Magia na Floresta escrita por Vlk Moura


Capítulo 2
Capítulo 2




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— Ai! Ag! - Carla reclamou depois de eu dar um tapa no seu pescoço - Por que fez isso?

— Porque me deixou sozinha por duas semanas - ela riu e me abraçou - E como foi de viagem? - ela prendia o cabelo, eu o achava lindo e aquele estilo rebelde era ainda mais lindo.

— Ótimo, mas sinceramente, eu estou esgotada, aceitaria mais férias para poder dormir - ela se jogou na cama - Oi, Peru - ele a olhou e e voltou a dormir - Pelo visto ele está bem. - ela riu.

— E o Ogro? - ela o tirou do bolso, o furão dormia profundamente - Estamos bem servidas com nossos bichinhos. - ela riu.

— Nosso monitor é um gato - ela comentou, eu a olhei assustada com aquele comentario - O quê? Eu estou mentindo?

— Ele é um idiota isso sim - falei cruzando meus braços, ela riu e cerrou os olhos, eu odeio quando ela faz isso.

— Você gostou dele - ela falou com tanta certeza.

— Não! - eu reclamei - Como posso gostar de um cara que prefere ver um animal morto e seu time ganhando do que salvar um Dedo-Duro, não posso gostar de um cara assim.

Ela ficou rindo.

Logo seria a Cerimônia de inicio das aulas, os jovens seriam apresentados a nós, um grupo sempre é indicado aos veteranos, eu não gostei quando estava no terceiro ano e tive de cuidar dos do segundo e quando estava no segundo cuidar dos do primeiro, é um saco e por alguma razão a Diretora sempre manda a mim e Carla para cuidarmos de grupos mais novos, mesmo que tenhamos feito de tudo para ela mudar de ideia.

Vestimos nossos uniformes, eu coloquei a calça, não me sinto confortável com a saia assim como a Carla, colocamos as camisas que tinha as costuras em um verde bem vivo que se destacava no branco. A calça era verde musgo bem escuro. Prendi meu cabelo em um coque, ele estava uma bagunça e eu não queria ter de arrumar, ajeitei o coque de tal forma que Peru pudesse ficar deitado nele. Carla colocou a blusa de moletom e colocou o Ogro em seu bolso, peguei um pacotinho com alguns insetos mortos e enfiei no bolso.

— Esse ano promete - Carla falou terminando de arrumar o cabelo e me mandando uma piscadela pelo espelho.

 

Na sala do nosso quarto já estava a maioria dos veteranos, meu estômago embrulhava de ter de pensar de cuidar de jovens bruxos que sempre querem descobrir tudo e burlar as regras. Carla conversava com algumas outras meninas enquanto eu estava no sofá tentando me convencer de que esse ano tudo daria certo, eu não me meteria em problema algum.

— Vamos, todos! - Leonardo chamou.

Sem muito animo segui o grupo com Carla grudada no meu braço me arrastando pela escada. Sentamos na mesa de sempre, somos divididos em casa apenas para organização, mas a Diretora diz que levar isso a sério é meio que classificar as pessoas e as pessoas não devem ser classificadas. Eu concordo com ela.

Em Hogwarts utilizam o chapéu seletor para definir para onde cada criança deve ir, no nosso caso levamos muito em conta o que a criança quer, por exemplo, eu estou na casa da Ariranha, as outras casas são as do Araçari-Castanho, a Jaguatirica e Jacaretinga. As casas não recebem os nomes de seus fundadores como ocorre em Hogwarts, homenageamos alguns animais nativos. Voltando, a criança recebe junto de sua carta uma explicação superficial sobre as casas e quando chegam aqui são direcionadas ao corredor do conhecimento onde veem os feitos de cada casa e quando chegam na nossa frente conhecem alguns integrantes de cada casa e então escolhem par aonde querem ir, trabalhoso? Sim, mas tenho que dizer que quando foi comigo foi bem divertido. Meu instrutor na época já se formou, hoje ele é um pesquisador bem reconhecido, tenho orgulho de dizer que no meu primeiro ano foi ele quem me guiou. 

As mesas estavam cheias, sempre estão e sempre parece que não cabe mais gente, mas sempre cabe, damos uma espremidinha aqui outra ali e sempre cabe mais um. Gostamos de falar que as mesas são como coração de mãe.

Carla estava do meu lado e conversava com várias pessoas da nossa mesa e das outras, eu queria saber ser sociavel assim, eu só sou sociavel quando me é necessário. A Diretora pediu a atenção de todos e eu sempre acho legal que com um tossir dela todos se calam e os que não a respeitam sempre levam tapas nas costas e acabam se calando, é bem engraçado. 

— Sejam bem-vindos de volta - ela falou, os novatos ainda não estão no salão - Espero que esse ano seja tão bom quanto todos os outros, que vocês se divirtam e aprendam, que passem seus conhecimentos aos mais novos e absorvam conhecimento deles, também, porque ninguém sabe mais do que ninguém - a Diretora é uma senhora já, ela é descendente de índios e tem traços bem fortes, imagino que quando era mais nova era bem bonita, ela era da casa do Jacaretinga, dizem que ela adora aprontar com os outros e eu não consigo imaginar isso - Então sem mais delongas quero que deem as boas-vindas aos novos bruxinhos! - ela esticou os dois braços, a enorme porta do salão se abriu e vimos as carinhas apreensivas e maravilhadas das crianças, há alguns anos era eu ali.

