Aqueles que escutaram a história ainda sentiam em seus corações o desespero e a tristeza de Otome. Foi precisa que Wakana confortasse Rihan para que seu coração não se estilhaçasse pela triste trajetória da primeira mulher que amou.

As velas e incensos haviam se apagado repentinamente e os espelhos se quebrado. A luz da lua parou sobre o corpo de Otome – este envolto de um leve brilho prateado e dourado (o mimetismo que Kyotsugo pretendia funcionou). O corpo de Otome ganhou cor, sua respiração retornou e ela até se mexeu um pouco.

A última sacerdotisa do Santuário do Oeste havia retornado.

Ele precisaria descansar para se recuperar completamente; para tanto ela foi cuidadosamente instalada em um dos quartos da casa. Na noite do dia seguinte uma voz pode ser escutada por todos. A voz estava encrustada em uma doce melodia e era familiar: era a voz de Otome.

Saindo para o jardim todos se depararam com uma maravilhosa mulher, em um kimono de tons de marrom com rosa, com uma espada na cintura e um colar prateado e dourado cintilando no pescoço: era Otome.

Yohime deu um passo à frente para ver sua sacerdotisa e nora. Ao reparar a presença de Yohime, Otome ajoelhou-se e respeitosamente dirigiu-se a ela.

— Obrigada por me salvar Yohime-san. – ela permanecia ajoelhada – Eu Haraua Otome, a Yamabuki Otome, a última sacerdotisa do Santuário do Oeste, aqui e agora, ofereço a você meus serviços e minha vida mais uma vez. – ela finalizou mantendo sua cabeça baixa.

— Como eu poderia nega-la? – Yohime estendeu sua mão para Otome (ela havia sido readmitida em seu verdadeiro ofício).

— Muito Obrigada. – a felicidade de Otome era visível.

Yohime fez ela agradecer a Kyotsugo e seu grupo por salva-la também e fazê-la sentar-se com Wakana, Kana, Rikuo, Rihan, ela e o Nurarihyon para uma conversa particular de família. E assim seguiu-se aquela noite que marcou a volta da grande sacerdotisa Haraua Otome.

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Mais dois meses haviam se passado e a Virada continuava. O grupo de Kyotsugo já havia resolvido tudo, as Ordens permaneciam sem reação e naquele dia os casais decidiram dar uma folga.

Rikuo, Kana, Kuroutabo, Tori, Shima, Maki, Kyotsugo e Megami saíram para passear e tirar uma folga. Estavam se divertindo muito! Comeram, riram, jogaram muita conversa fora... fizeram de tudo!

Na noite daquele dia tão especial Kana, Maki, Megami e Tori decidiram fazer um combo e dar uma notícia muito especial a seus maridos. Eles iriam ser pais! Os quatro homens mal podiam acreditar no que as esposas disseram. A diferença entre a gravidez de cada uma era de dias ou semanas (não chegava a ser nem um mês). Foi uma palhaçada sem tamanho eles conversando sobre como seria serem pais e como seriam seus filhos (considerando-se a personalidade deles) – as mulheres não puderam deixar de rir descontroladas daquilo.

Quando retornaram para casa uma festa para comemorar teve início – Tsurara e Aotabo trataram de avisar o Clã inteiro da novidade. Foi uma grande festa! Aquela Virada do Milênio marcaria tantas coisas que seriam impossíveis de se esquecer.

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No décimo primeiro mês daquele ano visitas inesperadas vieram ao Clã: eram as cabeças das Ordens completamente desacompanhadas de seus guardas. Kyotsugo sabia que aquilo não era normal e já sentiu seu nervosismo subir.

— Tenha calma. – Eari deu um passo à frente – Eu vim aqui para lhe agradecer. – Kyotsugo e todos ali ficaram estáticos – Você abriu nossos olhos e nos ajudou a enxergar nossos erros. Se ainda houver algo que possamos fazer, por favor nos diga. – ela foi humilde e sincera.

— Podem começar se desculpando com todo mundo aqui. – Kyotsugo ajeitaria aquela bagunça finalmente.

 - Por favor perdoem nossa pretensão em usa-los e em seguida largamos vocês sozinhos sem o menor auxílio de nossa parte. – os líderes curvaram-se e falaram ao mesmo tempo.

Os residentes da Virada do milênio assentiram o pedido de desculpas e pediram para que tal coisa não se repetisse.

— Agora eu gostaria que devolvessem os monges, sacerdotisas e Guardiões responsáveis por cada divindade aqui. – Kyotsugo continuava.

Assim como ele pediu, foram trazidos todos os guarda costas responsáveis por suas respectivas divindades. Estes tiveram que se desculpar muito com as mesmas, e quando tiveram suas desculpas aceitas, Kyotsugo liberou seu pessoal do serviço e os mandou para suas casas descansarem.

— Para finalizar eu gostaria de saber o que exatamente estavam pensando naquela hora e o que de verdade vieram fazer aqui. – Kyotsugo não deixaria nenhum detalhe escapar.

— Nós esperávamos que quando o Assassino baixasse sua guarda para atacar a Virada do Milênio nó tivéssemos a chance de finalmente mata-lo. Mas nós o subestimamos demais e foi um gravíssimo erro. – a explicação foi pública e não parou por aí – Se não fosse por você e sua organização ele teria tido êxito em seus planos e nós continuaríamos acovardados e desencorajados em nossas cedes. – a confissão chocou a todos – Então concordamos que você é digno de nossa confiança e eu decidi lhe dar isso. – Eari tirou uma caixinha do bolso onde estava um colar cuja corrente era dourada e a pedra na ponta era vermelha com verde, marrom, laranja e amarelo – Por favor aceite. Ela era para proteger meu primeiro filho inicialmente; mas como esta oportunidade jamais chegou eu decidi dá-la a você. Você a merece. – ela entregou a joia a Kyotsugo que mal pode acreditar.

— Eu a aceitarei sob uma condição. – Eari e todos voltaram suas atenções espantados para Kyotsugo – Devem jurar que jamais se deixem abalar como fizeram dessa vez! – ele sabia o que estava fazendo e dizendo.

A jura foi feita e Kyotsugo colocou o colar que recebera de Eari. Eles se cumprimentaram e conversaram durante todo aquele dia. Ele contou a ela sobre Otome, sua família... tudo! Sem esconder nada; assim como ela fez. Nenhuma verdade foi escondida, nenhum fato foi omitido e nenhuma mentira foi contada ou deixada sem esclarecimentos.

A turma ficou feliz por seu amigo. Os líderes ali presentes ainda não acreditavam como aqueles humanos eram! Kana, Yura, Kyotsugo, Rikuo, Shima, Maki, Tori, Wakana e outros que ali estavam eram simplesmente únicos! Insubstituíveis!