Void escrita por Lilindy


Capítulo 15
Capítulo 12 - Envolvidos


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!! Desculpem o atraso!! Vamos nos esforçar para isso não se repetir mais. Muito obrigada por todos os comentários, você são muito fofas!!! Enfim, esse capítulo vai ser mais fofo, esperamos que gostem. Boa leitura!



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Zoey o encara, sem conseguir falar. As bochechas cor de oliva assumem uma cor avermelhada diante da proposta de Roman. Ela pigarreia, Roman por sua vez, sorri.

— Não é hora para brincadeiras, pare o carro agora mesmo!!! – Roman a ignora e continua seu caminho.

— Não estava brincando, foi uma sugestão verdadeira. Poderia considerar meu pedido.

Ela o encara, perplexa.

— Esse é o seu plano? Me raptar? O que pretende? Onde é esse lugar? Roman eu preciso voltar para casa e saber quem era aquele homem na estrada! – Ele continua a ignorando.

— Ei! – Ela o chama.

Warner para o carro na estrada desconhecida no meio da floresta silenciosa. Zoey sai do carro e ele também, ambos se encarando. A garota caminha na direção do psicopata.

— Onde estamos? E cadê minha jaqueta? Minhas coisas? – Roman sorri abertamente, ela o fuzila com os olhos. – Roman!

— Sua jaqueta está no banco de trás, tive que tira-la para verificar se estava machucada. – Ele explica naturalmente. – Enquanto ao seu celular, ele está bem aqui. – Warner tira o aparelho de seu bolso, Zoey estende a mão tentando pegá-lo. Roman levanta o braço, impedindo da garota pegar o objeto.

— É isso que realmente quer? – Ela franzi o cenho.

— Do que está falando? – Warner a encara.

— Eu não estou raptando você. Vou lhe oferecer duas opções, independente da escolha, lembre-se, foi sua escolha, sua decisão.

Starling estreita os olhos, tentando entender suas palavras e ao mesmo tempo forçando-se ao máximo para não se distrair com as pintinhas e o cheiro de perfume forte de Warner.

— O que isso tem a ver com meu celular?

— Tem tudo a ver.

Zoey olha ao redor, a floresta que cercada a estrada era quieta e vasta. Ela volta seu olhar para ele.

— Irá me deixar explicar ou vai continuar com sua série de perguntas?

— Você tem dois minutos.

Ele a encara com seu olhar cínico, chegando perto dela, lhe entregando o celular.

— Quê?! – Pergunta ela, confusa.

— Diante da nossa situação, você tem o poder de escolher entre me prender ou passar esse dia comigo. Lembrando que você não tem idéia de onde possamos estar, estou certo?

— Eu posso usar o GPS do meu celular. – Declara ela. Roman faz um biquinho.

— De fato. Mas me deve uma resposta, Starling. Me deve um beijo, aliás, me deve muitas coisas. – Ela nega com a cabeça, captando o que ele estava fazendo.

— Isso é uma maneira de me influenciar? – Pergunta ela, cruzando os braços. – O que exatamente acontece se eu aceitar uma ou outra proposta?

— Terá o direito a qualquer pergunta, mas eu também terei esse direito, caso decida entrar no carro entrar no carro e confiar em mim. Prometo que ao final do dia estará em seu quarto e mesmo depois de tudo que descobrir, se preferir, eu saio da sua vida.

— Confiar em você... – Fala ela, quase como um pensamento. A garota o encara. – Irá mesmo embora se assim eu desejar? E se eu decidir ligar agora mesmo e prendê-lo? – Questiona ela.

Ele sorri brevemente.

— Ainda é escolha sua. – Roman parecia confiante, alegre. Zoey o olhava desconfiada.

— Por que eu iria com você?

O psicopata estende sua mão esquerda em direção a face da garota, alisando o rosto dela e olhando para seus lábios. Starling engole seco, ele estava tão perto.

— Isso senhorita Starling, é uma pergunta interessante. Estou oferecendo a você a oportunidade de me conhecer, de você se afastar de suas obrigações por um tempo, de esquecer todo o resto e ter um dia inesperado comigo. Apenas eu e você.

A agente pensa um pouco, ou pelo menos tenta. Aquilo era tudo que ela mais queria! Porém tinha seu trabalho, ela faltaria ao seu emprego, sem contar as outras conseqüências se fizesse isso.

