Poisonous escrita por AleyAutumn


Capítulo 5
Cold breath




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/676247/chapter/5

Cold breath

— Tudo bem, eu vou soltar a garota.- ele sussurrou – Deixe-a sair. – soltou Jorie aos poucos sentindo ela se afastar, segurou-a pelos braços enquanto ela ainda encarava tudo alheia e bem confusa devido a velocidade e a força dos homens presentes no local.

— O quê essa garota tem de tão especial a ponto de estar unida com a família Mikaelson? – Sophia perguntou ainda tensa nos braços de Elijah que a apertava com força evitando que ela fugisse, para Sophia não era problema os desnortear e fugir, o problema seria quando eles melhorassem e começassem a caçar.

— Eu não estou unida! Me perguntaram sobre você e eu respondi, disseram que iria encontrar a mãe deles? – questionou.

— Você sabe quem é a mãe deles? – ela questionou debochada – Uma maluca psicopata, assassina sem o menor escrúpulo, eu quero distância de Esther e de qualquer Mikaelson. Se você não está mesmo com eles, eu sugiro que continue longe e que corra e os esqueça logo. Apesar de que eu duvido que eles deixarão que você se esquece deles, Niklaus tem uma mania de perseguição terrível. – a morena resmungou o encarando furiosamente percebendo que a garota não tinha nenhuma ligação com eles, isso era mais do que notável.

Ela era penas uma garota de aparência frágil que mexia as pernas de maneira desconfortável evidenciando que sentia uma dor extrema nos joelhos, os braços estavam cortados e sujos devido a sua queda do telhado e embora sua expressão fosse gélida ela enxergava o medo obscuro que dominava os olhos dela, ela realmente não sabia do que eles eram capazes e isso quase fez com que ela se sentisse mal pela garota. Ela ainda tinha que se preocupar com Elijah, ele era traiçoeiro, muito mais do que Niklaus.

Mas... não tinha mais para onde escapar, os três presentes que não fazia parte da família já estavam condenados.

— Eu já disse que eu realmente não sei o que aconteceu. Eu não sei onde Esther está, nós deixe em paz. – Sophia pediu mais uma vez.

— Marjorie vamos acabar logo... – Elijah sussurrou ganhando a atenção dela e então com um movimento rápido ele quebrou o pescoço de Sophia e Niklaus enfiou a mão no peito do vampiro que segurava Jorie arrancando o coração e o jogando no chão.

O loiro se aproximou da jovem e com as mãos ensanguentadas segurou o braço dela com força que recuou e parou ao ver a sombra refletida no chão, ela se virou olhando para o alto e viu Kol pular do telhado e parar perfeitamente de pé ao lado dela, como se não tivesse saltado três metros de altura. Ela arregalou os olhos tentando ignorar o que havia acontecido e Niklaus a soltou enquanto se dirigia ao cômodo ao lado junto de Elijah e Kol, os três pareciam procurar algo importante e ela viu isso como a oportunidade perfeita, eles não notariam isso tão cedo.

A jovem saiu discretamente do local e assim que atravessou a porta ela tornou a correr de volta para casa sabendo que não era uma boa opção, sua mente estava nublado e completamente preenchida com o que havia acabado de acontecer. Era algo estranho, inumano e ela tinha que ir embora de lá o mais rápido possível. A morena sentiu a dor excruciante em sua perna e se impediu de continuar parada, ela tinha que se afastar deles e se refugiar em sua casa pela menor quantidade de tempo possível. Até que pudesse pegar seus documentos e voltar para a Itália, eles eram assassinos e era mais do que óbvio que iriam atrás dela, ela precisava ser rápida para garantir sua sobrevivência.

Em poucos minutos ela chegava na colina ofegante enquanto rastejava os pés pelo amontoado de folhas, a jovem subiu as escadas rapidamente e pegou sua bolsa retirando a toalha e colocando o vestido e a bota, pegou as chaves do carro e sem nem amarrar os cadarços desceu as escadas e indo em direção a cozinha com a intensão de pegar a carteira, foi quando entrou completamente em choque observando o local completamente sujo de sangue com pedaços de carne para todos os lados. Havia manchas no chão, nas paredes, janelas, moveis e nas cortinas. Ela baixou o olhos e reconheceu os tênis de Kálly ainda em suas pernas, seu corpo estremeceu completamente e ela se impediu de ir ver o que havia acontecido, não era muito difícil de saber.

