Pov Kai

Era madrugada e eu não conseguia dormir de jeito nenhum. A raiva ainda existia dentro de mim, mas agora era apenas uma pequena porcentagem. Eu devia ter escutado Bonnie? Bom, ela jurou ser mentira. Mas e o que eu vi com meus próprios olhos? Primeiro ela diz que não me ama, depois passa a me amar e no outro dia encontro ela com outro homem em minha cama.

O dia começou a nascer e eu resolvi descer para beber um pouco de água. Saí do meu quarto e me dirigi para a cozinha. Peguei uma jarra com água e pus no copo. Estava olhando pela janela e pude ver o jardim. As flores ainda não nasceram, obviamente, mas logo enfeitariam o jardim e eu me lembraria de Bonnie todos os dias.

Rose: senhor? Já acordado?- falou entrando na cozinha.

Kai: ah, olá Rose- sorri um pouco.

Rose: aconteceu alguma coisa enquanto estive fora?

Kai: fora?- com tudo o que aconteceu nem notei a ausência de Rose- para onde foi?

Rose: a senhora pediu para que eu tirasse um dia de folga.

Kai: pediu? E por que?

Rose: bom, acho que ela queria fazer uma surpresa para o senhor. Já notou como tudo está arrumado e a casa está toda mudada?

Eu não tinha reparado nisso, mas agora que Rose falou realmente estava tudo mudado e limpo.

Kai: ah, ainda não havia reparado.

Rose: a senhora não o disse?

Kai: não, ela não disse.

Rose: estranho.

Kai: é só… bom, ela teve que ir dormir na casa dos pais.

Rose: mesmo? Aconteceu alguma coisa?

Kai: não se preocupe, logo tudo será resolvido.

Rose: bom, se me der licença prepararei o café.

Kai: tudo bem- sorri- com licença, Rose.

Ela assentiu e eu saí. Fui até a sala e foi então que notei que tudo estava realmente mudado. Então Bonnie teve todo esse trabalho para me agradar? E ainda liberou Rose para uma folga só para mostrar que era capaz? Ouvi batidas na porta e fui abrir.

Rudy: Kai- ele falou ofegante e entrando.

Kai: senhor Bennett? O que aconteceu?

Rudy: ela… a Bonnie…

Kai: acalme-se. ROSE!- chamei-a.

Rose: sim senhor?

Kai: traga um copo com água, por favor.

Rose: sim senhor.

Levei meu… meu sogro até a sala e o sentei no sofá. Rose trouxe o copo com água e eu o dei. Logo ouvi passos e meu pai estava descendo a escada.

Joshua: o que houve aqui?

Kai: ainda não sei- olhamos para o pai de Bonnie.

Rudy: bom, desculpe… desculpe vir aqui tão cedo. Sei que você e Bonnie se desentenderam, mas… é preciso contar- falou mais calmo, mas ainda ofegante.

Kai: fale senhor Bennett.

Rudy: é a Bonnie.

Joshua: aconteceu alguma coisa?

Rudy: eu estava dormindo, mas tenho sono leve. Escutei o barulho de copo sendo quebrado e logo me pus de pé. Depois ouvi a voz de Bonnie tentando gritar, mas logo foi interrompida. Desci apressadamente a escada e pude ver alguém saindo com minha filha nas costas. Corri até a porta, mas o homem já estava dentro do carro e partiu levando minha filha.

Kai: Bonnie foi sequestrada?

Rudy: sim. Mas, eu não tenho a mínima ideia de quem tenha sido.

Kai: eu tenho- falei com raiva.

Pov Bonnie

Acordei com uma forte pontada na cabeça. Abri meus olhos, mas estava tudo escuro. Pisquei algumas vezes, mas nada da imagem clarear. Tentei pôr a mão na cabeça, mas percebi que estavam atadas. Meus olhos se acostumaram a escuridão, mesmo assim não consegui identificar onde estava. Mexi meus pés e eles também estavam atados.

Bonnie: olá?- falei.

A dor na minha cabeça se intensificou. Pus as mãos no lugar que doía e percebi que saía algo pegajoso de minha cabeça. Sangue.

Bonnie: OLÁ! ALGUEM AÍ?

Após um curto tempo uma porta se abriu e a claridade invadiu o lugar. Eu pus as mãos na frente do rosto e vi um par de pernas se aproximar de mim.

Xxxxx: você acordou.

Bonnie: quem... quem é você?- perguntei com a voz fraca.

Xxxxx: Kol. Tenho quase certeza que não me conhece.

Bonnie: não mesmo. Por que estou presa?

Kol: só cumpro ordens, senhora.

Bonnie: de quem?

Ele se levantou e ia sair.

Bonnie: estou com sede.

Kol: trarei água- ele saiu fechando a porta.

Eu continuei ali imobilizada. O que estava acontecendo? Eu só lembro que alguém… Enzo! Não, o que ele estava fazendo? O que estava planejando?

Pov Kai

Agora nos encontrávamos na casa dos Bennett. A polícia não podia ajudar, pois só procurariam um desaparecido após vinte e quatro horas. A mãe de Bonnie estava chorando muito e seu pai a acalmava. Meu pai também estava ali prestando solidariedade.

