The White Rose escrita por Senhora Darcy


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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No dia seguinte, começou uma confusão. A corte toda estava me esperando na porta do meu quarto e qundo eu, finalmente, saí com meu vestido cor de rosa, uma chuva de aplausos, exclamações e perguntas me atingiu. Tentei fazer o meu melhor, respondendo à maioria, ao mesmo tempo que andava depressa para o Salão principal onde teria o desjejum. Comi em silêncio enquanto meu pai me passava a lista de coisas que eu faria naquele dia.

— Agora você encontrará seu noivo, que já deve estar chegando. Quero uma bela cena de reencontro. Depois, fará uma entrevista para o jornal local, conversará calmamente com o resto da corte e faremos um jantar especial em sua homenagem. Amanhã os tripulantes da embarcação onde você foi encontrada virão aqui para um esclarecimento da história e para maiores investigações. Passaremos o dia na corte. Na sexta feira, faremos o Baile de Boas Vindas, em sua homenagem. Depois daremos continuidade aos preparativos do casamento.

Eu apenas assenti e me preparei para uma cena ridiculamente sensacionalista. Ajeitei meus cabelos e fui até o portão principal. De longe, avistei a carruagem Real se aproximando, com meu noivo dentro dela. Praticamente todo o povo havia se juntado para nos observar, de forma que seria uma verdadeira performance. A carruagem parou, e o Príncipe pulo fora dela num instante. Olhou para mim e sorriu sedutoramente, fazendo a multidão suspirar. Eu estava no topo da escadaria, para onde o príncipe correu. Subiu as escadas rapidamente enquanto eu andava depressa até ele. Sorrindo, ele veio ao meu encontro, e me abraçou forte, rodando comigo. Eu ri e retribuí o abraço. O povo aplaudiu, assoviou e se derreteu com a cena romântica ali. O príncipe me ergueu e rodou mais um porco, depois me puxou para si e me beijou com vontade. Pega de surpresa, demorou alguns segundos até que eu retribuísse e me desse conta do que estava fazendo. Era totalmente diferente de Gregory. Muito mais físico e técnico. Diferente do pirata, o príncipe tinha um abraço mais respeitoso e fraco, e lábios mais gentis e lentos que não me apeteceram muito. A verdade é que se o príncipe me beijasse como Gregory o fazia, seríamos presos por indecência e vulgaridade pública.

O príncipe então se afastou e me deu seu braço. Juntos entramos no castelo para mais uma tarde longa e tediosa.

Aquela semana foi tão repetitiva e cansativa que não vale a pena nem lembrar. Contei a história várias e várias vezes para todo mundo. Meu pai mandou convocar os piratas de Tatcher para o julgamento, mas eles provavelmente só chegariam na próxima semana. Enquanto isso, eu aproveitei ao máximo todos os mimos que os funcionários mais próximos me faziam, e toda a atenção de Anelize e minha mãe. Apesar disso, tive de decidir os detalhes do baile também.

Na segunda feira seguinte, a corneta soou anunciando a chegada dos piratas. Eles andavam em fila, com roupas casuais e mais limpas que o normal. O povo se reunira nos portões e os observava em silêncio, provavelmente decidindo se eles eram bonzinhos ou malvados. Eu observava tudo da minha varanda, procurando, inconscientemente, por Gregory. Consegui distinguir Betrus, Rupert e Pinsley, com seus tamanhos e cabeleiras coloridas. No fim da fila, vi uma figura alta de cabelos castanhos que podia ser Trevor ou Gregory. Não pude decidir, por Ane entrou no meu quarto.

— Alteza, eles chegaram! Vamos, vamos, você precisa se aprontar! Quero que vocês esteja linda e intocável para eles.

— Ane, eu já disse, eles são bons homens. Não preciso intimidá-los. Você verá. – Eu assegurei, tentando controlar o vento em meu estômago.

Mas Ane fez do jeito que ela quis. Me ajudou a colocar um vestido preto e dourado, longo e justo, sem as saias bufantes e as crinolinas. Era bem diferente do que eu geralmente usava, bem mais moderno. Ela deixou meus cabelos soltos e fez uma maquiagem um tanto pesada para aquela hora da manhã. No fim, eu estava bonita. Até meio sexy. Mas principalmente, parecia autoritária e mais velha. Dei de ombros e sai do quarto, me acalmando e planejando não olhar no rosto de Gregory. Mas no caminho, passei por um grande espelho e me senti amedrontadora, de certa forma. Isso me fez mudar de ideia e querer encarar Gregory o máximo que pudesse.