O vento sobra, atingindo os longos cabelos da garota, balançando os galhos das árvores. Roman aguardava pacientemente a resposta, respirando fundo e a olhando intensamente.

— Posso mesmo confiar em você? – Warner sorri, vitorioso. – Roman...

— Você vai ter que descobrir se isso vale o risco, Zoey. – Fala ele interrompendo a frase dela.

Roman dá a volta no carro e abre a porta para ela. Zoey ainda mantinha seu olhar desconfiado nele.

— Sem mentiras, sem jogos e acima de tudo... – Uma pequena pausa. – Quero que respeite qualquer que seja a minha decisão.

Roman assente. A garota entra no carro e ele faz o mesmo, voltando a dirigir. Não demorou muito tempo para Zoey falar novamente.

— Que lugar é esse para onde está me levando?

— Tudo no seu tempo. – Roman diz, quase em um sussurro. – Sente alguma dor de cabeça? – Ela nega, seus pensamentos focando na noite passada.

— Estava me seguindo, não estava? – Ele morde os lábios, o olhar maléfico tinha voltado.

— Há quanto tempo vem fazendo isso? Quantas vezes esteve em meu quarto?

— Duas, infelizmente. – Warner a encara intensamente após as palavras, ela fica sem graça. – E sim, eu tenho “seguido” você. Mas devo admitir que tudo isso foi inesperado. Eu não pretendia passar o resto da semana observando você.

— Segundo, me seguindo.

Ela o corrigi. Warner gargalha abertamente.

— Não finja que detestou. Acredito que ambos ficamos felizes com o que aconteceu.

Zoey o encara, fazendo bico. Estava ali no carro com um psicopata. O que diabos ela estava pensando?! Que aquele era um dia de viajem com seu namorado? O que Roman era para ela? Por que estava ali? Por que não tinha feito a escolha mais sensata e não tinha o prendido? Sua parte racional parou de funcionar quando notou os braços de Roman.

A camisa que ele vestia era preta, a mesma da noite anterior e com certeza era a favorita dela. Mesmo sob o tecido, os ombros e uma pequena parte dos antebraços de Warner lhe chamavam a atenção. Assim como o rosto dele, que agora a encarava, deixando-a sem graça.

— Poderíamos estar mais perto agora, se você quisesse. É só pedir. – Ela revira os olhos.

— Desde quando você é tão direto assim? Sempre fala através de enigmas.

— Desde quando me olha assim? Talvez o beijo, ou melhor, os beijos tenham feito você prestar mais atenção em mim. – Rebate ele.

— Isso não é verdade. – Ele a encara com seu olhar de forma sedutora e cínica.

— Roman... – Ela respira fundo. – a...a estrada.

— Tenho uma ótima percepção Starling. Não se preocupe, está segura comigo.

E de fato ela se sentia segura com ele. O assassino havia lhe salvado duas vezes, primeiro na Eichen e depois do homem misterioso da estrada. Esse pensamento fez a garota perguntar.

— Quem acha que é? Alguém relacionado á você? Quem me seguiria? Quer dizer, foi tudo tão...esquisito.

— Não existem muitas pessoas vivas relacionadas a mim. Na verdade, acredito que exista apenas você.

Zoey engole seco. Roman falava com tanta naturalidade sobre a morte, a garota ainda tentava se acostumar com tudo isso.

— Eu realmente não sei quem poderia ser. Posso descobrir, se você assim desejar.

— Não! Isso é trabalho para o FBI ! Nem pense em fazer nada, Roman! Pode ser tudo um mal entendido.

O psicopata faz a curva. Mordendo o lábio e passando a mão direita pelo queixo.

— Não pense que vou obedecer. – Ela vira seu corpo na direção dele, o encarando totalmente.

— Não foi uma ordem, eu estou lhe pedindo. Apenas pedindo.

A paisagem muda e Zoey avista uma casa, uma casa consideravelmente grande. Parecia um lugar de descanso. Ao fundo a floresta predominava. A garota estava boquiaberta, o lugar parecia um local íntimo, distante, silencioso.

Ambos saem do carro, a garota lança seu olhar desconfiado para ele.

— Seja paciente, Starling. Vamos, ainda precisa cuidar desse corte na sua testa.

