Z de Morte escrita por Mallock


Capítulo 9
Capítulo 8 - Sangue


Notas iniciais do capítulo

"Eles surgiram e o tempo está acabando..."



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/725395/chapter/9

Estava tudo escuro... Mas havia uma luz... Surgindo... E uma sensação de paz...

— Demian. Demian! — Uma voz no fundo gritava. — Demian! — Ela persistiu.

Era voz de uma mulher. Era uma deusa vindo junto com a luz. Como se eu estivesse no céu.


                           ****

Três minutos. Exatamente três minutos foi o tempo que fiquei desacordado. Uma mulher de cabelos crespos e pretos, me deu alguns tapinhas no rosto para que eu despertasse.

— Onde estou? — perguntei, abrindo os olhos e voltando do mundo dos mortos.

Ela sorriu e olhou para o sujeito ao lado. Não deu para ver exatamente o rosto, mas dava para notar que era conhecido. Sim, era o mesmo homem que vi ao acordar naquela cama.

— Ele parece bem. — ela disse, olhando para o sujeito.

Olhei para o lado e levei um susto ao ver a mesma criatura de antes. Saltei num pulo para trás.

— Ei, ei. Acalme-se! — pediu o homem de pele negra. — Nós a matamos e salvamos você. — Prosseguiu.

— O que esse bicho está fazendo aqui? Onde diabos eu estou? — no momento, a única coisa que minha vinha a cabeça era descobrir o que estava acontecendo. Isso tudo era surreal demais.

Os dois se olharam por alguns instantes.

— Era para o Dênis cuidar disso. Mas o filho da mãe sumiu. — foi a mulher quem respondeu.

— Como assim, "sumiu"? — indaguei, me levantando do chão.

— Ele que fica por aqui cuidando do local. Era pra ele não deixar essas coisas andando por aí. — ela colocou uma das mãos na cabeça e parecia pensativa.

— Espera, você está dizendo que existe mais dessas coisas por aí? — perguntei, me aproximando dela. — Você só pode estar de brincadeira com a minha cara. — serrei os punhos sem nem pensar no que eu poderia fazer. Meu pescoço ainda doía. Provavelmente está roxo.

— Tem sim. — ela respondeu calmamente. — Eles aparecem de vez em quando. Não sabemos de onde vem. — ela olhou para o outro sujeito como se pedisse ajuda mentalmente para explicar a situação.

— Vocês já pensaram na hipótese de ter um ninho deles por aqui? — indaguei, deixando-os pensativos.

— Um ninho? — indagou o homem. — Ele pode ter razão. — ele olhou para a criatura com uma de suas mãos no queixo.

Mas é óbvio que tenho razão. Pensei comigo mesmo. Essas pessoas não podem ser tão burras assim. Deve haver algo errado por aqui. Onde está todo mundo?

— Vamos procurar pelo Dênis. Ele deve saber de algo. — disse ela, virando para seguir o caminho.

O homem me olhou e virou na mesma direção que ela.

— Vamos? — perguntou antes de sair andando.

— Preciso encontrar uma amiga. — respondi. — Quero saber se ela está bem.

— Sua amiga está bem. Eu te levo até ela quando encontrarmos Dênis. — ele deu um tapinha no meu ombro e lembrei instantaneamente do Loiro, o que me deixou bastante intimidado e com os dois pés atrás sobre esse sujeito.

Assenti a cabeça concordando com ele. Esse tal Dênis não deve estar muito longe. Eu os ajudo a encontrá-lo e depois ele me diz onde está a garota e eu saio desse lugar com ela. Eu fiz uma promessa e nunca descumpri uma em minha vida. Não vai ser agora que vou quebrar o prometido.


                                 ****

Passei por várias portas sem encontrar algum vestígio de onde ele poderia estar. Porém, após longos minutos, nós três sentimos o mesmo cheiro de podridão, como se tivesse um esgoto por perto. O cheiro vinha de uma porta marrom que estava semiaberta. Havia sangue ainda fresco derramado ali.

A mulher colocou uma das mãos na boca e começou a chorar. O sujeito a abraçou e olhou para mim, como se pedisse para que eu abrisse a porta.

Entendi o recado e foi o que fiz.

Lá dentro havia um corpo — ou o que restou dele — e a lâmpada acesa e piscando. Olhei para os cantos sem ver nada. O morto tinha uma arma em mãos. Era uma pistola calibre 22. Finalmente tenho utilidade pra essa caixa de balas em meu bolso.

Pra não perder a viagem, verifiquei os bolsos da calça que o morto vestia. Achei mais balas soltas, uma carteira de cigarro com apenas 7 restantes e um isqueiro. Olhei para o teto e fiquei apavorado com o que eu vi.

Havia um buraco enorme que dava a visão dos andares superiores e a certeza que havia mais bichos famintos por aqui.

Saí da pequena sala, que nada mais era que um almoxarifado, e fui em direção aos dois que me aguardavam. Mostrei o cigarro e a mulher pegou da minha mão.

Ela colocou um cigarro na boca e as mãos nos bolsos a procura de um isqueiro. Estava trêmula e transpirava medo a quilômetros de distância. O sujeito não dizia nada. Mas não escondia a gota de suor em sua testa.

Peguei o isqueiro do bolso e acendi o cigarro pra ela. E ela se deixou cair sentada ao chão, escorada na parede.

— Ele era um bom homem. — dizia, com a voz trêmula assim como as mãos. — Sempre cuidou de todos nós. — Mais lágrimas caíram do seu rosto.

— Calma, vai ficar tudo bem. — disse o sujeito, tentando acalma-la.

— Não, não vai ficar tudo bem. — eu disse, já com pouca paciência para aquilo. — Essas coisas estão lá em cima e isso me leva a crer que tem algo que os interessa muito lá. E isso me faz perguntar. O que tem lá em cima? — perguntei, firmemente.

Ela olhou para o homem ao seu lado e ficou alguns segundos em silêncio.

— Todo nosso grupo costuma ficar lá e estão todos lá agora. — ela respondeu. —Inclusive, sua amiga. — e ao dizer isso, baixou a cabeça.

— Que Merda! — exclamei. — Vamos para lá agora! — Verifiquei a arma e lembrei de ter atirado algumas vezes com meu tio na época em que vivi na fazenda dele. Não deve ser tão difícil. Só preciso me lembrar como usar isso.

— Espere. — ela se levantou fazendo um esforço além do normal. — pra subir lá em cima, você precisa de um cartão que somente a Luiza tem. — ela me olhava como se não desse a mínima para as pessoas lá de cima. Algo que me fez ficar levemente alterado, mas me contive.

— E onde encontramos essa Luiza e o tal cartão? — perguntei, impaciente.

— Só quem sabia da Luiza era o Dênis, e agora com ele morto, teremos que nos virar. — ela respondeu.

— Ok, eu vou por aqui. E vocês se virem na outra direção. — falei, apontando para onde eles deveriam ir. — Nos encontramos aqui em 20 minutos. Nada mais. Nada menos. — me virei e segui andando sem olhar para trás.

Algo me dizia que eu não faria muitas amizades pelo caminho. Esse lugar é enorme. Fácil de se perder. Espero encontrar a tal Luiza viva e com o cartão em mãos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tic Tac Tic Tac... Os ponteiros seguem girando...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Z de Morte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.