Resident Evil: A Cidade Maldita escrita por Lerd


Capítulo 15
Capítulo XIV – “I’m a Bitch!“




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  - Pronto, acho que chegamos. – Bastion disse aliviado.

D. olhava atentamente para a fachada do imponente edifício. No topo, na parte mais alta do prédio havia o logotipo da empresa: um guarda-chuva aberto, alternando entre as cores vermelha e branca. Havia muitos andares. Mas o que realmente importava aos dois era o que estava escondido no subsolo.

- Vamos entrar. – A garota estava confiante. Ela precisava encontrar a tal Dra. Vantia. Não queria ir embora daquela cidade sem saber quem era.

Bastion ia à frente, empunhando sua arma. A garota seguia atrás dele, aflita. Colocou sua franja para trás e notou novamente o arranhão que estava em sua nuca. Novamente não deu importância para isso. Devia ser apenas resultado de sua queda, como muitos dos arranhões em seu corpo. O rapaz abriu cuidadosamente a porta que dava acesso à recepção do prédio.

- Olhe aquilo D.! – Bastion sussurrou para D., mostrando um garotinho que estava agachado em cima de um corpo. A garota olhou aterrorizada para aquela cena e percebeu que o tal garoto estava se alimentando do corpo. Ele virou-se para trás e os dois puderam ver seus dentes ensangüentados e seus olhos mortalmente brancos. D. fechou os olhos e ouviu os disparos de Bastion contra o menino. Em pouco tempo ele estava caído no chão, com um buraco na testa.

- Olhe o que esses malditos fizeram. Não está certo isso. Não... – D. agachou-se ao lado do corpo do garotinho e começou a chorar. Aquela era a segunda criança que ela via morrer só naquela noite. Quem quer que fosse o responsável por aquilo, teria de pagar...

Bastion ajudou D. a se levantar e juntos seguiram pelo corredor que estendia-se a frente dos dois. As paredes, antes de um branco imaculado, estavam agora pintadas de vermelho. Vermelho de sangue. Sangue humano...

- Hei! Veja essa marca de sangue. Ela parece seguir direto para aquela escada... – D. mostrou um rastro de sangue sujo nas paredes. Ele atravessava todo o corredor e ia parar ao lado das escadas.

- Mas ele termina aqui, D. Não tem como alguém ter atravessado essa parede...

A garota nada respondeu. Ficou apenas examinando a parede ao lado das escadas, em que a marca de sangue terminava. Passou lentamente pelo rastro avermelhado e disse:

- Tem alguma coisa atrás dessa parede...

Bingo! Com toda certeza era ali que ficava o laboratório subterrâneo da Umbrella!

- Mas como vamos entrar? Não estou vendo nenhum botão, nem nada. – Bastion disse, desanimado. Se Roy estivesse ali com eles...

D. continuava a examinar a parede... Olhou para o lado, nas escadas de madeira e percebeu uma falha nelas...

- Veja, olhe esse buraco na escada...

A garota colocou um de seus dedos no buraco e conseguiu tatear algo parecido com um painel. Parecia haver algumas teclas ali...

- Consegue ver alguma coisa Bastion? – A garota saiu do lugar onde estava, liberando espaço para Bastion tentar ver algo através do pequeno buraco.

- Não consegui ver muita coisa... Talvez alguns números e letras... O difícil vai ser apertarmos os botões sem ao menos poder vê-los.

- Acho que consigo. – D. afastou o rapaz do local e voltou a colocar um de seus dedos no buraco. Passou a mão pelas teclas e conseguiu sentir o metal frio dos painéis. Bom, era ali que as teclas começavam. Passou seus dedos por mais algumas teclas... A, B, C, D... Foi localizando-se através da lógica. Se a primeira linha de letras termina com a letra E, com toda certeza a segunda linha começará com a letra F. A garota foi partindo dessa lógica até conseguir escrever a palavra: UMBRELLA. Agora restava pressionar o algum botão para confirmar a senha. Seguiu com seu dedo pelas teclas até achar uma redonda. Só podia ser essa. Apertou. Bastion assustou-se quando a parede atrás de si abriu-se, revelando algumas escadas de metal.

- É, parece que achamos o laboratório subterrâneo. – O rapaz disse, sorrindo.

Os dois começaram a descer lentamente as escadas. Se assustaram com uma voz computadorizada que lhes disse:

- Olá, doutores, sou a Rainha Vermelha. Bem-vindos a Colméia! Ativar mecanismo de defesa?

A resposta foi imediata:

- Não.

Quem havia dito aquilo não fora D., nem Bastion, e sim uma mulher de cabelos vermelhos e extremamente curtos. Ela mirava uma arma para os dois.

- Não adianta atirar nesses aparelhos. A voz por trás de tudo isso não está gravada neles. Eu já tentei, acreditem.

D. e Bastion estava perplexos. Quem era aquela mulher? Mas pelo jeito eles não eram os únicos ali a estarem surpresos...

- Melissa... – A mulher disse, com lágrimas nos olhos. Só naquele momento a Dra. Vantia havia reconhecido sua grande amiga.

