Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 39
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

Fala, pessoal! Tudo bem com vocês?
Mais um capítulo. Finalmente, a Sofia fez um progresso.
Espero que gostem. :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/664666/chapter/39

Eu fiquei pensando no que o Moacir me falou. O Ricardo gosta de mim e sei que me deseja, mas entendo que ele tenha suas reservas e medos. Eu só queria que ele confiasse mais em si mesmo e visse que ele é uma pessoa bonita, por dentro e por fora. Eu não quero forçar as coisas com ele, mas, do jeito que está, terei que fazer. Ele é um cavalheiro e sempre para antes que as coisas saiam do controle (e eu quero que saiam do controle!), mas ele não percebeu que eu já notei como ele fica animado quando nos beijamos por um longo tempo, suas calças jeans não cobrem bem o volume que se forma. Eu também não consigo entender porque ele tem tantas reservas, não é como se eu fosse uma donzela inocente, eu já tive outros homens antes dele.

Hoje estou determinada a levar um pouco mais longe a nossa relação. Já estamos juntos há quase um mês e não saímos dos beijos! Estou pretendendo sequestrá-lo pela tarde, talvez em sua cabana, seu estúdio de pintura. Outro dia ele escapuliu de mim dizendo que sentia um pouco de vergonha pelo Moacir estar na casa. O Moacir não vai em sua cabana.

Tratei de terminar minha pequena arrumação na sala e na biblioteca e fui para a varanda dividir uma maçã com o Cuzco e esperar o Ricardo voltar de suas tarefas. Não tive que esperar muito.

—Ainda na varanda, Sofia? –Ele perguntou, se aproximando e me dando um rápido selinho.

—Estava te esperando.

—Aconteceu algo?

—Aconteceu que eu queria te ver pintar um quadro.

—Um quadro, sério?

—Eu nunca te vi pintar.

—O que está aprontando?

—Nada.

—Sofia...  Nada com você é nada.

—Eu só quero conhecer melhor suas habilidades de pintura. Anda, vamos lá.

—Eu tenho trabalho a fazer.

—O João pode cuidar disso. Ele sempre cuida. Por favor? –Pedi, fazendo minha melhor cara de cachorro abandonado.

—Tá, só espera eu tomar um banho. Estou suado e fedido.

—Não, você está ótimo assim. Você vai suar de qualquer maneira.

—Suar de qualquer maneira? Sofia, que raios você está aprontando?

—Nada. Vamos? –Perguntei, estendendo a mão para ele.

Ele hesitou um pouco, olhou desconfiado, mas entrelaçou sua mão na minha.

—Acho que vou me arrepender, mas vamos lá.

—Prometo que não irá.

Caminhamos em silêncio. O Ricardo me dava uns olhares meio desconfiados, mas não falou nada até chegarmos à cabana.

—O que você quer que eu pinte?

—Que tal eu?

—Acho que já pintei você para o seu quadro de aniversário.

—Mas você pintou a partir de uma foto, sem a modelo real para capturar os pequenos detalhes.

—Justo. Eu vou arrumar minhas coisas. Enquanto isso, você poderia se acomodar ali, na poltrona, e abrir a janela para iluminar um pouco. –Instruiu, apontando para a poltrona próxima da janela.

—Tem preferência para alguma pose?

—Apenas esteja confortável.

Ele foi para o outro quarto e uma ideia maldita passou pela minha cabeça. Puta que pariu, nunca achei que fosse precisar seduzir um namorado. Rapidamente, tirei minhas roupas, camisa, calças, sutiã. Só não tive coragem para tirar a calcinha. Sentei, na melhor pose sensual que consegui fazer e cobri os seios com meus cabelos. Bendita hora que não os cortei na semana passada. São do comprimento perfeito para isso. Espero que não mate o cara com um enfarto. Ele não é velho, mas também não é nenhum jovenzinho.

