Acordei no dia seguinte com a luz do sol atravessando a janela e a cortina branca se direcionando diretamente aos meus olhos,pisquei algumas vezes me acostumando com a claridade,me remexi algumas vezes na cama,tentei me levantar mais senti braços ao redor da minha cintura impossibilitando o ato.Virei-me encarando Adrian deitado ao meu lado,dormia tranquilamente,sorri pensando se sonhava algo bom,mas logo vieram as lembranças dos últimos meses,levantei-me bruscamente deixando Adrian atordoado.Ele abriu os grandes olhos verdes me encarando.Já de pé,me direcionei a porta para sair do quarto quando escutei meu nome na voz embargada ainda pelo sono.

—Marinette?
 -Eu preciso ir Adrian.-Pronunciei ainda de costas.
 -Como assim ir embora?Eu sei que sua mãe precisa de você agora,mas espera,vamos conversar sobre a gente,sei que estou sendo egoísta pedindo isso.-Nesse momento o loiro sentou-se na cama.
 -Não existe mais "a gente"Adrian. Você poderia muito bem ter dito a verdade depois de todo esse tempo que passamos juntos,eu até poderia ter te perdoado,mas não,resolveu continuar com isso me fazendo de otária para todos os nossos amigos. Adrian eu detesto mentiras,ainda mais quando são sobre mim!
 -Eu sei que errei,mas por favor me perdoa,eu me arrependo de tudo que eu fiz,eu me apaixonei por você,Marinette eu te...-Cortei.
 -Adrian nem comece com isso,suas palavras irão sair vazias,esta só dizendo isso tudo por que se sente culpado pelo que fez,e mesmo se realmente me ama,trate de me esquecer a partir de hoje.
 -Não vou te esquecer Marinette,eu me apaixonei por você!
 -Sim,me esquecer,por que a partir de hoje eu volto para a Inglaterra,minha mãe precisa de mim.
 -Mas você pode voltar ainda.

Para dar enfase a frase,e ter absoluta certeza nas minhas palavras,fitei seus olhos,pela última vez.
 -Eu não vou mais voltar.
 -Como assim,como a Alya,nossos amigos,a Miraculous,como a gente fica?!-Senti meu pulso ser segurado por suas mãos.-Você não pode ir para sempre!
 -Manterei contato com Alya pela internet,enquanto a Miraculous,pedirei transferência ainda hoje para a minha antiga escola de dança na Inglaterra.-Respirei.-Não existe mais a gente a muito tempo!Posso ir aonde eu quiser quando quiser,não somos nada,nem namorados e muito menos amigos, Agreste.-Minha voz saiu sufocada.-Me solta,por favor.-Sussurrei por fim.
 -Não Mari,não vou deixar você ir,sei que ainda me ama.
 -Eu não te amo mais.-Fitei o chão.
 -Diz olhando nos meus olhos.-Não o encarei.-Diz!

Escutei desespero em sua voz,eu sabia o que ele queria ouvir,sabia que ainda o amava,que nutria sentimentos pelo loiro a minha frente,não revelaria tal coisa,não a ele,sofri muito a suas custas.Entreguei meu coração disposta a ama-lo com todas as minhas forças,mas foi destruído pelo próprio.

Fitei a imensidão verde que pedia pelas palavras certas.Ali em minha frente o motivo de toda a minha desgraça emocional e também podia ser o motivo da minha felicidade absoluta.Pensei em dizer que ainda o amava,mas do que adiantaria,eu iria embora para a Inglaterra,supostamente irei me casar com um cara que meus pais julgam ser um bom partido para mim e minha família,irei me sacrificar em pró da situação financeira.

Estávamos próximos demais,juntei o resto das minhas forças que ainda havia em meu corpo,abri a boca diversas vezes na tentativa de sair alguma palavras.Respirei todo o ar que coubesse em meus pulmões e pronunciei por fim o encarando.
 -Eu não te amo mais,Adrian Agreste.Agora pelo mínimo de consideração que ainda tenho por você,exijo que me solte agora mesmo.