 

- Então a senhora me conhece? – D. perguntou quando os três puderam parar para descansar e conversar. Eles estavam dentro de um pequeno escritório. Há sua frente havia quatro portas e um corredor. As portas estavam todas trancadas e o corredor dava acesso a mais uma, em que estavam presas algumas B.O.W. Essa estava trancada eletronicamente e só abriria caso algum deles autorizassem. Era óbvio que nenhum deles faria isso.

- Você era babá de meu filho, Ky... Ainda não acredito que perdeu a memória... – A Doutora disse, passando a mão pelos cabelos de D.

- Me conte mais. Eu preciso saber quem sou, e acho que esse é o melhor momento.

A Dra. Vantia suspirou e disse:

- Bom, eu te conheci quando você era apenas uma garotinha. Sua mãe trabalhava duro para te sustentar após a morte de seu pai. Foi então que eu e ela tivemos uma idéia: você trabalharia para mim, cuidando de Ky...

- Mas como eu fui para naquele apartamento em chamas? E onde está minha mãe?

Vantia ficou alguns segundos em silêncio, remoendo lembranças. Depois disse:

- Sua mãe morreu no ano seguinte, vítima de câncer. Eu fiquei com sua guarda e te criei até você ficar maior de idade. Você era como uma filha para mim... Até que você conheceu aquele maldito do Paul.

- Paul? Quem é Paul?

- Era seu namorado. Você saiu de casa e foi morar com ele. O canalha te batia todos os dias e te maltratava. Tratava você pior do que um cachorro. E você aceitava aquela situação... Até que um dia não agüentou e matou o maldito.

D. colocou a mão na boca, espantada. Então aquelas lembranças que tivera, eram reais... Ela havia matado um homem.

- Com muito esforço conseguimos alegar legítima defesa e você nunca foi presa. Mas depois de tudo isso eu fiquei muito decepcionada com você... – Vantia fez uma pausa para respirar. Ela tinha os olhos molhados. – Decidi que o melhor era não voltar mais para casa. Aluguei um apartamento para você na pensão da Dona Fiolina e disse a Ky e Nadia que você havia ido embora de Raccoon... Na verdade, era isso que você deveria ter feito. Mas não fez. Vivia trancada naquele apartamento, escondida de tudo e de todos. Viveu nessa situação por dois anos...

D. estava perplexa. Então era ela aquela terrível mulher dos relatos de Vantia? Era ela aquela vadia que suportava apanhar do namorado, que matava, que se escondia? Não, não podia ser. Aquela era Melissa. E ela era D. Uma garota forte, que enchia de pancada qualquer pessoa que se atrevesse a lhe maltratar. Uma garota que enfrentava seus problemas de frente, que era sensível, mas ao menos tempo corajosa...

Bastion ouvia a tudo calado. Aquele era um assunto que não lhe pertencia. Não se sentia confortável para fazer qualquer tipo de comentário.

- Como você foi parar naquele apartamento em chamas eu já não sei...

D. seguiu até Vantia e lhe deu um abraço. Então era aquela mulher que havia lhe criado após a morte de seus pais. Era a ela que a garota devia toda sua vida. Era a ela...

 

-

 

- Vamos Leona, corre! – Ky gritou para a garota. Ele não sabia, mas uma mulher havia dito a mesma frase, naquele mesmo local, meia hora antes. O rapaz carregava Tidus em seu colo e corria ao mesmo tempo. Leona estava em posse da submetralhadora em mãos e da espingarda, devidamente guardada em sua mochila. Aquilo pesava... Mas a garota sabia que era necessário, para o bem de Tidus. O garotinho não conseguiria correr na mesma velocidade que eles.

- Atira Leona, atira! – Ky gritou para a garota atirar em um zumbi que se aproximava dos dois. O menino estava com a cabeça deitada nos ombros do rapaz. Ele ainda tinha a faca que Ky lhe dera em mãos.

 

-

 

- Então você não viu mais ninguém além do Bastion e da tal Alyson? – Vantia perguntou esperançosa de que D. soltasse um não como resposta e acrescentasse que havia encontrado seu filho... Mas isso não era bom. Se a garota tivesse mesmo encontrado Ky, ele estaria ali, ao lado dela.

- Não. – A garota segurou-se para não mencionar o nome de Roy. Ele era amigo íntimo de Vantia e aquilo só traria mais dor e sofrimento.

A tal Doutora pensou por alguns segundos e disse:

- Bem, eu preciso sair daqui. Agradeço a vocês por terem aberto a porta para mim, mas... Eu preciso encontrar meus filhos.

- Mas a cidade está infestada de zumbis! – Bastion retrucou.

- Eu sei. E é por isso que eu devo encontrá-los e protegê-los. Na verdade eu teria feito isso há muito tempo atrás, se eu não tivesse ficado presa graças a esse maldito sistema de segurança...

D. sorriu para Vantia. Um sorriso sem graça e pesaroso. Não era possível que sua única ligação com o passado estivesse se perdendo...

- Bom, é isso.

Vantia seguiu lentamente até as escadas, sem olhar para trás. Foi então que ouviu uma voz já conhecida:

- Mamãe...

 


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