Sem Compromisso escrita por British


Capítulo 2
O paciente predileto


Notas iniciais do capítulo

Fiquei empolgada e resolvi postar mais um capítulo! Boa leitura :D



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Sakura passou o dia inteiro pensando na atitude atrevida de seu paciente. Como ele poderia ter tido a audácia de dar em cima da própria médica? Ela sabia que mesmo tendo colocado o número do CEP de sua rua, ao invés do número do telefone, a medida de cautela com o moreno não duraria muito tempo. Afinal, dentro de seis semanas ele estaria de volta para retirar o gesso.

Pensar num reencontro com Sasuke fazia Sakura sentir um arrepio. Ela manteve a postura profissional durante toda a consulta, mas a verdade é que o rapaz era muito bonito. Tinha um tipo de beleza diferente de Naruto. Era mais novo também. Talvez até mais novo que ela. Intrigada com a possibilidade, pegou a ficha de Sasuke e calculou quantos anos ele tinha com a sua data de nascimento. Então, constatou que seu mais novo paciente predileto estava no auge dos seus 23 anos. Ou seja, era dois anos mais novo que ela. Sakura acreditava ser impossível se sentir atraída por um rapaz mais novo, então voltou a pensar em Naruto.

Eles estavam saindo, apesar dela alegar não querer nada sério. Seria traição pensar em Sasuke? Naruto, ao contrário do moreno, era alguns anos mais velho que a rosada. Naruto já era um homem completo. Tinha 31 anos e o desejo de constituir uma família, como Ino já a alertara algumas vezes. Então, os devaneios de Sakura foram cortados por batidas na porta de sua sala.

— Pode entrar! – Ordenou Sakura e viu Ino aparecer pela porta.

— Como foi com o moreno de braço engessado?

— Por que quer saber?

— Curiosidade. Quer dizer, eu vi ele se gabar para o irmão que tinha conseguido o telefone da médica. – Ino contou sentando-se na cadeira que momentos atrás Sasuke ocupara.

— Ele deu em cima de mim e... – Sakura foi interrompida por Ino.

— Você achou mesmo prudente se envolver com seu paciente sendo que está mantendo um caso com seu chefe?

— Espera aí, Ino... Eu não estou me envolvendo com meu paciente... Aquele número não é do meu telefone. Dei o número do meu CEP. Ele nunca vai descobrir para que serve aquele número e assim me deixará em paz. Quanto ao Naruto, só posso lhe dizer que vou acabar com sabe se lá o que nós mantemos.

— Você vai mesmo jogar o Naruto fora? – Disse incrédula

— Está incomodada? Aproveita e fica com ele pra você! – Sakura respondeu irritada e saiu da sala, deixando Ino resmungar sozinha.

Odiava ver a amiga se metendo em sua vida amorosa. Desde que Sasori a bateu, Ino vivia preocupada com seus relacionamentos. Sakura entendia que a amiga gostaria de vê-la feliz e até casada como ela, que arrumou Sai e em breve será uma esposa amorosa com um lar promissor para cuidar. Mas a verdade é que, desde que Sasori lhe decepcionou, Sakura havia perdido a fé no amor.

Para ela, o “caso” com Naruto era divertido, mas não tinha reais intenções de transformar isso em algo sério. Por isso, terminar antes de magoá-lo ou envolvê-lo demais seria o mais indicado, pois assim não se prejudicaria profissionalmente. Assim, se terminasse agora, o envolvimento sexual dos dois seria apenas uma boa lembrança. Era isso que Sakura gostaria de ser para o Dr. Uzumaki.

Dia 12 de fevereiro, sexta-feira, 8h00 

Desde a pequena discussão que tivera com Ino, Sakura estava evitando a amiga. Percebendo que a médica estava esquiva, Ino resolveu dar um tempo para que a amiga pensasse sobre seus sentimentos. Ino gostaria de ver Sakura assumindo um relacionamento com Naruto. Ela sabia das intenções do médico com a rosada. Naruto agia diferente quando estava com Sakura. E quando estava longe dela parecia pensar nela. Ino uma vez flagrou o médico admirando uma foto de Sakura na pausa para o café na cantina do hospital.

