Cold heart

Jorie olhou para Niklaus aos seu lado e suspirou em desagradado se dando conta do poder deles, Elijah realmente conseguiu fazer com que ela embarcasse no maldito avião e como se não bastasse ainda a colocou ao lado de Klaus e ocupou o assento ao lado dela que ainda estava irritada pela situação em que havia sido colocada. Em duas semanas mudou de país e ficou bilionária, conheceu um cara bacana que na realidade é um vampiro que procura a mãe bruxa e tem um irmão híbrido estranho que quer algo com ela, fora os outros dois irmãos deles que são vampiros quase que comuns por assim dizer. Pareciam dois garotos rebeldes.

— Senhora... - a comissária se aproximou e o olhar que a jovem enviou para ela foi o bastante para a afastar rapidamente.

— Jorie não seja tão arisca minha querida amiga. - Klaus fez careta ao beber o péssimo vinho servido.

Ela o olhou atentamente ignorando as boas maneiras, ele poderia ficar irritado, mas não a mataria em um avião.

— Vai pro inferno seu babaca. - sussurrou pegando a taça da mão dele e bebendo.

Elijah apenas deu de ombros sem ligar para os dois que se atacavam a cada segundo que passava, Niklaus se divertia imensamente testando a frágil paciência da sua parceira de poltrona que se revezava entre o xingar e o ignorar. Ele suspirou e torceu para que a jovem não o odiasse muito, ele faria o possível para deixar a estadia dela o mais tranquila possível,  era o mínimo que poderia fazer. Niklaus a perseguiria para sempre e ela não merecia passar toda a sua vida fugindo, assim como Katherine faz.

— Niklaus não a incomode. - Elijah brigou com ele.

— Tudo bem irmão, eu não o farei. Apenas estou me divertindo e não vejo Jorie me pedir para parar.

— Moça você tem um calmante? - a jovem questionou a aeromoça que se afastou acenando com a cabeça - Pelo jeito vou ter que te aturar pelo resto da viagem. - resmungou, poderia fugir dele quando o avião pousasse, mas era bobagem... ele estaria ao lado dela antes que ela pudesse sonhar em se afastar dele.

— Não só pela viagem, mas sim pela vida querida. Sinto em te informar, mas... eu não estou te dando uma escolha.

Ela nunca teve a oportunidade de ter escolhas. Jorie preferiu o silêncio visto que o humor de Niklaus mudava drasticamente a medida que chegavam em seu destino, a jovem o agradeceu pelo aviso e vestiu a própria blusa de frio sentindo o ar-condicionado vir com mais intensidade, ela estava exausta devido a longa viagem que parecia não ter fim nunca, isso a irritava profundamente e saber que seria obrigada a ficar trancada em um carro por horas ao lado de Kol e Rebekah era terrível.

A loira e o moreno ocupavam as poltronas de trás ao lado de uma jovem que se quer se importava com a presença dos dois irmãos, eles estavam atentos ao pequeno desentendimento que surgia a cada segundo que Niklaus começava a falar, fora assim por horas. Niklaus a atormentava, Elijah o repreendia, Jorie respondia e Elijah os repreendia.

— Como é Mystic? - perguntou a Elijah curiosa, ela tinha medo, teria que treinar bastante devido ao inglês limitado.

— É quente e fria, cidade pequena com poucos habitantes e famílias grandes, cheia de lagos e cachoeiras e sempre tem uma festa para ir. Pelo menos quando se está no colegial. - ele se lembrou imediatamente das festas que Caroline organizava - Muitos eventos, esse tipo de coisa.

— Oh sim. - deu de ombros, não parecia um lugar muito comum aos seus olhos, lhe parecia razoavelmente bom, mas ela ainda preferia a Nova Zelândia.

Ela gostava da paz que reinava em sua vida, gostava da casa simples que tinha, do carro que tinha... mas ela ainda não gostava do fato de ter tanta responsabilidade em mãos, ela era dona de uma empresa de filial imensa que exigiam viagens constantes e muito trabalho duro, a jovem em sua Itália foi apenas uma estudante de artes plásticas. Ela não tinha a mínima noção de como gerir algo desse porte, ou vendia tudo... ou assumia os negócios de seu avô. Ela os assumiria ou pelo menos tentaria.