Ela se virou e correu para sala e paralisou ao ver Elijah a encarando seriamente, tentou se afastar, mas seu braço foi segurado com força por Kol que a virou analisando a jovem de cima a baixo. Jorie se sentiu em um verdadeiro filme de terror, seus ossos pareciam se tornar pó, a musculatura de seu corpo parecia se esparramar pelo chão a medida que ela sentia o pavor a dominar completamente.

— Acho que já está na hora de você dormir minha amiga. – ele sorriu.

Jorie arregalou os olhos ao ver imensas presas surgirem nos lábios do jovem garoto, os olhos dele escureceram e as veias saltaram ao redor deixando ela em pânico. Ele era extremamente medonho e o rosto simpático dele só contribuía para que isso se tornasse ainda pior, ele era praticamente um lunático.

— Kol, não faça nada disso. – o moreno apenas riu sem se importar com o pedido do mais velho.

— Eu não me importo Elijah, eu estou com fome. – ele sorriu de maneira diabólica a olhando – Você não deveria ater se metido no nosso caminho, sei que não sabia... mas sua família deveria ter te ensinado a não dar conversa para estranhos. – ele riu baixo – Eu sinto muito.

Kol se calou quando uma faca foi enterrada em seu estômago, o cabo de madeira entrou o deixando desconfortável e isso foi mais do que o bastante para que a jovem se soltasse e corresse para fora da casa, ela desapareceu por entre as árvores na noite escura sentindo alívio ao olhar para trás e ver que ninguém a seguia. Marjorie gritou quando sua cintura foi segurada com extrema força  a impedindo de se locomover, uma mão tapou seus lábios e o aperto se intensificou.

Niklaus sorriu ao ver que finalmente haviam conseguido pegar a jovem escorregadia e ele se perguntou se ela era realmente frágil, nesse momento ela não parecia nada frágil, a sobrevivência gritava em cada parte de seu corpo e ele soube imediatamente que ela faria tudo para ficar viva. Ou mesmo que ela arriscaria a própria vida para se ver livre deles, isso era algo... lindo... aos olhos do híbrido sádico. Ele estava se divertindo imensamente por ver ela relutar e se agitar, queria saber que tipo de sobrevivente ela era.

— Niklaus deixe a ir, ela não tem nada com isso. – Elijah pediu de frente para o irmão sendo fitado pela jovem garota – Ela não tem nada a ver com isso e foi de muita ajuda, a deixe em paz.

O loiro virou a morena com força e cravou seus olhos nos dela, sorriu largamente e então finalmente ele a analisou. Os olhos gritavam de medo mesmo que ela estivesse completamente séria e parecesse inabalável, ele sabia que a estava assustando profundamente, mas imediatamente soube que ela jamais admitiria isso, que jamais daria esse prazer a ele e ele gostou disso. Adorava esse tipo de jogo.

— Por que eu deixaria minha nova amiga?- ele sorriu tocando o rosto dela – Jorie foi tão agradável comigo aqui, porque eu a deixaria irmão? A abandonaria, ela não tem ninguém aqui. Está completamente sozinha. – ele sussurrou de maneira sádica vendo o ódio surgir nos olhos da jovem – Eu serei o seu guardião. – ele debochava.

Niklaus não se sentia inclinado a deixar a jovem ir embora, ele não sabia o que era isso, mas algo o impedia de se afastar dela. Era algo que parecia os enlaçar de maneira sobrenatural e ele se questionava se isso era devido a aura que rodeava a jovem mesmo que ela fosse completamente humana, isso aguçava sua curiosidade a respeito dela. Ele só precisava de uma desculpa.

— Não. – Elijah a segurou com firmeza e a olhou atentamente cravando seus olhos nos dela que ainda tinham a mesma sombra de dor e inquietação, só que dessa vez muito mais intenso – Marjorie – sussurrou ganhando a atenção dela – Você vai se esquecer completamente dessa ultima semana, você não nos conheceu, nunca nos viu, nunca falou conosco. Não sabe absolutamente nada sobre o que aconteceu hoje, nessa noite você ficou em sua casa sentindo uma dor extrema em seus joelhos que impedia sua locomoção. O médico indicou que ficasse em repouso e você seguiu essa indicação. – ele viu as pupilas dela voltarem ao seu tamanho normal.

— Por que eu diria isso? – ela sussurrou confusa.

Niklaus olhou o pescoço dela, os pulsos e as pernas e então lançou um olhar perverso em direção a garota, um sorriso maníaco surgiu em seu rosto enquanto ele a analisava novamente pensando o que ela tinha de tão sobrenatural que impedia que fosse hipnotizada por ele.