Embora fossem discretos, até outros funcionários haviam percebido que os dois tinham saído e chegado juntos ao hospital nos últimos dias. Mas Sakura era uma fraca e, por causa do trauma que Sasori a fez passar, a moça estava pronta para dar um pé na bunda do médico sem pensar duas vezes. Ino não queria permitir isso. Por isso, a loira tomou a liberdade de abordar Naruto na saída do hospital.

— Posso falar com você, Dr. Uzumaki?

— Claro, Ino. Alguma questão de trabalho? – Perguntou curioso.

— Na verdade, é sobre a Sakura. – Disse séria.

— O que aconteceu com ela? – Perguntou preocupado

— Sakura está planejando terminar o romance de vocês. Então, gostaria de saber se o que sente pela minha amiga é verdadeiro e, se for, peço para que não permita que ela faça essa burrada.

— Eu gosto da Sakura. Quero que ela seja minha namorada. Mas você sabe por que ela deseja terminar o que temos? Foi algo que eu fiz?

— Eu vou lhe contar tudo, mas peço que não conte a Sakura nossa conversa ou ela seria capaz de me matar...

— Acha seguro conversarmos na porta do hospital? Talvez ela possa nos ver...

— Sakura já foi embora. Ela saiu tem uma hora já... Deve estar chegando em casa. Podemos falar.

— Conte-me tudo então!

— Naruto, você já deve ter percebido que Sakura é cautelosa com a relação de vocês.

— Sim, ela não quer que ninguém no hospital saiba. Evita que nos beijemos ou termos qualquer contato dentro do hospital. Mas não é só por que ela odeia fofoca?

— Essa é apenas uma das razões. Além dela ficar se martirizando com a possibilidade de arruinar o convívio no ambiente de trabalho com você em caso de um término ruim, ela passou por um trauma com o ex-namorado. Desde então ela não consegue se envolver com ninguém. Você foi quem chegou mais perto de derreter a pedra de gelo que ela colocou no lugar do coração. Mas ontem ela me disse que vai terminar com você. Lute pela minha amiga! Não deixe que ela se sabote. Estou cansada de ver Sakura jogando todas as possibilidades de ser feliz fora por causa do medo...

— O que esse ex-namorado fez com ela?

— Ele bateu na Sakura durante uma briga. Ela prestou queixa e tudo. Ele foi preso, mas depois o soltaram e hoje uma medida judicial o obriga a se manter afastado. No entanto, ela ainda vive em um pesadelo porque acredita que o amor é só uma ilusão passageira.

— Entendo... Que canalha! Ino, não se preocupe! Vou ter calma com a Sakura e ajudá-la a superar isso. Não vou deixar que ela jogue o que temos fora! – Sorriu confiante e Ino acreditou nas palavras dele.

[...]

Dia 12 de fevereiro, sexta-feira, 20h15 

Sakura estava cansada por conta do dia de trabalho. Por sorte, sábado seria sua folga e ela estava animada para ficar o dia inteiro em seu apartamento, colocando em dia suas séries no Netflix. Sakura morava na esquina de uma pequena rua sem saída. Seu prédio não era muito grande. Tinha apenas cinco andares e Sakura morava no terceiro andar, no apartamento 301.

Quando se aproximou de seu prédio, ela notou um homem parado na esquina. Ainda não era muito tarde, mas Sakura ficou apreensiva. E se fosse um assaltante? Ela respirou fundo e tentou não transparecer seu nervosismo enquanto se aproximava. Mas ao chegar perto do tal homem, reparou que ele se tratava de seu paciente Sasuke Uchiha.

— O que você está fazendo aqui? – Ela perguntou sem sequer cumprimentá-lo.

— Olá para você também doutora! – Disse com um sorriso zombeteiro nos lábios.

— Como achou meu endereço?

— Esqueceu que você mesma escreveu no meu gesso? – Disse apontado para o braço engessado. Sakura não podia acreditar que em tão pouco tempo ele havia matado a charada.

— Não era para você ter vindo aqui.

— Sabe, não foi isso que pareceu com você escrevendo o CEP da sua rua no meu gesso. Aliás, foi uma rua bem fácil de achar já que é uma rua sem saída.

— Eu só coloquei o CEP porque não queria dar meu telefone. Jamais imaginei que você descobrisse a verdade!

— Depois que eu liguei para o número e descobri que não era seu, fiquei imaginando a que se referia a sequência numérica. Aí arrisquei e coloquei no Google Maps o número e achei a rua.

