À Espada Pelo Sangue escrita por LahChase


Capítulo 54
Capítulo 44 - Encarcerados


Notas iniciais do capítulo

Heeey!!
Gente, estou postando nas pressas aqui porque em dez minutos tenho que está pronta para viajar, mas não consegui conter a vontade de liberar logo esse capítulo hehe Perdoem qualquer erro de Português, confesso que não pude fazer uma revisão apropriada.
Bom, agradeço de coração o comentário da leitora Ary no último capítulo: fez-me muito feliz! (e eu prometo que respondo assim que voltar pra casa) Agradeço também a Cassandra Tancred ^^
Bom, sem mais delongas...



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— Ian!

Eu corri para ele assim que consegui forças para erguer meu corpo. Nós dois fomos jogados em uma cela de concreto mal iluminada, com uma porta pesada de metal. Eu havia calculado, com meus sentidos afetados pela dor, uma viagem de quinze minutos desde a mansão até ali. Eles haviam nos vendado e colocado em um carro que nos transportara. Mas essa era a única pista que eu tinha.

— Ai, deuses... – murmurei ao ver a camisa ensanguentada de Ian – Temos que cuidar disso.

— Não... – ele arfou – Lotty... Você a viu? Ela foi capturada?

Os olhos dele estavam apavorados. Sua expressão normalmente neutra, ou mesmo calma antes das batalhas, parecia desesperada, ainda pior que naquele dia na van. Eu o encarei, extasiada.

— Novata! – repetiu, intenso – Eles a pegaram?

Engolindo em seco, eu balancei a cabeça afirmativamente. Ele ficou vermelho de raiva, erguendo o corpo.

— Seus demônios malditos, tirem as mãos da minha irmã!

Seu corpo começou a ficar transparente, e eu soube que ele iria ativar sua Habilidade. Distanciei-me o máximo possível e esperei até que a transformação fosse completa. Mas então ela parou, e sua pele ficou normal novamente. Ele desabou no chão.

Corri para apoiá-lo.

— Droga.... – xingou – Droga! Não dá...

— O que...? – perguntei – Está exausto de mais para se transformar?

Ele negou com a cabeça, fechando os olhos em resignação.

— Eles conhecem nossas fraquezas. – disse – Essa câmara... ela retira a umidade do ar, e, sem isso, não posso me transformar, e nem viver, na verdade. Nesse ritmo, em duas horas eu não serei capaz de aguentar mais... - ele mudou de posição, fazendo esforço para respirar.

Arregalei os olhos.

— Droga, isso é ruim... – fiquei de pé – Temos que sair daqui!

Esmurrei a porta com força.

— Ai! – gritei, recolhendo a mão, e olhando ao redor – Essa porta não vai ceder. Talvez uma saída de ar...

— Ei, novata. – Ian interrompeu – Esqueça isso. Porque acha que eles nem mesmo fizeram questão de nos desarmar? Essa cela não vai quebrar, ou ter uma forma de escapar. A única chance de sair é se eles abrirem a porta. Quando isso acontecer, tem que derrubar quem quer que esteja na frente e correr.

— Acha que eles vão abrir essa porta?

Ele deu um sorriso amargo.

 - Ah, eles irão. Ou acha que nos colocaram aqui de enfeite? Eles vão querer nos interrogar, e quando isso acontecer, acredite em mim, você vai desejar estar morta.

Engoli em seco, mas oprimi o medo, numa tentativa de pensar melhor. De costas para a parede, escorreguei até estar sentada no chão.

— Mas... se vão querer nos interrogar, eles vão esperar pelo momento em que estivermos mais fracos. – falei – Sendo assim, quando abrirem a porta, você não terá condições de lutar.

Ele encostou a cabeça na parede.

— É.

Ergui uma sobrancelha.

— Vai aceitar isso assim tão fácil?

Ele ficou em silêncio por alguns instantes, mas então respondeu:

— Você está vendo alguma outra solução?