Os dois caminham até a entrada da casa. Roman abre a porta e os dois entram.

Por dentro o lugar eram ainda mais bonito. Dois sofás, uma lareira e uma estante preenchiam o local. Haviam pinturas pelo local que era composto de paredes e pisos de madeira.

— O que esperava? Um porão de tortura? – Pergunta ele, sarcasticamente.

— É sua casa? Uma de suas propriedades? – Ele suspira antes de falar.

— Comprei há alguns anos. Foi uma das poucas coisas que o governo não tirou de mim.

Zoey ainda segurava  o celular enquanto permanecia imóvel. Tudo aquilo diante dela era muito para processar. Ele estava mostrando um dos seus possíveis esconderijos para ela e ela não fazia idéia de como haviam chegado lá! Ela era tão egoísta, tão burra! E se ela o prendesse? Se ela fizesse a coisa certa naquele dia?

— Por que está me contando isso? Por que me trazer aqui? Sabe que posso chamar o FBI. Posso enganar você e colocá-lo de volta na Eichen.

—  Claro que sei, eu sei e assumo o risco. Eu disse que você teria o poder de escolha hoje, porém parece que está apenas afirmando para si mesma o que pode fazer comigo agora. Parece que você está falando em voz alta para conseguir lidar com tudo ao seu redor.

— Pare de me analisar! – Diz ela o repreendendo, porém sem sucesso. Sua voz tão baixo, apenas um sussurro.

Ele a encara.

— O que custa confiar em mim por um dia?

— Custa muita coisa! Eu não faço idéia de onde estou e estou aqui com você, faltando o trabalho e sendo irresponsável, egoísta e estúpida!!

Roman cruza os braços, esperando ela terminar.

— Não entende? Você me deixa confusa! Você...

Ela para de falar, sentindo-se uma completa idiota na frente dele, que  agora estava sorrindo.

— Não ria de mim!!

— Você é tão espontânea.

Zoey abaixa o olhar, encarando o piso.

— Só não entendo o seu esforço em tentar agir como se nada tivesse acontecido. – Ele chega perto dela, acariciando seu rosto. – Confie em mim e fique comigo hoje.

— Está me pedindo muito. – Ela levanta seu olhar apenas para vê-lo a encarando com seu olhar cínico. Roman leva suas mãos para a cintura dela.

— Ainda estou sendo razoável no que peço. – Roman parecia determinado a beijá-la. – Quero pedir muito mais a você.

Zoey permanecia parada, “presa” nos braços dele, assim como suas mãos que não paravam de acariciar sua cintura. Ela fecha os olhos, engolindo seco, se afastando dele, respirando fundo.

— Disse que eu poderia fazer qualquer pergunta e você me responderia. – Ele afirma.

— Se prefere mudar o ritmo da nossa conversa, tudo bem. E sim, eu disse.

— Vai ser honesto comigo?

— Sempre sou honesto com você e quero que você seja consigo mesma. – Roman se aproxima de novo, direcionando sua mão para os longos cabelo da agente, afastando-os do seu pescoço.

— Roman... – Ele a silencia.

— Não vou tocá-la sem sua permissão Zoey, apenas quero fazer um curativo no seu ferimento na testa, se me permitir.

Ela assente e ele segue casa adentro, indo pegar o kit de primeiros socorros.

                                                 ***

Warner parecia concentrado enquanto colocava o limpava o corte e colocava o curativo na testa da garota. Starling tinha várias perguntas, porém tinha medo de fazê-las, sem contra que estava tão concentrada no rosto á sua frente que as palavras sumiram que de sua boca.

— Se continuar me olhando desse jeito posso quebrar minha promessa e beijá-la agora mesmo, Starling.

Ela morde o lábio, calada, esperando ele finalizar. Roman terminar a tarefa e se afasta dela, a dando espaço.

— Por que exatamente aqui? Por que estamos aqui?

Ele caminha até o sofá e senta-se nele, a convidando para fazer o mesmo. Ainda que cautelosa, aceita o convite, sentando-se de frente para ele, no mesmo sofá. Ainda evitando um contato muito próximo. Não sabia que caminha deveria seguir, se diria sim ou não, se era certo e se era adequado se permitir pensar nele daquele jeito.