— Mas poderia ter sido um número aleatório!

— Sorte minha que não era! – Sorriu vitorioso.

— O que quer? Algum remédio pra dor?

— Sabe qual remédio seria bom? Beijos! Acredito que eles façam milagres! – Disse se aproximando e Sakura se afastou.

— Você é maluco! Eu sou sua médica! Só isso! Não estava dando em cima de você!

— Tudo bem... – Ele se afastou – Mas a gente podia sair pelo menos uma vez?

— Não vai dar! Desculpe. – Disse indo em direção ao prédio.

— Podia me convidar para tomar um café pelo menos? Só para eu não perder a viagem! – Sasuke tentou convencê-la.

— Desculpe, mas não levo desconhecidos para minha casa.

— Sou seu paciente! Aliás, acredito ser seu predileto ou você fica dando seu endereço para qualquer um?

— Não o levarei para a minha casa, com licença! – Disse rude e Sasuke segurou seu braço.

— Ok. Poderia me dar seu telefone? Juro que vou embora depois!

— Pra que você quer meu telefone, Sasuke?

— Pra te convidar pra sair oras! – Disse, soltando-a.

— Você fica coagindo todas as garotas com quem quer sair? Está me assustando, garoto!

— Desculpe se te assustei, mas eu só estou demonstrando que estou interessado. Não vejo problema em chamá-la para sair. Se tivesse me dado seu telefone quando pedi pela primeira vez, ao invés do CEP da sua casa, eu teria te ligado e não ficado plantado na sua rua. 

— Você é muito atrevido! – Disse dando um sorriso.

— Vou considerar um elogio! – Piscou – E aí podemos sair qualquer dia desses? Me recuso ter que esperar seis semanas para te ver de novo!

— Tudo bem. – Sakura tirou uma caderneta da bolsa e anotou seu verdadeiro número de telefone lá – Aqui está o meu verdadeiro número! Pode me ligar na minha próxima folga para sairmos!

— Obrigado! – Disse pegando o papel – E quando é a sua próxima folga?

— No outro domingo, dia 21. Pode ser?

— Beleza! Viu? Nem doeu marcar de sair comigo!

— Só não volte aqui, por favor!

— Posso te ligar até o dia do nosso encontro?

— Pode, mas se eu estiver trabalhando não vou atender e não adianta insistir.

— Tranquilo, doutora! – Sasuke então se aproximou.

— O que está fazendo?

— Dizendo até logo... – Foi a deixa para Sasuke beijar Sakura levemente nos lábios. A médica ficou sem reação por um momento e no segundo seguinte o empurrou.

— Você é maluco!

— Maluco por você! – Caiu na risada e Sakura não aguentou e riu dele.

— Você é tão clichê!

— Ok. A doutora é uma moça séria... O que posso fazer para conquistá-la? Flores? Um jantar romântico? Joias?

— Não me vendo. – Enfatizou.

— Ok. Já tive a ideia pro nosso encontro, mas não vou contar agora! Quanto eu te ligar, te falo!

— Pra que isso?

— Estou arrumando desculpas para falar com você doutora!

— Você devia arrumar uma garota da sua idade! Skatista como você...

— Eu sou mais novo que você? Quantos anos você tem? Achava que você tinha uns 21 no máximo! Tá enxuta!

— Não se pergunta a idade de uma dama, mas só pra matar a sua curiosidade eu vou contar! Tenho 25 anos.

— Ah... Você é só dois anos mais velha que eu! Tá no ponto! – Sasuke disse olhando Sakura de cima a baixo e ela ficou incomodada.

— Idiota! – Sakura então deixou Sasuke falando sozinho e entrou no seu prédio.

— A gente se vê doutora! – Gritou Sasuke.

Sakura subiu até seu apartamento furiosa. Como seu paciente teve a coragem de persegui-la desse modo? Mesmo que ela tenha escrito o CEP no gesso dele, aquilo nunca significou que ela gostaria que ele fosse até lá. Cansada, a médica resolveu tomar um banho e relaxar de todo o estresse que estava sentindo. Durante o banho, se lembrou do beijo do moreno. Em seguida, pensou em Naruto. Havia traído o médico. Mesmo que aquele beijo não tenha sido desejado, ele tinha acontecido. Naruto não merecia isso, apesar de não terem nada sério ela sabia que ele era fiel ao “caso” que tinham.