— Me desculpe pequena Jorie. – ele agarrou o braço dela com extrema força – Mas você irá embora conosco, eu não estou lhe dando uma escolha.

~°~

Marjorie se jogou frustrada no imenso sofá preto do apartamento "alugado" de Niklaus, era visivel a sua irritação e principalmente preocupação. Ela assistiu quando Kol lançou gasolina por todo a sua casa e lançou um fósforo a incendiando, sentiu Niklaus perfurar seu dedo e o colocar entre os lábios comprovando que não havia uma tal "verbena" em seu organismo. Se irritou quando Elijah a encarou repetidas vezes falando sempre a mesma coisa tentando fazer uma noite que não existiu entrar em sua mente. Ela estava tão exausta psicologicamente que se impedia de sentir medo de alguma coisa, embora sentisse seu corpo tensionar completamente toda vez que algum deles a olhava ou tentava tocar nela.

Marjorie era frágil em todos os sentidos e sabia muito bem disso, era bombagem tentar fugir daqueles homens quando nem sabia o que eles eram, quando nem sabia o que queriam com ela. Ela sabia que não a matariam devido a Niklaus ter visto algo "especial" nela, só não sabia se isso era algo bom ou preocupante. Eles poderiam não a matar, mas poderiam a machucar muito.

— Não está com medo? - Kol se sentou de frente para ela com um imenso sorriso ao qual ela o ignorou.

A expressão da jovem era feroz, mas seus olhos estavam completamente amedrontados, ela estava tensa e extremamente cansada, seu corpo estava terrivelmente dolorido. Ela estava curiosa e com medo, sabia que a convivência com eles seria difícil. Ela já sabia que nunca se veria livre.

— Que tipo de demônio você é? - ela o questionou.

— Não sou um. Depende do ponto de vista. - ele tinha um imenso sorriso - Um vampiro. - ele sorriu com as presas expostas e ela não duvidou e muito menos zombou disso.

— Vai se fuder.

— Você não parece com medo. – Kol se irritava a medida que o tempo passava, ele havia odiado a Nova Zelândia.

— Eu intriguei seu irmão, seja lá qual for o motivo disso, ele está querendo algo comigo e isso automaticamente impede que você faça algo não é? Até porque quem manda aqui é ele e não você. – isso o deixou no auge de sua irritação.

Kol se levantou irritado e Niklaus riu em outro comodo, de fato ele não tinha muito o que fazer com essa jovem, mas ele não podia deixar que ela se sentisse tão segura assim, ele logo resolveria isso e a colocaria em seu devido lugar. Quer Elijah queira ou não, quem estava no comando dessa família era ele.

— Não fique achando que Elijah vai te defender. Ou muito menos Niklaus. - Kol gritava irritado a deixando cada vez mais assustada - Ele é tão ruim como qualquer um de nós, talvez mais do que nós. Sabe o que vai acontecer? - ele riu e a pegou com força a jogando contra a parede e segurando - Você vai cair aos pés dele e ele vai dizer um grande não pra você, sabe o porque? Por que você se finge de forte quando na verdade é uma tremenda de uma perdedora. Você não pode lutar contra nós Jorie. Somos todos inimigos aqui. - ele sussurrou a soltando deixando a garota jogada no chão tremulando - Não acredite que algum de nós vá seguir alguma regra.

A jovem se levantou assustada e disparou para o local onde Niklaus disse que seria o quarto dela, ela fechou a porta a trancando e suspirou olhando para a janela, seria muita estupidez da sua parte querer sair por ela, eles logo iriam reparar na fuga e a achariam... e para onde ela iria?

Ela ouviu a porta do quarto ao lado se fechar e se aproximou da varanda olhando para baixo, era alto demais. Muito alto. talvez um deles fosse capaz de descer aquilo em segundos, mas ela morreria se o fizesse.

Mexeu na mochila que Klaus havia jogado em sua cama e achou a carteira com dinheiro e seus documentos, ela poderia ir pra Australia e depois poderia voltar para a Itália e depois... rodaria toda a Europa para ele nunca mais a achar. Tinha que se manter longe dos locais de grande movimentação, provavelmente é onde eles ficariam, Niklaus lhe parecia um homem agitado e animado, Elijah lhe parecia ser muito sério e Kol parecia descontrolado. Definitivamente se concentrariam em cidades grandes.