— Bom, talvez, se... – minha voz morreu, sem nada para dizer em seguida.

 - Avise quando achar alguma. Até lá, o plano é você fugir, e encontrar os outros. Com certeza eles também foram presos, talvez estejam aqui em algum lugar. Se conseguir fazer isso, então talvez Izumi decida voltar para me buscar. Se não... – ele olhou para mim, intenso, e segurou meus ombros com força – Só precisa me prometer que não vai sair daqui sem Lotty e...

Eu interrompi sua fala absurda com um soco no chão. Segurei seu rosto entre as mãos, obrigando-o a olhar para mim e seus olhos verdes intensos arregalaram.

— Eu não vou te deixar aqui, entendeu? – falei com firmeza.

— Não seja estú...

— Cale a boca e me escute. Não vou deixar meu parceiro para trás de jeito nenhum. – continuei – Eu vou pensar em um jeito de sair daqui, e vou te levar comigo. Eu não seria digna de Atena se não pudesse fazer isso.

Ele sustentou meu olhar por alguns segundos e então eu o soltei.

— Até lá, vou tratar de estancar esse sangue. - falei - Vamos, tire a blusa.

Calado, ele obedeceu. Assim que ele despiu a blusa, experimentei alguns segundos de surpresa. Os músculos bem definidos de Ian se assemelhavam ao de um adulto, e, em seu físico bem trabalhado, haviam cicatrizes profundas, aparentemente dolorosas. Em seu peito esquerdo havia uma tatuagem do oceano e, mais abaixo, o ferimento sangrava. Saí do meu momento de transe.

— Droga, isso está bem feio. Está sentindo muita dor?

— Pelo menos enquanto meu corpo estiver hidratado, dói menos do que deveria. - ele respondeu. - Mas dói.

— Hm, entendo. – peguei o paletó que ele despira e usei Prostátida para cortar um pedaço do tecido. Pressionei a ferida, fazendo-o apertar a calça de leve com a dor decorrente da pressão – Achei que não se ferisse quando sua Habilidade está ativada.

— Claro que posso ser ferido – retrucou – Mesmo em estado líquido, ainda é o meu corpo. Eu ainda tenho que me defender.

Fazia sentido.

Fiquei em silêncio, enquanto ele suportava a limpeza dolorosa.

— Ei... – sua voz soou, e eu ergui os olhos, surpresa com seu tom hesitante. Ele continuou pausadamente: - Por que não me deixa para trás? Você sabe que te quero longe de mim, não sabe? Mesmo trabalhando bem juntos nas batalhas, nós não nos damos bem desde o início, e só causamos problemas um para o outro. Então porque arriscar a vida por mim?

Eu baixei o olhar.

"Por que estou fazendo isso?" pensei “Será que ele não entende que, gostando ou não, somos parceiros...?”

Mas eu compreendia o que ele estava questionando. Desde o começo, queria eu o mais longe possível de mim. Quando isso começou a mudar, se é que mudou? Ou melhor, porque? A resposta que me veio não me surpreendeu. Na verdade, eu já havia me dado conta disso há tempos. Explicava tudo perfeitamente. Recomecei meu trabalho, limpando os arredores dos ferimentos, e pressionando o maior para que o sangue estancasse.

Eu deveria explicar para ele como tudo sobre ele me atraía ao mesmo tempo que me afastava? Como explicar algo tão contraditório? Mas eu já não era capaz de esconder isso dele. Estava estampado que eu, de alguma forma, não o deixaria ir, mesmo que não o quisesse por perto.

— O mar é grande demais, poderoso demais, imprevisível demais... eu não gosto disso. - fiz uma pausa, considerando se devia acrescentar o restante. Ian permaneceu calado. Eu decidi prosseguir – Mas ao mesmo tempo, sou atraída pelo que não posso explicar, pelo que não posso prever.