Desde a terça-feira de Carnaval, o médico tinha dedicado seus dias para a médica seja chamando-a para almoçar, jantar ou dividir a cama. Até flores ele mandou com um cartão fofo. Sakura se sentiu culpada por dar o telefone ao Uchiha sem ter definido sua situação com o loiro antes. Entretanto, ela teria tempo de dizer a Naruto para que só poderiam ser amigos até o dia do encontro com Sasuke. Ela tinha uma semana para ajeitar a situação.

Dia 13 de fevereiro, sábado, 10h00 

Sakura acordou na manhã de sábado ouvindo o interfone tocar. Ainda meio zonza de sono, a rosada atendeu e o porteiro lhe informou que Naruto estava lá embaixo pedindo para subir. Sakura levou um susto, mas autorizou a entrada do médico. Ela teria pouco tempo para se ajeitar, então resolveu ficar de pijama mesmo. Apenas lavou o rosto, penteou os cabelos, escovou os dentes e então começou a preparar o café.

Quando a campainha tocou, ela correu até o espelho e deu uma última checada no visual. Não estava incrivelmente bonita, mas estava ajeitada. Naruto já tinha visto Sakura em dias piores. Não se assustaria.

— Te acordei? – Perguntou o loiro assim que Salura abriu a porta.

— Tenho que admitir que sim! – Disse dando espaço para o médico entrasse.

— Trouxe croissant para comermos no café! – Disse levantando a cesta com pães e lhe entregou.

— Obrigada pela gentileza! – Disse enquanto recebia a cesta e foi surpreendida com um rápido selinho.

— Estava com saudade! – Admitiu Naruto, enquanto se acomodava na mesa da cozinha ao lado de Sakura.

— Ontem foi um dia puxado no hospital, não é?

— Sim, mal tive tempo para beber água! Foi um dia em que fiquei no centro cirúrgico por muito tempo. Quando finalmente fiquei livre, você já tinha ido embora.

— Desculpe por não esperá-lo.

— Tudo bem... Ino me contou que você tem passado por problemas.

— Como assim? O que ela te disse?

— Nada demais. Só estava preocupada.

— Eu já até imagino o que ela falou pra você... Mas não se preocupe, pois estou bem! De verdade!

— Eu acredito que está! Por isso vim...

— Você está de folga também?

— Sim, reorganizei a escala de médicos para que nossas folgas coincidam! Assim, podemos passar mais tempo juntos! Sei que te preocupa que nosso relacionamento não dê certo. – Enquanto Naruto falava, Sakura engasgou.

— Relacionamento? Que relacionamento?

— O nosso ué? Eu sei que ainda não somos namorados, mas estamos caminhando para isso ou estou enganado?

— Naruto, eu te avisei que não quero nada sério. – Sakura teria que ser dura.

— Eu sei, mas eu quero. – Ele disse e segurou a mão da rosada.

— Não vou colocar em risco o clima de harmonia que mantemos no hospital. Pensei que você quisesse diversão assim como eu e só... Não teria topado, caso imaginasse que você deseja algo mais.. – Foi sincera.

— Por que não pode nos dar uma chance?

— Já disse... Não quero um clima ruim no meu ambiente de trabalho e, por mais maravilhoso que você seja, namorados brigam...

— Não é só isso...

— Ino te contou, não foi? Eu vou matar aquela linguaruda! – Sakura sabia que Ino ia se intrometer.

— Não interessa o que ela me contou. O que interessa é o que você sente. Você gosta de mim ou não?

— Naruto, eu gosto de você, mas não é da forma que você gosta de mim. Foi bom enquanto durou, mas não vejo futuro na nossa “relação”. Só ia render dores de cabeça para nós dois. Você é meu chefe!

— Mas não é por que eu sou seu chefe que você está impondo barreiras no nosso relacionamento, não é?

— Ok! Confesso! Tem mais coisas! Tenho certeza que a Ino te contou sobre meu ex, então vou abrir o jogo. Não acho legal eu ficar te iludindo...

— Então fala... – Pediu segurando as mãos da amada.

