Meu Querido Cupido escrita por Bonnie Only


Capítulo 24
Você não sabe com quem está mexendo...


Notas iniciais do capítulo

Boa leituraaaa, amo vocês ♥



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Colin e eu entramos na casa da minha mãe às pressas. Abri a porta da casa com a chave extra que guardava em minhas coisas. Assim que passamos pela sala de estar, gritei por ela feita louca, já sentindo o desespero tomar conta de mim mais uma vez. Colin tentou me confortar um montão de vezes, mas não consegui sossegar. Tinha certeza de que algo ou alguém tinha feito mal a ela.

Porém, quando subi a grande escada central da casa, e corri em direção do quarto dela, consegui vê-la saindo do banheiro, com uma toalha em volta do corpo e outra prendendo o cabelo molhado.

— Cassie? — Perguntou quando me viu, e com certeza se assustou ainda mais quando viu Colin.

Corri abraçá-la. Era um grande alívio vê-la tão bem.

— O que faz aqui?

— Você está bem? Alguém veio até aqui? — Perguntei, me afastando dela para checar mais uma vez se estava tudo bem.

— Está. — Respondeu, confusa. — Quem é ele?

— Colin. Um amigo.

Colin imediatamente cumprimentou minha mãe com um beijo. Confusa, ela não tirava os olhos dele. Com toda certeza, mamãe estava experimentando, pela segunda vez, a experiência de trocar olhares com um cupido.

— Por que está tão desesperada?

— Nada. — Respirei fundo, relaxando. — Eu só queria te ver.

— Senti sua falta, também. Todos os dias. — Ela acariciou meu rosto. — Como podem ver, preciso me vestir. Me esperem lá embaixo.

Assenti, levando Colin até a sala comigo. 

— Eu falei. Aquele idiota só queria assustar você. — Colin falou baixinho.

— Ainda não estou convencida. Preciso ver o Dolph, saber se ele está bem. Isso não parece certo. Por quê Dean faria algo assim?

— Porque é um louco desesperado para transar. O mundo está cheio de caras assim. — Colin se sentou no sofá, relaxando.

— Dean é bonito e atraente. Duvido muito que esse seja o motivo. 

Colin deu de ombros, e minha mãe apareceu um tempo depois. Estendeu uma xícara de chá para mim e o Colin, e depois conversou comigo e me fez as mesmas perguntas. 

— Quero visitá-la em um dia desses, Cassie. Acho que tenho o direito de saber em que local a minha única filha está morando, não é?

Colin me olhou, querendo rir. Não seria nada legal levar minha mãe para conhecer os cupidos... Muito menos o Franklin.

— Quem sabe em um dia desses. — Respondi. 

Senti que ela não estava muito à vontade. Era a segunda vez que eu aparecia em casa, desde vários dias. E dessa vez acompanhada de um outro rapaz. O que ela deve estar pensando de mim?

Não podíamos ficar na casa da minha mãe por muito tempo, embora eu quisesse muito. Eu me despedi dela com um abraço demorado e logo depois Colin me levou para o Kismet Diner, para ver se Dolph estava bem. Mais uma vez, decidi que não entraria na lanchonete. Apenas o observei de longe, e Dolph estava tão bem quanto a minha mãe. Com o mesmo bigode e corpo magricela. Sorri, observando-o.

— Podemos ir? — Colin me perguntou.

— Claro. — Me virei, ainda me sentindo mal por ver meu chefe servindo os clientes, sem a minha ajuda.

➴ ➵ ➶ 

Quando chegamos em casa, decidi preparar o jantar para os cupidos. Eu precisava fazer alguma coisa. Estava cansada de me trancar no quarto, e cansada de ter tanto medo das coisas sobrenaturais que estavam acontecendo à minha volta. Ver minha mãe só aumentou ainda mais a minha saudade.

Quando eu estava prestes a chorar, David apareceu na cozinha. 

Ele se aproximou sorrateiramente e ficou bem próximo. Sorriu para mim e elogiou o cheiro da comida, e após alguns segundos de silêncio, perguntou:

— Tem algo para me contar?

Rapidamente congelei.

— O Colin contou a você?

Ele franziu a testa, sem saber do que eu estava falando. Acabei de me entregar.

— O que o Colin deveria me contar?

— Nada...

— Cassie?