Ian ergueu a cabeça, olhando pra mim. Continuei:

— Você é igual. Há algo em você, Ian, que me incomoda demais, e por isso não posso me afastar ou desistir de você ainda. Eu não gosto de você, mas não sei o motivo. Eu não entendo você. Então você tem que ficar vivo até eu ser capaz de te explicar.

Ele ensaiou um sorriso.

— Esse é um motivo bem egoísta para salvar a vida de alguém.

Dei de ombros.

— Ninguém mais precisa saber.

Ele se esforçou para encontrar uma posição mais confortável.

— Bom, sendo que está fazendo de mim seu mistério particular, acho que não vou me livrar de você tão cedo. E já pensou em como faremos para sair daqui, novata?

Eu terminei, tendo feito o melhor que podia, na verdade chegando a uma conclusão óbvia.

— Bom, na verdade, o que pensei é simples e complicado ao mesmo tempo... Eu... vou ter que descobrir a minha habilidade especial. Eu sou a única sobre quem eles não sabem a fraqueza, até porque eu mesma não sei. – fiz uma pausa e vi ele aprovar a ideia – Só vou ter que dar um jeito de fazer isso antes de seu tempo acabar. Vire de costas.

Ian obedeceu. Suas costas também eram cobertas por cicatrizes, e alguns cortes novos pareciam estar ali pra acrescentar mais algumas. Meus pensamentos, que eu tentava com força focar no plano para sair dali, não conseguiram mais ignorar aquelas cicatrizes. Ian tinha uma regeneração melhor que a minha, e os cortes que tinha quando batalhávamos não deixavam marcas quando ele usava água para se curar. Então por que...? O que lhe causara tanta dor que nem mesmo seu poder fora capaz de curar? A única explicação parecia dolorosa de mais.

Eu passei os dedos pelas marcas na pele do garoto.

— Ian... – ele não respondeu, mas continuei – Quando disse que eu preferiria estar morta quando eles viessem nos interrogar...

Ele abaixou a cabeça e murmurou um "hm" como resposta. Não precisei de mais nenhuma palavra para entender a confirmação do meu pensamento. Ele claramente já havia estado naquela situação antes, e sua irmã também. Mas, de alguma forma, as cicatrizes apenas cobriam a pele de Ian, e não a dela. Engoli a pergunta que queria fazer: pelo que exatamente ele havia passado para proteger Charlotte? A resposta estava ali.

Lembrei da conversa que tivera com a garota. Ela havia dito, vagamente, que os dois haviam sido presos por um tempo quando estavam na Austrália, e que esse era o motivo pelo qual ela desenvolvera uma claustrofobia forte. No entanto, também acrescentara que, graças a Ian, ela não se lembrava muito bem sobre o que acontecera nesse período, o que me fez ficar questionando mentalmente o que isso queria dizer. Mas a garota mudou de assunto ansiosamente, impedindo-me de levar a conversa mais adiante.

— Novata. - a voz dele interrompeu meu pensamento - Agora não é hora para isso.

Obriguei-me a mover as mãos novamente, limpando os cortes e pressionando o que ainda sangravam. Depois de terminado, entreguei a ele um frasquinho com néctar que sempre carregava comigo.

— Eu tenho mais Ambrósia na bolsa, então talvez fosse melhor poupar o néctar, mas, nesse momento, quanto mais líquido você absorver, melhor. - falei.

Ele bebeu o líquido e estendeu a mão para pegar a camisa.

— Não a vista ainda. - interrompi - Pingue o sangue em sua boca.

— Como é?! Eu n vou...!

— Ian, você perdeu muito sangue e está tendo toda a umidade do seu corpo sugada. Já não pode mais transformar suas moléculas, logo não vai conseguir ficar de pé, que dirá lutar. Falei que vou nos tirar dessa, mas ainda vou precisar da sua ajuda. Estamos nós dois no mesmo barco. Então, será que dá pra confiar em mim só dessa vez?

Ele fez uma careta.

— Você tem certeza de q isso é medicamente correto?

“Na verdade, não faço ideia” pensei, mas apenas respondi:

— Bebe logo.

