Crônicas das terras arrasadas: O sentimento algoz escrita por Abistrato


Capítulo 5
Capítulo 5 - Willian West




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Capítulo 5 – William West 

 
 
 

Rachel realmente levava jeito para esse negócio de costura, demorou algumas semanas, mas conseguiu fazer um vestido para a Jenny. Tudo bem que era um vestido bem simples, sem mangas, mas o laranja e branco do tecido caíram bem no corpo semiesquelético da minha amada que, por sua vez, levantou mais cedo para poder provar o vestido enquanto Rachel ainda se aguentava acordada, mas sorridente como sempre. 

Ela sem dúvidas era muito dedicada, pois passou várias noites em claro para atender todos os trabalhos que Aline mandava para casa. Nossas noites continuaram as mesmas tomando sopa e enchendo carregadores durante esse tempo, mas Rachel enchia nossas noites com risadas. Jenny de início se incomodou com a admiração que Rachel subitamente apresentou por ela e, principalmente, por Angel assim que as conheceu, mas eu perguntei o porquê da menina agir assim com quem ela mal conhecia e a resposta que obtive não agradou Jenny apesar de ser verdade. 

— As duas parecem com a moça que cuidava de mim: a Sarah. Ela era mulher, alta e forte. Fico segura com elas e acabo gostando delas. Um dia quero ser como a Sarah. — Evidentemente Jenny não gostou nenhum pouco de ser comparada com a namorada de seu rival, mas não podia negar que era um motivo compreensível. 

Jenny, por sua vez, aos poucos também começou a gostar da menina, apesar de nunca dizê-lo com palavras, mas com pequenas atitudes que só eu era capaz de perceber. A verdade é que ela sempre gostou de crianças, por isso ainda fazia as apresentações de tiro para os calouros e os ajudava quando precisavam, mas Rachel ia além, talvez por dó da história dela, mas eu desconfiava que a menina a fazia lembrar de sua irmã. Nunca ousei perguntar para ter certeza. 

Depois de pôr o “corpo inerte” da nossa jovem alfaiate que babava, aos baldes, na cama, Jenny e eu fizemos nossa tradicional preparação para irmos caçar. Enquanto preparava minha mala, Jenny me viu tentando contrabandear dois livros e um saco plástico para a bolsa da frente. 

— Se for de sacanagem, você vai dormir na cama da Rachel pelo próximo mês — ela disse sem olhar pra mim. 

— Não, não, na verdade eu peguei na biblioteca ontem, com aquela mulher que me dá medo. — Então mostrei ambos. — Esse é sobre idade média e esse sobre Roma. Eu decidi seguir seu conselho e ler um pouco... Mas eu queria que fosse surpresa. 

— Ah! Seu fofo, não esquenta então, vamos estudar juntos! Se você não entender alguma coisa, é só me perguntar! 

— Mas como você sabe de tudo isso? 

— Nasci sabendo — disse Jenny enquanto dobrava seu novo vestido com um sorriso brincalhão. — Mentira, minha irmã adorava ler e me contava tudo. 

— Você sente saudades dela? 

— Todo dia — ela dizia com uma voz triste —, mas agora ela está num lugar melhor pra ela. — Sorriu nostálgica. 

..._________... 

Eu realmente precisava saber o que Rachel fez com Jenny, porque, para alguém que não gostava de ninguém, agora ela estava até dobrando o vestido e organizando as tesouras de uma, sem mencionar que ela acordou mais cedo o que para ela era um sacrilégio. 

Jenny estava até deixando um bilhetinho feito com uma página do caderno de Rachel com os dizeres: “Você já sabe onde as coisas estão. Coma. Vá à aula. Se tiver algum problema, procure a Emily, ela cuidará de você. Ps: NÃO fale com a Angel”. 

Quando estávamos saindo de casa, nós nos deparamos com dois exploradores correndo em direção ao centro da cidade.  

— Marcus! Emily! O que aconteceu? Por que a pressa? — perguntei. 

— Nós estamos indo reportar para o Coronel. Faz o seguinte, Emily, fica aqui e conta pra eles que eu vou falar com o Dulcan. 

