Poderes das Profundezas escrita por M Schinder


Capítulo 5
Capítulo quatro: Lar, doce lar (Elliot)


Notas iniciais do capítulo

Voltei com mais um capítulo.
Não sei se vocês ainda estão lendo, mas me sinto na necessidade de continuar postando. Espero que gostem desse capítulo.

Boa leitura!!



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Quando pousamos, não precisei caminhar com todas aquelas pessoas atrás de minhas bagagens. Saí correndo direto para a saída com minhas duas bolsas e acenei para um táxi. Aterrissamos no começo da tarde, o que se mostrou o pior horário possível. Estava quente e abafado; o Sol queimava a minha pele e fez com que gotas de suor se formassem e escorressem pela extensão de meu braço - e pelo corpo inteiro.

Fui obrigado a arrancar meu casaco, assim que adentrei o carro amarelo, e enfiá-lo dentro da mochila. Informei o endereço para o motorista e recostei-me com alívio no banco. Finalmente, depois de horas de viagem, poderia descansar um pouco. Contudo, minha paz não durou o suficiente. O telefone começou a tocar alto; a melodia de "Viva la Vida" invadindo meus ouvidos.

— Alô — atendi sem muita animação levando o aparelho até o ouvido esquerdo.

— Elliot Morrison, o que pensa que fez com a doutora Melissa? — inquiriu a voz irritada de minha mãe saindo do aparelho. Se eu conhecia bem a dona Camille, ela ficaria no meu pé por dias pela resposta ousada e infantil que dei a minha psicóloga. — Que atitude infantil foi aquela?

— Mãe, eu só deixei escapar — respondi torcendo para que aquela conversa não se estendesse. — Estava muito ansioso para pegar o avião. E se a senhora quiser saber, já cheguei ao Havaí, estou quase no apartamento. Posso ligar mais tarde? Estou cansado...

Uma pausa. Fiquei esperando por dez segundos e realmente acreditei que ela tinha desligado na minha cara quando um suspiro chegou ao meu ouvido.

— Tudo bem. Entre em contato depois de se instalar, conversaremos nessa hora — concordou para minha imensa surpresa. — Filho? Não se esqueça que eu e seu pai estamos orgulhosos de você.

E desligou, sem esperar que eu respondesse. A mão que segurava o celular caiu em meu colo e eu revirei os olhos. Se havia uma família mais enlouquecida que a minha, eu gostaria de conhecer para me sentir normal pelo menos uma vez em minha vida.

 

Foi necessária uma hora para chegar ao prédio em que eu moraria. Era extremamente perto da orla da praia, o que facilitaria o início de minhas pesquisas. O apartamento não era verdadeiramente meu, pertencia à empresa que me contratou para meu novo trabalho – como afirmaram que me pediriam para viajar muito, preferiram arranjar alojamentos temporários para mim.

Agradeci ao motorista e lhe entreguei uma nota de cinquenta – a viagem custara mais que o dobro de tudo que já havia pago em minhas andanças de táxi. Peguei as duas mochilas e caminhei até a entrada, um senhor de expressão gentil sorria para mim. Usava um tapa olho e acenou alegremente quando parei a sua frente.

— Você deve ser o Ellio, o novo biólogo da empresa Nakayama, não é? — perguntou segurando minha mão e sacudindo-a com firmeza, depois que acenei positivamente para sua pergunta. — Sou Kaihe, o sindico. Cá está sua chave e, se precisar de qualquer coisa, pode entrar em contato e providenciarei para você.

— Muito obrigado — agradeci recolhendo o molho de chaves que me era estendido e caminhando até a escadaria. O senhor me seguiu com o olhar até que eu desaparecesse ao subir os degraus.

O local não é o mais luxuoso em que já estive. Até mesmo o antigo apartamento de meus pais era mais bem conservado que as paredes daquele prédio e sua pintura. Enquanto subia os degraus, muitas imagens de minha infância surgiam em minha mente, mas tentei me concentrar na decoração desgastada de minha nova casa.

Tudo era cinza. Desde a entrada, onde encontrei Kaihe, até os papéis de parede antigos e desenhados que estavam nas paredes. Eu esperava algo mais colorido, sendo que estava no Havaí, mas creio que minha mente estava me pregando peças depois de ser influenciada por tantos filmes e imagens estereotipadas do lugar.

Um pequeno adendo, depois dessas considerações "felizes": percebeu meu pensamento direcionado sempre para o fato de eu estar errado? É, isso acontece se você não tem uma boa autoestima e passou muito tempo sendo chamado de louco.

Parei em frente a uma porta de madeira. Estava arranhada e velha, mas tive que admitir sua solidez e fiquei um pouco mais tranquilo ao abri-la e descobrir que o interior do apartamento era muito melhor do que tudo que vira até ali.

O lugar possuía as cores marrom e branco – a primeira em quase todos os móveis e a segunda nas paredes. O chão é de madeira polida e não fez nenhum barulho conforme dava meus primeiros passos pelo cômodo. Larguei as mochilas em cima de do sofá e olhei ao redor com mais atenção.

A sala possuía um sofá e uma poltrona em modelos antigos, mas muito confortáveis; o mais moderno do lugar é a televisão, tela plana com trinta e duas polegadas; havia uma mesa atrás dos sofás, com quatro lugares e um pequeno vaso de flores amarelas sendo o destaque principal. A cozinha possuía conceito aberto com a sala, por isso a bancada em estilo americano permitia a visão completa de ambos os cômodos; o lugar onde prepararia minhas refeições é branco com detalhes em preto, muito moderno e destoante do resto da casa. Estava prestes a ir para o interior do apartamento quando meu celular voltou a tocar, dessa vez foi a melodia de "Back in Black" que ecoou por todos os lados. Atendi apressado.

— Morrison falando.

— Boa tarde, senhor Morrison. Espero que tenha tido uma boa viagem — comentou a voz baixa e muito séria do homem do outro lado da linha. — Em nome das empresas Nakayama, tenho muito que agradecer por sua disponibilidade em se mudar, precisávamos muito retomar essas pesquisas.

— É uma honra poder trabalhar em algo que Nakayama Akihito fez parte — respondi sem hesitar. Akihito era meu herói de infância, ainda mais porque fazia o que eu sonhava desde que nasci: viver dentro da água. — Agradeço pela confiança, senhor Nakayama.

Acho que vão se surpreender se eu contar, mas esse homem com quem estou falando é o próprio CEO das empresas Nakayama, Nakayama Mitsuko. Ele é apenas dois anos mais velho que eu, mas tem um império sobre seu poder e é tão reconhecido pelo mundo que falar pessoalmente com ele é, normalmente, impossível. A pesquisa que estava prestes a começar deveria ser muito importante para a empresa.

— Fico contente em saber que está animado por seu trabalho — continuou mantendo a voz fria e distante. — Tire esse dia para descansar e conhecer um pouco da cidade. Durante a noite enviaremos as informações necessárias para sua pesquisa.

— Sim, senhor — concordei e ouvi o som característico da linha sendo cortada.

Eu ganhei uma oportunidade enorme ao ser contrato por essa empresa e não podia deixar que nada atrapalhasse meu caminho, ainda mais quando almejava tanto fazer meu nome se tornar conhecido. Espreguiçando-me e preparando-me para fazer o que meu chefe aconselhou, arranquei os sapatos e peguei minhas mochilas. Pretendia passar toda a tarde em meu quarto descansado e me preparando para o que começaria em dias posteriores.


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Notas finais do capítulo

e então, o que acharam? Deixem seus comentários!



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