— Está tensa, quero saber o motivo. – Ele a analisa, cruzando as pernas, encostando a cabeça no sofá.

— Estou com você. – Diz ela. Warner fecha os olhos, gargalhando logo em seguida.

— Entendo. – Diz ele se recompondo, a encarando novamente com seus olhos âmbar, apoiando seu braço na parte de cima do sofá para depois encostar a cabeça nele. Ele agora mais próximo a ela.

— Está com medo de mim?

— Não. – Afirma ela de forma sincera. – Eu...eu estou nervosa.

— Não precisar estar. Você pode ser você mesma comigo. Disse a você uma vez que não quero nunca uma resposta que me agrade, só quero ouvir você, saber sobre você. Quero que seja espontânea como sempre foi comigo.

Ela o olha, boquiaberta. O alívio tomando conta, a barreira havia sido quebrada outra vez. Era cansativo esforça-se. Ela estava com ele e não tinha medo, não tinha pavor. Ambos eram honestos um com o outro. Seu corpo relaxa e ela consegui encará-lo. Não tinha volta, estava disposta a conhecê-lo.

— É muito mais linda quando age naturalmente. Sabemos que é muito mais franca para mim.

— Isso não quer dizer um sim. – Ela retruca, umedecendo os lábios para falar. – Não me respondeu. – Ele faz bico. – Por que aqui?

— Esse lugar me acalma. Minha criatividade para desenhar sempre foi melhor neste lugar, nesta casa. É distante, calmo, como se fosse um pedaço esquecido. – Zoey prestava atenção em suas palavras. – É meu lugar favorito. Eu nunca o compartilhei com alguém, não parecia sensato entregar este lugar para qualquer um.

Ele sorri, pensativo.

— É um lugar muito bonito. – Declara a agente naturalmente. Ele concorda.

— Já teve um lugar que te fez se sentir bem? – Questiona Roman. A garota pensa um pouco, até que se lembra.

— Uma parte da floresta de Beacon Hills. Era um lugar secreto, apenas meu. Quase todos os dias eu ia para lá. – Ele permanecia calado, parecia curioso, esperando por mais detalhes. – Eu lia, estudava ou ás vezes apenas deitava no solo coberto de folhas e fechava os olhos, só para ouvir os sons da floresta.

Zoey o olha, em dúvida.

— Se esse lugar representa tudo isso para você, é algo íntimo. Então, por que me trazer até aqui?

Warner dá um sorrisinho.

— Gosto de estar com você.

Ele procura as mãos da garota. Zoey respira fundo, deixando ambas as mãos se tocarem.

— A sensação é incrível, eu sinto como...como se eu pudesse partilhar qualquer coisa com você. Sente o mesmo?

Starling o observa chegar bem mais perto. Ele esperava a resposta. Seu cheiro fazia ela ter dificuldade de se concentrar. Até que ela finalmente consegue pronunciar o que queria dizer verdadeiramente.

— Sinto.

Roman dá um sorrisinho, revelando uma covinha na bochecha quase imperceptível. Mais confiante do nunca, Warner parte para outra pergunta.

— Qual é sua cor favorita?

Zoey é pega de surpresa, nunca havia parado para pensar. Era isso mesmo que ele queria saber?

— Eu não sei. – Zoey suspira. – Quer dizer, eu não sei se são cores que dá para contar. – A garota fica um pouco envergonhada antes de falar. – Gosto do tom do céu quando ocorre o pôr do sol ou quando está no começo da noite. Costumava sempre olhar o céu nesses períodos.

— Parou de olhar? – Ela dá de ombros, pensativa. Ambos muito próximos um do outro no sofá.

— Minha janela é pequena, não consigo ter uma visão ampla da cidade.

— Então, evita olhar. – Conclui ele, pensativo.

O celular da agente toca, fazendo-a ficar apreensiva ao ver quem estava ligando. Theo Raeken. Roman levanta-se do local, encostando-se na parede de frente para ela.

— Não vai atender? – Pergunta ele, um pouco cínico e incomodado com o fato de ser o agente Raeken ao telefone. Uma expressão rancorosa em seu semblante transparecia o quanto ele o detestava. Zoey atende o celular.

Alô? — Zoey pôde sentir o alívio na voz de Theo.