—Sofia eu...- Ele perdeu a voz ao me ver, deixou cair a tela que estava segurando e ficou com a boca aberta, parado, me olhando como se eu fosse uma presa.

—Você disse para eu ficar confortável. –Falei, explodindo de vergonha.

—Eu...Quer dizer, eu  preciso...Eu esqueci o que preciso. –Gaguejou, enquanto recolhia a tela e tentava desviar o olhar de mim.

—Essa posição está boa? Preciso me ajeitar melhor?

—Está perfeita, você é perfeita.

Eu fiquei sem graça com o elogio, mas, pelo menos, ele olhou para mim e continua com a boca aberta.

—Podemos começar? –Perguntei.

Ele assentiu, com a cabeça, e começou a arrumar suas coisas. Armou a tela em um suporte e começou a rabiscar com um lápis.

—Hoje eu devo conseguir fazer somente o esboço, mas, amanhã, talvez, eu possa começar com a cor. Você acha que conseguirá ficar assim por alguns dias? –Ele perguntou, inseguro.

—O tempo que você precisar e quiser.

Ele engoliu em seco e concordou, silenciosamente. Eu devo ter ficado naquela posição por algumas horas, já estava escurecendo quando ele cobriu o quadro com um pano e recolheu as minhas roupas, que estavam sobre a mesa, e me entregou.

—Eu não poderei ver o quadro? –Perguntei.

—Só quando eu terminar.

Ele, rapidamente, pegou o quadro e foi para o outro quarto, com a desculpa de me dar privacidade. Isso não vai funcionar se ele continuar fugindo assim.

Esperei, sem me vestir, uns cinco minutos até ele aparecer novamente.

—Você está bem? –Ele perguntou.

—Estou, mas acho que posso precisar de uma ajudinha. Fiquei muito tempo em uma posição só e meus ombros estão doloridos. Será que poderia fazer uma massagem?

Juro que nunca vi alguém esbugalhar tanto os olhos. Ele me olhou como se eu tivesse pedido para ele pular do precipício.

—Sofia, não acho muito correto.

—Ricardo, pelo amor de deus! Nós estamos juntos há quase um mês e está me tratando como se eu fosse uma donzela virginal. Já estamos velhos para esses tipos de decoro. Eu te quero e não finja que também não me quer. Eu já vi o seu desejo por mim, mesmo agora, você não está conseguindo escondê-lo tão bem. –Falei, apontando para o volume entre suas calças.

Ele ficou branco e depois, cautelosamente, se aproximou de mim e começou a massagear meus ombros, tomando cuidado de que suas mãos permanecessem somente neles. Puxei meu cabelo e inclinei a cabeça para lhe dar mais espaço.

—Você não sabe o que está me pedindo. –Ele murmurou.

—Eu estou pedindo para darmos mais um passo. Para fazermos uma coisa que, tanto você quanto eu, estamos querendo há muito.

—Você quer algo que eu não posso te dar.

—Por que não?

Ele suspirou e parou a massagem por um tempo. Soltou outro suspiro antes de voltar a massagear e a falar, pouco mais alto que um sussurro.

—Depois que perdi minha esposa achei que estivesse morto para relacionamentos, mas eu ainda tinha minhas necessidades mais primárias. Tinha algumas “amigas” se é que posso chamar assim, que sempre mostraram algum interesse por mim. Comecei a sair com elas para me distrair um pouco. Não fui o suficiente.

Ele parou com a massagem e foi se sentar, em um banquinho, afastado de mim e sem me olhar, antes de continuar a falar.

—Uma delas tinha nojo de mim. Eu nunca podia abaixar a minha calça abaixo do joelho. Ela não queria ver a minha perna, ou melhor, ela não tinha uma perna para ver.

—Ela era uma filha da puta que não gostava de você. –Reclamei.

—Nunca gostou, mas nosso caso foi apenas sexo. Ela também era viúva e uma antiga colega de trabalho. Foi um arranjo rápido.

