Meu Querido Cupido escrita por Bonnie Only


Capítulo 23
Outra entrega Especial


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem por ter sumido ♥ Estive ocupada nesses últimos dias.
Enfim, boa leitura ♥



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São três horas da manhã e limpar a bagunça que os cupidos fizeram por toda a casa depois da festa não foi nada fácil, mas por sorte, Hayley ficou para me ajudar, e logo em seguida, Stacy e Bruce apareceram. Todos os cupidos foram para casa, Franklin bebeu tanto que provavelmente entrou em coma no sofá, Colin deve estar trancado no quarto acompanhado de alguma garota, e David está em seu quarto, dormindo, depois de beber um bocado também. Bruce foi para a cama e chamou Stacy, mas ela se recusou e disse que ficaria para ajudar a limpar a bagunça. Achei muita gentileza da parte dela.

— Parece que um bando de macacos desgovernados passou por aqui. — Hayley tirou uma camisa preta do chão e encarou. Eu e Stacy olhamos para ela e rimos. — Ainda consigo sentir o cheiro de cigarro e cerveja. 

Hayley estava acabada. Depois de ter dançado a noite inteira com os cupidos, e ter bebido um pouco também, algo me dizia que ela precisava ir para casa e descansar, mas ela se recusava. Acredito que ela nunca perderá a oportunidade de estar próxima do David. Se limpar uma casa destruída por cupidos significasse ficar mais próxima do David, ela não exitaria em participar.

— É incrível como alguém consegue viver com tantos garotos. Isso deve ser um porre. — Stacy comentou, juntando um bocado de latinhas do chão e jogando dentro de uma sacola plástica. 

— Pois é. — Concordei.

— A Cassie tem que nos contar qual é o segredo. — Hayley continuou. — Gosto de garotos para me divertir. Mas viver com eles... 

— Vocês aprendem a gostar. 

— Apesar de que viver aqui não parece nada mal. Se David me convidasse, eu toparia na hora. — Hayley disse e riu, Stacy olhou para ela maliciosamente.

— Olha só, então você gosta de um dos caras? — Stacy provocou Hayley, que deu outra risadinha sem graça. Observei as duas, em silêncio. Hayley descabelada, com a blusa um pouco mais para cima do que estava quando chegou, e descalça. E Stacy estava alegre. Observei seu cabelo escuro, a meia-calça preta e rasgada, e calçava um par de botas. Observei as duas garotas e cheguei a uma conclusão.

As duas estavam ali pelo mesmo motivo.

Os cupidos estão segurando elas. Os cupidos estão mantendo essas garotas em cativeiro sem nem mesmo saber! No final de tudo, ambas vão sair com o coração ferido, e aquilo era tão injusto. Eu gostaria tanto de pedir para as duas irem embora e procurarem por caras normais sem me parecer uma louca ciumenta.

— Cassie? Ouviu?

— O quê? — olhei para elas.

— Perguntei se... Se o Bruce fala sobre mim, sabe? De vez em quando. — Stacy me perguntou, e eu me surpreendi. Ela não parece o tipo de garota que faz essas perguntas. 

— Sim. Na verdade ele já falava sobre você há um tempo. 

Stacy tentou disfarçar, mas a vontade de abrir um sorriso falou mais alto. Ela desistiu de pegar as latinhas, deixou a sacola de lado e ficou bem próxima ao sofá de onde Franklin estava desmaiado.

— Acho que vocês duas conhecem o Bruce muito melhor do que eu. Então, ninguém melhor do que as duas para me responder uma pergunta. — Hayley se assentou no cantinho do sofá, quase em cima das pernas do Franklin — Vocês acham que ele gosta mesmo de mim? Acham que vale a pena dar uma chance a ele?

Hayley sorriu.

— Eu conheço Bruce há um bom tempo e te garanto que ele gosta de você de verdade. Ele parou de falar com todas as meninas do bar depois que começaram a sair juntos. — Hayley respondeu.

Era a minha vez de falar. E parecia errado incentivar Stacy a cometer um erro.

— Acho que isso você... Você mesma deve decidir. — Abri um sorri triste, parei para descansar também e suspirei.

— Eu sei como se sente... Estar apaixonada é uma droga. — Hayley reclamou, abrindo a caixa de pizza que estava em cima da mesa de centro e pegando uma, já fria. Logo em seguida levou até a boca, mordeu um grande pedaço e começou a mastigar, triste.

— Prometi a mim mesma que não iria me apaixonar outra vez. Nunca mais. — Stacy falou, imitando a Hayley e pegando um pedaço de pizza. — Depois de terminar com aquele otário... Decidi mandar a vida ir se foder. — Stacy começou a tirar o pepperoni da pizza, até sobrar apenas a massa. — Toda madrugada eu ficava por aí, em alguma esquina do Brooklyn. Até fiz amizade com alguns drogados. Mas o Bruce me encontrou. Ele me deu esperança, entende?

Hayley sorriu para ela.