Por outro lado, se fugisse e ele lhe achasse... ele ficaria muito furioso e coisas terríveis poderiam acontecer. Se perguntou onde Elijah estaria, provavelmente ele havia ido fazer o que tinha dito a ela, hipnotizar Louis, Ellie e Akira para se esquecerem que um dia ela chegou a existir. E claro, Kim que seria a sua única salvação

Quinto andar, estava no quinto andar. O quão evoluídos eles seriam? Sentiriam seu cheiro? Ouviriam bem? Teriam super poderes? Ela não sabia e por fim decidiu não arriscar mais, eles poderiam não a matar, mas poderiam machucar muito.

— Onde a minha mais nova amiga está? - ela ouviu a voz feminina e a maçaneta girou, mas a porta não se abriu - O que vocês fizeram com a garota? - se afastou e ela suspirou aliviada, poderia ser a irmã maluca da qual falavam o tempo inteiro.

Jorie se arrastou até o banheiro e tomou um banho quente enquanto repassava as cenas em sua cabeça dezenas de vezes vendo a confusão terrível se desenrolar em sua mente, ela estava cansada e com muito medo. Para onde iria? O que faria? E um dia eles iriam deixar que ela fosse embora? Provavelmente não, só a restava aprender a conviver com eles para não aumentar mais ainda seu sofrimento.

— Marjorie, jantar. - a voz de Niklaus ecoou pelo quarto e ela se assustou ao sair do banheiro e dar de cara com o loiro no quarto.

— Como pode agir como se nos conhecêssemos a anos? - ela sussurrou.

— É isso que tem pra me dizer? Nada como... me deixa ir embora, eu te odeio... – ele falou de forma casual enquanto gesticulava.

— Eu chegaria nisso depois. - parou ao colocar o casaco cobrindo os braços, ele a olhou atentamente reparando que usava um vestido que mostrava suas pernas extremamente machucadas.

— É bom que não chegue. Isso só vai aumentar mais ainda a minha vontade de te matar. - ele abriu um sorriso sádico - Estaremos partindo amanhã mesmo para Mystic Falls, não espero que goste e muito menos que aceite, lembre-se que não estou te dando opções e a única coisa que digo é que eu posso te dar algo próximo a uma vida normal... se você não me irritar.

Era a primeira vez que Niklaus discutia a respeito disso com ela, a primeira vez que ele lhe dava uma ideia do que o destino reservava a essa jovem. Ela se juntaria a ele, o conheceria e então usaria tudo o que aprendeu ao seu favor, aprenderia o bastante para sumir dos olhos deles e nunca mais ser achada.

— Isso não vai dar certo. Sei que está pensando em mil maneiras de fugir de mim, não vai dar certo e eu vou dizer o motivo. - ele se aproximou e segurou suavemente o rosto dela cravando seus olhos com firmeza - Existem milhares de nós por ai, e existem bruxas que podem me ajudar querendo ou não. Elas nunca querem. Eu vou te achar aonde quer que você esteja.

— Entendi. - ela suspirou - Tudo bem. Se eu estou aqui... o que eu sou?

Ele a olhou atentamente, ele não sabia. Realmente não sabia, mas nada que um pouco de pesquisas sangrentas e chantagistas não sejam capazes de resolver. Ele descobriria o que ela era e o que poderia fazer, essa criatura estranha não poderia ser apenas uma humana comum. Deveria existir algo que a diferencie completamente dos outros humanos. Ele só esperava que isso valesse o esforço.

— Eu vou descobrir.

Os dois sairam em direção a mesa que havia na cozinha e a jovem olhou com atenção os dois que estavam lá, Kol estava emburrado e a loira apenas bebida o líquido em seu copo com descaso, ela ergueu os olhos azuis e fitou Marjorie por um breve momento antes de dar de ombros e voltar a ler a revista que havia próxima a ela. Niklaus estava sentada na poltrona do outro lado do cômodo os olhando atentamente.

— Rebekah.

— Marjorie. - Niklaus percebeu que a voz saiu completamente livre de alguma emoção e aprovou isso, embora não gostasse quando fizesse isso com ele, o loiro gostava de saber como as pessoas se sentiam a respeito dele.

— Ou Jorie, não é querida? - ele questionou e ela suspirou se sentando com brusquidão.

— Não pra vocês. - foi curta e ele apenas riu da audácia dela, Jorie era inofensiva aos olhos dele.

Niklaus só não imaginava que estava mais enganado do que nunca, Jorie era tudo, menos inofensiva. Principalmente quando se tratava de Niklaus, ela só precisava do incentivo certo. Poderia demorar, mas ela lhe mostraria isso um dia.

