A Seleção de Apolo escrita por CarolFonseca


Capítulo 30
• 2° - Elas que lutem


Notas iniciais do capítulo

Mais alguém tá derretendo de calor? Pq meu irmão, eu me sinto num forno!
Mas tirando isso, espero que todos estejam bem e prontos pra desfrutar mais um capítulo semanal de ASDA! Posso dizer por mim mesma que esse está nada menos que... chocante!
Então antes de irmos para o aguardado capítulo, tenho só mais um recadinho pra dar: eu (Carol) e a minha irmã começamos uma lojinha de papelaria, bem simplesinha, onde produzimos adesivos e decoração de festa! Se vcs puderem dar uma passadinha no insta e nos seguir, eu agradeceria muito!

Link da minha lojinha: https://instagram.com/algotaodoce_personalizados?igshid=gb5985k0838i

Beijinhos ❤



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696701/chapter/30

***

 Pela primeira vez, gostei da roupa que Afrodite escolheu para as selecionadas, incluindo a minha. Era nada mais do que uma camisa do seu respectivo acampamento, com seu número e nome nas costas, muito parecida com aquelas que os jogadores de basquete usavam. O resto era por nossa conta, de modo que eu estava de jeans e All Star preto. Era quase normal.

— Me sinto tão... confortável – testei as palavras em minha boca, abrindo um sorriso. – Na verdade, me sinto ótima.

Emmy arqueou uma sobrancelha, desconfiada. Estávamos no maior coliseu em que já estive, nos alongando. Ou melhor, Emmy estava se alongando, afastando os pés um do outro e encostando as palmas da mão no chão. Eu me contentava em estender as mãos para cima enquanto usufruía do sentimento de liberdade que aquela roupa me trazia.

— Você está tramando alguma coisa – disse ela, depois de olhar bem pra minha cara.

— Eu? – sorri mais ainda, fazendo a cara mais santa possível. - O que eu poderia tramar? Sou uma prisioneira aqui, não sou?

Sentado em uma cadeira de ouro maciço, vestindo uma túnica grega branca e com uma coroa de louros dourados na cabeça, como se ainda estivéssemos na época do Ouro em Atenas, estava Apolo, rodeado de deuses, no camarote principal do coliseu. Ele piscou e acenou para a câmera, como se fosse o próprio imperador romano. Mesmo de longe, eu podia ouvir as perguntas que Hefesto fazia a ele e suas respostas. Tudo ecoava pelas imensas caixas de som espalhadas pelo local.

— Como se sente tendo tantas garotas lutando por você?

— Desejado e... normal.

— Hã... E o que pensa sobre a prova que elas vão enfrentar hoje? Foi ideia do seu irmão, Ares, não foi?

— Sim. Ares, ás vezes, até que tem boas ideias. – ele riu, e sua risada, pelos alto-falantes, me deu um arrepiozinho. Quase podia senti-la sobre o meu ombro, como se ele estivesse bem atrás de mim. – Estou ansioso, para falar a verdade.

— Nós também estamos – disse Hefesto, com uma risadinha ensaiada. – Nós sabemos quem é a favorita do público, pra quem os telespectadores estarão torcendo logo que começar. Mas e você Apolo, está torcendo para alguém?

— Hummmmm... não! – ele riu novamente. – Elas que lutem. – Lançou um sorrisinho cretino.

Naquele momento, deu vontade de enforcá-lo. Emmy deve ter percebido, porque me deu um cutucão bem nas costelas.

— E agora, vamos conversar com a favorita do público – disse Hefesto, materializando-se do meu lado, fazendo minha amiga dar um pulo de susto. – Sabia, Cammy, que você está no topo das pesquisas entre as selecionadas?

— Não.

— Sabia que, estamos fazendo uma votação com o título “a mais querida” e você está na frente com 87% dos votos?

 - Também não.

— Bom, então agora você sabe! – ele ergueu a mão, e confetes explodiram dela. Alguns deles acabaram caindo na minha boca, o que me fez cuspir como uma destrambelhada. Uma imagem não muito bonita, se me permite dizer. – Como se sente em relação à prova de hoje?

