POV Fitz

Mamãe andava pela academia admirada com os prédios, e os parques existentes no lugar. Era um lugar realmente bonito e não levantava suspeita como um lugar de treinamento para uma organização super secreta governamental.

—Ali foi o lugar onde eu beijei Jemma pela primeira vez. - apontei o lugar do nosso piquenique quando éramos calouros - E ali é a minha oficina. - indiquei o outro lado da rua.

—Meu bebê tem uma oficina? - mamãe disse. Eu rolei os olhos, odiava quando ela me tratava como criança.

—Eu só preciso assinar umas coisas, ver se chegou algumas peças pra night night gun. Depois podemos ir ao centro, fazer algumas compras.

—Night night gun? - mamãe julgou o nome

—Sim, arma não letal , baseada em dendrotoxina - ela ainda me olhava - Jemma também não gosta do nome. - disse, deixando mamãe sentada no parque enquanto cumpria meus deveres do dia.

—Eu gosto dela. Da Jemma, não dá arma. - dona Mary disse depois que voltei da oficina.

—Eu também gosto dela. - eu disse, brincando.

—Eu sei disso. Eu te conheço muito mais do que eu conheço sua irmã. Aquele dia no aeroporto eu percebi que outra mulher no meu lugar de mulher da sua vida.

—Mamãe... -eu gelei. -Mamãe, a Jemma é a minha melhor amiga... E minha namorada. Ela não é minha mãe.. Esse lugar ninguém nunca vai tomar. - Mamãe me olhava com certa desconfiança quando passei pela parte de melhor amiga. -Talvez ela só dívida o lugar com você.

—A Jemma é uma boa garota... Eu também vi o jeito que ela te olha. Ela parece orbitar em sua volta. Quando você não está perto dela, ela fica meio perdida, como se estivesse faltando algo- Mamãe disse, mexendo no meu cabelo como quando eu era criança. - Vocês compartilham algo muito especial.

—Jemma é realmente muito especial. -completei, mesmo sabendo que essa reação dela era apenas pela presença da minha mãe e o medo de fazer algo errado.

—Tem certeza que você não vai sair machucado, Leo? - eu pisquei, surpreso com a pergunta.

—Não vejo como. -disse, depositando um beijo na cabeça da minha mãe. Apesar de eu estar apaixonado pela minha melhor amiga, não tem chance de se sair machucado de algo que não existe, algo que ela não sabe.

Eu percebera isso na última noite, e confirmei minutos atrás. Durante a noite, Jemma dormindo nos meus braços foi a pior mistura de sentimentos que eu já tinha enfrentado. Ela estava tão perto que nossas respirações estavam misturadas. E antes de conseguir dormir eu comecei a pensar em tudo: quanto ciúmes eu sentia quando ela saia com outros caras, como de repente eu dependia dela pra tudo e quando ela estava doente ou visitando os pais, eu não conseguia fazer nada a não ser sentir sua falta. Quando ela me beijou momentos atrás, todos os sentimentos voltaram assim que nossos lábios se tocaram.

—Leo?? - mamãe me cutucava enquanto eu saia da minha imersão de pensamentos. - Estava pensando nela não é?

Pude sentir minhas bochechas corando, entregando meus pensamentos.

—Estava pensando que eu preciso dar algo para ela. - puxei minha mãe de volta ao carro, pronto para dirigir para o centro. - O que você acha que eu deveria comprar para ela? - perguntei, depois de dar partida no carro.

—Uma aliança? - ela disse, esperançosa.

—Cedo demais. - balancei a cabeça negativamente.

—Um colar? - mamãe arriscou. Ela estava adorando a pequena aventura.

—Talvez... - respondi, pensando que um colar seria bom, se eu pensasse no pingente certo.

POV Simmons

Eu podia sentir os olhos de Lou alternando entre me encarar e observar o microscópio, examinando as amostras que ela deixara desde de segunda no laboratório.

—Fala logo, Lou... -Disse por fim.

—Você e o Fitz? Resolveram assumir? -ela perguntava com os olhos brilhando, seguindo o rumor que corria na academia há muito tempo que éramos um casal.

—Não, Lou, não somos um casal! - respondi, exasperada - A mãe do Fitz esta na cidade, e estamos fingindo pra ela que estamos namorando... Temos que ser convincentes, por isso do beijo mais cedo!

—Por que? Por acaso o Fitz é gay? - ela me cortou, colocando a mão na boca para destacar a supresa.