— Jorie vai aprender a se comportar com o tempo. - os olhos dela cravaram nos de Kol que firmou o olhar achando graça da confiança falsa que ela tentava exercer sobre ele - Não é minha querida amiga?

— Devemos aprender em conjunto. - Jorie percebeu com certa decepção que isso não os intimidava ou faziam a respeitar, seu enfrentamento apenas causava graça neles e isso a frustrou mais ainda, para ela a única solução seria os ignorar e falar apenas o essencial, os enfrentar não levaria a nada.  Apenas zombariam mais ainda dela.

Jorie teria que usar sua inteligência ao máximo para se ver livre deles, teria que conhecer a rotina deles e bolar um plano de acordo. Quando chegasse aos Estados Unidos não teria mais chance de fugir, eles arrumariam uma forma de a trancar no país e isso garantiria sua segurança, qual deles iria achar que a jovem correria para a Itália, justamente do local de onde saiu? Ela teria que firmar isso na cabeça deles. Teria que firmar que a Itália não era segura e que nunca voltaria para lá,

— Nos conte sobre sua vida Jorie. - Rebekah pediu sem realmente se importar, ela agradecia pelo membro novo na família, sua vida não seria mais tão chata vivendo em cárcere, afinal ela teria uma nova compainha, e feminina.

— 21 anos, nasci na Itália. - eles se olharam, ela era quieta demais e antipática demais para uma italiana.

Talvez fosse o medo, mal sabiam que era apenas ódio e desconforto pela vida que levava a anos. Jorie teve mais do que certeza de que nunca seria capaz de ter um pouco de paz na vida.

— Vivi lá até duas semanas atrás. – complementou.

— Porque saiu? - a loira questionou começando a se interessar, pelo que soube de Elijah a querida Marjorie era uma alma independente e isso a intrigou, ninguém faz isso aos 21 anos do outro lado do mundo apenas por opção. E sim por ser obrigada.

— Sofri um acidente à dois anos atrás, meu pai e meu irmão mais novo morreram e eu, minha mãe e meu irmão mais velho sobrevivemos ficando com algumas sequelas. - deu de ombros.

— E isso não seria motivos para ficar? - Kol sentiu a curiosidade invadir, algo de terrível havia acontecido.

— Não foi um acidente. - isso foi o bastante para entenderem - Todo o testamento de meu pai estava em meu nome, ela não sabia. De mim iria para ela e meus irmãos.

— Como foi? - Rebekah perguntou e ninguém se questionou se isso era insensível demais.

— De carro. Ela bateu o lado direito do carro em uma árvore, ela só não contava que o bebê conforto fosse ser lançado para fora do carro na batida, nem que ela fosse perder as pernas ou que Jim perdesse um braço. - Rebekah tremeu ao imaginar uma criança sendo lançada de carro - Pietro tinha três anos. - sussurrou friamente pegando o copo de suco.

Eles notaram que falar da família a transformava completamente, Marjorie se tornava tão fria quanto um bloco de gelo, ela não reagia, parecia completamente em transe e desprovida de sentimentos e isso os deixou um pouco alerta, talvez alguém estivesse sendo subestimado demais. Ela poderia ser uma ameaça imensa e eles deveriam se atentar aos comportamentos estranhos dela.

— E suas sequelas? - Bekah a olhou procurando por algo.

— Fiquei uma ano na fisioterapia, quase perdi minha perna direita. Voltei a andar, mas tenho dores terríveis que me deixam de cama por dias.

— Mas se você ganhou tudo... por que saiu? – Kol simplesmente não entendia isso, para ele haviam brigas mais do que por dinheiro.

A jovem negou com a cabeça, não era tão simples assim.

— Minha família por parte de mãe sempre se acham os donos do mundo, agem como bandidos, matadores e eliminam tudo que entra em seu caminho. Ela sempre quis dinheiro, muito dinheiro e ele tinha de sobra, mas sempre controlou. Ela não sabia que todo o dinheiro dele viria para mim, então ela e os irmãos dela passaram a me perseguir pelo dinheiro, mas meu avô achou a solução e me mandou para cá sabendo o que a própria filha estava tramando contra mim, e então quando eu pisei aqui... eu recebi uma ligação de uma amiga minha da Itália, dizendo que ele morreu. E então toda as filiais, as empresas... tudo, tudo que era dele passou a ser completamente meu. Inclusive a casa que eles moram hoje e todo o dinheiro que ele dava para a sustentar. Deu pra entender agora? - ela os encarou e eles ainda imaginavam de quanto patrimônio estariam falando.