Zoey? Graças a Deus ! Você está bem? Onde está? Algo aconteceu? Precisa de ajuda? Eu sinto muito ter deixado você voltar sozinha ontem á noite!

Zoey sorri discretamente, ela não tinha voltado sozinha, ela estava com Roman. Estava segura. Em meio ao falatório do colega de trabalho, Zoey sentia que cada vez mais Warner se afastava dela.

O psicopata agora estava fora da casa, em uma varanda que antes ela não tinha notado. Ele estava pensativo, observando o horizonte, apreciando a vista. Afinal, existia um lago ao lado da casa. Como ela não tinha percebido aquele lago? Starling fica maravilhada, indo em direção onde o assassino estava.

Theo, eu realmente precisei me ausentar, problemas de família. Juro que compenso o turno depois. Por favor, avise a Craford.

Ela não deixou o amigo falar, apenas desligou. Não queira que Roman parasse de ser ele mesmo, que parasse de se abrir, de se expressar para ela. Sim, ela estava mentindo, estava muito enrascada em uma trilha de mentiras e emoções. Era complexo, perigoso. Mas assim que ele se virou para encará-la, Starling não se arrependeu de ter escolhido ficar com ele durante aquele dia.

— Escolheu a mim ao invés dele. – Fala o rapaz se aproximando.

— Eu nunca tive que escolher. – Diz ela timidamente. Roman tinha um olhar vitorioso e meio possessivo.

— Mesmo assim, sempre é bom ouvir você negar todas as vezes que ele quer algo com você.

Ela sorri.

— Ele e meu amigo Roman. – Afirma Zoey, novamente esclarecendo as coisas.

— Ele sabe disso? – Ele sorri com a própria pergunta. – Não importa, não hoje.

Ele puxa delicadamente as pequenas mãos de Zoey, a levando para ter uma melhor vista do lago. Ela sorri, o lugar era lindo. Ao longe as árvores podiam ser vistas e o som dos pássaros dava melodia ao ambiente.

— Consegui fazer você sorrir.

Ainda boba e com os dentes expostos, ela volta seu olhar para ele.

— Eu não sou uma pessoa habituada a estar com alguém, ás vezes eu falo demais, pergunto demais. Mas eu quero que saiba, eu preciso que saiba que...

Ele hesita. Ele estava nervoso? Starling estranha aquilo. Roman Warner nervoso? Ele se aproxima, alisando a bochecha direita dela. Seu hálito quente e doce a fizeram viajar para muito distante.

— Quero que saiba que eu também escolhi você.

Não era uma declaração habitual e para quê ele precisaria de uma ? Starling não se importava, foi apenas uma frase, mas que significou muito. Era diferente, sim era. Mas eles eram diferentes.

Zoey  sabia o quanto ele quis dizer em apenas uma frase e o quanto lhe custou. Era difícil para ambos tentar explicar o que estava acontecendo, mas não importava, ela sabia que já tinha tomado uma decisão, que era está com ele, nada mais.

Ela parou de pensar quando Warner tocou sua cintura, ainda esperando um sinal de afastamento por parte dela. Starling apenas fechou os olhos e de maneira receptiva deixou que ele a beijasse.

Roman parecia mais á vontade naquele momento e caprichava no beijo. Zoey estava de na ponta dos pés, entrelaçando seus braços no pescoço dele, bagunçando os cabelos quase negros dele. Starling senti Roman sorri com tal atitude, mesmo assim  continuou, apertando levemente a cintura dela. Vendo que ele não  aprecia disposto a parar, Starling, sem fôlego, afasta-se de maneira devagar.

Estava um pouco envergonhada, nervosa, eufórica. Sentia-se feliz e com certeza queria continuar, mas precisava recuperar o fôlego. Roman sorri, entendendo o estado da garota.

— Não vou me desculpar por isso, na verdade eu gostaria muito de continuar.

Warner agora mais confortável em tocá-la, a beija mais duas vezes antes dela se pronunciar.

— Eu realmente não quero que nada atrapalhe, mas... – Ela pausa.

— Hum? – Pergunta ele com o cinismo típico, não tirando seus braços em volta dela.

— Roman, eu... eu preciso comer alguma coisa.

— Oh, desculpe, desculpe. Eu esqueci completamente, fui mal-educado.