Me segurei. Era muito difícil esconder as coisas dele. Talvez eu devesse contar.

— O Dean. Ele me entregou uma caixa. Pensei que fosse mais um presente. Mas dentro havia alguns pertences, do meu chefe e da minha mãe. Eu fiquei preocupada, então pedi ao Colin para me levar até a casa da minha mãe, para ter certeza de que ela estava bem.

David não pareceu nada contente.

— E vocês foram?

— Sim, mas ela está bem...

— Bem? Isso poderia ter sido uma armadilha, Cassandra, para atrair você! 

— Mas era sobre a minha mãe! Eu nunca me perdoaria se algo acontecesse com ela ou com Dolph por culpa minha. Eu precisei fazer isso, mas descobri que foi uma brincadeira idiota do Dean, talvez uma vingança por eu ter dado um fora nele. Já está resolvido.

David riu, sarcástico. Pensou em dizer algo, mas não o fez. 

— Não faça isso de novo, Cassie. — Olhou no fundo dos meus olhos e disse. Sua voz soou como uma ordem e eu não pude evitar o arrepio que tomou todo o meu corpo.

  ➴ ➵ ➶ 

Eu devia imaginar que os cupidos não deixariam algo assim sair barato. No dia seguinte, à noite, quando eu estava no quarto e os cupidos pensavam que eu estava dormindo, ouvi algumas vozes vindas do andar de baixo. Assustada, desci alguns degraus da escada sem deixar que me vissem. 

Me surpreendi quando vi Dean ali, de pé, próximo ao sofá.

Estavam todos ali, até mesmo Louis. Franklin, David e Bruce fizeram uma quase-roda em volta do Dean, enquanto Colin estava de frente com a porta.

Eles conversavam algumas coisas que não consegui distinguir, mas eu podia ver a fúria nos olhos do David. Também consegui ver Dean explicando algo, numa pose tranquila. Bruce o encarava de braços cruzados e Franklin o encarava inclinando a cabeça.

As coisas pareciam bem, até David virar um soco na cara do Dean. Cobri minha própria boca para não gritar. Dean não reagiu, apenas caiu com no chão com o impacto, colocou uma mão no nariz e sentiu o sangue escorrer. Por que ele não reagiu?

Talvez estivesse com medo de os outros pularem em cima dele.

— Está com medo? — Ouvi Franklin perguntar.

 Dean não respondeu, olhando mais uma vez para a mão com sangue.

— Esse cara é uma comédia. — Franklin riu.

Depois David ficou bem próximo do Dean, e o ouvi dizer algo que parecia ser uma ameaça. Que ele não deveria se aproximar de mim outra vez.

— Você não sabe com quem está mexendo. — Bruce assegurou.

Era estranho ver um cara tão forte como o Dean e que já foi da marinha, não reagir a uma situação como essa. Quando acabaram, Colin empurrou Dean para fora de casa.

Antes que me vissem, corri na ponta dos pés até o quarto.

  ➴ ➵ ➶

Os rapazes me levaram até o Bar dos Cupidos, para me divertir um pouco. É um dos únicos lugares seguros que posso ir. Os cupidos superiores nunca frequentam bares, estão ocupados demais por aí, colocando as coisas em ordem. Então posso ficar aqui o tempo que quiser.

Como de costume, escolhi uma mesa e pedi alguns petiscos, enquanto observava os cupidos se divertirem.

Os acontecimentos da noite passada não saíam da minha cabeça. Dean levou um esporro dos cupidos. A sorte dele é que não usaram os poderes para machucá-lo.

Abri um sorriso sozinha e observei David de longe, jogando com os outros.

Naquele momento tive completa certeza de que podia contar com meu cupido para qualquer coisa. David estava disposto a me proteger a qualquer custo, indo contra todas as regras por mim. 

Não vi Hayley no bar e isso foi um completo milagre. Senti sua falta. Sem ela aqui eu era só mais uma garota sentada, como se estivesse esperando por um cupido para suprimir minhas necessidades. 

E foi exatamente isso o que eles pensaram. Não demorou muito para que um cupido viesse até mim. Era tão lindo quando os outros, alto, e de corpo atlético. Tinha olhos que exalavam perigo e eu podia ver suas pupilas dilatadas.

Ele me chamou para tomar um drink.

Eu disse não.

