A filha de Esme e Charles - versão 1 escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 42
Capítulo 42




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 1952 – Angeline PDV

Já faz quase dois anos que estamos morando aqui em Detroit. É sem dúvida a maior cidade em que já moramos. É claro, pois é a capital do estado de Michigan. Não tínhamos nenhuma residência aqui, mas não foi muito difícil conseguirmos nos estabelecer. Não temos problemas com isso porque papai tem um bom emprego e uma boa reputação entre os médicos, sua fama é bem conhecida. Ele é quase uma celebridade no ramo da medicina, eu posso dizer. Todos os hospitais gostariam de tê-lo em sua equipe médica, mas somente alguns tem essa honra.

Pelo menos não temos dificuldade quando precisamos nos mudar, o que ocorre com certa frequência devido ao que somos e ao estilo de vida que preferimos seguir. A mudança é necessária a cada dez anos aproximadamente, assim que as pessoas começam a suspeitar muito de que nenhum de nós envelhece. Carlisle pode dizer que seus cabelos loiros escondem os fios brancos que ele possa ter, mas isso não ‘cola’ por muito tempo. É hora de nos mudarmos. Alguns de nós ‘desaparecem’ dizendo que foram para a faculdade, mas na verdade os humanos não nos vêem mais, mas ainda estamos aqui. Quando Esme e Carlisle ficam sozinhos, porque os filhos 'cresceram' é hora de fazer as malas e ir para outra cidade.

Um dia estávamos nós todos os cinco em casa quando inesperadamente alguém toca a campainha. Parece que ninguém mais foi pego de surpresa, apenas eu que sou a mais nova. Todos parecem ter sentido a chegada dos dois vampiros.

Eu fico empertigada no sofá e logo procuro refúgio ao lado de minha mãe.

— Mãe, e se forem os Volturi? Eles vão querer me matar, eu sou muito jovem para morrer. Não quero morrer, mamãe – abraço Esme o mais forte que eu consigo.

— Calma querida. Não vou deixar ninguém fazer nada contra você. Eu prometo. – Esme me passa para trás de si.

Carlisle abre a porta lentamente. Ou para mim pareceu que foi lentamente, pelo fato de eu estar tão apreensiva. Mamãe também estava visivelmente preocupada. Ela também não conhece pessoalmente os vampiros italianos, apenas viu as telas de papai.

Ela me abraça tão forte como se quisesse me esconder dentro do próprio corpo, como um escudo, se isso fosse possível.

Assim que ele abre a porta suspira aliviado, e seu alívio reflete em todos nós, soltamos a respiração que estava suspensa – não iríamos morrer, é claro, mas é bom poder usar o olfato novamente:

— Fiquem tranquilos, não são os Volturi – se ele está dizendo podemos ter quase certeza.

Digo quase não porque esteja duvidando de meu pai, mas porque ele pode não conhecer algum novo membro do clã, pois faz muito tempo que ele os deixou. Quase 150 anos para ser mais precisa.

— Olá Carlisle – diz uma voz feminina como trinado de um rouxinol. Se for pela voz parece ser uma boa pessoa, mas me lembro que também Rosalie parece uma boa pessoa pela voz e tem uma personalidade totalmente diferente. – Eu sou Alice e este é meu companheiro Jasper. Viemos para fazer parte da família também – a menina diz com uma voz alegre e jovial, não petulante cheia de ousadia, mas com uma certeza que somente teria alguém com um dom. Somente depois de procurar muito de onde vinha a voz eu encontrei a minúscula dona daquele timbre, uma criatura pequena, aparentando certa fragilidade como uma fada com os cabelos negros espetados para todos os lados e olhos dourados cintilantes, ela estava na frente de papai. Ele é alto, sim, mas perto dela ficou ainda maior e literalmente a esconde.

Carlisle ficou parado, algo que eu entendi como confusão, ele não sabia o que fazer, como reagir àquela situação imprevista e totalmente inédita, inacreditável. Ele estava olhando para os dois recém-chegados sem saber o que dizer. Eu sei que eram dois, mas de onde eu estava não consegui ver o rapaz, o que me fez ficar mais chocada quando finalmente o vi.

Carlisle finalmente começa a se pronunciar:

— Alice, nós não estamos...

— Eu vim para ficar e não aceito recusa. Ou melhor, eu vi que seremos uma família – diz a garota espevitada entrando em nossa casa.