Adrian parecia surpreso e chocado ao mesmo tempo,minhas palavras foram fundo em sua alma,a tristeza corrompeu seu olhar nublando seus olhos verdes,parecia que uma nuvem cinza pairava acima dos cabelos loiros.
 -Saia daqui agora mesmo,não se preocupe nunca mais irei procurar você. Dupain-Cheng.

Segurei minha lagrimas todo o tempo,não deixaria me abalar enfrente a ele.Me desvencilhei de sua mão e sai sem ao menos olhar para trás.Pegou seus pertences na em cima da mesa da cozinha e saiu batendo a porta.

[POV ADRIAN]

Não imaginaria que tais palavras duras saíssem de sua boca direcionadas a mim,a confiança em sua voz só firmava mais ainda sua frase.Tentei gritar quando a vi passar pela porta porta do quarto,foi inútil,minha voz parecia não sair e minha garganta secar de uma hora para a outra.Escutei a batida mais a frente afirmando sua saída do apartamento.Sentei-me na cama digerindo ainda tudo aquilo.Ir embora para sempre.Sempre era tempo demais para mim.

Fechei os olhos,seu perfume impregnado nas roupas de cama me deixaram em êxtase tornando sua partida mais dolorosa.Joguei-me por fim nos lençóis tentando em vão esquecer que a minutos atrás ainda havia a esperança de vivermos felizes.

[POV AUTORA]

Enquanto Adrian pensava na ex-namorada em seu apartamento, Marinette andava transtornada pelas ruas de Paris,nem um pouco afim de voltar e ser bombardeada pelas perguntas incansáveis de sua amiga Alya rumou ao primeiro parque que lembrava ter passado em um dia qualquer.A movimentação ainda era pouca pelo horário cedo,decidida a não ir trabalhar naquele dia,sentou-se em um banco de madeira gasta perto de uma grande árvore,olhou para os próprios pés em busca de algo em sua mente que trouxesse conforto,nada.Voltou a pensar na conversa com Adrian,sabia que suas palavras saíram de modo duro de sua boca sendo que cada uma era realmente merecida em sua particular opinião.Recostou-se no encosto de madeira olhando para o céus azul com poucas nuvens,o sol ainda se mantinha tímido no respectivo horário.

Suas lembranças voaram a Inglaterra,era hora de voltar a sua realidade,ao mundo que nunca devia ter saído,devia ter deixado-se levar pelas palavras dos familiares.Achava casamento arranjado coisa do século passado,mas por seu pai,agora em um momento tão delicado,faria o que sempre esteve em seu destino desde criança.Não largaria a dança,de modo que não se oponha as decisões do futuro marido.Saiu de seus devaneios pelo toque incessante do celular,marcava o nome"mãe"

Ligação on

—Alô mãe,aconteceu algo?-Perguntou aflita.
 -Liguei para saber se já esta a caminho.
 -Estou indo ao aeroporto comprar a passagem para o próximo voou.-Mentiu,aquilo nem passara por sua cabeça.
 -Certo querida,venha o mais rápido que puder.-Desligou sem se despedir.

   Ligação off

Jogou o telefone dentro da bolça começando a andar em busca de um ponto de táxi mais próximo.Minutos depois um homem que aparentava seus já bem vividos cinquenta anos parou o carro,Marinette disse que queria ir até o aeroporto de Paris o mais rápido possível,chegando em cerca de trinta minutos,avisou ao motorista para esperar por sua volta.Andou apressada até o balcão e comprou a passagem rumo a Inglaterra,agradeceu mentalmente quando na folha avisava que o embarque seria feito as 14:30 horas daquela tarde.Voltou para o carro onde o motorista esperava paciente,querendo deixar tudo resolvido ainda pela manhã,pediu para se locomover até o café onde trabalhara o último mês.

