Todos os Potter estavam na casa dos avós trouxas de Loreley em Londres, incluindo Alvo e Lilian que já estavam de férias da escola. Lilian não queria perder nenhum detalhe do casamento do irmão, e Alvo ainda não tinha permissão para ficar sozinho sem supervisão paterna por nenhum dia.

Loreley parecia ser a pessoa menos empolgada no dia do casamento, enquanto no jardim estavam arrumando tudo para a festa que aconteceria mais tarde, ela permanecia no seu antigo quarto; estava particularmente enjoada nesse dia, porque além de ter que usar um vestido longo, Tiago tinha saído e ainda não tinha voltado.

— Loreley, você poderia fazer uma cara mais feliz? — Lilian tentou animar a cunhada.

— Não.

— Hey, se você não está legal, deveria cancelar o casamento.

— Eu estou legal, eu só não estou legal... — as duas começaram a rir.

— Você é mesmo pirada!

— Não se preocupa comigo, Lily, eu estou muito feliz, eu ficaria feliz em qualquer lugar do mundo desde que o Tiago estivesse comigo. Então essa cara feia é só por causa do enjoo mesmo.

— Tá, mas mesmo enjoada, você precisa cuidar do seu cabelo, ok?

— Você sabe onde o Tiago foi? — Loreley falou como se não estivesse ouvindo o que Lilian falou. — Ele está demorando né?

— Ele já vai voltar.

— Com licença. Loreley, querida, posso falar com você um instante? — a vó materna de Loreley entrou no quarto.

— Claro, vovó, pode falar.

— Bom, com licença — Lilian saiu e deixou as duas sozinhas.

Loreley quase nunca conversava com a avó porque ela sempre queria falar de Gwen, sua mãe.

— É quase inacreditável que você vai se casar, parece que foi ontem que você nasceu. Eu ainda me lembro quando a Gwen contou que estava grávida.

— Oh, vovó...

— Eu sei querida, você não gosta de falar da sua mãe, tudo bem, eu só queria te dar um presente. Eu dei a sua mãe quando ela se casou, e, deveria ser dada a você por ela, mas... — Loreley recebeu a caixa das mãos da vó e abriu; era um bonito colar, uma joia de família com certeza; Loreley nunca quis as joias da mãe.

— Eu não, posso aceitar, vovó.

— Isso é seu por direito, querida, como todas as joias que eram da Gwen, eu sei que ela ia querer que você ficasse com tudo.

— Vovó... — Loreley tentou conter as lágrimas, mas não conseguiu, e soluçou ao abraçar a vó, naquele choro estava contidas todas as coisas que tinha vontade de dizer e não conseguia, e a vó parecia entender, por que abraçou a neta e bateu nas costas de Loreley.

— Tudo bem, querida. Agora, enxugue essas lágrimas, e se arrume para o seu casamento.

Loreley ficou mais animada depois que Tiago voltou para casa, embora eles não tenham ficado juntos até a hora do casamento; ela passou horas se arrumando, com a ajuda de Lilian e Rose, as madrinhas.

Foi um casamento tipicamente trouxa; a noiva chegou com 15 minutos de atraso, e o noivo já estava impaciente; Loreley entrou na igreja de braço dado com o vovô Gilmore e o filhinho de James e Rose levava as alianças. Depois da cerimônia todos os convidados, trouxas e bruxos foram para a festa na casa dos Stevens.

Lilian não conseguia parar de olhar para Oly Wood, desde que o tinha visto chegar à igreja para o casamento de Tiago. Olívio Junior estava acompanhado pelos pais, o irmão Natan e a namorada dele, Susan. Ele continuava lindo, ainda mais desde a última vez que tinham se visto; mais alto e mais forte, graças aos treinos de quadribol — agora Oly jogava como apanhador reserva nos White Tigers.

Lilian tinha acabado de ficar sozinha, pela primeira vez na festa Rubinho não estava segurando sua mão, nem Harry estava lhe apresentando a um ex-colega de escola, quando Oly foi falar com ela. Nunca foi segredo para Oly que Lilian Potter era apaixonada por ele, até mesmo por que ela mesma tinha lhe dito isso com todas as letras, mas ele sempre a tinha visto como uma criança, e preferido fazer de conta que não sabia nada, seria um pouco complicado ter qualquer relacionamento afetivo com a filha dos Potter, mesmo que ela não fosse três anos mais nova que ele. Isso tinha sido sempre muito claro para Oly, até ver como Lilian tinha crescido e estava linda, não era mais a garotinha de doze anos que tinha conhecido anos antes na Irlanda, era uma mulher, e era difícil ficar indiferente aos olhares da princesa Sonserina.

— Lilian, miss Potter! — ele beijou a mão de Lilian e não pode deixar de perceber o vermelho nas bochechas da moça; mas Lilian se recuperou logo, e sorriu alegremente pra Oly. — Como você está?

— Ótima, e você?