— Eu tive um namorado chamado Sasori. Eu era louca por ele. A gente estava há dois anos juntos e já fazíamos planos para um casamento no próximo ano, mas Sasori começou a ficar estranho, com ciúmes de mim com qualquer pessoa. Cada dia, ele estava mais agressivo... Mas até então ele nunca tinha me batido, até que um dia eu não atendi nenhuma das ligações dele porque estava de plantão no hospital. Quando cheguei em casa, achei meu apartamento todo revirado... Ele ficou me esperando no meu quarto. Ele estava completamente alcoolizado, então começamos a discutir. Ele então disse que sabia que eu o traia com o primo dele. Eu falei que ele estava maluco, mas então o Sasori me bateu. Depois disso, eu dei queixa dele e uma medida judicial me protege de uma nova tentativa dele infernizar a minha vida. Resumindo: Eu não sou capaz de me envolver com alguém nesse nível de novo. Eu não quero te magoar. Sei que é um bom homem e merece alguém que não tenha um trauma como esse.

— Sakura, eu não vou deixar você jogar a nossa relação fora...

— Aí que tá, Naruto! Não tem relação nenhuma! Você não significa pra mim nem de perto o que eu significo pra você e isso só vai te magoar.

— Você quer dizer que não me ama?

— Isso.

— Não está nem apaixonada por mim?

— Infelizmente, não! – Naruto abaixou a cabeça e Sakura prosseguiu – Naruto, eu não vou negar que você é encantador! Eu realmente me deixei envolver, mas era Carnaval. Quem leva ficada de Carnaval a sério? Eu jurava que pra você eu era um passatempo! Eu não esperava que você fosse tão atencioso, cavalheiro...

— Poderia me dar uma chance pelo menos?

— Eu pensei em te dar essa chance, mas não vale a pena arriscar nossa paz no hospital por noites de sexo.

— Para você foi só uma transa? – Naruto parecia magoado.

— Não. Não é isso. Não me entenda mal. Se Sasori não tivesse ferrado com o meu lado emocional, eu poderia até tentar, mas a grande verdade é que eu não acredito no amor. Eu não estou procurando namorado e muito menos um marido. Enquanto isso, eu sei que você está à procura de uma esposa, quer filhos... Nos corredores do hospital eu já ouvi os boatos. Não acho justo ficar te usando... A mulher que pode te fazer feliz pode estar por aí...

— Sakura, eu quero tentar com você! Dane-se se pode dar errado! Eu posso tentar curar as feridas que esse babaca do Sasori deixou! Basta você deixar!

— Só faz três meses que tudo aconteceu... Eu não to pronta!

— Eu posso esperar!

— Não acho justo você esperar!

— Mas eu quero esperar!

— Naruto, por favor, não insista! Lá fora tem tantas garotas bacanas procurando um cara legal! É perda de tempo você insistir em um “nós” que será sempre só “você”. Um relacionamento de verdade precisa de duas pessoas se esforçando da mesma forma. Eu sempre vou deixar a desejar...

— Sakura, as duas vezes que nós dormimos juntos eu senti que nós dois estávamos conectados. Era mais que sexo... Eu nunca me senti desse jeito com ninguém...

— Fico feliz por tê-lo feito feliz nos últimos dias, mas não posso deixá-lo insistir em algo que não é recíproco. Acho melhor você ir embora. – Sakura então se levantou da mesa de café da manhã e Naruto a acompanhou até porta.

— Você está jogando sua felicidade fora, Sakura.

— É para o nosso bem... Podemos ser amigos?

— Eu não quero ser seu amigo. – Naruto lamentou.

— Pois a partir de hoje será apenas o meu chefe então. – Foi enfática e abriu a porta.

— Você está se sabotando! – Naruto gritou e sacudiu a rosada – Acorda para a vida!

— Desculpa, Dr. Uzumaki!

— Sakura... – Naruto abraçou a médica com força e sussurrou em seu ouvido – Eu não vou desistir de nós tão facilmente. Vou deixá-la pensar... Acredite em meus sentimentos por você. Eles são verdadeiros.

— Eu acredito nos seus sentimentos e agradeço por eles, mas eu não te amo da mesma forma.

— O que você sentiu quando estava comigo?

— Eu me senti em chamas. Não era amor, mas você me fez sentir viva.

— Eu fiz você sentir alguma coisa, então como a Ino disse eu derreti um pouco a pedra de gelo que você colocou no lugar do coração. – Naruto sorriu triste.

