Capítulo II

Família Weasley e algumas histórias.

Parte I

Amelie arrumou suas coisas o mais devagar possível, observou o seu quarto, o único cômodo que não fora bagunçado: suas paredes eram azuis turquesa e continha inúmeros adesivos de estrelas; uma cama de casal ficava no centro, e sobre ela um edredom azul com pequenos pontinhos amarelos. As cortinas eram brancas, e havia uma escrivaninha com inúmeros livros escolares sobre ela, um roupeiro branco com sua tinta já desgastada ficava na parede ao lado da porta, ela sentiria falta daquele lugar.

Após colocar algumas peças de roupa numa mala de viagem de tom coral, ela fez um movimento com a cabeça, indicando a Dumbledore que estava pronta para partir, o homem então sorriu e colocou a mão no ombro da jovem, que com medo fechou os olhos, sentiu uma sensação estranhar passar pelo seu corpo e momentos depois ao abrir os olhos deu um pulo de susto. A imagem de seu pequeno quarto havia sumido, estava em outro lugar, num enorme campo esverdeado e mais a frente continha uma casa com sete andares que a qualquer momento parecia que iria desabar; continha um jardim na frente e um grande pomar, ao lado da casa havia uma garagem com um carro e alguns objetos.

 — Parece... Perigoso. — Comentou Amelie enquanto observava a serenidade no olhar de Albus Dumbledore.

— É segura. — Ele disse, mas não aumentou muito a coragem de Amelie para entrar na casa.

Dumbledore começara a andar, enquanto a garota hesitou por alguns momentos, e com alguns passos apressados apareceu ao lado do homem. Ao longe, era possível ouvir gritos de diversos tons, impossível saber o que se falavam naquela casa. Dumbledore bateu a porta dos fundos da casa e alguns segundos depois os gritos se cessaram. Uma mulher baixa e rechonchuda apareceu ao abrir a porta, ela sorriu ao ver Dumbledore e Amelie, abriu espaço para deixa-los entrar.

Amelie percebeu que o cômodo se tratava de ser uma cozinha. Havia uma enorme mesa no centro, aproximadamente oito cadeiras, havia caçarolas e panelas penduradas pelas paredes, uma grande pia com um fogão ao lado e antes que pudesse observar mais o local, ela viu que Dumbledore seguia para outro cômodo. Apertou o passo e seguiu o homem que andava ao lado da mulher. O outro cômodo, Amelie percebeu que se tratava de uma sala de estar. Havia um sofá e várias poltronas, uma grande lareira e sobre ela um relógio... Diferente. Ela notou que invés de números havia várias frases como “escola”, “trabalho”, “casa”, “viajando” e uma que chamou a atenção de Amelie, “perigo mortal”, seria literalmente? E também havia nove ponteiros.

Amelie saiu de seus devaneios quando Dumbledore pediu para que se sentasse em uma das poltronas, a mulher cujo fora apresentada se chama Molly Weasley, ela lhe trouxe chá e alguns bolinhos, que Amelie devorou em questão de segundos.

— Estava faminta, — Ela sorriu para Molly. — obrigada, senhora Weasley.

— Imagine querida. — Molly sorriu. — Vou estar na cozinha, qualquer coisa só me chamar.

A mãe da família Weasley retirou-se do recinto, deixando Albus e Amelie para trás; por um momento, Amelie encarou o homem sentado a sua frente. Ele esbanjava serenidade e parecia não se preocupar se a casa iria cair sobre suas cabeças, estava bebericando seu chá e depois pousou a xícara sobre a mesa de centro.

— Seu pai é um grande bruxo. — Dumbledore cortou o silêncio. — Muito sorrateiro na escola, confesso, aprontava inúmeras coisas ao lado de seus melhores amigos; mas um coração enorme. Sua mãe ao contrário, envolveu-se com Voldemort, Lord das Trevas, matou muitos. — Ele parou e observou Amelie, estava boquiaberta, nem acreditava ser filha de alguém tão cruel. — Ela escapou de Azkaban há algumas semanas, não sei o motivo de ir atrás de você após tanto tempo.

— Qual o nome deles? — Questionou a garota.

— Sirius Black e Bellatrix Lestrange... Eles são primos.

— Como é?

— Isso eu não sei como aconteceu, terá de perguntar a eles.

Amelie não acreditava no que estava ouvido; seus pais eram primos, sua mãe uma assassina. Dumbledore contou que ela teria de ingressar em Hogwarts, teria que passar pelo chapéu seletor, mas começaria os estudos no quinto ano; e teria aulas extras para aprender o que perdeu, e nas férias escolares, passaria na casa da família Weasley.

