Resident Evil: A Cidade Maldita escrita por Lerd


Capítulo 20
Capítulo XIX – Titanium




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  - Bem, eu conheci seu pai há trinta e cinco anos atrás... E bem, como te contei, eu amava muito ele...

Ky olhou com surpresa para sua mãe e firmemente disse:

- Olha mãe, eu não tô gostando nada desse papo. Fala logo que você quer dizer. É sobre o meu pai, né? O que ele tem a ver com tudo que ta acontecendo? Me fala, mãe!

A frase do rapaz foi como um soco no estômago de Vantia. A mulher colocou suas mãos no rosto e começou a chorar baixinho. Reergueu seu rosto, imponente, enquanto enxugava as lágrimas.

- Se pai é um desses monstros.

A reação de Ky foi surpreendentemente fria:

- Não me importo. Eu nem ao menos cheguei a conhecê-lo. E com certeza ele deveria ser como você. Então, acho que não fará muita falta ao mundo, muito menos a mim.

A mulher tapou sua boca, enquanto tentava entender a reação do filho:

- Filho... O que você quer dizer com isso? Ele, ele... É seu pai!

Ky olhou nos olhos de sua mãe e ironicamente disse:

- Olha mãe, vamos parar de drama, tá legal? Esse cara, que você diz ser meu pai, pra mim é um completo estranho. Eu nem ao menos cheguei a conhecer o rosto dele... Eu... Eu... – Ky deixou caírem algumas lágrimas de se rosto. Enxugou-as rápido e continuou: - Não sinto nada por ele.

Vantia começou a chorar enquanto Ky a olhava com repugno. Ele não sabia dizer qual era seu sentimento, mas com certeza não era amor ou pena. Sua mãe era uma cientista da Umbrella, uma... Assassina. Por culpa dela e de outros malditos, milhares de pessoas estavam morrendo, e da pior forma possível. Famílias como a de Leona, estavam sendo dilaceradas, vidas... O rapaz não sabia como pensar. Aquela era mesmo sua mãe?

- Mas afinal... O que aconteceu com o meu pai? Quem diabos era ele?

- Eu, eu não posso...

- Para com isso! – Ky deu um grito que assustou até mesmo Tidus, que tentava concentrar-se lendo alguns papéis. – Para de fazer cena! Você é tão cruel como qualquer outro cientista dessa maldita empresa! Para de fingir que se importa com esse cara... Para de fingir que se importa comigo!

Vantia chorava muito, olhando o chão. Ela não conseguia encarar o filho. Não depois de tudo...

- Ok, eu vou te contar...

 

-

 

- Venha Leona, me segue... – D. tateou o braço da garota na escuridão e o agarrou firmemente. – Se meus cálculos estiverem certos, logo, logo nós estaremos na...

A garota foi surpreendida por uma porta de aço em sua frente. D. colocou a lanterna perto da porta e pôde ler a inscrição: Piscina.

- D., tenho medo do que encontraremos nessa sala...

A mulher sorriu, e disse:

- Eu também, pode acreditar...

A mulher levou a mão à maceta e girou-a. O que a porta relevou foi realmente surpreendente.

- O que é isso?

O local era realmente enorme. Se parecia muito com um galpão ou algo assim. Era realmente muito amplo. As paredes tinham lâmpadas redondas em vários pontos, deixando o local bastante iluminado. À frente das duas havia uma pequena escada, que dava acesso a enorme piscina que ficava no centro da sala. Ao redor desta, havia pequenos corredores, todos trancados por pequenas portas de ferro. No fim da sala havia uma outra porta, que dava acesso à saída da sala. Os corredores culminavam todos para esse local.

- Isso significa que se quisermos sair teremos de passar por dentro dessa piscina...

Leona olhou amedrontada para D. Foi quando algo grande saiu de dentro da piscina e pulou na direção da garotinha. A mulher empurrou-a no mesmo instante e a fera voltou a cair dentro da água.

- Obrigada D....

A mulher olhava curiosamente para a piscina. A criatura que havia atacado Leona agora nadava em direção a outra borda da piscina. D. conseguia ver apenas a silhueta do monstrengo, mas tinha certeza: ele era um tubarão. E pelo movimento agitado das águas, não estava só.

 

-

 

- Seu pai foi um importante cientista da Umbrella... Foi ele que ensinou boa parte do que seus padrinhos William e Annette sabem hoje...

- Poupe-me desses detalhes sórdidos... – Ky interrompeu Vantia, com um tom de voz áspero.

- Bem, seu pai sempre foi muito obcecado em “viver” suas descobertas. Ele não se contentava em apenas descobrir as coisas, ele queria vivenciar tudo aquilo, sentir na pele o poder que tudo aquilo poderia lhe conferir.

Ky começou a rir. Sua risada era amedrontadora.

- Então meu pai era apenas um maldito megalomaníaco?

Vantia abaixou sua cabeça. Infelizmente o garoto estava mortalmente certo...

- Foi aí, em 8 de Abril de 1981, quando você completou dois anos, que seu pai decidiu testar em si mesmo o T-Vírus...