A expressão dele não era feliz, mas ele espremeu o sangue na boca e engoliu.

— Argh.

— Ótimo. - falei - Agora, próxima parte...

— O que pretende fazer?

Eu o olhei

— Dormir. Eu vou tentar falar por sonho com Matthew, ver se ele tem alguma pista. Gostaria de não ter que recorrer a você-sabe-quem.

— Hm, entendi. - ele disse - Sendo assim, pergunto-me se você poderia...

Sorri de canto, sabendo qual era seu pedido. Mais nada nesse mundo colocaria aquela expressão quase suplicante em seu rosto. Eu pensei que se tivesse uma câmera comigo, gostaria de ter uma foto agora. Afinal, não era todo dia que ele me implorava por algo.

— Eu vou verificá-la.

Ele assentiu.

— Ian.

— Hm?

— Durma também.

— Ahn?

Direcionei o olhar a um canto da parede, onde uma câmera estava ligada, apontando para nós. Ele seguiu minha vista e assentiu.

— Ah, certo.

Deitei no chão frio e duro, usando meu braço como travesseiro e fechando os olhos. Eu havia dito que tinha um plano, mas a verdade era que eu estava insegura. Se Matthew não tivesse nenhuma resposta, eu perguntaria ao Livro, mas então os demônios saberiam que eu o tinha. E aquele Livro era definitivamente perigoso de mais para que eu o deixasse cair em mãos erradas.

Eu de repente me dei conta de algo. A Adaga... Himeko a tinha. Se ela era mesmo capaz de libertar os eidolons presos nas nossas armas, não seria também capaz de libertar Daímonas...? “Droga. Nós precisamos mesmo sair logo daqui” pensei, entregando-me à inconsciência.

A exaustão fez com que eu não precisasse de nada além disso para adormecer. Logo me vi num cenário escuro, diante de três portas. A do meio não possuía nenhuma placa, mas a da esquerda tinha o nome de Jayden em grego. Eu me perguntei se, ao tentar passar por ela, eu teria o mesmo sonho que da última vez, ou se ela nem funcionaria. A outra tinha, para a minha surpresa, o nome de Himeko.

Encarei a placa, tentada a passar pela porta. Eu tinha suposto que não teria direito a usar o Past Dream com Himeko, já que no final de tudo nós perdemos, mas aparentemente as regras declaravam aquela performance como uma vitória minha, já que eu a havia desarmado. Agora, diante da chance de ver o passado dela, eu não queria recuar. Mas era necessário. Se eu ativasse essa habilidade no momento, tomaria o precioso tempo que não dispúnhamos, e eu ainda ficaria debilitada com as consequências de usá-la.

Rezando para que aquela porta não desaparecesse se eu não a usasse daquela vez, eu abri a porta do meio, e passei por ela.

Nada mais que sonhos normais me invadiram. No último deles, sonhei que dançava com tio Henry na festa, e então Link vinha voando e pousava no chão ao meu lado. Quando ergui o olhar, Michael estendia a mão para mim, sorrindo. Seu sorriso me aqueceu, me encheu de alegria, e eu retribuí. Fiz um movimento para ir em sua direção, mas meu olhar fitou a imagem de Ian atrás do filho de Apolo, com o abdômen ensanguentado. Foi quando me dei conta de que estava perdendo o foco.

Michael olhou para mim com uma pergunta em sua expressão, e então virou para trás, aparentemente também enxergando Ian ali. O neto de Poseidon cambaleou para frente e eu corri para ampará-lo, passando direto por Mike.

— Não se distraia agora. – Ian disse para mim – Precisa encontrar Matthew.

— May! – a voz de Mike me chamou e eu ergui o olhar para ele, ainda apoiando o corpo de Ian. Sua expressão era preocupada – May, o que está acontecendo?

Franzi a testa. Aquilo não era um sonho qualquer? Ian e Mike realmente estavam ali? Eu não tinha tempo para procurar pelas respostas. Precisava encontrar Matt e tentar descobrir algo sobre minha Habilidade.