Depois de toda a caminhada até o Salão, finalmente cheguei a sala dos Tronos, onde meus pais já esperavam, e os piratas também. OS quinze homens, inclusive o capitão, estavam ajoelhados, vestidos bem melhor e incrivelmente limpos. Alguém tinha dado um trato neles durante a viagem. Eu entrei no salão e eles levantaram as cabeças para me ver. Vi a surpresa chegar em cada um de seus rostos, mas não consegui distinguir a expressão em Gregory. Surpresa? Admiração? Dor? Arrependimento? Não sabia dizer. Olhei principalmente para ele.

— Levantem-se homens. E sejam bem vindos. – Eu acrescentei, docilmente. – Obrigada por virem até aqui e ajudarem a esclarecer tudo o que se passara nas duas semanas de meu sumiço. Eu já contei a todos como vocês bravamente me salvaram da horrível tripulação do Cassiopeia. E como me ajudaram a voltar para casa. Se tiverem algo a acrescentar, fiquem a vontade.

Os rostos surpresos se surpreenderam mais ainda. O rei se remexeu no trono e pigarreou.

— Gostaria de fazer algumas perguntas a seu capitão, se não se importarem. – Ele disse e os piratas concordaram. Tatcher deu um passo a frente. – Como vocês encontraram a princesa?

— Nós fomos atacados pelo navio Cassiopeia e sua tripulação, mas felizmente ganhamos. Ao revistarmos o navio deles, encontramos a princesa presa em um dos quartos.

— Vocês sabiam quem ela era? – Ele perguntou e tatcher olhou para mim. Eu arregalei os olhos, esperando que ele entendesse a mensagem.

— Não. No início não. Ela se revelou como a Princesa de Andorra apenas alguns dias mais tarde.

— E vocês a acolheram mesmo sem saber de nada?

— Sim, Majestade.

— E quando souberam, não pensaram em dar continuidade ao plano o sequestro?

— Não, Majestade. Assim que soubemos tomamos as providências para entregar a princesa.

— E por que demoraram tanto para fazê-lo? Ficaram três dias naquele porto, antes de comunicarem um oficial...

— Nós, hum...Precisávamos tomar algumas precauções, primeiro.

— Que tipo de precauções?

— Não queríamos que ninguém soubesse sobre nossa hóspede, por temermos que outros piratas quisessem sequestra-la. E também, demoramos um tempo para encontrar oficiais de segurança.

— Hum, isso é estranho. Por que tenho plena certeza de que o oficial Parker do conselho de segurança esteve em seu navio nas vésperas do encontro da princesa. Não achou que ele fosse confiável o bastante?

Tatcher respirou fundo, mas pude ver que ele já tinha uma resposta planejada.

— Não. Não era, Majestade. Sinto informar que seu oficial é corrupto. Eu mesmo negociei com ele, para ter certeza de que ele era quem eu pensava. Dito e feito, ele aceitou uma quantia de ouro para não vistoriar o navio.

— Capitão, essa é uma acusação extremamente séria!

— E garanto que verídica, também. Perguntem aos soldados, e eles dirão como o oficial Parker dispensou a vistoria do meu navio. Se investigarem mais, garanto ainda que encontrarão outras negociações ilícitas. Sinto muito, majestade.

— Julian! – Meu “pai” chamou por seu conselheiro mais próximo – Inicie uma investigação sobre as atividades do Oficial Parker. E quero ele interrogado também.

O rei então olhou para mim de esguelha e voltou seu olhar para Tatcher, mais frio do que nunca.

— Agora, Capitão, sobre a moça falecida que encontramos no seu navio....

— Um infeliz acidente, Majestade.

— Que acidente?

— Ela era uma moça de rua prestando seus serviços a mim... Quando se desequilibrou e caiu sobre uma mesa de vidro. Eu pedi ajuda, e a princesa mesmo prestou seus serviços à pobre garota. Mas ela não resistiu.

— Isso é verdade, Katherine? – O rei se dirigiu a mim, pegando-me de surpresa.

Aquela era a hora. Aquele era o momento de expor Tatcher. Mas poderia não dar certo. Ele parecia ter todas as respostas prontas. Poderia muito bem se safar dessa, e eu não sabia de que lado os piratas iriam ficar. Eu reuni toda a coragem que me restava e dei um passo a frente, encarando Tatcher.