Continuei calada.

— Algo nele me fez querer ficar mais próxima dele. E não foi só pelo cabelo rebelde ou pelo corpo magnífico. — Stacy falou.

— Eu que o diga. — Hayley se abanou.

— Alguém por favor apaga o fogo dessas meninas. — Franklin murmurou, com a cabeça enterrada no sofá. Acabei soltando uma risada, e elas também.

— Sabe de uma coisa? Nós três deveríamos sair juntas em um dia desses. Só garotas. Por algum motivo, eu gostei de vocês. — Stacy propôs.

— Apoio — Hayley levantou a pizza.

— Por que não? — Resolvi dizer. Só esperava realmente poder fazer isso com elas. Ter amigas em uma fase como essa, seria maravilhoso. 

Terminamos de organizar tudo às quatro e vinte da manhã. Hayley e Stacy foram embora juntas, eu agradeci pela ajuda e decidi subir para o quarto para dormir.

Assim que abri a porta do quarto, devagarzinho, a luz do abajur ao lado da cama estava acesa, então observei David em sua cama. Fechei a porta e me vi ali, no silêncio do quarto dele. Ele dormia serenamente, de bruços. Observei as costas largas e notei que ele ainda vestia a roupa com a qual participou da festa. Me aproximei um pouco mais e abri um sorriso. Aquilo era bom. Poder observá-lo sem sentir medo ou sem sentir o incômodo sobrenatural que ele carrega no olhar. 

Me lembrei do Dean durante a festa, e como ele me assustou quando apareceu nesse quarto. Acho que David não precisa saber de nada disso.

Acabei ficando alguns segundos ali, observando os seus lábios bem desenhados, o rosto estava liso mas eu já podia observar os pelos da barba voltando a crescer. E a forma como seu peito subia e descia conforme ele respirava lentamente.

Seria cruel acordá-lo.

Então resolvi abrir uma exceção para ele, e com passos lentos dei meia volta para procurar outro lugar para dormir. 

— Cassie. — Falou assim que coloquei uma mão na maçaneta. Congelei. Droga.

— Estou saindo. Eu não queria te acordar. — Sussurrei, ainda de frente com a porta e com a mão na maçaneta.

— Não. Volte. — Ele pediu. A voz serena e um pouco rouca. Ele já parecia o suficiente sóbrio.

Olhei para trás e o vi acordado, me olhando.

— Volte a dormir. Eu vou procurar outro lugar. — Abri a porta.

— Feche a porta. — Pediu de novo.

Receosa, fiz isso.

— Venha aqui. 

Franzi minha testa e hesitando, caminhei até ele. 

— Como está? — Perguntou, ainda deitado de bruços, me olhando.

— Bem. Foi uma noite longa. — falei baixinho. — A Hayley e a escolhida do Bruce estavam me ajudando a limpar a bagunça dos seus amigos.

— Vocês não deveriam ter feito isso. Eu ia obrigar o Franklin a limpar tudo pela manhã. — Falou sério e eu ri.

— Não, está tudo bem. Foi bom passar um tempo com elas.

— Ok. — Ele sussurrou e fechou os olhos. — Agora deite aqui.

— O quê? — Perguntei e ri, pensando ser brincadeira.

— Aqui tem espaço o suficiente para nós dois. — continuou de olhos fechados. — Você sabe disso.

— E-eu sei, mas... Não é necessário. Eu já estava saindo. — Me movimentei de volta para a porta.

— Será que eu vou ter que mostrar as minhas asas para você ficar? — Ele se levantou um pouco e ficou me olhando.

Segurei um sorriso e revirei os olhos para ele.

— Vamos lá, Cassie. Durma com seu cupido por uma noite. — Apesar da fraca luz do abajur, consegui observar seu sorriso.

Coloquei uma mão na testa e suspirei.

— Nem todas as escolhidas têm essa chance, hein. — Ele continuou.

— A Stacy tem.  — Retruquei, erguendo as sobrancelhas e querendo rir.

— Boa.

Parei para pensar, e concluí que o que David estava me pedindo, não era nada grave. Poderíamos compartilhar a cama por uma noite. Derrotada, caminhei até meu lado da cama e me deitei. David continuou de bruços e virado, mas tive certeza que ele carregava um ar vitorioso.

Me virei de costas para ele, também, fechei meus olhos e bem baixinho, quase inaudível, murmurei:

— Boa noite, David.

E me surpreendendo, ele respondeu.

— Boa noite, Cassie.

➴ ➵ ➶

Logo pela manhã, quando acordei, alguns acontecimentos da noite passada vieram à minha cabeça. A festa de comemoração ao Colin, a conversa que tive com Stacy, Hayley... E David dormindo ao meu lado. Quando abri os olhos, ele já não estava mais ali. Seu lugar, vazio.

Me levantei, bocejei e cocei meus olhos.