Eu encarei ela por alguns minutos, perdida em pensamentos... Nunca conversamos exatamente sobre isso. Mas a maneira como ele respondia meus beijos, a maneira como ele me abraçou para dormir e como ele me empurrara na parede deixava poucas dúvidas.

—Ele não é gay Lou... Pelo menos não é o que ele demonstra- suspirei sem querer.

—Jemma... - Louise largou o trabalho que ela fingia que fazia para se aproximar de mim. Eu me joguei na poltrona, também abandonando minhas anotações. -Você está interessada no Fitz? Depois de todo esse tempo?

—Eu não sei Lou. Nós nos beijamos algumas vezes, e dormir com ele na última noite, foi ótimo. - ela me olhou especulando - Não, nós só dormimos mesmo. Apesar das marcas no pescoço dele, que eu fiz no banho...

—Jemma Simmons!!! - Lou sorria

—Não é isso também. Eu cheguei bebeda do jantar ontem. Aí a mãe dele me convenceu que era bom me dar um banho e ele foi me ajudar e eu ataquei ele! Ele ficou bem bravo, mas quando pedi ele para dormir comigo, ele simplesmente deitou e deixou eu fazê-lo de ursinho de pelúcia. Isso me fez pensar que seria bom se eu fosse namorada dele...

—Jemma!! O Fitz é louco por você e todo mundo sabia, menos você! Agora que você sente algo, VOCÊS TÊM QUE VIRAR UM CASAL. - Lou dava pulinhos, já animada. - mesmo que eu vá perder alguns dólares para as meninas do segundo andar.

— VOCÊS APOSTARAM? - eu quase gritei, e ela me olhou culpada.

—Eu só entrei porque tinha certeza que Fitz era quase um irmão para você... Bem, as coisas mudaram, mas eu não ligo de perder o dinheiro! Vocês nasceram um para o outro. - Lou tropeçava nas palavras.

—Relaxa Lou... Você não vai perder esse dinheiro. Eu e o Fitz somos amigos demais para acontecer qualquer coisa a mais. Não quero perdê-lo e arriscar seria loucura. Ainda mais que anda saindo com a Samantha...

—Okay, Jemma. Mas depois, quando ela tiver com outra e você ter perdido o escocês perfeito, não espere menos de mim do que um "eu te avisei" - ela me deixou pensando na poltrona enquanto voltava ao trabalho.

Pontualmente às doze horas, Fitz estacionou na porta do laboratório de bioquímica, me despedi de Louise e sentei no carona do carro. Dei um beijo na bochecha de Fitz antes de cumprimentar Mary.

—Se divertiram no centro? - perguntei quando Fitz deu partida.

—Fizemos algumas comprinhas, algumas coisas que eu vou levar da América para casa. - Senhora Fitz respondeu

—Mamãe comprou uma camiseta escrito "I love América" - Fitz rolou os olhos, eu sorri pra ela.

—Minha mãe também fez isso quando veio Mary, completamente normal. - disse para Fitz que debochava.

—Também fomos ao supermercado - Fitz me cortou antes que desse mais razão para sua mãe- Comprei ingredientes para seu sanduíche e pipoca. Podemos assistir algum filme depois.

—Sim, Jemma! Quero a receita desse sanduíche e saber porque o Fitz gosta tanto dele. -Mary completou.

—Desculpa, mas é meio que receita de família... Minha mãe te mataria se você soubesse. - respondi, lembrando de como minha mãe ficou brava quando eu era criança e ensinei uma colega a fazer o famoso molho de pesto.

Estacionamos e descarregamos as compras no apartamento. Me retirei para um banho enquanto eles desempacotavam às compras.

Alguns minutos debaixo da água quente me fizeram repensar na conversa da manhã com a Lou. Eu sabia do boato sobre Fitzsimmons na academia. Porém, a maneira como ela falou de como Fitz me olhava e todas as meninas do prédio sabiam. Por isso entraram na aposta com Louise e se eu não estivesse muito brava com ela, eu provavelmente ficaria feliz por ela ganhar algum dinheiro.

Quando sai do banheiro, Fitz estava no meu quarto, deitado na cama, com uma expressão de criança que tinha feito algo errado.

—O que você fez? - eu perguntei, enquanto secava meu cabelo com uma toalha.

—Nada demais. Mas eu talvez tenha uma coisinha para você. - ele equilibrou uma caixinha de joalheria na mão.