para nos enfrentar — o acusou.

— Bobagem! — o menosprezo de sua força o deixou irritado. — É verdade que eu reconheço o grande poder dele. Mas posso esperar pelo ataque de vocês e fingir estar ao lado dele até o último instante, e então traí-lo quando ele menos esperar. Com a minha ajuda, ele pode ser vencido. — Ela estava certa. Quebrar a aliança com os atlânticos e lutar ao lado de Orfeu era a escolha mais segura. Mas nesse momento, precisava convencê-la de que não pensava assim.

— E por que você se arriscaria a traí-lo, quando seria muito mais sensato permanecer ao lado dele até o final? — o interrogou com um dedo em seu peito.

— Porque no longo prazo são vocês que vão ganhar a guerra! Isso já está mais do que claro, e você sabe disso. Me aliando aos atlânticos me tornarei um grande Rei no novo mundo, pois com a minha ajuda vocês terão a obediência civil da população. Todos saem ganhando — isso deveria convencê-la, pensou consigo. A desconfiança no olhar de Elmyra desapareceu, e ela parou de pressioná-lo contra a parede. A dama levantou-se e sentou-se sobre a beirada da piscina, cruzando as pernas. Pélias finalmente pode apreciar a sua figura, molhada, desnuda. Seu corpo atlético era magro, porém tonificado, e sua pele macia estava toda depilada. Os seios não eram fartos. Pelo contrário, eram bastante pequenos, mas ainda assim eram belos e firmes, com mamilos pequenos e rosados.

— “Não gosto de esperar...” Faz tempo que você não me dá prazer — afirmou ainda autoritária, mas também sedutora, arrancando um sorriso lascivo de Pélias. O Rei se aproximou devagar da donzela. Ela estava com uma fragrância florida na pele – devia ter passado algum óleo perfumado antes dele chegar. Pélias a abraçou pelo quadril e começou a beijá-la a coxa, progredindo em direção à virilha conforme ela abria as ancas. Quanto mais avançava, mais forte ficava o perfume. Elmyra passou vagarosamente seus dedos ao redor da cabeça do rei, e então o puxou com vigor, enlaçando as pernas ao seu redor. Um choque de surpresa e satisfação percorreu seu corpo com a iniciativa de sua amante. Após beijá-la, Pélias levantou os olhos para ver a expressão de prazer em Elmyra. Ainda se deleitando, a mulher o encarou e mexeu os lábios como se sussurrasse algo.

Pélias não compreendeu. Elmyra repetiu um pouco mais alto: “adeus”. Foi então que sentiu algo penetrando sua carne no pescoço, logo abaixo do ângulo da mandíbula. O Rei de Iolco urrou de dor e se desvencilhou do abraço mortal da donzela. Ela o havia estocado com o dedo médio, cuja ponta se comportara como lâmina ao ser envolta por cosmo-energia. Enquanto Pélias gritava e se contorcia com as mãos no pescoço, muito sangue esguichava do ferimento e formava um bolsão vermelho por toda a piscina. A dama assassina ria e se divertia, lambendo o sangue do dedo. Pélias se contorceu até chegar ao outro lado da piscina, mais raso, sobre cuja beirada seu tronco caiu, ainda se contorcendo com espasmos periódicos.

— Sério... Você beija muito mal — zombou. — Não é primeira vez que eu quis te apunhalar.

Ainda com um sorriso maquiavélico, Elmyra terminou de chupar o dedo e levantou-se para buscar sua toalha. Após dar alguns passos, porém, sentiu uma explosão de cosmo-energia vinda do rei. Lançou-se para a direita no último instante, rolando desajeitada no chão úmido, para esquivar-se de uma rajada de cosmo-energia. A rajada lançou muita água para fora da piscina, produzindo um grande vão por onde passou, e abriu uma cratera ao atingir o piso do outro lado, como se tivesse cavado um túnel que ia da beirada da piscina até a parede de pedra, agora marcada por grandes rachaduras.

Envolto por uma grande aura de cosmo-energia branca, Pélias estava com o punho direito em riste, em meio às ondas ainda agitadas da piscina. Sua hemorragia havia cessado – seu pescoço parecia estar calcinado na região da lesão, e sua expressão era de ódio.