— Mas eu nem os conheço. — Ela falou cabisbaixa. — E como aceitariam a filha de uma assassina?

— Não é porque é filha de uma assassina que você é uma. — Falou Dumbledore gentilmente. — A família Weasley é amigável e carinhosa, abriga Harry Potter, filho de James Potter, um dos melhores amigos de seu pai.

Amelie ainda não se sentia confortável com a ideia, mas aceitou sem reclamar. Minutos depois, Molly Weasley apareceu no cômodo informando que o jantar estava pronto, Dumbledore incentivou a garota para ir até a cozinha onde seria servida a refeição e seriam feito as apresentações.

Parte II

A cozinha já estava lotada, Amelie observou sete pares de cabeça de uma única cor, apenas uma se diferenciava das outras, deduziu então que aquele seria Harry Potter. Aos poucos, Molly fora apresentando seus filhos.

— Este é Percy, o mais velho por aqui — Indicou. — Fred e George... Ou George e Fred — Ela deu de ombros com a confusão. — Rony, Ginny e Harry. — Harry deu um aceno de cabeça e Amelie retribuiu com um sorriso. — E este é Arthur.

— Lisonjeado. — Ele sorriu observando os pratos sobre a mesa. — Agora vamos comer.

Todos seguiram aos seus lugares, Amelie ficou entre os gêmeos e Dumbledore ao lado de Harry. Serviu-se de deliciosas comidas das qual Amelie sequer sabia o nome, provavelmente seriam pratos bruxos. O jantar era animado e cheia de conversas sem sentido sobre artefatos trouxas, como se chama as pessoas não-bruxas.

— Você viveu em uma comunidade trouxa por todo esse tempo? — Questionou Rony. — Espero que seus pais adotivos não tenham sido iguais aos tios de Harry.

— Eles eram ótimos. — Amelie sorriu. — Atenciosos e carinhosos.

— Sirius é uma pessoa do bem. — Comentou Harry. — Ele é carinhoso...

Amelie sorriu, não queria continuar aquela conversa, ao menos não na mesa, não queria ter algum ataque de revolta e sair jogando comida em todo mundo. Aquele não era o seu lugar. Seu verdadeiro lugar era ao lado de seus pais... Onde eles estariam afinal?

Parte III

Após a refeição, Percy seguiu até seu quarto onde trancou a porta e não se pronunciou mais, Rony decidiu ir jogar um pouco de quadribol junto a Fred, George e Ginny, enquanto Amelie e Harry observavam tudo sentados em um banco de madeira improvisado.

— Todos os bruxos acham que Sirius é uma má pessoa, mas ele não é. — Harry começou a dizer. — Ele chegará daqui quatro dias, talvez, ainda tem alguns aurores atrás dele.

— Sabe, Harry, durante um bom tempo da minha vida eu me perguntei quem eram meus pais, — Amelie o encarou. — eu fiquei pensando num bom motivo para eles me jogarem na soleira da porta de dois desconhecidos, mas não existem motivos que expliquem tal ato. Eu os odiei mesmo sem conhecê-los, mas eu nunca necessitei do amor de ambos, pois eu tinha Miranda e Benjamim... Mas sei que talvez eu nunca torne a vê-los, e assim será melhor.

— O que quer dizer com isto?

— Se Bellatrix quer me matar ou sei lá o que, tentará afetar quem eu amo... E eu os amo mais que minha vida, e enquanto ela estiver à solta por aí, não voltarei para casa. Talvez arranje algum lugar para ficar...

— Eles estão na casa de Mione, uma grande amiga nossa, é totalmente confiável, seus pais são trouxas.

Amelie assentiu com a cabeça e voltou a ver o jogo de quadribol, era diferente. Usavam vassouras voadoras e corriam atrás de uma bola, mas Rony me explicou que no verdadeiro jogo, havia dois balaços dos quais os jogadores precisavam se esquivar, uma goles, do qual precisavam acertar num dos três arcos e o pomo de ouro, qual o apanhador escolhido pelo time precisava capturar pois a pequena bola ficava sobrevoando todo o campo, em alguns casos, decidia qual time iria ganhar, mas ela apenas dava 150 pontos ao time.

A noite se estendeu por muitas horas de jogos de quadribol, do qual revezavam entre Ginny e Harry, ou George e Rony, a jovem Amelie até tentou jogar, mas não se dera muito bem com a vassoura voadora.

E contrariando seu pensamento no inicio do jantar, ela se sentia em casa, sentia-se uma Weasley.