°°°°°

Mystic era agradável aos olhos da jovem, nada de deslumbrante ou chamativo. Era bem verde, mato para todos os lados e a cidade era mesmo pequena, tão pequena que poderiam atravessar toda a cidade de carro em menos de uma hora, tão pequena que não possuía transporte público. Era realmente minúscula e isso a deixou levemente irritada, não haviam locais para se manter longe dos olhos deles.

— Bem vinda a sua nova casa Jorie. - Klaus disse saindo do carro e todos o acompanharam.

A jovem olhou a imensa mansão nada surpresa pela extravagância apesar de ter a achado muito bonita, era chamativa e imponente e ela se sentiu surpresa por um lugar tão pequeno ter casas desse porte. Deveria ser um local importante para eles.

— É... agradável. - resmungou cutucando uma armadura com uma careta e então seus olhos dispararam para os quadros espalhados pela casa, todos com muita coloração vermelha e tão bem pintados que davam um pouco de inveja na jovem que nunca conseguiria pintar com tanta perfeição nem se terminasse a faculdade enquanto Niklaus apenas trabalhava com isso sem nunca ter feito um curso ou algo parecido. Bem, ele teve anos para isso.

— Vai ter que se acostumar. - e então o humor de Klaus mudou como uma bomba explodindo e ele não tinha mais o sorriso amigável no rosto, sua expressão se tornou sombria e pesada e ela decidiu não o contestar a frase "seja boa", soava em sua cabeça como um alarme a lembrando de suas punições quando mais nova, essa frase a fazia transformar todos próximos em monstros - Eu vou sair. - ele se aproximou a encarando seriamente deixando o dedo baixo e em direção ao rosto dela - É bom você não aprontar nada nessa casa, eu sei que essa sua cabeça está trabalhando há tempos para tentar uma fuga, se eu chegar e você não estiver aqui me esperando eu vou te caçar e quebrar as suas duas pernas. - ele abriu um imenso sorriso e beijou a bochecha dela a deixando petrificada na sala - Seja uma boa garota. - ele saiu batendo a porta e isso foi mais do que o suficiente para a deixar em pânico.

Seja uma boa garota— isso martelava constantemente em sua cabeça a deixando ainda mais amedrontada, ela tinha medo de qual punição ele poderia armar contra ela.

— Jorie. - seus olhos se ergueram se prendendo em Elijah que a encarava com pesar - Vou te levar até o seu quarto. - ela o seguiu em silêncio até o local e ele abriu a imensa porta pesada de madeira e entrou no local depositando a pequena mochila dela sobre a cama com cobertores escuros, as paredes brancas como neve e os móveis de cor mogno.

— Obrigada. - sussurrou e ele se moveu trancando a porta e indo em direção a ela.

— Eu sinto muito por ter te colocado nisso Jorie, eu sinto muito mesmo... Eu gostaria de arrumar uma forma de te ajudar, mas é impossível, Niklaus a caçaria e faria coisas inimagináveis quando te encontrasse. E ele encontra. - sussurrou de maneira sombria - Eu não queria que passasse por isso.

Jorie sabia disso, sabia que Elijah não tinha tais intenções e não poderia o culpar, ela é quem deveria ter sido mais esperta e visto os sinais que gritavam a sua frente, deveria ter percebido logo de cara que deveria se afastar deles o quanto antes. Tudo gritava isso, mas ela os ignorou por encantamento, ela se via dependente de alguém, Elijah era quem a sustentava entre eles, era sua única pessoa de confiança e provavelmente a única pessoa de quem ela gostaria e isso a assustava. Ela não queria se tornar alguém dependente de amor, isso a destruiria. De novo.

ºººº

— Vai ficar ai escondida me vigiando por quanto tempo?- o loiro questionou enquanto olhava Mystic Falls pela janela – Não seja tão esquiva Jorie, facilite as coisas para todos nós logo de uma vez. – Niklaus se virou com os braços cruzados, a expressão séria nunca vista antes por Jorie dominava completamente o rosto mostrando que ele tinha assuntos mal resolvidos na cidade.

— Facilitaria se eu tivesse a liberdade de escolher como quero seguir com a minha vida, mas eu não tenho escolha não é Niklaus? – ela também cruzou os braços, embora fosse bem menos intimidante que ele, na realidade... nada intimidante.

