[História ON]

Há três mil anos nasceu uma menina na família de sacerdotisas e monges guardiões do Santuário do Oeste. Ela recebeu o nome de Haraua Otome. A criança cresceu para ser a mais pura e habilidosa sacerdotisa jamais vista antes. Seu coração era capaz de perdoar tudo, aceitar todos e sua alma iluminar os mais obscuros caminhos e destinos.

Com o tempo a idade e feridas de batalha impediram que seus familiares continuassem a proteger a divindade que residia no Santuário; então Otome realizou sua posse como a próxima sacerdotisa. Ela recitou seu juramento e ofereceu sua vida por sua divindade. Assim Haraua Otome assumiu seu lugar ao lado de sua divindade com apenas 15 anos.

Ela viveu e lutou por sua divindade todos os dias a partir daquele momento. Com 25 anos o santuário foi atacado por um youkai – este vinha invadindo santuário e aterrorizando vilas inteiras. A luta foi intensa e demorada – já faziam 4 dias que o estavam enfrentando – e em um momento o youkai aproximou-se da divindade que ali residia para possuí-la. Otome se colocou entre sua divindade e o youkai para salva-la e conseguiu! Mas o preço pago foi muito alto.

Otome abrigou o youkai em seu coração; então o youkai não podia nem sair e nem a matar sem se matar. Com pesar, a divindade e todos no templo tiveram que expulsar Otome de seu lar. Otome não tinha filhos, era filha única e seus pais não tinham mais como suportar gerar uma criança. A divindade jurou que esperaria eternamente o retorno de sua sacerdotisa, e por este motivo, não contrataria mais nenhuma; foi então que Otome ganhou o título de “a última sacerdotisa do Santuário do Oeste”.

Otome aceitou aquele youkai por ele lhe parecer diferente dos outros. Nunca haviam fatalidades em suas invasões e ele sempre buscava as mais pacificas e acolhedoras vilas da região. E ela estava certa. O youkai estava em busca de seu lugar, de redenção e de um verdadeiro sentimento. Ele encontrou isso no coração e na alma de Otome.

O youkai podia sentir a tristeza dela por ter perdido seu lugar e apenas ficar vagando sem rumo. Ele guiou-a a um canteiro de flores de Yamabuki onde o espirito daquele youkai avia surgido. Foi quando Otome compreendeu! O youkai era na verdade um deus caído.

Com os anos incontáveis que se passavam ela ganhou o nome de Yamabuki Otome – pois sempre que era vista haviam flores de yamabuki próximas ou um pequeno ramo em sua mão.

Em um dia de chuva ela se abrigou em baixo de uma pequena cobertura de uma loja fechada. Naquele dia outra pessoa abrigou-se junto com ela; esta pessoa era o segundo líder do Clã Nura: Nura Rihan. Na chuva interminável e em um olhar indecifrável Otome lhe entregou o ramo de yamabuki que tinha em suas mãos.

Depois disso ela casou-se e passou a viver no Clã Nura. Em virtude da maldição lançada sobre a família Nura na época do Nurarihyon ela era incapaz de ter filhos. Seu coração não podia acreditar que em sua nova vida e seu novo lar ela seria incapaz de realizar um profundo desejo. A tristeza apossou-se de seu coração e ela se foi deixando para trás apenas um ramo de yamabuki e um pequeno poema: “Sete, oito pétalas.... A flor de yamabuki floresce. Mas nenhum fruto ela dá. Quanta tristeza. “.

Guiada por seu coração ela tentou retornar ao Santuário do Oeste. Subindo as maravilhosas escadarias que brilhavam como prata no reflexo da luz da lua. Tais escadarias foram preenchidas por um brilho dourado das pétalas de yamabuki que floresciam sem para no caminho que ela percorria.

Ao chegar ao último degrau da escada ela foi forçada a parar. Com tristeza e pesar os monges não poderiam deixa-la entrar em casa. A tristeza que sentia foi aumentada, quando na calada da noite uma voz conhecida ecoou: era a voz da mãe da pessoa que ela tanto amou. Sua questão foi respondida quando um dos monges lhe confirmou de que realmente era Yohime a nova divindade do Oeste, o como sua antecessora havia morrido e que jamais havia tido uma nova sacerdotisa desde que ela se fora.

O coração já ferido foi estilhaçado. Ela mais uma vez repetiu sua promessa e com pesar e dor em seu coração virou suas costas e desceu a escadaria do Santuário desaparecendo na noite. Ela não queria mais aquilo: havia falhado com seu dever para com sua divindade, não poderia realizar seu grande desejo de ter uma família completa com o homem que amava e falharia em seu dever de proteger a nova divindade do Santuário que era a mulher a quem tanto respeitava e se importava.

Ela decidiu deixar seu coração ir. O deus caído que vivia com ela a ajudaria a ir em paz e tentar juntar os cacos de seu coração. Sem mais forças para continuar, em uma cabana abandonada, em meio a uma nevasca, ela pediu ao deus caído que chamasse por uma grande amiga sua: Setsurara. Amiga e confidente, Setsurara era quem Otome queria que transmitisse suas últimas palavras ao seu grande amor.

Seu pedido foi atendido. Antes de morrer, Setsurara a encontrou na cabana e ficou ao seu lado até a morte. As palavras finais de Otome foram transmitidas como desejou e sua alma finalmente decidiu partir em paz.

Sombras se moviam no inferno. Abe no Seimei e Sanmoto Gorozaemon tramavam contra o Clã Nura. Com receio de afrontar seus comandantes diretamente eles se uniram para abalar as estruturas da família. Seimei ressuscitou a alma de sua mãe – Hagoromo Kitsune – no corpo de Otome para manipula-la e faze-la matar o segundo líder do Clã Nura e traze-lo de volta a vida.

O plano funcionou. Otome foi forçada a matar o segundo líder do Clã Nura e passou a juntar energia para renascer seu filho Seimei. As batalhas orquestradas contra Tamazuki, o Clã de Hagoromo Kitsune, a Hyago Monogatari e, por fim, a família Gokadoin e Seimei foram resultados desse plano que destruiu vidas e quase pois um fim a todo o mundo.

O espírito da última sacerdotisa finalmente deveria ter sido deixado em paz. Um coração que tanto sofreu por aqueles que amava e prezava agora estava intocado; em paz. Que estas palavras sejam a memória desta grande ayakashi.

Aqui jaz nesta página o final desta história, que se retornar a ser rescrita possa ser feliz e entregar a paz tão merecida e almejada pelo coração que estas consagraram.

Fim.

[História OFF]