As ruas eram cheias,diferente de mais cedo,o transito se encontrava insuportável.Parando a frente do café,pagou pela corrida e saiu rumo a entrada do estabelecimento.O movimento era pouco o que facilitou encontrar sua chefe.
 -Marinette?-Gritou assim que a viu.-Esta atrasada!
 -Bom,na verdade eu vim pedir demissão.-Respondeu encabulada.
 -O que,por quê?
 -Preciso voltar para a Inglaterra,problemas pessoais.-Suspirou entristecida.
 -Fazer o que,tenha uma boa viajem de volta Marinette.
 -Obrigada.-Agradeceu sorridente,acenou a mão virando para sair do local quando esbarra em alguém.-Desculpe eu...
 -Marinette.-A voz rouca cortou sua fala.-Você vai embora mesmo?
 -Felix...eu vou sim.-Deu passos para trás.-Se me der licença tenho que ir arrumar minha mala.-Voltou a caminhar para o lado de fora.
 -Espera.-Segurou seu pulso.-Vai quando?
 -Essa tarde,agora pode me deixar ir?
 -Eu quero te pedir desculpas por ontem.-Falou alto.
 -Felix,ontem você realmente errou,não sei se posso te perdoar.
 -Eu sei que agi como um verdadeiro idiota com você,te agarrei a força,juro que nunca fi isso com outra garota,é só que eu gosto muito de você Marinette.-A virou por completo.-Pelo menos me desculpa antes de ir embora,podemos ser amigos.
 -Não quero voltar para a Inglaterra e perder um amigo muito querido por mim.
 -Quer dizer que me perdoa?-Perguntou incerto.
 -Claro.-Felix então a puxou para um abraço caloroso.-Ta me sufocando.-Brincou.
 -Me empolguei.-Passou a mão pelos cabelos envergonhado.
 -Hahaha tudo bem.Tenho que ir agora.
 -Mari será que posso te levar até o aeroporto?
 -Eu preciso mesmo de alguém,fico feliz que seja você.Te espero as 12:00 horas.

Naquela manhã Marinette perdoou seu amigo,Felix Agreste estava fielmente arrependido pelo dia anterior,a mestiça sentiu isso em sua palavras e o desculpou propondo amizade.Voltou para o apartamento que dividia com sua amiga e arrumou tudo que era seu,nada ficaria,após horas o quarto se tornou quase vazio,apenas a cama e o guarda-roupas alertavam que alguém um dia passou por ali.As lembranças seriam guardadas no fundo de sua memória.

Adrian Agreste seria guardado assim como todo o futuro sofrimento que passaria por sua família.Ao meio dia desceu as escadas antes que algum de seus amigos a vissem,Felix esperava em frente a portaria com seu carro.Sorriu para o mais velho que apenas acenou lentamente.Guardaram as malas no banco de trás e partiram para o aeroporto com uma conversa amigável.   

Voou 87 para a Inglaterra,primeira chamada,todos ao portão de embarque.

—É parece que chegou a hora de ir.-Marinette sorriu melancólica.
 -Me ligue quando chegar na casa dos seus pais.-Sorriu de volta.
 -Não diga nada a Adrian sobre mim.
 -Pode deixar,mas seus amigos?
 -Deixei um bilhete para a Alya explicando tudo.Não se preocupe.

Voou 87 para a Inglaterra,segunda chamada,todos ao portão de embarque.

—É melhor eu ir,não posso perder o avião.
 -Tudo bem.

Felix segurou seu braço antes da mesma lhe dar as costas,com cuidado a puxou para perto de si envolvendo seus braços no tronco pequeno da garota em um abraço sincero.A despedida não parecia ser tão dolorosa até aquele momento.Aos olhos de muitos eram namorados que estavam se despedindo para sempre,mas para eles sabiam que não eram namorados e muito menos que não era para sempre,sabiam que se veriam algum dia.

A amizade entre um homem e uma mulher pode ter altos e baixos,podem brigas e ter intrigas.Apesar de tudo,todos sabemos que quando um precisar o outro estara la para o que der vier.

Dando um beijo casto em sua testa afastando de seus braços sorriu.
 -Vá logo antes que eu te impeça de voar para longe.
 -Nos vemos de novo Felix,prometo.

Dando por encerrada a conversa Marinette deu as costas para o amigo,não era mentira por parte de Felix,mais um minuto a sequestraria e impediria sua ida para longe.

Sem olhar para trás com medo de se render a vontade de ficar a mestiça focou seus pensamentos em seu pai e continuou a caminhar.Seria um caminho sem volta.Seu coração se apertou e o arrependimento de sair as escondidas de seus amigos tomou seu corpo,não iria fraquejar.Com uma última olhada para o loiro o viu acenando,sorriu de volta e sumiu por entre as pessoas.
—Adeus.