Quando desci até a cozinha, encontrei todos eles lá. Até mesmo, Louis. David e Bruce estavam de pé, preparando o café da manhã. Ambos vestindo camisas que destacavam muito bem seus braços. Enquanto isso, Franklin, Colin e Louis estavam assentados na mesa, esperando.

Nos cumprimentamos e me juntei a eles na mesa. Louis me ofereceu torradas e algumas frutas que estavam ao seu lado. Agradeci, me servindo.

— Nem lembro com quem eu fiquei ontem. — Franklin falou, de repente.

— Com quase todas. — Colin respondeu.

— Legal. Mas e a loirinha? A Hayley? Eu peguei? — Franklin perguntou.

— Não. — Colin riu. — Aceita, cara. Ela nunca vai dar bola para você. Todos sabemos que ela está gamadinha pelo David já faz tempo.

Franklin encarou David, que apenas olhou para ele e riu, balançando os ombros e fingindo não saber de nada.

Enquanto eles conversavam sobre a noite passada, Louis conversou comigo e me contou que conseguiu fazer a escolhida sair de casa, e que ela tem um encontro marcado com o rapaz que ela gosta. Fiquei orgulhosa dele.

Enquanto eu ouvia Louis, observava David. Ele percebeu, nossos olhares se encontraram e ele sorriu para mim. Logo ele e Bruce se juntaram a nós na mesa, carregando panquecas.

➴ ➵ ➶

Os rapazes saíram para fazer seu trabalho, e hoje David acompanhou Louis, para auxiliá-lo e tirar algumas dúvidas dele. Fiquei sozinha com o Colin, já que ele ainda não decidiu quem vai ser sua nova escolhida. Procurei algo para fazer, mas não encontrei nada. Alguns dias eram simplesmente assim.

Às uma da tarde, alguém gritou "entrega" do outro lado da porta. Como Colin estava no andar de cima, resolvi atender. Me entregaram um pacote e pediram para assinar.

Quando descobri que o remetente era "Dean Trent", revirei meus olhos. Mais um de seus presentes. 

Me sentei no sofá e abri o pacote, curiosa para saber qual foi a jogada dele dessa vez. O pacote era um pouco grande e parecia ser interessante.

Quando puxei a tampa da caixa, encontrei mais um de seus pequenos bilhetes, e rapidamente coloquei uma mão em minha boca, horrorizada com o que tinha ali. Era um dos óculos da minha mãe, logo reconheci, mas estava quebrado. E dobrado, no fundo, estava o avental do Dolph!

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Se quiser ter um encontro, eu aceito.

Podemos nos conhecer melhor.

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Não consegui segurar, e acabei chorando. Dean deve ter feito algum mal à minha mãe! E Dolph! Não consegui distinguir o que estava acontecendo e como ele sabia como encontrar a minha mãe. Apenas larguei a caixa e gritei pelo Colin.

Ele apareceu na escada, rapidamente, e estranhou quando me viu chorando.

Quando o vi, rapidamente o abracei. Colin não estava entendendo, então expliquei.

— Dean me mandou outro pacote. — Mostrei o bilhete e o óculos. — Ele sabe quem é a minha mãe e o Dolph, o meu chefe! Olha. — Mostrei o avental. — É dele! Eu acho que ele está tentando me chantagear...

— Calma. — Colin me abraçou mais forte e envolveu suas mãos nas minhas costas. Me senti mais segura assim. — Ele está querendo te assustar, Cassie. Não vamos dar esse gosto a ele.

— Eu preciso ver se ela está bem. — Enfim segurei as lágrimas. — Preciso sair daqui, e ver como eles estão. — Larguei o Colin.

— Precisamos contar ao David, Cassie. Não é seguro.

— Eu não ligo. Eu já queria sair desta casa há um bom tempo. Por minha culpa, as pessoas que amo devem estar sofrendo e eu não estou perto para ajudá-las. Eu não quero ficar trancada aqui, com medo!

— Cassie, calma. — Colin tocou meu ombro. — Isso tudo é para mantê-la segura.

— Tá, mas e os outros? Quer saber, eu vou agora. — Subi a escada, pronta para pegar as minhas coisas e ir para casa, procurar pela minha mãe.

— Cassie! — Colin me chamava com sua voz grave, no andar de baixo.

Arrumei algumas coisas enquanto Colin apareceu na porta do quarto.

— Você ao menos conhece esse Dean? Sabe quem ele é? 

— Não. E ele acabou com qualquer chance que tinha de um dia me conquistar. — Respirei fundo, agora deixando a raiva me dominar.

— Então me ouça. — Ele se aproximou. Colin parecia alterado agora, e sua altura me intimidou. — Eu te levo até a casa da sua mãe, agora. E você vai ver que está tudo bem. Mas me prometa que depois de verificar, você vai voltar para cá comigo, está bem? Deixe suas coisas aí.

Parei para pensar.

— Tudo bem. Então vamos agora, e não diga nada ao David!

 


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Notas finais do capítulo

Até o próximo ♥