— Tá bom, amor. — Ele se despediu da gente e voltou a correr. — Então, gente, vocês sabem que o Marcus e eu fazemos nossas missões de madrugada, né? Então, nós vimos um caminhão de guerra e carros Draug fugindo depois de ouvirmos um tiroteio a leste daqui, o que já é estranho porque Draugs não têm dinheiro pra ter um caminhão de guerra, mas até aí pode ser roubado. — Ela gesticulava muito com seus dedos finos enquanto olhava para cima nos nossos olhos. — Então decidimos avisar o Dulcan porque não é a primeira vez que vemos a mesma formação de veículos Draugs fugindo sempre na mesma direção para o norte. A única diferença é que antes tínhamos visto no oeste e no norte, mas como isso está acontecendo cada vez mais perto nós decidimos avisar o Coronel. Por segurança, sabe? — Finalmente ela respirou. 

— Mas do que eles fogem? — perguntou Jenny. 

— Não sabemos ainda, mas o que sabemos é que sempre que seguimos os rastros do caminhão de volta para onde ele estava, achamos um campo Draug destruído, corpos de combatentes Draug e marcas de tiroteio. 

— Ah! É melhor assim, eu mais quero que os Draugs se fodam, eles nunca fizeram nada de bom pra ninguém, muito pelo contrário — declarou Jenny. 

 
 
 

— É, mas seja lá quem ou o que estiver fazendo isso com os Draugs, pode querer fazer o mesmo com a gente — eu disse. 

— Tem razão — Emily concordou. — Bem, gente, eu tenho que ir e não quero atrasar vocês, então, té mais. — Ela deu pulinho para conseguir nos abraçar e, como era de costume, Jenny a abraçou e a levantou e ela deu um gritinho, mas quando Jenny devolveu a pequena loirinha ao chão recebeu um tapa na bunda. 

— Ei! — gritou Jenny enquanto Emily ria. 

— Vê se você come, hein? Eu quero uma bunda carnuda da próxima vez! — Ela piscou para Jenny enquanto se afastava. 

— Emily! Se a Rachel aparecer, a garota que eu cuido, sabe? Você cuida dela pra mim? 

— Pode deixar, miga, quem sabe eu não ensino umas coisinhas pra ela. — Balançou a mão se despedindo enquanto ria, Jenny fazia o mesmo.  

— Eu nunca entendi qualé a de vocês. Por que isso sempre acontece quando vocês tão juntas? — eu perguntei. 

— Ah! É que somos muito amigas, na verdade, eu acho que nós somos amigas desde antes de você conhecer o Marcus. 

— E como vocês se conheceram então? 

— Lembra? Eu entrei pros exploradores. 

— Sim, você disse que ficou dois anos lá. 

— É, lá eles ensinavam parkour e break dance pros novatos. Era uma técnica meio lúdica de prepararmos nossos corpos e aprendermos movimentos de acrobacia. Ela era o meu par de dança. 

— Hum... Tá, mas por que ela tem que bater na sua bunda? 

— Você tá com ciúmes?! Que fofo! — Jenny ironizou como de costume — Então, nós tivemos uma fase, sabe? E quando você e o Marcus não estão, nós nos divertimos entre nós! 

— Sério? — eu disse irritado. 

— Claro que não! — ela respondeu rindo. — Ela só faz isso porque sabe que é uma das duas pessoas que podem fazer sem morrer no processo. 

— E quem é a outra?! — Eu imitei um tom irritado já rindo. Nesse clima de brincadeira nós começamos a caçada. 

..._________... 

As primeiras presas foram os galgas, como de costume, mas dessa vez não tivemos a sorte de encontrar um gorilão sozinho, em vez disso, os ratos-porco decidiram dar as caras hoje. Jenny e eu adorávamos ratos-porco, eu especialmente. Toda vez que os levávamos, tinha bacon no jantar, fora que eles eram fáceis de caçar por serem lentos, mas como eram pesados e sempre andavam em manadas, não se podia deixar que percebessem nossa desvantagem numérica, porque, se o fizessem, viriam todos em cima de nós. 