— Vai ficar tudo bem entre a gente no hospital?

— Não se preocupe. Eu jamais misturaria meus sentimentos por você com nossa relação profissional.

— Obrigada! – Sakura sorriu sincera e Naruto então a beijou. Sakura retribuiu. Era o mínimo que poderia fazer para apaziguar a tristeza que havia causado.

— Não será nosso último beijo. – Naruto prometeu e Sakura não hesitou em beijá-lo mais uma vez.

— Este foi.

 – Você é durona...

— Vá, Naruto! Aproveite seu dia de folga!

— Nos vemos amanhã! Estarei de plantão.

— Até amanhã! Bom descanso! – Acenou.

Quando Naruto partiu, Sakura respirou fundo. Tinha certeza que havia magoado o médico, mas, ao mesmo tempo, sabia que dessa forma tinha evitado dores maiores. Ela sabia que não amava Naruto. Que toda a empolgação com as noites de sexo não foram o suficiente para apagar os danos que seu coração tinha por causa de Sasori. Ela não sabia quando superaria de fato o ex.

Na verdade, lá no fundo, ela sabia que não saberia amar alguém de novo. E, para ela, Naruto merecia ser amado. A escolhida seria uma sortuda, mas infelizmente não poderia ser ela. Depois de tomar um banho e se arrumar, Sakura lavou a louça do café da manhã. Quando o telefone tocou, viu que era um número desconhecido e ficou com medo que fosse Sasori. Apesar da distância física, o ex sempre atormentava Sakura com mensagens de texto ou voz e até ligações em que só ficava ouvindo sua voz. Ainda era perturbador... Mas ao atender Sakura reconheceu a voz de Sasuke.

— Saudades de mim? – Perguntou Sasuke.

— Não. Nenhum pouquinho.

— Que pena! Eu estava olhando para o meu braço engessado e lembrei de você!

— Então você lembra de mim o tempo todo...

— Até sonho! – Ele ria no outro lado da linha.

— Nem quero imaginar seus sonhos comigo...

— Só posso te dizer que eles são prazerosos...

— Calado! – ordenou e já estava vermelha.

— Tudo bem...

— Já que ligou pode me contar onde será nosso encontro?

—Num motel. – Falou brincando e Sakura brigou.

— Você é um babaca se acha que eu...

— É brincadeira, doutora! Eu vou te levar no meu lugar preferido!

— Só vai me dizer isso?

— É o que basta! E eu vou te buscar aí!

— Ok! Já vou desligar! Tchau, Sasuke! – Sakura desligou sem pestanejar e o Uchiha ficou sorrindo do outro lado da linha. O jeito de Sakura despertava a curiosidade de Sasuke, que estava acostumado com mulheres atrás dele. Correr atrás de alguém era novidade para o moreno. Ele nunca tinha precisado fazer esforço para que alguém gostasse dele. A Drª parecia valer a pena todo investimento.

[...]

Depois que desligou o telefone, Sakura começou a assistir às suas séries preferidas no Netflix. Só os dias de folga eram capazes de mantê-la atualizada, uma vez que a rotina do hospital consumia boa parte de sua vida. Ao ouvir a campainha, Sakura correu para olhar no olho mágico quem era a visita. Já que o porteiro não havia interfonado, ela supunha que era algum rosto conhecido.

Ficou aliviada ao ver que era sua amiga Konan. Desde o Carnaval, ela e a amiga não tinham se visto. E o único resquício de conversa que tiveram foi pelo whatsapp numa breve mensagem de voz em que Konan dizia o quão incrível tinha sido o ruivo que ela havia pegado na terça-feira.

— Quem é vivo sempre aparece! – Disse Sakura feliz ao rever a amiga que logo a cumprimentou com dois beijinhos no rosto.

— Você que vive enfurnada naquele hospital, mulher! – Disse Konan, enquanto adentrava o apartamento e se acomodava no sofá.

— Eu só sou um pouco mais ocupada que você. E como andam as coisas com seu foodtruck Guloseimas da Konan?

— Eu e Tsunade estamos investindo todo nosso dinheiro nisso, mas ainda não dá lucro. Estamos organizando uma agenda de locais para vender nossos doces e salgados.