Eu já sabia quem estava fazendo isso. Estava muito na cara. Agora tudo se ligava, Bonnie não me traiu, o doutorzinho que armou tudo. Eu saí da casa dos Bennett e fui a pé até a casa do doutor. Bati à porta e não demorou para que ele abrisse.

Enzo: Kai...

Não deixei ele terminar. Entrei já imprensando seu pescoço até chegar a parede mais próxima.

Kai: cadê ela?- perguntei entre dentes.

Enzo: do que... do que está falando?

Kai: cadê a Bonnie?

Enzo: eu… eu não…

Kai: não sabe uma ova, eu sei que foi você. Anda logo!

Enzo: eu…

Kai: CADÊ A BONNIE?

Ele já estava desfalecendo, mas eu não o mataria até encontrar Bonnie. Soltei seu pescoço e ele caiu tossindo.

Kai: eu vou dar apenas mais uma chance para me dizer.

Enzo: eu… eu juro que não sei- tossiu mais.

Kai: suas chances acabaram.

Eu tentei pegá-lo pela gola da camisa, mas ele me deu um golpe e eu caí a seus pés.

Enzo: vamos Kai, você nem a ama.

Kai: você sabe, não é?- me levantei e me pus a sua frente.

Enzo: sei, mas você não a terá de novo- ele riu.

Eu voei nele, mas ele desviou e saiu correndo. Eu corri atrás dele e ele logo entrou no seu carro e saiu na velocidade máxima. Eu também fiz o mesmo em meu carro. Quando dei por mim estávamos em um caminho entre a floresta. Ele parou o carro, o abandonou e saiu correndo. Eu fiz o mesmo correndo atrás dele, ele não fugiria sem me dizer onde Bonnie estava. Chegamos até um lugar onde não havia mais estrada, só a floresta nos cercando em um amplo campo.

Kai: CADÊ ELA?- gritei ofegante.

Ele riu e parou. Eu parei também, sem entender o que estava acontecendo.

Enzo: olha só onde você vai morrer, longe de sua amada e ainda por cima no meio da floresta.

Kai: olha aqui…

Ele puxou uma arma de sua cintura. Ele estava armado? Como não notei?

Enzo: eu já planejava tudo- falou ainda apontando a arma pra mim- primeiro fazer você acreditar que Bonnie o traía. Depois atrair sua raiva até essa floresta, matar você, fazer Bonnie casar comigo e receber a herança dela.

Kai: você é doente!

Enzo: não, eu sou esperto- sorriu- você não. Pois eu pensei essa cena bem mais difícil, mas você fez acontecer tão facilmente. Como rasgar um papel.

Eu não podia morrer ali, teria que encontrar Bonnie primeiro. Por impulso eu corri entre as árvores, desviando de tudo. Escutava os disparos de Enzo e seus passos apressados, mas nada me atingiu. Quando dei por mim estava em um campo amplo e havia uma cabana no meio do nada. Pensei em ir lá e me esconder, mas quando estava indo outro homem aparece armado.

Xxx: Bom dia, senhor Parker.

Kai: quem é você?

Enzo: meu parceiro, Kol- o homem acenou.

Kai: o que…- então escutei um grito vindo da cabana. Bonnie estava ali- e você é o inteligente? Me trouxe para morrer próximo ao local que minha esposa está trancada?

Enzo: eu não sou tão mal, quero que sua esposa veja seu corpo, que chore e que saiba que, pelo menos, o matei perto dela.

Enzo engatilhou a arma e na hora que vi que ia atirar me abaixei, fazendo com que o tiro pegasse no homem a minha frente. Ele caiu e eu peguei sua arma rapidamente, apontando para Enzo.

Enzo: imbecil!- ri.

Kai: quem é o inteligente agora?

Ele atirava e eu atirava também. Logo a porta foi aberta e eu vi Bonnie na porta. Seu vestido estava sujo e seus cabelos estavam bagunçados. Seu rosto também estava sujo.

Kai: ABAIXE-SE…

Ele atirou e ela se abaixou. Enzo atirou rapidamente, fazendo com que pegasse em minha perna e minha arma caísse longe.

Bonnie: NÃO!- ela vinha até mim, mas Enzo apontou a arma para ela.

Enzo: não se aproxime, ou eu juro que mato ele.

Bonnie: você vai matá-lo de todo jeito- falou já chorando- não faça isso Enzo.

Enzo: eu preciso querida.

Bonnie: eu… eu prometo que renuncio a ele e caso com você, mas o deixe vivo por favor.

Kai: não…

Bonnie: por favor!- ela continuou.

Enzo: não querida, realmente preciso faze-lo.

Bonnie correu até Enzo, mas ele a pegou pelos cabelos e a jogou no chão. Eu tentei me levantar, mas minha perna doía muito.

Enzo: agora veja, querida- ele virou-se para mim e apontou a arma em direção a minha cabeça- últimas palavras?

Olhei para Bonnie e disse as únicas palavras que me importavam.

Kai: Eu te amo!

O disparo se fez ouvir…