Magia na Floresta escrita por Vlk Moura


Capítulo 1
Capítulo 1




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Eu não queria ir para a Escola de Magia, sei que parece loucura dizer isso quando todos os trouxas que conhecem essa história querem receber uma carta, mas esse ano eu não estou com o menor animo de ir para lá. Carla só chegara na segunda semana e isso será um saco. 

Eu juro que eu amo o lugar e as aulas, mas não consigo gostar muito das pessoas, são todos muito chatos e focados e os que não são, são zoeiros demais, não tem meio termo. Carla é o meio termo, é o perfeito meio termo. Ela viajou com os pais pelo mundo, ficou na casa de vários bruxos, me mandou fotos maravilhosas e eu... bem fiquei revisando matéria, fiquei mudando da casa da minha avó materna que é bruxa para  acasa do meu avô paterno que é trouxa. Minha avó falando que eu não devia me misturar com os trouxas e meu avô me incentivando a continuar com meus estudos e pensar em algo trouxa para fazer depois de me formar, já que ser bruxa não deveria ser algo para o resto da vida. Ele acha que você não pode ter uma carreira no mundo magico e é terrivel ouvi-lo dizer isso quando minha mãe, agora, trabalha no mundo magico e cuida da casa com isso, enquanto meu pai trabalho no mundo trouxa e também consegue cuidar da casa.

Sentei no meio fio esperando o ônibus mágico passar. Meu Dedo-Duro estava no meu ombro, bem quietinho como de costume. Ele deitou em meu ombro, acariciei sua cabeça.

— É um saco voltar sozinha. - ele me olhou, o ônibus encostou, subi com a mala quase não a aguentando, minha mochila nas costas cheia de comida para que eu pudesse comer durante toda a viagem sem gastar muito no carrinho de doces, que na verdade eu já estava namorando alguns açucarados há algum tempo.

Me joguei ao fundo do ônibus, aquela coisa chacoalhava mais do que tudo e a vendedora conseguia andar por aquele corredor como se nada estivesse acontecendo. Eu invejava aquela habilidade dela, porque mesmo sentada eu mal conseguia ficar numa posição só, Peru, meu Dedo-Duro, estava deitado em uma das barras as quais as pessoas que tentavam andar se seguravam.

O ônibus não estava muito cheio, as pessoas começariam a chegar na próxima semana, eu estou indo antes porque meu pai vai viajar a trabalho e minha mãe está se planejando para ir ao Japão para resolver não sei o que. Odeio o próximo caminho do ônibus. Ele acelera e mergulha em meio ao rio Tietê, eu sei que prender a respiração não vai ajudar, mas sempre faço isso, Peru continua dormindo, eu queria conseguir dormir assim. O menino ao meu lado dormia profundamente e até babava na janela, eu queria dormir, queira muito, mas pegamos uma corrente de água que fez tudo mexer muito e isso sempre me faz ficar atenta. Gosto de ver os seres que passam por nós e alguns que nos observam curiosos e outros que nadam para longe. Quando subimos a superfície  a buzina informa que estamos quase chegando, Peru pousa no meu ombro, dou um pequeno besouro para comer que ele se delicia. Levanto a mochila e a mala e novamente tento descer sem me equilibrar direito e quase caindo sobre os que ainda ficam sentados. 

Chego perto do condutor, ele me olha e esqueço que ele não pode me ver, os olhos vendados com uma faixa preta que ainda deixa os buracos dos olhos fundos, aceno coma  cabeça para ele quando para, mas ele não me responde. Desci meio desequilibrada e quase caindo, alguns ônibus já estavam estacionados ali, tentei encontrar qualquer rosto conhecido, mas ninguém ali me era interessante. Andei até onde reuniam os estudantes, a mala estava no chão para que eu pudesse arrastá-la, a mochila no puxador da mala e o Peru no alto da minha cabeça. Limpei o suor da testa com a manga da blusa, ali estava quente, a hora que saí de São Paulo fazia dezesseis graus e a blusinha parecia boa ideia, agora vejo que foi pessima. 

Meu Monitor tinha mudado e teve uma cerimonia pelo que falaram, eu não tinha certeza, ouvi que foi muito boa, eu queria ter sido chamada, mas eu não era o que se pode chamar de amiga do monitor. Sem falar que estava bem ocupada com meu avô me contando as historias da roça. 

— Leonardo - eu fui até o monitor - Já está podendo subir para o quarto?

— Você é a... Agnes, certo? - confirmei. - Só mais dez minutos, estão terminando de limpar e expulsando umas caiporas que invadiram.

Ele era alto, forte, mas pelo que sabia dele era bem ruim com os feitiços, mas muito com as poções. Os olhos eram castanho, muito bonito e o cabelo tinha um corte horrível com as laterais baixas e o centro mais comprido que muitos garotos usavam como se aquilo fosse lindo.

— Disseram que elas tomaram todos os quartos - Leonardo continuou - e fizeram uma bagunça, elas são terriveis.

— Mas pelo menos cuidam da gente - me joguei no chão, na grama mesmo - Seria ruim senão cuidassem, bagunceiras, mas sem utilidade. - ele riu.

— Você está em que ano? - ele perguntou parecendo procurar por alguém.

— Quinto e você?

— Sexto - levantei as sobrancelhas, pensei que estivesse no último ano. Ele me olhou surpreso - Você não é aquela menina que interrompeu o jogo final do campeonato? - senti minhas bochechas corarem e confirmei, ele ficou bravo - Meu time ia ganhar.

— E um Dedo-Duro ia se ferir - dei de ombros - Tenho principios e o primeiro deles é que não vou deixar um animal se ferir por causa de um jogo idiota.

— Jogo idiota? - ele perguntou revoltado, confirmei - Idiota? - confirmei novamente - Não era idiota, era a final do campeonato.

— E um Dedo-Duro ia se ferir. Mesmo que a Gina Weasley estivesse jogando eu teria me metido para salvar o Dedo-Duro. Não ligo para os jogos - ele me fuzilou, eu me afastei com minhas coisas e com dificuldade de arrastá-las pela grama.

Comi um lanche, dei mais alguns insetos ao Peru e finalmente libraram os quartos, eu entrei com dificuldade, malditas escadas até a entrada, por que não era um rampa ou um elevador, ou até mesmo uma escada rolante? Tantos aparelhos trouxas que poderiam ajudar. 

Entrei no Castelobruxo, eu adorava aquele cheirinho de grama recém cortada que sempre tinha por ali. Subir par ao quarto era sempre um sofrimento com mais escadas e estas cheias de musgo, vez e outra eu escorregava naquelas coisas e quase rolava para baixo. Quando finalmente cheguei na porta tinha de convencer o macaquinho que tomava conta de que eu era dali e responder perguntas muito especificas para o meu gosto, ele finalmente destrancou. Três pessoas já estavam ali, uma delas Leonardo, outras duas eu não conhecia, jogavam alguma coisa com cartas. Subi para o meu quarto e já garanti a cama ao lado da minha para Carla. Na cabeceira da cama a afastei um pouco, equilibrei uma taboa e coloquei o ninho do Peru que logo pulou par alá, deixei mais uns besouros para ele, abri a janela, ali era alto e dava para ver bem longe na floresta, qualquer aproximação aerea era vista dali com toda certeza, a mata era bem fechada, eu não me cansava daquela vista.

Me joguei na cama e mandei uma mensagem para meus pais e meus avós. Eu precisava dormir um pouco.


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