— Pelo menos, agora você é dona de seu próprio negócio e pode mandar na sua agenda. Não era isso que queria?

— Era... Tem razão! Mas só estarei satisfeita quando recuperar o dinheiro que investi. Mas, mudando de assunto, como vai o lance com o médico bonitão?

— Não vai... Acabei de terminar com ele...

— Como você joga um homem daquele fora? Lá em casa ele ia fazer um estrago!

— Já não basta a Ino e agora até você me fala isso!

— A gente não é cega tá? E, falando sério, está mais do que na hora da senhorita deixar seu passado sombrio com o Sasori para trás.

— Só faz três meses!

— Tudo bem... Você é lentinha para desapegar! Eu já entendi. Mas o que vai fazer? Quer virar freira?

— Não! Claro que não! Mas eu queria um “relacionamento engraçado” sabe? Sexo sem compromisso!

— Você já viu por acaso aquelas comédias românticas? Sempre acaba em namoro, fía!

— Na vida real, não é desse jeito...

— E onde vai arrumar um cara que não queira se comprometer? Por que pelo visto o tal do Naruto só quer coisa séria!

— Quem sabe onde você arranja os caras que se envolvem com você! – Brincou e Konan riu.

— Sakura, minha amiga, você não é do tipo que se interessa pelos caras que eu pego.

— Por que?

— Você detesta músicos! Lembra que se recusou a beijar um, antes de conhecer o finado Sasori, porque ele te chamou de groupie?

— Porque eu não sou groupie! – Rebateu com raiva.

— Mas e daí se você não é? Era só pra pegar! Depois você descarta e fica tudo certo!

— Você não se preocupa quando eles te rotulam dessa forma?

— Sinceramente? Não! Porque eu sei que não sou! Gosto de músicos porque acho que eles costumam ter um papo interessante. Fico quando me dá na telha! Se falar muita bosta, descarto como faria com qualquer homem desinteressante! E como eu não tenho um pingo de vontade de casar com nenhum deles, não to nem aí para o que eles pensam sobre mim. Sou livre!

— E aquele ruivo que você pegou no Carnaval? Ele era músico não era?

— O Pain é sim... A banda dele tá ficando conhecidinha agora, mas como você não se liga nessas coisas deve nem saber quem é.

— Qual a banda? Quem sabe tem mais algum membro interessante? – ao ouvir Sakura falar, Konan riu.

— É Akatsuki, mas duvido muito que você se interesse por algum deles. Só o Pain presta de lá...

— Tem saído com esse Pain?

— Só uma cervejinha depois do Carnaval... Nada demais.

— E sexo?

— Também rolou! Confesso! Mas não vamos namorar... – Falou entediada.

— Por que? Você parecia empolgada com ele no bloco!

— Ele tem uma namorada, mas como ela foi fazer um intercâmbio de seis meses fora e ele acabou solteiro durante o Carnaval a Konan aqui o consolou!

— Ele cortou qualquer possibilidade de ter alguma coisa com você?

— Ele foi sincero tá? Disse que queria sexo, mas que não queria compromisso e eu falei que tudo bem porque queria o mesmo.

— Ele te chamou de groupie?

— Todos chamam, já disse que não me importo!

— Você merecia alguém melhor...

— Você também! Aliás, você arranjou, mas tá com medinho de se envolver...

— Já acabou com o Naruto e... eu arrumei um novo pretendente.

— Quem? – Falou Konan curiosa.

— Um paciente meu. Ele insistiu tanto que topei sair com ele.

— É gatinho? Qual o nome?

— É Sasuke. Ele é gato, mas bastante atrevido! Ele veio até aqui em casa, acredita?

— Que louco! E aí?

— E aí que na minha próxima folga eu vou sair com ele...

— Tá pensando em dar uma chance ao amor?

— Não é nada disso... Vai ser só sexo casual... Além do mais, tenho certeza que ele só me cercou porque tem alguma fantasia de pegar uma médica.

— Bom, se ele é gato não faz mal... Mas eu ainda acho que você devia repensar sobre o médico gato. Ele pode ser sua alma gêmea já pensou?

— Calada!

Depois do papo amoroso, Sakura e Konan e voltaram para televisão e assistiram vários episódios de diferentes séries. Será que Konan tinha razão sobre Naruto? E quais eram as expectativas de Sakura sobre Sasuke?


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