— Estou bem ansiosa, pra falar a verdade.

Hefesto levantou uma das sobrancelhas. – Vai ganhar?

— Com certeza... – sorri. – Vai ser demais. – Lhe dei meu melhor sorriso. Estava definitivamente ansiosa pra isso!

— Bom, então agora vamos entrevistar a menos popular, aquela menos votada, você Lily, sim, você mesma!

E desapareceu, reaparecendo diante da pobre coitada. Alguns segundos depois (e uma trombeta muito desafinada), nos disseram para irmos para nossos lugares, que a prova já ia começar. Foi então que vi as bigas.

— Hum... – fiz. - A prova é uma corrida?

— Achei que enfrentaríamos leões ou algo do tipo – disse Emmy.

— Enfrentar leões por Apolo?

— Ouvi dizer que ele tem tesão nisso. Uma ex dele enfrentou um leão ou algo assim.

— E ela saiu viva? – uma selecionada se intrometeu.

— O que você acha? – dessa vez foi Peggy. – Uma dica: ela virou ex por um motivo. – E lhe deu um sorriso predatório. A menina saiu, tremendo até as bases.

Revirei os olhos. Era óbvio que a garota não havia morrido, mas estava tão estressada que nem me dei ao trabalho de acalmar a menina ou mandar a Peggy ir se ferrar (na melhor das hipóteses). Apolo me estressava. E eu não duvidava nada de que a próxima prova fosse mesmo o cúmulo do absurdo, nos fazer enfrentar um leão ou algum monstro pior. E enquanto todas nós, selecionadas, discutíamos sobre isso, o tapado bebia um Dollynho em seu trono no camarote.

Aos poucos, fomos todas subindo nas bigas. Por ter vencido a prova anterior, da foto, a minha era a primeira. Vou ter que me esforçar um pouco, pensei. E decidi fingir que não ouvi o toque da corneta, avisando para darmos partida. Apenas pude ver o cabelo loiro de Dionne na minha frente, o que me alertou para dar um toque nos cavalos, que começaram a correr.

— PARECE QUE CAMILLE, NÚMERO 1 E FAVORITA DOS TELESPECTADORES, SE EMBANANOU UM POUCO PARA DAR PARTIDA! – narrou Hefesto. – ELA ESTÁ ATRÁS DE... BOM, TODAS AS SELECIONADAS.

Assim, no passo da tartaruga (ou trote do cavalo né), eu dei a primeira volta no coliseu. Eram três, e eu estava em último lugar, apesar do número um em minhas costas. Vi, ao passar por mim em sua segunda volta, Emmy com cara de confusão.

— O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO? – ela gritou.

Antes que eu pudesse responder, ela já havia avançado mais, passando por Willow.

— VEJAM SÓ, MARGOT, NÚMERO 4, DIONNE, NÚMERO 2, E EMILLY, NÚMERO 3, TODAS PERTO UMA DA OUTRA. ELAS ESTÃO QUASE COMPLETANDO A SEGUNDA VOLTA, PESSOAL! QUEM SERÁ QUE VAI QUE CHEGAR EM PRIMEIRO?

Olhei para os meus cavalos, que até então cavalgavam em ritmo normal começando a sentir uma inexplicável falta de ar.

— EM PRIMEIRO LUGAR, EMILLY, NÚMERO 3! EM ÚLTIMO... CAMILLE! VAMOS, SELECIONADAS! PRECISAM CORRER MAIS RÁPIDO DE QUEREM O CORAÇÃO DE APOLO! A FORÇA DE VONTADE DE VOCÊS REPRESENTA O QUANTO VOCÊS O QUEREM! DEMONSTREM!