— Tem certeza? — Perguntou. Com toda certeza eu era a primeira mortal a dizer um não para ele.

— Sim, estou bem.

Não convencido, o cupido sentou-se ao meu lado, bem próximo. O clima ficou bem mais pesado. Assim como os outros, ele exala desejo. Esse lugar é tão errado! 

— Tem certeza que não quer ir até o balcão comigo? — Tentou outra vez.

— Tenho. Na verdade, não sei nem mesmo o seu nome. 

— Alexander. — Estendeu sua mão.

— Cassandra Drayton.— Estendi a minha e ele a beijou. O toque dos seus lábios eram suaves e macios. 

Boa jogada, Alexander. Esses cupidos são demais.

— Cassandra... — repetiu meu nome. — Você é sem dúvida a garota mais interessante que já entrou aqui.

 — Obrigada. — O observei. Ele não faz ideia de que já sei sobre tudo, inclusive a jogada e os encantos que ele está fazendo comigo.

Enquanto conversava com o cupido Alexander, olhei para o David, e percebi que ele parou o jogo quando seu olhar esbarrou em mim e me viu sentada com um cupido. Pouco tempo depois, o vi vindo em nossa direção.

David se jogou ao meu lado, todo folgado.

— E aí, Alex! — David fez um aperto de mão com o cupido e logo colocou um dos seus braços em volta dos meus ombros. Não acreditei na audácia dele. 

— David. — Alexander cumprimentou, cerrando os olhos para a cena. — Então você chegou primeiro. — Falou, concluindo que David "me conquistou" primeiro.

— E já faz um bom tempo, meu caro. — David sorriu maliciosamente e olhou para mim. Evitei contato e fiquei olhando para baixo. Não acredito que ele está fazendo isso.

— Bom... — Alexander se levantou. — Então é melhor eu ir nessa. — O cupido se retirou e David fez uma continência para ele. 

Alexander foi logo na próxima garota que viu. Eu ri.

— Por que fez isso? — Perguntei, ainda grudada com ele. — Eu estava me divertindo! Ele não fazia ideia de que eu já sabia de tudo. Estava sendo hilário.

— Você não iria querer ser alvo desses caras. Eles não saberiam lidar com você. Eles já se aproximam, olham no fundo dos seus olhos, te levam para tomar um drink e depois você acaba na casa de um deles. Eles dizem que não tem número e depois fingem que nunca te conheceu.

Fiquei pensando como David sabia disso. Com toda certeza ele já fez isso com alguma garota.

— E como você lidaria comigo? — O encaro. David ainda estava com o braço em volta de mim e próximo como nunca. Não pude deixar de observar seu peitoral um pouco suado.

— Eu não te chamaria para tomar um drink.

— Já começou bem.

— Eu viria até você, e para puxar assunto, eu reclamaria o quão chato é este lugar. Você iria concordar comigo e iríamos iniciar um longo diálogo sobre como essas garotas conseguem se entregar tão fácil a esses caras. Você me perguntaria se eu percebi que eles são diferentes de todos os outros caras que você já conheceu, que eles possuem uma coisa difícil de explicar... Mas então, você notaria que eu também sou um deles, e ficaria um pouco sem graça.

Não respondi, apenas o ouvi falar, bem próximo ao meu ouvido.

— Você tentaria evitar uma aproximação, não olharia em meus olhos para não cair na minha conversa, mas em um piscar de olhos... Estaria dentro do meu carro.

O encarei, fingindo indignação.

— Tem certeza disso? — Pergunto.

Ele apenas ergueu as sobrancelhas, fingindo inocência.

— Para começo de conversa, eu não estaria aqui. Estaria no Kismet Diner, servindo um garoto gordinho e com acne. Eu não daria bola para você.

David continuou me olhando. Me afastei. Às vezes tenho a leve sensação de que ele pode ler o que eu estou pensando. E isso seria ruim, porque na minha cabeça, eu sei que tudo o que ele falou é verdade. Eu poderia evitar qualquer outro garoto, menos ele. Se as coisas fossem diferentes, e eu não soubesse que ele é meu cupido, não importa o quanto de vezes eu tentasse evitá-lo...

...Com toda certeza acabaria dentro do carro dele. E depois em sua cama.


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Notas finais do capítulo

Até loguinho?

bjsssss



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