— Entendi. Você deve ter usado a cosmo-energia na ponta dos dedos para cauterizar o ferimento — disse, ainda rindo, e levantando-se para enfrentá-lo. — Jamais imaginei que você seria capaz de fazer isso em tão pouco tempo. Eu deveria ter furado as suas duas carótidas. — Realmente, Pélias jamais teria aprendido uma técnica tão desesperada para se salvar se não tivesse pensado no que faria se estivesse nas mesmas circunstâncias da morte de seu irmão.

— Vadia... — arfou cansado. Com o suprimento sanguíneo cerebral limitado, estava zonzo, e era difícil até mesmo falar após ter perdido tanto sangue. Este estado deixava-lhe mais irracional e, portanto, com os nervos à flor da pele — Eu vou te matar, sua puta!

— Você devia ter se fingido de morto aí no chão, como bom cachorro que você é — zombou rindo. — Ferido, e sem armadura, você não tem a menor chance de me derrotar.

Elmyra elevou sua cosmo-energia, que assumiu a forma de uma aura azul, e do canto do salão, debaixo de uma pilha de roupas, surgiu uma escultura metálica de uma donzela, que veio flutuando em direção a Elmyra. Era uma escama, a armadura que trajavam os marinas, guerreiros de elite dos atlânticos. Mais especificamente, era a escama de Tenente Marina da deusa-lago Bolbe. A escultura de cor azul escura desmontou-se no ar e suas partes voaram para o corpo de Elmyra, formando uma armadura completa. O traje revestia seus pés, pernas e os dois terços inferiores das coxas, seus ombros, tronco e quadril, e também seus punhos, antebraços e metade inferior do braço. Um elmo elegante, cuja máscara expunha apenas seus olhos verdes, completava o figurino.

— Eu não preciso te matar. Basta eu permanecer vivo até que meus homens cheguem aqui... — Pélias deu uma fraquejada e quase caiu, precisando apoiar-se na beira da piscina.

— Ninguém está vindo te salvar, Cavaleiro de Therion — corrigiu-o, agora com a voz metálica. — Antes de nosso encontro, eu conjurei uma barreira ao redor dessa área. Ela não deixa nenhum som, vibração ou sinal de cosmo-energia entrar ou sair. Ninguém sabe que estamos aqui. — Pélias entrou em desespero ao notar a presença da barreira.

— Sua vadia... Você já pensava em me matar?! — acusou-a indignado, ao passo em que tentava recompor seus nervos — Mas eu não vou morrer tão facilmente... Mesmo que a minha armadura tenha me abandonado há muitos anos, eu ainda tenho o meu cosmo! A minha determinação em viver!

Pélias disparou outro soco em forma de rajada de cosmo-energia. Em seu golpe, depositava toda a sua convicção em permanecer vivo. Afinal, tudo o que ele fizera até ali fora para sobreviver à guerra. O orgulhoso cavaleiro não pretendia render-se agora.

Elmyra mais uma vez se esquivou do golpe, deixando-o passar por seu flanco esquerdo, e revidou com outro soco de cosmo-energia. Pélias não teve tempo de desviar. Cruzou os braços sobre o rosto para se proteger, sendo atingido em cheio, e foi arrastado alguns metros através do piso às suas costas. A Tenente Marina de Bolbe era mais forte do que ele esperava; seu golpe era tão potente quanto o dele. Deitado sobre a cratera, sangrando por todo o corpo, o cavaleiro reuniu todas as forças para se levantar de novo. Percebeu que seu antebraço esquerdo estava quebrado, bem como algumas de suas costelas.

— Eu não sei por que você continua se levantando. O resultado desta disputa já está definido desde o início — debochou mais uma vez. Pélias concordou. Desde que teve o pescoço estocado, nunca teve chance de ganhar. Mas seu ódio pela mulher que o traía agora era tão grande que ele não se importava mais em morrer no final. Seu único objetivo era arrancar um pedaço de Elmyra antes de cair, mesmo que isso lhe custasse um fim mais doloroso. Ao menos na morte, o Cavaleiro de Therion honraria o código do Santuário.

— Talvez a minha morte seja inevitável... — suspirou, cambaleando. — Mas antes de cair, eu vou levar uma parte sua comigo... Para o inferno!

— Morra de uma vez.