Consegui, com dificuldade, completar a segunda volta. Dionne passou por mim, com o cabelo esvoaçante e sedoso, sorrindo como se gostasse da prova. Emmy a seguiu, não muito atrás, com uma cara de determinação que eu conhecia muito bem. Ela era competitiva ao extremo, odiava perder. E mesmo não tendo essa ânsia toda de ganhar, quando a vi quase se encostando em Dionne, percebi que não queria que a loira ganhasse. Reuni alguma energia e dei rédea nos cavalos, pedindo para irem mais rápido, o que me custou o resto do meu fôlego. Não tinha mais chance de ficar entre as top 3, mais ainda podia ultrapassar outras garotas e ficar em oitavo, talvez em décimo lugar?

Comecei a sentir minhas pernas ficando moles, e a visão um pouco tonta. Vi Apolo segurando seu Dollynho, me olhando com cara de profunda decepção. Afrodite, ao lado, um tanto confusa. E vi Emilly ultrapassando Dionne. Pelo menos isso. Foi então que não consegui mais respirar. Não tendo mais o controle de minhas mãos, tudo o que eu pude fazer foi soltar as rédeas, me sentando no chão enquanto tentava tentando desesperadamente puxar algum ar pra dentro. Tateei meu bolso, desesperada, mas não consegui achar minha bombinha, minha visão começando a enturvar.

— MAS O QUE É ISSO... – disse Hefesto. – HÁ ALGO ERRADO COM A BIGA NÚMERO 1...

Sem a minha coordenação, os cavalos perderam um rumo, e a biga começou a sacolejar, me jogando de um lado pro outro. Eu estava prestes a cair pra fora, de cara no chão, quando senti uma mão forte em meu ombro, e de repente eu não estava mais lá.

— ESCULÁPIO!

Tudo o que eu via eram imagens muito turvas enquanto tentava puxar o ar sem sucesso, vendo um homem loiro começar a gritar. Senti um roçar de penas em meu corpo mole. E então me senti sendo erguida, carregada.

— PARECE QUE A CANDIDATA CAMILLE DOSSEAU FOI DESCLASSIFICADA DA PROVA. CONTINUEMOS... MAS O QUE É ISSO? EMILLY ESTÁ PASSANDO NA FRENTE DE DIONNE E... E... ELA VENCEEEEEU! COMPLETOU SUA TERCEIRA VOLTA! EMILLY GOMEZ, FILHA DE HADES, ACABA DE VENCER A PROVA E GANHAR UM ENCONTRO COM O APOLO MINHA GENTE! HAHAHA!

Senti outra mão tocar meu peito, como se procurasse meu coração, e então apaguei. Quando acordei, estava no que parecia ser uma enfermaria onde eu era a única paciente. Uma ninfa com uniforme de enfermeira organizava seringas numa caixa, perto de mim.

— Hm... Oi...

Ela se virou, com ar de surpresa, e abriu um sorriso.

— Finalmente! – disse, deixando a caixa e indo até um frigobar. – Você aceita um pouco de néctar?

Não respondi. Ela já foi enfiando um canudo na minha boca e colocando um copo gelado por baixo. Senti um incrível gosto de guacamole, e foi como se todas as minhas energias voltassem ao mesmo tempo.

— Chega – disse a enfermeira, afastando o copo. – Já está bom.

— O que... o que aconteceu? – perguntei.

— Sua asma atacou durante a prova, e você teve uma pequena queda de pressão. – consultou a prancheta ao lado de minha maca. - Esqueceu de tomar seus remédios? Uma pessoa como você, dia...

— Com licença?

A enfermeira parou de falar imediatamente e fez uma reverência, olhando para os próprios pés como se não pudesse encarar o sujeito que adentrava a sala.

— Senhor Apolo! – exclamou ela. – Que honra tê-lo aqui!

— Tire meia hora de folga – disse ele. – E, hã... obrigado.

Ela saiu correndo, olhando para baixo. Apolo sequer prestou atenção nela. Ele caminhou até mim e se sentou em minha cama. Ainda usava a túnica grega, as sandálias de tiras e a coroa de louros na cabeça.

— A premiação só acabou agora – falou enquanto brincava com uma dobra no meu lençol. – Sua amiga Emily venceu. Vou ter um encontro com ela amanhã.