— Não, Majestade. Essa não é a verdade.

— Alteza... – Tatcher começou, me olhando friamente.

— Não pedi sua palavra, capitão. – Eu disse, grossamente. – Para começar, a moça não caiu sobre uma mesa de vidro, e sim sobre um vaso de vidro. Isso fez com que centenas de cacos de vidro se instalassem nos tecidos dela. Mas isso não foi tudo. Ela não morreu pelos cortes, e sim pelas pancadas que causaram sangramentos internos. Pancadas essas que você administrava, capitão. – Eu disse, calmamente, e o rei olhou para Tatcher.

— Majestade, creio que a princesa tenha se equivocado. Eu não coloquei as mãos na moça, jamais faria algo assim com ela. Pelo contrário! Eu tinha um grande apreço pela garota... a princesa deduziu erroneamente...

— Capitão, - eu o cortei – qual era o nome da moça?

— Perdão?

— Qual era o nome da garota pela qual o senhor tinha grande apreço?

— Alteza, não vejo como isso tem relevância.

— Responda à pergunta, Capitão. – Gregory rosnou baixinho para Tatcher.

O som de sua voz fez meu coração dar um pulinho e em seguida, se apertar de dor.

— Eu...não me recordo, Alteza. – Tatcher admitiu.

— Marianne. O nome dela era Marianne e enquanto eu limpava e cuidava de todas as suas feridas, tivemos certo tempo para conversar. Foi o senhor que a jogou sobre a mesa e sobre o enfeite de vidro. E antes disso, o senhor a espancou. Eu não sei o motivo certo, mas posso deduzir que é por conta de dinheiro.

— Dinheiro?!

— Sim. Eu sei dos seus planos para ganhar uma possível recompensa...- Eu me virei para o rei – Ele esperava ganhar algo em troca de me entregar. Nega isso, capitão?

— Não. Mas não há crime em tal coisa. Minha tripulação inclusive concordara com o plano, mas nós iriamos devolver a princesa sem chantagens... – Tatcher esclareceu, obviamente falando sobre o dinheiro do resgate.

— Engraçado isso, capitão. Pois eu andei investigando e seus piratas não seriam os únicos a receber parte do dinheiro. De fato, você prometeu a recompensa a tantas pessoas, que não sei como conseguria pagá-las.

— Eu não sei do que vossa Alteza está falando.

— Da suposta recompensa que você iria ganhar comigo! O senhor usou-a para fazer empréstimos... prometeu o dinheiro a banqueiros, comerciantes, agiotas e até a outros capitães. Tudo para manter o luxo de seu estilo de vida. Mas uma recompensa não renderia tantos colaboradores, então só posso deduzir que você deixaria de lado a sua tripulação. E não só isso, como fugiria com parte do dinheiro, deixando-os à mercê de suas dívidas na vida de pirata.

— Alteza, eu nunca faria tal coisa... – Tatcher tentou dizer, mas os outros piratas sabiam que tinha verdade em minhas palavras, e encaravam o capitão com cara de poucos amigos.

— Ah, não? Então por que o senhor me propôs casamento, alegando que abandonaria a tripulação no navio para continuar com a vida de pirata enquanto o senhor se tornaria o herdeiro do trono? Ou vai negar isso também?

Tatcher ficou quieto, e o rei não esperou mais palavras. Bateu com força no braço do trono e chamou um guarda.

— Não preciso ouvir mais nada. Minha sentença já está formada. Eu condeno a você, Capitão Tatcher, a cinquenta anos na prisão, por assassinato, violência, suborno, desacato a autoridade e chantagem. Levem-no daqui.

O guarda pegou Tatcher pelo braço, que não lutou nem revidou, apenas me encarou com um olhar gélido e ameaçador.

— Algum de vocês tem algo a acrescentar? O que tem a dizer em defesa do capitão? – O rei perguntou aos piratas.

Os homens se olharam e pareciam ter chegado a uma decisão. Gregory deu um passo a frente.

— Majestade, falo por todos quando afirmo que o capitão é mais que merecedor de sua sentença.

— Muito bem, estão dispensados.

— Na verdade, Senhores, eu gostaria que ficassem para um chá privativo. Gostaria de falar com vocês. – eu pedi.


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