Elmyra atirou outro soco de energia, mas Pélias disparou-se à direita, e depois usou a parede como apoio para correr em direção à Marina. Antecipando a direção e a velocidade da corrida do cavaleiro, a guerreira lançou então outra rajada para interceptá-lo. Mas o cavaleiro tomou outro impulso contra a parede, mudando de direção e saltando de encontro direto com a tenente. No ar, Pélias assumiu uma postura peculiar, com os braços abertos em forma de garras, como se fosse um predador atacando sua presa. Mas Elmyra não pode ver o movimento seguinte, pois a imagem do corpo do cavaleiro foi sobreposta por diversas cabeças de lobo, negras e de olhos vermelhos, rugindo em sua direção. O terror causado por aqueles espíritos demoníacos fez com que a mulher se sentisse paralisada e apenas protegesse o rosto, enquanto dezenas de cabeças de lobo disparavam contra ela, produzindo cortes por todo seu corpo e armadura, e arrancando seu elmo para longe. Seus braços acabaram cedendo aos ataques, e a última cabeça feroz atravessou sua defesa para abocanhar as presas em sua garganta, perfurando superficialmente o seu pescoço.

Quando deu por si, esse último lobo havia desaparecido, e agora ela pendia no ar, sendo segurada no pescoço pela mão direita de Pélias. Com o joelho esquerdo, então, o cavaleiro aplicou-lhe um golpe no estômago, fazendo-a cuspir muito sangue. Elmyra foi lançada para trás e despencou no solo, rendida ao ataque feroz do Cavaleiro de Therion.

— Você vai se lembrar dos Espíritos Ferais por um bom tempo — disse Pélias com um sorriso sarcástico, antes de também cair de joelhos. Após perder tanto sangue, o cavaleiro já não tinha mais forças para atacar.

— Maldito... — amaldiçoou, tirando o cabelo do rosto e limpando o sangue da boca. — Se não fosse pela minha Escama, esse último golpe teria me retalhado inteira. — Apesar de ferida, a Marina conseguiu colocar-se em pé. — Mas eu não entendo como foi que eu não consegui me defender.

Com esforço, Pélias abriu um sorriso de orgulho. Os Espíritos Ferais também atacam a mente do inimigo, lançando um ataque hipnótico que age diretamente sobre o centro do medo em seu cérebro, o que paralisa seus movimentos. Mas de nada a sua técnica mortal valia mais.

— Não importa. Agora sou eu que já não tenho mais forças para me mover... — lamentou, esforçando-se para manter-se consciente. A marina caminhou em direção ao cavaleiro, que ainda estava de joelhos e com o cosmo apagado. Agora era o seu fim, admitiu consigo. Mas esperava que tivesse ao menos se redimido um pouco nesta morte mais digna.

— Agora, morra! — exclamou a marina, lançando o golpe de execução, mirando o coração de Pélias. Porém, nesse momento uma grande explosão de luz branca surgiu à sua frente, protegendo-o do soco fatal. Ambos ficaram temporariamente cegos devido ao flash de luz. Quando a vista foi recobrada, puderam visualizar aquilo que havia salvo a vida do cavaleiro.

— A Armadura de Bronze de Therion — exclamou surpreso. A armadura em forma de escultura de lobo, de cor azul escura, flutuava à sua frente. Sentindo o cosmo de seu antigo portador em perigo, a armadura havia saído de seus aposentos e viajado através de todos os corredores até ali. E apesar de ter recebido um ataque direto, ela não havia sofrido dano algum.

— É impossível — indignou-se a marina. — Mesmo que a sua armadura o aceitasse de volta, ela não poderia sentir o seu cosmo em perigo através da minha barreira.

— A conexão entre uma armadura e seu usuário é o elo mais forte que existe — explicou o Cavaleiro de Bronze. — Nem mesmo a sua barreira poderia nos separar. — O calor emitido pela armadura aliviava a dor de Pélias, e revigorou um pouco de suas forças. Ele conseguiu ficar ereto e o lobo se desmontou para vestir o seu corpo. Uma Armadura de Bronze, como a de Therion, proporcionava proteção semelhante à escama da Tenente Marina, deixando apenas pequenas porções dos braços e coxas desnudos, e os olhos expostos no elmo.

— Que seja. Isso não importa mais. Você já estava à beira da morte mesmo. É só uma questão de tempo até a sua força acabar — disparou, confiante.

— Você está enganada — afirmou, agora com a voz também encoberta pela máscara. — Não importa o quanto um cavaleiro esteja ferido. Enquanto o seu cosmo queimar, ele continuará lutando. E a reconciliação com a minha armadura... Reacendeu a chama da minha alma de cavaleiro!