— Que bom... ela é muito competitiva.

— É, imaginei que diria isso.

Ele ergueu os olhos azuis e me encarou. De repente, me senti pesada. Por que ele estava me olhando assim, com uma carinha de cachorrinho tristonho? Apolo inspirou profundamente, depois disse:

— Eu vim aqui pra dizer que vou deixá-la em paz, Cammy. Você disse tantas vezes que não me queria, e eu não acreditei. Mas depois de hoje... – ele soltou um longo suspiro. – Você se auto-sabotou pra perder... Bom, agora eu acredito em você. E fique tranquila, eu não vou correr atrás de você, ficar insistindo ou coisas do tipo. Já fiz isso antes, e não deu certo.

— Apolo...

— Você está livre pra ir embora. – contou com a cara mais desolada do mundo.

— Apolo...

— E não se preocupe, não vai recair sobre você nenhuma maldição ou coisa do tipo...

— Mas...

— Só preciso da sua alta, mas você pode ir embora hoje mesmo se quiser.

— Apolo! – me sentei na maca, indignada. – Eu...

— E como uma divindade das artes, lhe devo meus parabéns. Sua atuação foi impressionante, eu quase acreditei que estava mesmo passando mal. Fazer Hermes te buscar no meio no Coliseu, e depois enganar até o próprio Esculápio...

— Mas eu estava passando mal, seu idiota!

— Imagino que já tenha feito suas malas antes da prova, pra adiantar o serviço e ir embora logo. Foi mandar uma carruagem te levar de volta ao Acampamento...

Como ele não ia parar de falar, fiz a coisa mais impensada possível: beijei sua bochecha. Foi rápido, coisa de um segundo, só um roçar praticamente. Mas teve o efeito que eu queria: ele se calou e arregalou os olhos.

— Primeiro, que eu não sei se me sinto ofendida ou lisonjeada de ser acusada de enganar um deus! E segundo: eu não me auto-sabotei – falei irritada. – Admito que no começo essa realmente foi minha intenção, por isso demorei até dar partida. Mas depois eu realmente tentei... e eu realmente passei mal. Não foi de propósito – falei, olhando bem pros olhos dele.

— Você acabou de me beijar?

— Puta que pariu Apolo, você não escuta nada que eu digo! Beijei sim, mas foi só pra você calar a boca e me escutar. Será que você pode fazer isso?

Ele coçou o cabelo, meio sem jeito. – Hã... claro. Eu... sim, com certeza. É... fala aí, então.

— Eu tenho... – respirei fundo. – muitos problemas. Problemas de saúde – tratei logo de avisar, vendo o olhar incrédulo que me mandou.

— Se eu disser que não acredito, você me beija de novo? Ai! Também não precisa agredir!

Revirei os olhos depois de bufar, indignada.

— Tudo bem, eu sei que você é dia...

Peguei suas mãos e coloquei sobre a pele nua do meu pescoço, uma de cada lado. Apolo expirou.

— Você tem asma... – sussurrou.

— Sim, e eu tive um ataque de asma durante a competição. Acho que deixei minha bombinha cair enquanto  vestia a roupa que Afrodite escolheu pra prova, não sei. O fato é que: eu não perdi a prova por querer.

Ele piscou, como se enfim raciocinasse, e então mordeu o lábio, como se não soubesse o que falar.

— Mas Cammy... – tirou a mão do meu pescoço lentamente. – Você perdeu a prova... E quem perde em último lugar é eliminado. Você foi eliminada da Seleção.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hehehe... A Cammy tanto quis que conseguiu o que queria... quando finalmente desistiu da ideia!
Agora é ver como ela vai sair, ou melhor, continuar nessa... SE ela for autorizada a continuar nessa, né? Eita, que agora o gordinho caiu de vez!
Até a semana que vem!
P.S.: se vcs se mostrarem realmente indignados com esse final, nós postaremos o próximo capítulo ainda essa semana hahahaha



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Seleção de Apolo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.