— Hoje resolveu ficar mais agressiva? Eu estava gostando da sua personalidade anterior, Jorie tome cuidado. Sou eu quem estou no comando disso tudo, não você. – os dois se encararam intensamente e a jovem apenas esticou os braços e suspirou se aproximando dele o olhando cautelosa.

— Aquele Niklaus que eu conheci na Nova Zelândia...- ela começou, mas logo foi interrompida por ele.

— Ele existe Jorie, só que você está mais preocupada com o meu lado ruim do que quem eu quero ser pra você. – ele riu da expressão despreocupada que ela forçou – Até quando você vai fugir de mim? Até quando você vai se esconder de mim? Você simplesmente fechou os olhos pra tudo que está acontecendo... E a sua covardia não te faz enxergar mais longe do que você é capaz de lidar, porque você acredita que não pode ser ajudada assim como não pode ajudar. – ele abriu um sorriso ao ver que havia tocado na ferida – Seja uma boa garota, e me siga. – ele esticou a mão deixando a palma aberta.

A jovem abriu a porta e saiu da biblioteca enquanto o loiro ainda continuava rindo dela, aos olhos dele Jorie era mais uma gatinha indefesa do que a leoa que ela fingia ser. Ele sabia que logo ela cairia assim que a paciência deles começasse a se esvair, isso não era uma briga de gigantes, aos olhos de Niklaus Jorie era apenas uma garotinha indefesa com uma perna que não funcionava direito, mas isso também o incentivava a não a subestimar. Pelo fato de Jorie não poder correr ela poderia muito bem se esconder e desaparecer sem deixar rastros, ela podia agir de maneira rápida e silenciosa já que sua condição a fazia pensar muito mais em uma maneira de não ser achada facilmente. Ela seria bem mais cautelosa que alguém que poderia fugir facilmente deles e ainda existia o fato de Jorie ter muito dinheiro, ela poderia desaparecer sem deixar vestígios.

Jorie mudou de caminho ao ver Kol e esbarrou em Elijah que apenas a chamou com uma mão para o jardim, ela o seguiu de perto mantendo os olhos nas costas dele e deu uma olhada rápida em todo o local o mapeando rapidamente, sabia que não avançariam muito e se limitariam somente ao lote da mansão. A jovem olhou bem para as flores e árvores e depois mancou para o lado de Elijah se sentando no banco abaixo de uma árvore e olhando para a imensa casa.

— Não queria precisar dizer isso, mas eu espero que você coopere comigo Jorie, Niklaus em algum momento vai ter problemas demais pra pensar e conseguir lidar com você e vai te deixar de lado. Ele ainda pode ir atrás de você, mas se ele estiver muito ocupado pode deixar isso para depois e esse vai ser o momento certo de você desaparecer. – ele a encarou com intensidade vendo que a jovem havia desviado os olhos em direção a ele.

— Ele é imortal e eu sou uma mortal. – disse o óbvio – Cada segundo pra me ter de volta conta, ele vai se dedicar a descobrir o que eu sou e vai deixar o resto pra depois. - os dois se encararam firmemente, Elijah sabia que essa era a verdade. Jorie seria a prioridade na vida de Niklaus, afinal ela poderia morrer a qualquer minuto.

Os outros poderiam muito bem esperar.

— Só não aja pelas nossas costas Jorie, eu vou ajudar você no que eu puder, mas não nos meta em problemas ou iremos perder as vantagens. Niklaus pode não te matar, mas ele vai destruir todo o seu psicológico e você vai ser a responsável pela sua destruição. Pense um pouco mais além do que vem fazendo ultimamente, não é um problema te ter de volta. Você pode se unir a nós ou pode passar o resto da vida fugindo de nós. - ela mordeu o lábio - Eu estou me incluindo nessa. Ou você me espera e agimos juntos ou você se adianta e age sozinha e aguenta as consequências.

Era um ultimato. Jorie se sentia segura com Elijah, mas isso não significava que ela confiava nele completamente, ele poderia muito bem estar manipulando ela, arrumando uma maneira de a fazer ficar no local sem grandes problemas. Mas ela não queria o escutar de maneira alguma, a prioridade dela era se ver livre da tirania, era ter paz , mas ela não iria chorar nos pés dele, ela não iria mostrar o seu medo e sofrimento a Niklaus.. Não iria o agarrar e lamentar nada disso, ela simplesmente iria fazer com que ele a quisesse longe dali.