Todo mundo já viu um rato-porco, pois eles eram muito comuns devido sua alta taxa de fertilidade. Eles se pareciam com porcos sem rabo, porém com pernas maiores e mais fortes, uma cabeça de ratazana, dentes principais muito grandes e a penugem tem uma cor de terra amarelada que se misturava com a vegetação rasteira. 

Quando estávamos com as mochilas pela metade percebemos que todos os animais tinham sumido, o que não era raro acontecer, visto que estávamos caçando nessa região há tanto tempo que eles já conheciam nosso cheiro, mas como nosso dever era encher as mochilas decidimos não voltar e ir procurar mais longe. 

Depois de uns 12 ou 13 quilômetros de caminhada, ainda não tínhamos achado nenhum animal e estávamos quase desistindo quando ouvimos tiros não muito longe. A princípio não me importei muito, mas Jenny falou: 

— Ei! Vamos lá ver! 

— Jenny, provavelmente é aquele pessoal que a Emily falou — alertei. 

— Eu sei e daí? 

— Eles provavelmente são combatentes profissionais muito melhor equipados do que nós. 

— Will, eu consigo botar uma bala num galga correndo a 1400 metros então pode deixar que eles se veem comigo. 

— Tá bom, fodona, me fala agora qual é seu plano. 

— Matar quem mata Draugs, depois matar os Draugs e voltar pra casa sendo herói.  

— Amor, isso não vai dar certo. 

— Magina, claro que vai! Você não confia em mim? 

— Claro que confio só acho que vamos morrer no processo. 

— Deixa de ser cagão, Will, eu tô indo. — Ela começou a caminhar. Jenny estava decidida e eu, mais do que ninguém, sabia que era impossível fazê-la mudar de ideia, então a segui em mais uma “aventura”. 

..._______... 

Caminhamos atrás dos tiros que nos levaram até um galpão enorme no meio do nada e lotado de pichações com o símbolo Draug. Esse consistia num apanhador de sonhos meio preto e meio vermelho, um símbolo muito irônico para um bando que vive de destruir e pilhar caravanas e pequenos vilarejos junto com os sonhos de seus habitantes. Na frente do portão do galpão, havia um caminhão de guerra e dois carros com o mesmo símbolo Draug na lataria. 

— Os tiros estão vindo de dentro do galpão — eu falei baixinho enquanto Jenny e eu estávamos deitados em uma pedra grande perto do local. 

— Não tem ninguém cuidando dos carros, estranho... — disse Jenny — Vou lá ver se descubro alguma coisa. Fique logo atrás de mim me dando cobertura. — instruiu Jenny. 

Assim que levantamos, os tiros pararam. Silenciosos nós nos aproximamos rapidamente e começamos a verificar os carros e o caminhão. Eram duas caminhonetes, uma delas com uma metralhadora pesada armada na caçamba. O caminhão era muito grande, mas não tinha nenhum aspecto de ser um caminhão de batalha, talvez fosse um de suprimentos. Todos estavam trancados e a carreta do caminhão estava vazia. Jenny curiosa espiou pela porta do galpão e disse: 

— Isso tá muito estranho, só tem corpos de Draugs aqui dentro. 

— Fica com a cara aí mesmo que daqui a pouco você toma um pipoco. — Eu a puxei para fora do vão. 

— Não tem ninguém vivo lá dentro. 

— Vem aqui. — Peguei em sua mão e a levei até a antiga escada de incêndio. Quando subimos pudemos ver o interior do galpão através dos vidros no teto. — Fale baixo — eu sussurrei — O que você vê? 

— O interior de um galpão onde provavelmente moravam pessoas, aconteceu uma chacina e agora só tem corpos — ela cochichou.  

— Só corpos? Olha as cabeças. Todos estão com as cabeças para o fundo, isso significa que quando morreram eles estavam indo todos na mesma direção: o fundo, menos aquele “corpo” ali deitado em cima de outro bem embaixo da gente que tá com a cabeça para a saída. 