— Esperando que o melhor do mundo resolva se aposentar para eu poder ganhar uma chance no time! — ele disse em tom brincalhão.

— Acho que você ainda vai esperar um bom tempo.

— Eu também! Você está... Muito bonita, Lilian.

— Obrigada, você, ahm, também — Lilian mordeu o lábio e baixou os olhos; Oly estava completamente encantado com a beleza da garota. — Então, você está com alguém?

— Eu não, não estou com ninguém, nada sério — Rubinho estava indo na direção onde Lilian estava, mas parou a uma distância, de um ponto onde ela não poderia lhe ver e ficou observando os dois conversando.

Mas se arrependeu de ter ficado olhando porque não foi nada agradável o que viu depois; Lilian e Oly deviam estar se entendendo muito bem, os dois caminharam enquanto conversavam, e já estavam no fim do jardim da mansão dos Stevens, longe da festa. De longe Rubinho não conseguia ouvir o que eles diziam, mas podia até imaginar, porque a mão de Olívio Junior estava tocando o rosto de Lilian.

— Eu deveria ter tido um pouco mais de consideração com você, Lily, quando você disse que era apaixonada por mim — Lily sentiu um arrepio percorrendo todo o seu corpo.

— Oly... — ela ainda pensou em Rubinho quando sentiu os lábios de Oly nos seus, mas a culpa não era maior que o prazer que estava sentindo, tinha desejado aquele momento desde que conheceu Oly. Rubinho estava vendo tudo, por um instante imaginou Lilian recuando e talvez dando um tapa no rosto de Oly, era o que uma garota que não quisesse ser beijada por alguém que não fosse o seu namorado faria; mas percebeu que isso não aconteceria, porque na verdade, Lilian queria muito ser beijada por Oly; no mesmo instante Rubinho lembrou do adjetivo nada lisonjeiro que Penélope costumava chamar Lilian, “vaca”. As lágrimas vieram aos olhos do garoto, mas ele acabou se controlando, e voltou para a festa, embora qualquer pessoa notasse que ele não estava bem.

— O que aconteceu, filho? — foi o seu pai, Hagrid quem perguntou, quando Rubinho sentou-se à mesa.

— Nada.

— Sua cara não é das melhores.

— Não aconteceu nada, pai, já falei — Hagrid e Olímpia trocaram um olhar, e preferiram deixar o filho quieto, na certa, pensaram, ele discutiu com a namorada. Um minuto depois Harry se aproximou, estava procurando Lilian.

— A Loreley está procurando por ela, vai jogar o buquê, parece que as duas combinaram alguma coisa. Você não sabe onde ela está?

— Não, quer dizer, ela estava com a Loreley ainda há pouco, então...

— Então elas já devem ter se encontrado. Mulheres! — Rubinho forçou um sorrido ao padrinho e voltou a ficar quieto no seu canto, enquanto Harry começou a conversar com Hagrid e Olímpia. Rubinho não quis ficar ali muito tempo, ouvindo a conversa animada dos pais com Harry; se levantou e saiu andando, estava com medo de esbarrar com Lilian e Oly Wood se agarrando no meio da festa; acabou indo sentar onde estavam Hugo e Penélope.

— Cadê o Alvo?

— Ele voltou a ser um Potter — Penélope mostrou Alvo junto com o irmão, Tiago, que demonstrava estar muito feliz; os dois estavam conversando com pessoas que nem Rubinho, nem Penélope conheciam.

— Eu vou pegar uma bebida para a gente, você quer Rubinho?

— Obrigado, Hugo, não precisa.

— Tá, já volto.

— Cadê a sua princesa Sonserina? — Rubinho fingiu ignorar a pergunta de Penélope. — Vocês brigaram?

— O que isso te importa, Penélope? — ele perguntou, mas não estava irritado, e nem foi grosso.

— Nada, eu só estou tentando conversar. Sabe de uma coisa, a Lilian não te merece!

— Ah, não começa!

— Eu só queria que as pessoas começassem a ver como ela é falsa.

— A Lily não é falsa.

— Qual é!

— Por que você fala essas coisas da Lilian?

— Porque eu vejo que ela não é nenhuma santa! Tudo bem, ela pode não ter transado com o time de quadribol inteiro, mas ela estava se jogando para o Olívio Junior!

— Chega, Penélope, eu não vou admitir que você diga mais nada com a Lily, entendeu? — Rubinho falou tão sério que assustou Penélope; no mesmo instante Hugo voltava.

— O que foi? Que tá rolando?

— Nada. Com licença. — Rubinho saiu; estava perambulando no meio dos convidados, pensando em ir embora imediatamente, quando praticamente esbarrou em cima de Lilian.

— Poxa, até que enfim te encontrei! Onde você estava? — por um segundo Rubinho teve raiva de Lilian, era incrível como ela conseguia ser tão dissimulada ao olhar para ele com aquele sorriso, ela deveria saber muito bem que aquele sorriso o deixava completamente desarmado e enlouquecido.