Edward e Emmett estão em posição em nossa frente para nos proteger se for necessário. Carlisle volta a ficar ao lado da esposa e eu fico mais tranquila, mas ainda um pouco surpresa com o atrevimento da moça desconhecida. Desconhecida por nós até então porque ela parece bem a vontade e nos conhecer muito bem mesmo antes de nos ter visto.

— Alice – diz Jasper alertando a parceira, o rapaz parece ser mais sensato. Eu ainda não consigo vê-lo, pois ele se mantem tão afastado quanto possível, mas ao ver a companheira entrar ele vem atrás dela.

Fiquei surpresa com sua aparência assustadora e me agarrei ainda mais a minha mãe. Trocando um olhar com ela e com meu pai. Papai me dizia no olhar que não havia perigo, mas não é o que eu estava vendo por mim mesma. Por via das dúvidas vou ficar aqui, não vou dar um passo sequer.

— Tudo bem Jasper – a menina responde. – Vai dar tudo certo, não se preocupe. Eu já vi tudo antes.

Me pergunto: Ela viu? Como?

— Como vai querida? – Esme se desvencilha carinhosamente de meus braços e avança corajosamente. Não gostei de vê-la tão vulnerável. Me deu uma sensação estranha. Como Carlisle podia deixar a esposa correr tamanho risco. Ou ele já tinha confiança nos estranhos recém chegados e eu não tinha razão para temer? Ou hipnotizaram papai? – O que podemos fazer por vocês?

— Não, mãe – meu grito é abafado.

— Está tudo bem Esme. Fique tranquila Angel.

Ela sabe meu nome? Oh! Fico arrepiada. Como?

— O que você quer? – questiona Rosalie atrás de seu companheiro.

Esme olha para o lado dela exasperada como que dizendo que essa não é a educação que ela nos deu.

— Oi Rosalie... – nada abala o sorriso da garota. Ela tem uma grande auto-confiança, ao contrário da sua baixa estatura.

— Como você sabe meu nome? – Rosalie fica nervosa por estar confusa. Ela odeia se sentir vulnerável.

— Ela tem um dom – responde Edward, mesmo que se intrometendo onde não fora chamado. A interferência dele é bem-vinda. – Ela pode ver o futuro e por isso já sabia como iríamos recebê-la.

— Você também tem um dom, Edward – ela diz categoricamente sem titubear.

— Sim, é verdade. Eu posso ler os pensamentos das pessoas ao meu redor.

— Todas? – Alice pergunta parecendo verdadeiramente interessada. Mas é claro que ela já sabe a resposta.

— Sim. Não há ninguém imune.

 [Ainda. Exceto Bella mais tarde. Esse é um dos atrativos que ela tem para ele.]

— Parece que seu companheiro não está muito a vontade – diz Esme.

— Ah, ele é assim mesmo Esme, não se preocupe – a súbita intimidade dela com minha mãe me deixa um pouco enciumada.

— Ele também é talentoso – diz Edward.

— Sim, Edward. Ele pode manipular as emoções das pessoas a sua volta.

— Espero que ele não esteja fazendo isso agora – diz Carlisle se impondo para mostrar que é o líder da nossa família.

— Não. Você não está fazendo isso não é, Jazz querido? – a menina olha para trás.

— Sim – ele admite baixinho – É claro, mas se você quiser eu paro.

— Tudo bem, Jazz. Pode deixar que tenho tudo sob controle.

— Mas aquela garota, não nos quer aqui – ele indica com o olhar Rosalie.

— Eu já sabia disso, e estou preparada pode deixar, Jazz.

— Mas se ela quiser fazer alguma coisa contra você... – os olhos escarlate dele brilham como chamas de fogo ardente. – Eu vou proteger você.

— Não se preocupe, vai dar tudo certo. Você não acredita em mim, meu amor?

— Sim, eu confio.

Quase que simultaneamente a ele dizer essas palavras a atmosfera mudou. Antes era artificial, mas agora era natural. Mamãe não estava sendo gentil apenas por causa de estar sendo manipulada, essa é a personalidade dela. Ela é receptiva.

Todos estão mais tranquilos, mas eu estou ainda nervosa. Parece que tudo o que os outros deveriam sentir se concentrou apenas em mim.

— E esta deve ser Angeline – Alice sorri calorosamente animada para mim – Oi.