Nosso zelador os guiava, era um homem já de meia idade, antes dele fora seu pai quem cuidara do castelo e antes de seu pai seu avô e assim por diante, existem histórias de que sua família foi amaldiçoada e não podem fazer nada além de cuidar do castelo. Ele nunca nos olha diretamente e sempre em silêncio, vai até a frente da diretora, ela o agradece e vários novatos se espalham pelos quatro degraus que chegam até o altar da Diretora e ao fundo dela as mesas dos Professores. 

— Certo, vamos começar - as crianças se mexiam desconfortaveis - Mas antes, vamos formar as duplas de cuidados - Carla pegou minha mão, sorri para ela, sempre formavamos uma dupla. 

Ela foi formando várias duplas, esse ano tinham mudado, poucas eram as duplas em que os dois eram da mesma casa, Carla apertou meu nome quando foi chamada, eu a acompanhei ir lá para frente, mas o que foi chamado em seguida não fui eu, foi uma menina da casa da Jaguatirica a menina a cumprimentou com o olhar e parou ao seu lado, era uma menina mais baixa do que eu, ela era mais nova que nós duas também, o cabelo solto batia no final das costas, ela usava um batom rosa que sinceramente era horrível, estava bem maquiada e com salto alto, quem raios usa salto alto para estudar?

— Nyack Santos - a Diretora continuava - E por fim Agnes Lima - eu olhei para frente assustada, me levantei meio tropeçando em mim mesma, fui lá para frente puxando as barras da calça para cima para poder andar mais rapido e confortavelmente. 

O menino que se levantou ao chamado do nome estranho era alto, forte, a pele tinha um tom negro muito lindo, ele me encarou quando parei ao seu lado e encarou meu Dedo-Duro que ainda dormia em minha cabeça, ele revirou os olhos. Não gostei dele.

Agora a Diretora chamava os novatos, eu estava nervosa por eles, sempre fico. Ela os indicava a mesa e depois falava qual das duplas seria a sua guia, em média cada dupla cuidava de pelo menos cinco crianças, mais alguns outros que não eram novatos do primeiro ano. Minha mão suava tentando decorar quais eram nossas crianças, eu ri sozinha, era estranho pensar em nossas crianças quando quem formava dupla comigo era um garoto. Quando todos se decidiram por sua casa as duplas se separaram e fomos para nossos lugares nas mesas. Ela começou a apresentar os professores que nos ensinariam esse ano, eram os de sempre, exceto por um.

— Bom... Nosso querido Filipe Tergonos terá de passar por uma cirurgia e ficará alguns meses afastados, para o substituir o senhor Longbottom veio de Hogwarts - foi possível ver todos os olhos brilharem, todos tinhamos ouvido falar dele, aprendemos sobre ele nos livros e lá estava o grande Neville Longbottom para nos ensinar, um amigo de Harry Potter e Ronald Weasley, um amigo de Luna Lovegood, meu coração até bateu mais acelerado e permitiu minhas bochechas corarem.

— Obrigado pela oportunidade, Diretora. Eu sempre quis vir para cá e poder estudar as plantas raras que só podemos encontrar por aqui e poder lecionar enquanto estudo é ainda mais fantástico, espero que todos cuidem de mim assim como quero cuidar de vocês. - ele falou e todos aplaudimos. 

Pudemos comer e o que todos falavam era de Neville, eu ainda não acreditava naquilo.

— Ag, eu não quero formar dupla com aquela patricinha. - Carla reclamou, eu ri.

Estavamos comendo e reclamando por não estarmos juntas quando um animal peludo grande invadiu nossa mesa e começou a correr causando a maior confusão.

— Lobo! Para! - era uma menininha que gritava para o animal, eu só vi aquela enorme bola de pelo vir na minha direção e saltar sobre a minha cabeça, Carla deu um grito junto comigo enquanto eu caia do banco. - Ai meu deus! - a menina levantou correndo.

O bicho ficou tentando pegar o Dedo-Suro que voava e encarava tudo muito cansado. Depois de conseguir me levantar, peguei o animal no colo e rindo o devolvi para a menina, ela estava vermelha, os cabelos cacheados todo bagunçado, ela seria uma das minhas crianças.

— Aqui está - falei rindo, Peru voltou a deitar no meu cabelo.

— Mil Desculpas - ela repetia várias e várias vezes - Mil Desculpas mesmo.

— Não se preocupe, eu sei como é complicado controlar os bichinhos. - ela sorriu - Mariana, não é? - ela confirmou - Certo, depois te dou umas dicas de como controlar os bichinhos - ela agradeceu e se afastou reclamando com o tal Lobo.

— Não se machucou? - Carla me olhou espantada.

— Não, não que eu esteja sentindo - falei rindo - Acho que estou com mais fome do que com dor.

Ela riu e voltamos a nos deliciar com nosso banquete.

Depois do jantar o Monitor levou os novatos sob seus cuidados para o quarto. Conforme os novatos entravam nós mais velhos colocavamos um adesivo magico em suas mãos para que apenas mostrassem ao nosso macaco guarda e ele permitisse que entrassem. 

Depois que cada um se alocou em um quarto eu e Carla ficamos sentadas no sofá conversando sobre como esse ano poderia ser.

— Estraga jogo, - olhei Leonardo - cuidado com aquele tal Nyack, hein? - eu não entendi o que ele quis dizer - Ele é um sangue ruim - franzi o cenho e olhei Carla, os olhos dela estavam gigantes.

— Sangue ruim? - sério que ainda tem gente que fala isso? Ele confirmou - Não se preocupe, ser sangue-ruim não é transmissível. - Me levantei - Eu já vou dormir, por hoje já deu, boa-noite, Ca.

Eu pude ouvir o menino perguntando se tinha falado algo errado e Carla o chamando de retardado.

Eu não dormi, simulei minha morte nessa noite. 


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