— Desculpe, Mike. – falei, ajudando Ian a sentar no chão – Eu preciso correr.

Com isso, virei e corri em direção à saída. Em minha mente, visualizei o rosto de Matthew, sua voz e sua presença, desejando ser levada ao lugar onde ele estava. De repente, tudo ficou mais escuro, e eu me vi em uma cela com paredes e chão de metal, mais apertada que a que Ian e eu estávamos.

Hiro, Charlotte e Matthew estavam lá dentro. Correntes de ferro ligavam os braços dos três por algemas, e eu percebi que isso impedia Hiro de usar a eletricidade, pois, se o fizesse, machucaria os outros dois. Charlotte respirava pesadamente, murmurando coisas sem sentido com uma expressão apavorada. “Sua claustrofobia” notei. As paredes de metal também lhe deixavam sem contato nenhum com a terra, o que não permitia que usasse sua Habilidade. Quanto a Matthew, imaginei que Kess tenha sido levado para longe o suficiente para que ele não pudesse invocar os ventos.

“Isso não é bom” pensei “Ian estava certo, eles realmente nos conhecem”.

— Matt. – chamei.

Ele se virou para mim. Eu não sabia como eu aparecia para ele, mas sua expressão parecia aliviada.

— May!

Hiro ergueu olhar para mim também. Ele tinha sangue escorrendo ao lado da cabeça, e seus braços estavam cobertos de ferimentos. Charlotte permaneceu em seu choro baixo e desesperado, mas notei alguns cortes em suas pernas e um arranhão no braço esquerdo. Matthew também estava ferido, e segurava a mão esquerda com força para parar um sangramento.

— Matt, vocês estão bem? – a pergunta tinha uma única resposta óbvia, mas escapou dos meus lábios mesmo assim.

— Não por muito tempo. – ele respondeu.

Assenti.

— Escute, eu tenho um plano. – falei – Eu sou a única sobre quem eles não sabem nada. A prisão não pode me afetar, então sou a única que pode fazer algo útil. Mas para isso, eu preciso saber: você tem alguma pista sobre qual o meu poder?

Ele limpou o suor da testa, fazendo as correntes tilintarem.

— Tudo o que sei é que você tem muito “dia e noite” na sua árvore genealógica. Apolos, Eos, Selene, Nyx... Sol, dia, Lua e noite. Conhecendo a nossa família, nada disso é por acaso. Seja qual for a sua habilidade, normalmente terá a ver com seus antepassados divinos. Mas também pode ser relativamente aleatória, como a de Hiro.

Cocei a cabeça.

— Ah... Isso não ajuda em nada!

— Mantenha a calma. Cada um tem seu tempo para descobrir sua Habilidade, então força-la a aparecer é meio difícil. Mas se você se concentrar o suficiente, talvez seja capaz de fazê-lo.

“Talvez?” pensei. Só de olhar para Charlotte e ver o estado de Ian dava para saber que eu não tinha tempo para um “talvez”. Teria que perguntar ao Livro. Mudei de assunto:

— E quanto a Izumi e Kess? – perguntei – Tem alguma ideia de onde possam estar?

Hiro respondeu:

— Nee-san não está por perto, com certeza. Eu poderia sentir seu poder. Mas estou certo de que a colocaram em uma cela completamente escura para anular seus poderes, em algum lugar longe daqui.

— Kess também não está aqui. – Matthew confirmou minha suspeita – Ele foi levado para algum outro lugar, ou nossa Habilidade poderia ser ativada. Possivelmente está junto de Izumi.

Assenti, e então dei uma olhada em Charlotte.

— Tente acalmá-la com uma música. – sugeri, enquanto dissolvia o sonho – “Somewhere Over The Rainbow” é ótima para isso.

— O que? Mas eu não sei can...