Em seu âmago, Pélias sentia que a armadura sagrada não havia o perdoado totalmente. Ela só estava ajudando-o pois tinham um inimigo em comum nesse momento. Mas isso era o suficiente para ele.

— Então mostre-me o seu poder — desafiou a tenente marina, assumindo postura de combate.

Atendendo a provocação, Pélias mais uma vez assumiu a postura dos Espíritos Ferais, e os lançou com toda a intensidade. Elmyra resistiu firme, suportando a investida de todas cabeças de lobo lançadas contra ela. Os ferimentos distribuídos por todo o seu corpo aumentaram, mas dessa vez a sua determinação foi maior, e ela não sucumbiu ao medo. Quando o cavaleiro se aproximou para aplicar o golpe final, a marina pode enxergar seus movimentos ocultos por detrás dos lobos, e deteve seu punho no ar com apenas uma mão. Era incrível que, mesmo sendo menor que ele, a Tenente Marina tivesse tamanha força. Foi então que Pélias sentiu que todos os músculos de seu corpo ficaram paralisados. Parecia ser algum poder que emanava do contato com Elmyra, e fluía para seu corpo, que o estava impedindo de se movimentar.

— Desgraçada... — praguejou, fazendo força. — Se livrou da paralisia?! — questionou, chocado.

— Eu eventualmente percebi como sua técnica funciona, e protegi meus núcleos amigdalinos — explicou, com um sorriso arrogante.

— Desta vez sou eu que não consigo me mexer... — Pélias tentava reagir o máximo que podia, mas nem com a proteção de sua Armadura de Bronze conseguia resistir ao poder de contenção em que foi aprisionado.

— Este é o Encanto de Bolbe. Não se esqueça que a minha Escama representa a deusa-lago Bolbe, a mesma deusa que subjugou um dos primeiros semideuses séculos atrás, o poderoso Héracles, e gerou um filho dele em seu ventre. Ao me conectar com um dos pontos estelares da constelação de Therion em seu corpo, Pélias, posso suprimir todas as suas ações, ao mesmo tempo em que estou aos poucos sugando todo o seu poder. E com a união do seu poder ao meu, darei à luz uma técnica ainda mais poderosa.

Era verdade. Pélias percebeu que ao mesmo tempo em que o poder de contenção da Marina fluía para o seu corpo, a sua própria cosmo-energia estava fluindo na direção contrária e tornando Elmyra mais forte. E quanto mais ele tentava resistir à dominação, mais poderosa a oponente se tornava. Mas se ele simplesmente apagasse o cosmo para parar de alimentar a adversária, não teria como se defender e morreria. Não havia escapatória.

— Minhas forças... Estão ruindo...

As pernas do cavaleiro falharam e ele caiu de joelhos, ainda com o seu punho contido pela Tenente Marina. Nesse momento, ela se aproximou do lobo de bronze e, com a outra mão em seu queixo, conduziu a boca dele para a sua. Face a face com o bronzeado, a dama assassina puxou um suspiro iluminado, sugando através disso toda a cosmo-energia do cavaleiro. O cosmo de Pélias diminuiu tão rápido que ele não conseguiu mantê-lo aceso. Restou aceitar o seu fim.

— Quem diria... Um dos Cavaleiros de Bronze mais poderosos de toda a guerra sucumbindo a uma mulher... — vangloriou-se, abrindo um sorriso perturbador.

— Vadia... Eu te espero no inferno... — amaldiçoou-a, sentindo-se mais fraco.

A Marina de Bolbe assoprou de volta toda a cosmo-energia que havia acumulado. Uma rajada de ventos e cosmo-energias ferais, agora na forma cabeças de lobo ainda maiores, saíram de seus lábios, lançando Pélias para longe enquanto o retalhavam inteiro. Com o corpo e armadura comprometidos, o bronzeado se chocou contra a parede, e depois caiu inerte no chão. Sangrando bastante, a muito custo o Rei de Iolco ainda conseguiu levantar as pálpebras uma última vez. Com sua visão já turva, pode ver apenas os pés de sua algoz. Seu pensamento derradeiro foi o quão terrível era aquela mulher.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do primeiro combate real da história, sem considerar o prólogo. Os combates ficarão mais complexos à medida que os personagens evoluírem.



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