— Conversando com a Penélope.

— Argh! O que você pode conversar com ela? — Rubinho deu de ombros. — Bom, esquece, eu tive uma ideia, uma grande ideia — Lilian se esticou toda para alcançar os lábios de Rubinho. — Vem comigo?

— Tudo bem — Rubinho sabia que não podia ficar com raiva dela por muito tempo, e logo que sentiu o calor da mão pequenina de Lilian pegada à sua, o beijo que ela tinha dado em Olívio parecia ter acontecido em outra vida.

Seguiu Lilian por entre os convidados; ela parou um instante para falar com Harry que agora conversava com o Ministro da Magia da Irlanda e fez questão de apresentar a filha mais nova; assim que conseguiu se livrar do pai, Lilian voltou a conduzir Rubinho, e logo eles estavam subindo as escadas da mansão dos Stevens; chegaram ao quarto de Loreley.

— Lily, espera... — Rubinho disse quando percebeu qual era a grande ideia de Lily, e embora sonhasse com aquele momento sabia que a hora não era propícia.

— Tudo bem, todo mundo está na festa, ninguém vai procurar por nós, Rubinho.

— Não, não dá, Lily, para, tá, a gente não pode fazer isso... — ele pegou as mãos dela, com carinho mais firme, e segurou-a pelos pulsos. — Não dá.

— Qual é o problema, Rubinho?

— Desculpa, eu não tô a fim.

— Você não está mais a fim de mim? Você não gosta mais de mim, Rubinho?

— Lily, não é isso, é claro que eu gosto de você, mas...

— Mas o que?

— Não dá, me desculpa.

— Você está com raiva de mim? Eu fiz alguma coisa pra você ficar com raiva? — Rubinho pensou um pouco, seria mais fácil ele virar jogador de quadribol do que Lilian confessar que tinha beijado Olívio Junior; ele precisava colocar um fim naquela história antes que ela se machucasse.

— Lily, eu nunca poderia ter raiva de você. Você é, e sempre será a garota mais especial do mundo, mas eu acho que não dá mais para a gente continuar juntos.

— Eu não estou entendendo Rubinho, eu pensei que você quisesse isso tanto quanto eu — Rubinho só conseguiu esboçar um sorriso.

— Lily, olha, eu amo você e, seria a melhor coisa do mundo ficar com você, mas não é o que você quer, nós dois sabemos disso não é? — Lilian baixou os olhos, mas Rubinho a fez olhar para ele de novo. — Olha para mim, Lily, você quer ficar comigo ou você quer provar que podeficar comigo? — Lily não respondeu, naquele instante encarando Rubinho percebeu que ele sabia sobre Oly; ela se sentia ridícula e seus olhos se encheram de lágrimas. — Então é isso.

— Des... culpa...

— Lily, tudo bem.

— Eu não queria magoar você, Rubinho.

— Você não está me magoando, eu estou terminando com você.

— Não... você não pode fazer isso, eu...

— Tem mais uma coisa que eu queria te dizer, Lily... aquele cara, ele não te merece, você merece alguém que veja mais que a sua beleza.

— Rubinho, não faz isso, não me deixa...

— Se cuida tá — Rubinho deu um beijo na testa da garota, que tinha o rosto molhado de lágrimas, e saiu. Estava terminando de descer as escadas quando encontrou Tiago e Loreley, os dois estavam muito felizes, Loreley ainda segurava o buquê de tulipas.

— Oi, Rubinho! Você viu a Lily? — Tiago perguntou. Rubinho apenas fez um gesto indicando o andar de cima da casa e murmurou alguma coisa ininteligível. — O que foi que deu nele?

— A Lily deve estar lá em cima, eu vou vê-la. Sozinha. Volta para a festa — Loreley não esperou mais Tiago dizer nada, subiu as escadas e encontrou Lilian no seu quarto; a garota estava com o rosto enterrado nas almofadas, chorando aos soluços. — Lily, hey, o que aconteceu? — Lilian não falou nada, apenas soluçou mais uma vez. — Olha, eu guardei o buquê pra você! Toma! — Lily recebeu o buquê de Loreley, mas continuou chorando. — Não fica assim não, Lily, essas coisas acontecem — Loreley ainda ficou tentando consolar a cunhada e adivinhar o que tinha acontecido; pelo estado de Lilian ela tinha levado um fora do namorado, e isso não era pouca coisa, Lilian Potter levar um “pé na bunda” de um semi-gigante era mais do que a princesa sonserina poderia aguentar.

Loreley acabou contando a Tiago o que tinha acontecido, que contou a Harry, que contou a Giny, e de repente todos estavam preocupados em paparicar a arrasada Lilian. Tiago e Loreley conseguiram convencer Lily a voltar para a festa, e cercada por todas as atenções ela parou de chorar. Procurou Rubinho, mas logo ficou sabendo que ele já tinha ido embora.