Eu acordei, sentando de repente. Encolhi por um instante, sentindo a dor se espalhar por meu lado esquerdo. Eu não havia mostrado a ninguém, mas havia um ferimento ali, que eu cobrira com panos do vestido. Não tinha ideia de quanto tempo ele levaria para cicatrizar, mas não tinha tempo para sentir a dor. Todos ali dependiam de mim.

Ian ainda dormia. Depois de tudo, eu não o havia contatado em sonho. Dei de ombros. Não seria produtivo de qualquer jeito. Era melhor que ele descansasse por enquanto.

Lancei um olhar à câmera. Quem quer que estivesse nos monitorando não podia nem imaginar que eu estava com o Livro na bolsinha que eles estupidamente deixaram comigo. Eu precisava quebrar a câmera, invocar Daímonas e ser capaz de ativar minha Habilidade antes que eles chegassem até nós. E, quando eles o fizessem, precisava estar pronta para lutar.

Saquei Prostátida, ainda sentada no chão, e observei a lâmina. Durante a luta na mansão, eu havia sido capaz de realizar o feitiço em três demônios, e sentira uma força impressionante ser somada à minha. No entanto, agora minha espada parecia normal, como se nada tivesse acontecido. Dei de ombros, decidindo que aquele não era o momento para pensar naquilo, e puxei o tecido do vestido até a altura das coxas. Ele havia me atrapalhado bastante na luta na mansão, não podia continuar tropeçando nele. Com um movimento, eu cortei o tecido e devolvi a espada à sua forma de pulseira. Rasguei uma tira longa e a amarrei em volta da cintura, firmemente envolvendo o corte na altura das costelas. “Costelas...” pensei, em tom de reclamação “sério, por que sempre nas costelas?”

Ajeitei a bolsinha que atravessava o meu peito, e levantei casualmente, caminhando até o ponto abaixo da câmera. Então, em um único movimento saquei Prostátida e a cortei, fazendo-a soltar faíscas.

Caí de joelhos no chão, já tirando o Livro da bolsa, dizendo a palavra que Charlotte me instruíra a usar e abrindo a Caixa. Recitei as palavras para a invocação. A cela ficou mais fria, névoa começou a sair da caixa e a estaca se projetou para fora da Página, com Daímonas sentado nela.

Ele abriu seus olhos vermelhos e sanguinários e me encarou com um sorriso.

Então... Milady finalmente decidiu me chamar de novo? — falou – Você demorou.

— Não tenho tempo para conversa fiada desta vez, Daímonas. – respondi – Preciso que responda o que tenho a perguntar.

Ele se inclinou para frente.

— Hm? Então é realmente sério desta vez, não? Vai custar alto, você sabe. Como foi pagar o preço da última vez?

Fechei a cara, relembrando o ataque no Restaurante e a tormenta que ele me causou quando chegamos a San Francisco.

— Cale a boca e responda.

Com um olhar faiscante e um sorriso no rosto, ele se curvou.

Sim, milady. — respondeu, e continuou – Suponho que você se lembre que só saberá qual é o preço depois que eu o cobrar, certo?

— Sim, eu sei.

— Pois então, o que gostaria de saber?

Respirei fundo.

— Qual a minha Habilidade principal, e como eu faço para ativá-la?

O sorriso dele se alargou. Ele estava com aquela expressão insana novamente, o que me fez sentir um calafrio subir pela espinha, sabendo que não vinha coisa boa pela frente. Ela se inclinou para mim.

A sua Habilidade é...

 

 


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Notas finais do capítulo

Opaaa!
Então, contem para a titia aqui os seus pensamentos! O que acharam do capítulo? Críticas, expectativas, pedidos? Please, deixem comments!!
O próximo capítulo deve ser um Extra contando a conversa mencionada pela May, e também outra curta narrativa do ponto de vista do Ian ^^ Vou me esforçar para postar durante a semana, mas, né... Não posso garantir, infelizmente >.<
Enfim, obrigada por lerem! Amo muito vocês ♥
Até mais ^^