— Que merda, um sniper... — Jenny se surpreendeu ao conseguir visualizar um homem armado camuflado entre os corpos. Ela preparou o fuzil, mas eu pus a mão nele e o abaixei. 

— Muito barulho. — Eu levanto lentamente o vidro para que não faça barulho e saco minha faca. 

— Você é louco! São o quê?! Uns 6 metros até lá em baixo. 

— Não tem problema eu vou aterrizar em cima dele. — Então pulei. A adrenalina corria pelas minhas veias, parecia que estava descendo em câmera lenta, não tirei os olhos do meu alvo. Nos segundos finais preparei meu braço direito para o serviço e ajustei meus pés para a aterrisagem. O impulso foi suficiente para acabar com a coluna e costelas dele, todas ao mesmo tempo. Rapidamente finquei a faca na lateral do crânio e ele se foi sem nenhum ruído. Bem... Nenhum ruído fora os ossos que estouraram. Jenny decidiu entrar do jeito comum, pela porta.  

Mais símbolos se espalhavam pelo interior e era fácil de identificar pelos coletes preto e vermelho os corpos de combatentes Draugs, todos caídos como se fossem para uma mesma direção no centro do galpão. 

— Olha as coisas que têm aqui. Devia ter uns 200 Draugs vivendo aqui — disse Jenny. 

— Estranho... Será que eles estavam planejando assaltar algo grande? Normalmente não passam de 50 homens. 

— Olha ali... Tem um alçapão... Talvez eles fugissem por ele. — Lentamente Jenny se virou em direção ao achado, mas foi interrompida quando lhe agarro o braço. Mesmo intimidado pelas chamas que vinham do fundo dos seus olhos, eu disse firme: 

— Vamos embora. 

— Me. Solta. Agora. — Eu não soltei. — Eu vou entrar lá e ver o que está acontecendo com ou sem você. — Ela estava furiosa, mas mantinha a voz em um tom baixo e ameaçador. 

— Não, não vai. Olha quanta gente muito melhor equipada morreu aqui. Eu não estou disposto a te perder por causa da sua inconsequência. Agora vamos. 

— Minha inconsequência?! Você sabe o que o bosta daquele velho nojento — ela se referia ao coronel Dulcan se exaltando — pode nos dar se nós só virmos a cara do líder ou como eles se vestem ou se... se... identificá-los de alguma maneira? Já faz dois anos desde que você se mudou pra minha casa prometendo que iríamos nos casar, mas não deu nem pra comprar o anel de noivado... 

— Nós nunca conseguimos porque você gasta tudo com a... — Eu a interrompi quase me exaltando também, mas consegui me conter ao soltá-la. — o seu fuzil. Fora que o Dulcan provavelmente vai dizer que não fizemos nada além da nossa obrigação com o Acampamento. 

— Primeiro esse fuzil é a minha família, segundo você sempre consegue arrancar alguma coisa do Dulcan.  

— Eu achei que eu também era da família. 

Jenny percebeu que havia me magoado, então ela arfou nervosa pondo a mão sobre sua testa e, depois de se afastar e voltar, ela pôs a mão em meu ombro e disse em um tom mais calmo:  

— Essa é a chance de pôr o anel no meu dedo e se tornar parte da família, vamos lá, só damos uma olhada e saímos... 

— Essa não é a resposta certa, mas tá bom... Cabecinha-dura. — Ela deu um leve sorriso amistoso e a contragosto concordei. 

Saquei minha 9 mm e Jenny empunhou novamente seu fuzil. E lentamente nos aproximamos do alçapão. Ele tinha uma escada que dava para uma passagem escura. Sinalizei para Jenny que iria descer e ela desistiu do seu rifle e pegou sua 9 mm para me dar cobertura. Ao atingir o fundo, senti palpitações em meu coração. 

 Estava muito nervoso. Com medo. Eu era um caçador não um soldado, fora que não sabia com quem estava me metendo, mas pelo menos o elemento surpresa estava ao meu favor. Jenny desceu e lado a lado prosseguíamos o mais silenciosamente possível com as armas sempre apontadas para frente. Havia uma luz mais à frente e nenhum barulho. 