Eu abraço a cintura de Carlisle e fico atrás de mamãe:

— Ela é um pouco tímida, desculpe – diz papai. – Coragem, criança.

Vou ao encontro de Alice caminhando vagarosamente, ela ao contrário vem correndo e quase me abala ao nos chocarmos. Mas ela me segura firme em seu abraço fraternal:

— Seja bem-vinda, é um prazer conhecê-la. – Todo meu nervosismo passou em um instante.

— Muito obrigada, eu digo o mesmo.

Alice olha para trás assim que me solta:

— Jazz, pode entrar querido não tem perigo nenhum.

Ele entra devagar e ainda olha desconfiado para a parceira. Com um lance analisa toda a nossa casa.

[Agora eu compreendo porque tamanha cautela. O tempo em que ele viveu no sul com os exércitos de vampiros o ensinou a ser mais precavido.]

Eu recuo sem me voltar as costas. Não quero dar de cara com o rapaz.

— Olá - Ele se esforça para dizer para todos nós de uma vez. A voz dele parece estar comprimida, esganiçada. Talvez ele esteja prendendo a respiração.

— Tudo bem, Jazz. Pode respirar, não há nenhum perigo – ela repete novamente ao companheiro desconfiado.

— É um prazer finalmente conhecê-los, Alice falava muito em vocês – a voz dele fica mais clara.

— Espero que tenha falado bem – diz Esme para quebrar o clima pesado e trazer um ambiente mais confortável onde todos se sintam acolhidos, não oprimidos ou sufocados como agora há pouco.

Papai dá um passo a frente do nosso pequeno grupo:

— Eu sou Carlisle e esta é minha família – diz ele nos indicando cada um a seu tempo com um gesto da mão. – Minha esposa, Esme, e nossos filhos, Angeline, Edward, Emmett e Rosalie.

Cada um de nós faz um aceno quando seu respectivo nome é mencionado.

— Filhos, mas como? Vampiros podem ter filhos? Pensei que não – agora parece que Alice está confusa. Isso ela não tinha visto de antemão.

Mais tarde compreendi que as visões de minha irmã são relativas e sujeitas as mudanças das decisões que as pessoas tomam. Só posso entender que isso não estava previsto. Carlisle não iria nos apresentar e decidiu fazer isso agora. Ele não fez com intenção, mas acabou descobrindo o ponto fraco das visões: as decisões de última hora, inesperadas.

— São nossos filhos adotivos – explica papai. – Angeline é realmente filha de minha esposa, mas de seu primeiro casamento quando ela ainda era humana. Eu a adotei como minha filha e ela me adotou como seu pai. Eu sou o seu criador, pois fui eu quem a mudou.

— Todos são iguais. Nossos filhos por opção. Não tratamos ninguém diferente.

— Podemos ser seus filhos também? - pede a morena.

— Claro que sim – Esme aceita abertamente e abraça Alice.

A pontinha de ciúme alfineta meu peito mais uma vez.

— Estão dispostos a viver como vivemos? - Pergunta Carlisle, olhando diretamente para Jasper e seus olhos carmim.

— Sim – responde Alice, os olhos dourados dela brilham imensamente como dois sóis.

— Mas e ele? – pergunta Carlisle.

— Eu estarei onde a minha fadinha ficar. Tenho tentado também seguir essa dieta que ela disse que vocês seguem, mas é muito difícil para mim depois de tantos séculos vivendo no sul com os exércitos e caçando pessoas para me alimentar.

— Vamos ajudá-lo, não vamos Carlisle? – Esme olha para o marido intercedendo pelo recém-chegado. – Ele está tentando, ele precisa de nossa ajuda. Não vamos rejeitá-los.

—Tudo bem, querida. Vocês podem ficar. Mas com uma condição.

— Qual? - Perguntam Alice e Jasper simultaneamente. Ela já sabe qual é mas finge surpresa.

— Nunca mais, ouviram, nunca mais matem qualquer ser humano – Carlisle diz imperativamente com toda a autoridade patriarcal.

— Eu só matei uma pessoa antes de ver que meu destino era conhecer vocês e desde então eu nunca mais provei sangue humano - diz Alice.

— Eu nunca provei sangue humano – diz Rosalie orgulhosa, vaidosa de si mesmo.

Para mim é difícil, mas eu tenho ficado longe de sangue humano depois do incidente.

— Eu vou me esforçar, prometo – diz Jasper.

...XXX...


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