2 de outubro de 1996

Voldemort ficou surpreso com a proposta de Bellatrix. Um filho era tudo o que ele nunca tinha imaginado ter.

— Um filho? Você quer ter um filho comigo?

— Por que não, Milorde? Um filho é a maior herança que alguém pode ter! A perpetuação de sua linhagem! Mais um herdeiro de Slytherin no mundo!

Voldemort deu um sorrisinho de canto de boca. Já imaginava as intenções dela, mas quis deixar que ela falasse:

— E com quem eu teria esse filho?

Bellatrix corou. Tinha ensaiado esse momento há dias, mas agora sentiu suas pernas bambearem.

— Eu... Ficaria muito honrada se me escolhesse, Milorde, eu prometo que... Eu me esforçarei ao máximo para ser a mãe ideal para o seu herdeiro!

— Pois bem, Bellatrix... Você será a mãe do meu filho. Converse com aquele seu marido e depois combinamos como vamos gerar o... Meu herdeiro!

Rodolfo não ficou lá muito contente com a notícia, mas Bellatrix enfatizou que estava apenas cumprindo ordens.

— Tá, se é tão importante assim para o Milorde, diga a ele que por mim tudo bem!

Bellatrix saiu dando pulinhos de alegria. Sempre amou Lord Voldemort, desde a primeira vez que ouviu falar dele. Na verdade, ele foi o seu primeiro amor. Rodolfo foi um casamento arranjado entre suas famílias. Os dois tinham muito em comum, mas não eram mais que bons amigos. Já Voldemort não. Ele invadia seus sonhos, a fazia ir às nuvens só ao ouvir o som de sua voz, até se imaginava com ele quando estava com o marido. Rodolfo nunca percebeu nada, era um pouco distraído nas coisas do coração.

O grande dia foi marcado para o domingo. Voldemort parecia contente, finalmente tinha conseguido pôr as mãos no Olivaras e no dia seguinte ia tentar arrancar dele alguma coisa sobre a Varinha das Varinhas. Bellatrix se esforçou ao máximo para que tudo ficasse do agrado de seu amado. Colocou velas, um lençol de seda e tentou deixar o quarto com cheiro de jasmim, mas um forte odor de carne podre teimava em não sair dali.

Voldemort chegou. Ela o achou belíssimo, com sua capa preta e suas feições desfiguradas, típicas de um bruxo que mergulhou fundo nas artes das trevas.

— Milorde, o senhor gostou?

— Está estupendo! Essas velas, esse aroma...

Voldemort fechava os olhos e abria as narinas para sentir melhor aquele cheiro. Bellatrix estranhou:

— Milorde, eu não tenho nada a ver com isso, eu juro que...

— É, claro que não. Mas prefiro assim. Agora vamos ao que interessa!

A relação não durou mais que trinta minutos. Para Voldemort, não significou muita coisa, mas para Bellatrix foi a realização de uma vida inteira.

Alguns dias depois, Bellatrix não se sentia segura quanto a uma possível gravidez:

— Ainda acho que deveríamos tentar de novo, Milorde...

— Não, uma vez só já basta – Voldemort apontou a varinha para o ventre de Bellatrix e disse – O herdeiro está a caminho!

Os meses se passaram, mas a barriga de Bellatrix não cresceu muito. Ela não sentiu qualquer tipo de indisposição ou enjoo e participou normalmente das reuniões e sessões de tortura que ela e os outros Comensais faziam. Até uma manhã de um domingo em que Bellatrix sentiu uma pontada. Estavam todos na sala e apenas ela na varanda. Narcisa, que estava por perto, foi até lá acudir:

— Cissa... Acho que vai nascer!

A própria Narcisa fez o parto. Não foi muito difícil, a criança saiu rapidamente.

— É uma menina!

Bellatrix olhou a criança com uma pitada de decepção. Achou que Voldemort fosse preferir um menino e até ia rejeitar o bebê quando ele chegou.

— Milorde, veja a sua filha!

Narcisa entregou a criança a Voldemort, que sentiu uma sensação diferente ao olhar o bebê. Era careca, tinha olhinhos escuros e pele muito branca. Já estava banhada e usava uma velha manta de Draco. Ele murmurou:

— Ela é linda!

Bellatrix sorriu para ele. Outros três Comensais da Morte se aproximaram, entre eles, Rodolfo. Voldemort ergueu a menina e disse:

— Eis Delphini, a herdeira de Lord Voldemort!

Os Comensais aplaudiram. Narcisa abraçou Bellatrix, que chorou de emoção. Agora ela e o Lorde das Trevas estavam ligados para sempre.