—Mas não tem só isso, não é?

—Sempre há mais. Depois dela tentei de novo, uma velha amiga da minha mulher, mas que respeitava o meu casamento e a amizade dela. Ela sempre gostou de mim, desde que eu era casado, e não pareceu se importar com minhas imperfeições, mas eu não fui o suficiente para satisfazê-la. Envergonho-me de dizer, mas nem sempre funcionava e, quando funcionava, eu não durava o bastante para satisfazê-la.  

—Por isso você acha que não irá me satisfazer? Que não será o suficiente?

—Como poderia?

—Você é um idiota!

Ele me olhou, assustado e eu aproveitei o momento para levantar do sofá e sentar em seu colo.

—Uma relação não se baseia só no sexo, mas, se o problema é seu desempenho, um homem pode agradar uma mulher de várias maneiras além do usual. –Falei, apontando para o volume entre suas pernas.

—Sof... –Não permiti ele terminar de falar e o beijei, um beijo feroz. Ele demorou um tempo para responder, com o mesmo fervor, e passar os braços ao meu redor e me levantar e me levar para a poltrona.

***

Já era tarde da noite quando acordei nos braços daquele idiota adorável. Em algum momento, rolamos para o chão e deitamos sobre um cobertor. Um idiota com falsas inseguranças, ele me fez extremamente satisfeita com o seu desempenho. Duas vezes.

Ele tinha um preservativo em sua carteira, mas que estava vencido há mais de quatro anos. Ele não mentiu quando disse que estava fora de prática. Ainda bem que eu tomo anticoncepcional. Não sei se resistiria a essa tentação.

Eu fiquei o olhando dormir por um tempo. Acho que nunca vi ele com uma aparência mais serena, mais calma. Já era tarde, estava escuro lá fora e eu estava morrendo de fome, mas não tinha coragem de acordá-lo, não com ele agarrado em mim e me segurando com um braço em minha cintura.

Depois de um tempo ele começou a acordar e me puxou para mais perto.

—Acho que nossa pintura levou mais tempo que o previsto. –Comentei.

—Sua culpa.

—Minha, né? Eu que cismei de dormir.

—Quem me tentou? Sou um velho, essas coisas me cansam facilmente.

—Não pareceu um velho, pelo contrário. Você estava com muita disposição.

—Eu tinha um bom incentivo, mas acho melhor voltarmos logo antes que o Moacir surte e a Títilia morra de fome. Aquela cachorra só come com você por perto.

—É melhor.

Nos levantamos e nos arrumamos, com um pouco de atraso. Ele não conseguia desviar os olhos de mim e eu dele. Isso levou a mais uma rodada de beijos sem sentido. Quando chegamos em casa, passava de uma da manhã. Encontramos um bilhete do Moacir dizendo que tinha alguns sanduiches na geladeira e o prato da Títilia estava na pia.

Lanchamos rapidamente e fomos para o andar de cima, nos quartos. Ele parou na minha porta e me olhou com algo que parecia um pedido silencioso, mas que eu entendi.

—Deixa eu só trocar de roupa e tomar um banho rápido que eu vou para o seu quarto. –Falei.

—Você vai? –Ele perguntou, incrédulo.

—Vou, não quero dormir sozinha, mas acho que a Títilia vai junto.

—Contando que você venha, você poderá fazer do meu quarto um zoológico.

—Isso já é, eu tenho meu Animal que dorme lá. –O provoquei, antes de entrar no meu quarto.

Tomei um banho rápido e fui para o quarto dele. Nos aconchegamos em sua cama e a Titília deitou sobre os nossos pés. Acho que posso me acostumar com esse calor dele perto de mim, do peso do braço dele sobre a minha cintura. Não me lembro da última vez que peguei no sono tão rápido.

Continua.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários, críticas e sugestões sempre serão bem vindos.
Obrigada por lerem. :)
Forte abraço e até mais!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ainda Vou Domar Esse Animal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.