Ele se dirigi até a cozinha. Zoey ainda hesitante e se acostumando com o que tinha acabado de acontecer, resolve segui-lo. Era muito para processar, entender, ignorar, questionar. Tantas coisas que não queria entender e fazer naquele exato momento, porém a única coisa que ela fez foi morder a maçã que Roman entrega para ela.

— Obrigada.

Starling senta-se de frente para ele. Ambos se encarando, sentados em uma mesa. Aquilo estava sendo novo para eles, afinal, o que eles eram? Um casal? De repente uma pergunta surge na mente da agente.

— Não tem nenhum parente próximo? – Ele permanece com seu olhar nela.

— Não. E mesmo se eu tivesse, acredito que pela minha reputação jamais fariam uma visita. – Ainda curiosa e comendo sua fruta, ela prossegue.

— Aprendeu a desenhar ou sempre foi uma coisa que veio com você?

— Sempre gostei de arte, música e facilmente aprendi a tocar alguns instrumentos. Mas e você? – Ele volta a ser o questionador da situação.

— Eu, eu sempre fui péssima em arte, música ou qualquer coisa desse tipo.

Ele levanta-se, inquieto, sempre passando as mãos em seu próprio rosto.

— Você sabe articular com as palavras, sabe persuadir. – Ela nega com a cabeça a afirmação do assassino, lembrando-se de uma dúvida em meio a um turbilhão de questões.

— O que aconteceu com sua família?

Roman para, fechando as mãos em punho, saindo um pouco de perto de Starling que logo prossegue.

— Disse que seria honesto. Roman, por favor. – Ela levanta-se, indo na direção dele. – Ei! – Zoey segura sua mão grande e bonita. – O que houve?

Ele respira fundo, antes de se pronunciar.

— Agora não Zoey, por favor.

Ela assenti. Mesmo intrigada, resolve não perguntar mais. Havia uma barreira nele, um assunto que era difícil para ele, assim como existia para Zoey. Quando se tratava de família, os dois ganhavam certificado de recorde no quesito problemas.

Warner se fechou depois daquela pergunta. Depois de um tempo, Roman conclui que era melhor voltar para a cidade, pois demorariam a chegar a Nova York. Afinal, metade do dia ou melhor dizendo, mais da metade do dia havia se passado de uma forma extraordinariamente rápida.

Se sentindo um pouco culpada por ter estragado o dia e ter sido a responsável por Roman ficar o mais calado e monossilábico possível, Zoey entra no seu carro. Os dois estavam completamente mudos e foi assim pelos próximos trinta minutos até que Warner resolve falar.

— É difícil para mim está aberto para outra pessoa, é difícil não ter o controle de tudo ao meu redor. Não era minha intenção estragar nosso acordo em relação às perguntas.

Ela o observa, tão perfeito, tão lindo. Zoey assente com a cabeça, não sabia se ele tinha entendido a sua decisão ou se deveria dizer alguma coisa. Então, evitando encará-lo, ela fala:

— Eu me sinto á vontade com você Roman. Livre. Eu não tenho medo e eu sei que deveria ter, porque claramente existe um caminho obscuro que eu devo enfrentar se quero conhecer você, se quero está com você. Eu também tenho um passado péssimo e em todos esses anos eu nunca tive a sensação de ter esquecido isso de forma completa. Mas quando eu estou com você é...

Ela pronunciava as palavras olhando para as próprias mãos. Estava nervosa e tinha certeza que não era o melhor discurso, porém prosseguiu, mesmo com dificuldade.

— É como se tudo, toda dor, ela sumisse. Você diz coisas e me faz ser eu mesma, eu não tenho que fingir, não tenho que medir as palavras. Eu consigo ser eu, ser Zoey. Eu só quero dizer que...

Roman toca o queixo da garota com o dedo indicador, levantando o rosto de Starling, fazendo-a olha em seus olhos. Ele sempre gostava de ter esse contado com ela, olhos nos olhos. Mesmo dirigindo, ele conseguia olhá-la detalhadamente.

— Eu não sei por onde começar e nem você, mas eu quero tentar. Mesmo que eu não saiba o que irei fazer amanhã.