— De quanto estamos falando? Para ela te perseguir assim? - Niklaus perguntou interessado, não que ele precisasse do dinheiro dela, mas ele estava curioso querendo saber o quanto essa maluca moveria para achar essa garota por míseros trocados.

— Somando tudo? Bem... o advogado diz que por volta de quase um bilhão. Incluindo as empresas, disse se eu decidir vender posso conseguir mais dinheiro ainda. - eles se encararam surpresos e então o nome passou a fazer sentido, Albanio era bem conhecido e eles haviam visto o pandemônio que se tornou já que todos tentavam descobrir quem havia assumido a rede "turística" por assim dizer, os resorts, lojas, restaurantes, bares e hotéis.

Eles e olharam vendo que a jovem não estava nem um pouco interessada e souberam que ela apenas estava com as empresas pelo poder de infernizar a própria mãe de uma maneira silenciosa, se isso se mantivesse assim por muito tempo ela logo teria uma conta bancaria imensa devido a maneira simples com a qual vivia.

Ela estava sendo perseguida por motivos justificáveis, pelo menos na mente dos três isso era justificável para os humanos. Para eles era uma grande baboseira que houvesse essa guerra por dinheiro, dinheiro era banal em suas vidas, eles poderiam facilmente viver sem ele embora preferissem viver com ele.

— Estou aqui. - todos saltaram surpresos com a voz de Elijah - Os hipnotizei, não se lembravam mais de você.

Elijah sentiu a culpa terrível o invadir quando notou o semblante caído da jovem, graças a sua intromissão ela perdeu a vida e caiu nos braços de seu irmão perverso. Ele estava curioso, mas ver essa garota perder a vida o enchia de culpa, acabar com a identidade e existência a deixando viva e a transformando em uma ninguém fazia suas ações ganharem peso.

— Hum. - resmungou preferindo ficar em silencio, era melhor assim.

Todos comeram em silencio revezando olhares enquanto Jorie pensava em como ocorreria sua fuga. Eles dormiam? Ela não sabia dizer, mas sabia que um deles dormiria na sala, isso era mais do que obvio visto que haviam quatro quartos e eles eram em cinco, Jorie estava ocupando o quarto de um deles e ela sabia que Rebekah não dormiria na sala, eles deveriam ser cavalheiros o suficiente com a própria irmã para permitirem isso.

Assim que terminou ela lavou a própria louça e saiu do local os deixando para trás. Entrou em seu quarto e fechou os olhos, ela teria tempo pra bolar um plano depois, afinal amanhã mesmo eles iriam embora da Nova Zelândia.

°°°°

Passou as mãos novamente pelo longo cabelo com a maior expressão de infelicidade que possuia, havia se vestido com roupas simples e confortáveis sabendo que se tratava de uma viagem extremamente longa e cansativa, a única coisa para a qual torcia era que ninguém resolvesse se alimentar dela no meio do caminho e em lugar algum. Já lhe bastava toda a carga emocional de ser uma desamparada pelo mundo, torcia apenas para que Niklaus tivesse o mínimo de bom senso e pelo menos a desse uma vida razoavelmente normal, seus planos de fuga poderiam ficar para depois já que ela precisaria de uma autorização para entrar no país que Elijah poderia conseguir facilmente. Talvez pudesse fugir para a Améica do Sul, havia ouvido que haviam bastante família europeias pelo local, não deveria ser muito difícil encontrar um italiano por lá e deveria ser fácil se camuflar pela numerosa população.

— Deixe uma blusa de frio com você, Mystic é fria nessa época de ano. - a voz de Klaus a assustou e ela o olhou pelo espelho do closet - Vamos. - ele chamou - É melhor você não aprontar nada...

— Ok, ou você quebra meu pescoço, drena meu sangue, mata a cidade inteira, corta meus braços e tudo de ruim que você pode, quer e consegue fazer. - ela rolou os olhos sem se importar.

Niklaus apenas riu bem humorado, ele sabia que esse seu bom humor iria acabar assim que pisasse em Mystic e tivesse que lidar com Elena e seu grupo terrível que tanto tirava a sua paciência, eles simplesmente não entendia o porque de nunca quererem fazer as coisas do método fácil. Eles poderiam ser como Jorie não? Não, eles não poderiam, pois Jorie será como eles e fugirá dele na primeira oportunidade que tiver.

E ela vai a trazer de volta, quer ela queira ou não.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!