- Espera aí, essa conversa ta ficando muito confusa... Porque ele fez isso?

Vantia suspirou e disse:

- Ele dizia que tudo isso era para um “bem maior”, que ele estava apenas servindo de instrumento para a salvação da humanidade...

Ky disse:

- Tudo bem. Prossiga.

- Como estava dizendo, seu pai aplicou em si mesmo o T-Vírus. Mas ele sabia que era necessário mais, ou ele apenas se tornaria um “simples” zumbi. Deu ordem a seus subordinados que o submetessem a uma série de testes...

- Mas ele não sabia que nunca mais voltaria ao normal? Quer dizer, ele não sabia que o caminho que havia escolhido não tinha volta? Ele não pensou em mim, na senhora... Em Nadia?!

A mulher voltou a chorar. Relembrar tudo aquilo era realmente muito triste.

- Quer saber de uma coisa? Fui!– O rapaz disse isso seguindo em direção a porta. Ainda falou para Tidus: - Vem comigo.

O garotinho obedeceu prontamente e correu em direção à Ky. Vantia continuou parada, chorando, enquanto via seu filho sumir porta a fora.

 

-

 

- Leona, eu vou correr até o outro lado e você me espera aqui. Do outro lado deve haver um painel ou qualquer coisa que possa drenar essa água. Assim você poderá passar com segurança. Tudo bem?

A garota concordou com a cabeça enquanto via, com apreensão, D. armar-se de sua espingarda.

- Boa sorte. – A menina sorriu para D., que já descia a pequena escada. Sentia que estava seguindo para sua morte...

Ao entrar em contato com a água fria da piscina, seu desespero foi aterrorizante. Duas silhuetas começaram a nadar em sua direção. A garota começou a nadar o máximo que pôde. As silhuetas das criaturas a seguiam com uma velocidade impressionante. Ela estava quase chegando à borda quando uma das criaturas abocanhou sua perna.

- Aaaaaaaaaaaah! – D. gritou. Mirou seu rifle na direção do monstro e atirou. Viu seu sangue vermelho misturar-se a água límpida da piscina.

- Corre, D.! O outro ta vindo atrás de você! – Leona gritou, alertando a mulher.

D. nadou mais alguns metros e encontrou uma outra escada. Subiu-a rapidamente. O tubarão atrás dela parou em frente à escada, procurando encontra-la. A mulher olhava apreensiva para a silhueta na piscina. Atirou. Mais sangue misturou-se a água.

- Pelo jeito não vou precisar drenar a áááá... – D. caiu para trás com o ataque de um terceiro tubarão. Por pouco ele não havia mordido ela. O animal caiu novamente na água, fazendo uma quantidade considerável de líquido cair para fora da piscina.

D. seguiu lentamente até um painel ao lado da porta de saída da sala. Sua perna doía muito. Ao olhar para ela constatou o porquê: havia um enorme ferimento em sua panturrilha, de onde saía muito sangue.

- Droga! – Gritou. Puxou uma alavanca presente no painel e a água rapidamente esvaiu-se. O tubarão restante tentava, em vão, nadar para perto dela.

Leona desceu a escadinha e desviou da criatura que se debatia no chão frio da piscina. Não havia mais água alguma.

- Meus Deus, D.... Não quero desesperá-la, mas esse seu ferimento é realmente muito feio... – Leona retirou uma toalha de sua mochila coberta de sangue e colocou sobre a perna de D. Ela havia servido para estancar temporariamente o sangue de Bastion e podia fazer o mesmo com a outra garota.

 

-

 

Vantia seguiu lentamente até uma pequena porta de ferro. Introduziu uma chave nesta e abrindo-a, disse:

- Quanto tempo, querido...

A mulher seguiu até um enorme tubo no centro da sala. Ao redor deste havia muitas cadeiras e mesas caídas. Papéis espalhados forravam o chão do local. Vantia passou delicadamente as mãos sobre o vidro, dizendo:

- É hora de você conhecer seu filho.

As mãos da mulher foram bruscamente retiradas do vidro, como se ela tentasse lutar contra algo dentro de si mesma.

- Não, sei que estou fazendo a coisa certa. Ky precisa conhecê-lo.

Vantia caminhou lentamente até um pequeno painel, escondido atrás do tubo. Digitou uma senha e apertou um pequeno botão vermelho. No mesmo instante a cápsula se abriu, deixando toda a água presente ali dentro esvair-se. A mulher ainda correu para frente do tubo, a fim de ver seu marido libertar-se.

- Faça o que tem de fazer.

A criatura abriu vagarosamente abriu os olhos. Olhou friamente para Vantia, que já havia fechado seus olhos. A mulher sabia que ele não perdoaria ninguém. Nem mesmo sua esposa. Nem mesmo seu filho. O monstro deu lentos passos até ela. Parou em sua frente.

- Eu te amo.

Titanium foi indiferente. Desferiu ferozmente um golpe contra Vantia, enfiando suas afiadas garras na barriga de sua esposa. A mulher gemeu de dor, abrindo novamente seus olhos. Sorriu. O monstro retirou suas garras da mulher, que caiu. Ela estava morta.


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