Roman sorri, os olhos agora fixos na estrada. Ele encontra a mão de Zoey, unindo-a com a dele. Starling dirigi o olhar para estrada, assistindo o dia acabar, dando lugar à noite que aos poucos pintava o céu de azul escuro. Ironicamente uma de suas cores preferidas estava bem ali na sua frente e ao seu lado estava o responsável por tal descoberta.

Até aquele momento ela não  sabia que tinha cores preferidas, muito menos que poderia ter tanta coragem para decidir embarcar no desconhecido. Não sabia que sentia aquilo por ele, e mesmo não tendo certeza do que era exatamente, aquilo era bom, revigorante e Zoey não queria que passasse.

                                                    ***

Roman havia estacionado na parte de trás da rua, como habitualmente fazia quando visitava Zoey. A noite estava fria quando ambos saíram do carro, a rua silenciosa só fazia o local parecer ainda mais inabitado. Ele encosta-se no carro da agente, que pegava sua jaqueta, o observando logo depois.

— O que vai usar para ir embora? – Ele dá de ombros.

— Está preocupada comigo, senhorita Starling? – Ela faz uma careta com a pergunta.

— Não se preocupe, eu roubo um carro qualquer. – Fala ele, naturalmente.

A garota morde o lábio, pensando. Estava louca, completamente maluca, era a única explicação. Roman faz um bico antes de perguntar.

— Por que?

Ainda acostumando-se com a fato de estar com ele de forma mais informal, ela timidamente responde.

— Não queria que fosse embora.

Warner com seu olhar tradicional, finalmente pergunta.

— Está me convidando para entrar? É isso que quer dizer?

— Talvez, se quiser. – Roman sorri baixinho, ainda cínico.

— Sabe que eu quero e muito a propósito.

— Por favor, não pela porta da frente.

Pede Starling em um sussurro para não chamar atenção, afastando-se , se virando logo depois, indo para a entrada de sua residência.

A garota pega as chaves e entra na casa. Coloca sua jaqueta na poltrona e de forma eufórica sobe as escadas apressadamente para entrar em seu quarto. Ela para, reflete, ela por acaso tinha quinze anos? Estava sendo tão boba. Será que ele a achava uma garotinha desesperada? Pensando nisso, ela passa a andar devagar.

Lentamente ela abre a porta do cômodo e para seu alívio, ele já estava lá, em pé perto da janela. Pelo visto ele era muito mais apressado que ela.

— Tem certeza que ninguém viu você? – Pergunta ela em um sussurro, acendendo a luz do quarto.

— Absolutamente, senhorita Starling. – Warner caminha ao encontro dela. – Estou me sentindo péssimo por ser sua má influência.

— Está mentindo. – Ele sorri abertamente.

— É, estou.

Roman a beija, a abraçando e começando a sessão de carinhos em seu rosto.

— Eu... eu tenho que me trocar, preciso de um banho. – Roman brinca com a situação, falando depois de um beijo.

— Eu gosto da idéia, uma pena eu não ter trazido uma toalha.

— Roman!!! – As bochechas da garota ficam vermelhas enquanto repreende o assassino.

Ela vira-se e caminha até sua cômoda, pegando seus matérias de higiene pessoal e seu pijama. Warner se aproxima, a gaveta ainda estava aberta, ele pega uma camisola preta, uma das mais curtas de Zoey.

— Você poderia usar esta. – Ela o encara.

— Não está calor, está frio Roman. Não vou usar uma camisola desse tamanho. – Fala Zoey,  argumentando, tentando ir para seu banheiro.

— Ainda não. – Ele morde o lábio, depositando um longo beijo em Starling.

A garota para por um segundo, se acalmando, colocando a cabeça para funcionar outra vez. Ela se afasta, sem graça, entra em seu banheiro.

Roman observa as fotos nos porta retratos na prateleira. Uma garota, provavelmente a Allison, um garoto que ele desconhecia e Zoey estavam em uma foto, sorrindo, sentados sobre um gramado. Em um outro porta retrato, a agente estava com sua mãe, deduziu Warner devido a aparência da mulher mais velha, muito semelhante a da garota. Na terceira foto, ele avista ela e suas três amigas.

O assassino acaba encontrando seu desenho na primeira gaveta, ela o guardava, o mantinha por perto, ele significava algo para ela. Ainda curioso, Roman observa três ursinhos dispostos na prateleira, um azul, um bege e outro branco.