Tudo estava muito quieto. Achamos uma porta de metal grossa entreaberta. Será que era um bunker? Eu entrei primeiro. Minhas orelhas instantaneamente se moveram para trás como de um cão quando comecei a escutar uma voz longe. Lutava para manter minha arma firme em minha mão. 

 O caminho era um corredor bem iluminado, repleto de portas eletrônicas aparentemente grossas e de metal, tal como o chão, mas não tão grossas quanto a primeira. Todas estavam abertas. Estávamos em um bunker com certeza. 

Meus olhos observavam freneticamente tudo a minha volta, minhas mãos estavam molhadas e meu cérebro incansavelmente pensava em todos os cenários possíveis de alguém sair de uma das portas. Então cheguei à conclusão que era melhor me agachar para evitar ser um alvo fácil e fazer barulho. Meu coração parou por um instante quando sinto a mão de Jenny no meu ombro sinalizando que ela está logo atrás de mim. 

Agora a voz estava mais alta. Eu entrei em uma das portas que davam para outro corredor. Tomei cuidado para não me deparar com alguém. Outra porta. Entrei. Estava muito perto da voz, mas também podia ouvir passos e gemidos de outras pessoas. Ela dava para dois quartos consecutivos, um à direita e outro à esquerda. Jenny estava no corredor. Sinalizei para ela parar.  

Eu conseguia ouvir a voz que vinha do quarto à minha esquerda, sem dúvidas de um homem. Escondi-me do lado da porta. Podia ver o quarto à direita. Não era um quarto era um salão muito grande. 

 Com essa informação eu supus que a sala atrás de mim era também um salão e como não havia eco devia estar cheia. O combate direto era impossível. Devíamos estar em uma desvantagem numérica absurda e o mesmo valia pro nosso equipamento. 

— O quê? Vocês estão tão quietinhos agora. Parece que aprenderam quem é que manda por aqui, né, seus ratos sulistas. — Falas vieram seguidas de gemidos. Eles estavam fazendo prisioneiros, mas por quê? — Mas vou dizer que até agora vocês foram os melhorzinhos, mas eu sempre acabo ganhando. 

— Você é nojento! — Essa era a voz de uma mulher. — Seu monstro! Nunca vai nos... 

Um estampido deu a largada para uma saraivada de gritos de desespero. 

— Mais algum heró... — Eis que um barulho o interrompeu ecoando pelo bunker.  

— Tem mais alguém aqui... — Merda! — Meninos! Sem testemunhas! 

Meus olhos se estalaram e meu peito pesava com o medo enquanto minha cabeça virava lentamente para ver que os gritos das pessoas fizeram Jenny se assustar e errar o encaixe da sua baioneta deixando-a cair. Não tínhamos chance de enfrentá-los e mesmo se fugíssemos rápido, os corredores ainda nos tornariam um alvo fácil. Meu pânico só aumentava conforme eu visualizava Jenny morrendo de novo e de novo em minha mente. Simplesmente não podia deixar que isso acontecesse, não iria deixar. 

O som das botas correndo em nossa direção anunciava que meu tempo estava se esgotando rápido, muito rápido. Todos os meus planos eram falhos, e a cada segundo que passava a minha respiração ficava mais pesada e o piscar de uma pequena luz verde ao lado da porta me insistia que eu deveria lançar mão do primeiro plano que montei logo que entrei na sala onde estava. Cada piscar do painel era como se alguém sussurrasse no meu ouvido: “Sele o contrato. Sele... Sele...”. O contrato que eu selaria com este bunker era a única solução possível agora, mas este exigia um alto preço em contrapartida. Um preço que eu estava muito disposto a pagar pela menina nervosa, boca-dura, inconsequente e insensível, mas determinada, leal e corajosa que eu tanto amava e, também, pela outra menina que nos esperava em casa. Ela ao menos teria um de nós de volta. 

Atirei no painel do lado da porta que dava para o corredor. 

— FOGE, JENNY! — A porta se fechou atrás de mim.


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