O psicopata se divertia enquanto observava o quarto da mulher que o havia feito se arriscar, feito ficar em Nova York e o mais alarmante, ter conseguido deixá-lo sem controle. Está com ela era bom, aliás, era ótimo! Zoey Starling era importante para ele e era por isso que ele estava ali.

Escutando a porta do banheiro se abrir, Roman vira-se. Zoey abria a porta de madeira devagar, fazendo ele concluir que a garota deveria está com vergonha. Saindo do banheiro com os passos lentos, a agente se dirigi a cômoda para guardar seus pertences e passando perfume, ela evitando olhá-lo.

Seu pijama da Minnie fazia o rapaz sorrir, era simplesmente a cara dela. O short e a camisa estampada com a personagem a faziam ficar ainda mais adorável para ele.

Sentindo ele abraçá-la e afastar seus longos cabelos do pescoço, Zoey fica paralizada e sem ar quando percebe que Warner beijava seu pescoço pela primeira vez. Ele depositava beijos doces e leves, a fazendo sorrir.

— Eu poderia ter trazido um pijama.

Starling vira-se, o beijando.

— Ou talvez seja hora de ir embora.

Ela nega com a cabeça, queria que ele ficasse. Não suportaria se ele fosse embora, não depois de tudo que tinha acontecido no dia.

— Não?

Ela nega outra vez. Os dois sorriem.

— Então, o que vamos fazer? – Sussurra ele entre os lábios de Zoey.

— Eu preciso dormir. – Ele assente, perguntando depois.

— Não quer que eu vá e precisa dormir. – Ele pausa um pouco. – Por acaso está insinuando que quer dormir comigo, Starling?

— Bom...eu...

Roman se afasta dela, tirando os sapatos e as meias e a encara. Zoey agradece aos céus por ele ter realmente entendido que a frase dormir comigo estava no sentido literal.

Ainda nervosa, ela deita-se na cama,se cobrindo e virando-se de lado. O coração batia muito rápido, afinal, Roman Warner iria dormir com ela. O colchão faz um leve barulho do lado direito da cama. A garota sente o cobertor ser levantando e luz se apagar. Roman cuidadosamente a abraça, sussurrando em seu ouvido:

— Posso me acostumar com isso. – Zoey arrepia-se, seu coração não parava de martelar. Até que lembra-se de um assunto urgente. – Eu não agradeci por você ter aparecido na estrada ontem. Não sei o que poderia ter ocorrido se não estivesse lá comigo.

Ele beija o topo da cabeça dela, as mãos de ambos entrelaçadas.

— Não há de quê.

Ela sorri um pouco, Roman sempre falava de modo formal.

— O que foi?

Ainda sorrindo, Starling vira seu corpo e vê ele a encarando. Mesmo no escuro, Zoey podia admirar aquele rosto. Aquele rosto lindo e pálido.

— Nada. Só você, sendo você.

Aquele era seu Roman, nunca o imaginaria de outra maneira. Ele sorri, acariciando o rosto dela.

— Talvez um dia você use aquela camisola. – A garota arregala os olhos, envergonhada, o fazendo sorrir ainda mais. Pigarreando, ela pergunta:

— Não acha que tudo isso já foi demais por um dia?

— Não, na verdade, não. Ambos sabemos que nos sentimos assim há algum tempo.

A brisa suave da noite invade o quarto, fazendo Zoey deitar sobre o peito de Roman. De fato ele tinha razão, aconteciam de forma tão natural estarem tão próximos daquele jeito. Mesmo tentando permanecer acordada, as pálpebras da garota começam a se fechar, estava cansado. O frio, a brisa e o fato de está perto dele promoviam uma tranqüilidade inexplicável.

— Por favor não vá embora assim que eu dormir. – Ele assente.

— Vou embora apenas quando o sol nascer.

Os dois se olharam.

— Promete? – Roman a beija suavemente, a tranqüilizando.

— Prometo.

Assim, Starling adormece em seu peito e em nenhum momento pensou em outra coisa a não ser em Roman.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Gostaram do Roman nesse capítulo? E a Zoey não é fofa? Gostaram do nosso ship nesse capítulo? Nos digam o que acharam, nós adoramos. Enfim pessoal, nos vemos no próximo capítulo!!
Bjus, Lili ♥



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