Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 40
Capítulo 40


Notas iniciais do capítulo

Fala gente! Tudo bem com vocês?
Pessoal, me desculpem pela demora, mas esses últimos dias foram corridos. Faço faculdade e trabalho como professora. Semana de provas. Enfim, saia de casa as 7 da matina e chegava depois das 23 horas. Sem tempo e energia para nada, mas, agora voltarei a postar, ao menos, um por semana.
Sem mais, espero que gostem.



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Dormir na mesma cama com o Ricardo foi uma experiência magnifica, mas ao mesmo tempo estranha. Foi estranho o ver acordar no meio da noite e sair mancando, que nem Saci sem uma perna, para o banheiro, usando a bengala como apoio. Como nunca vi que ele guardava a bengala debaixo da cama? Enfim, foi estranho, mas não é nada que eu não possa me acostumar.

Ele acordou primeiro, sem eu ver, e, quando eu desci para a cozinha, o encontrei coando o café enquanto conversava com o Moacir, que me olhou com um sorriso malicioso no rosto. Ignorei os pensamentos maldosos do meu amigo e fui dar um beijo de bom dia no meu Animal.

—Dormiu com a janela aberta, Sofia? –O Moacir perguntou.

—Como, Moacir? –Perguntei, confusa.

—Parece que um vampiro atacou o seu pescoço. Tá cheio de chupão.

—Você não fez isso... –Falei, escandalizada e olhando para o Ricardo.

Ele me olhou, envergonhado, e balbuciou algum pedido de desculpas quase sem som. Corri para o banheiro e olhei no espelho. Cinco chupões, só no meu pescoço! Não quero nem ver as outras partes do meu corpo. Porra, dois chupões, sem um cachecol ou uma gola alta, a camisa não vai cobrir. Ainda bem que não tenho que sair hoje.

—Bonito, hein, Ricardo, cinco, só no pescoço. –Falei.

—Desculpa. Acho que me empolguei um pouco demais. –Se desculpou, envergonhado, fazendo a sua melhor cara de cachorro sem dono, que não resisti e fui beijar.

—Se continuar assim, Sofia, da próxima vez serão dez ao invés dos cinco. –O Moacir brincou.

—Moacir, será que você não tem algumas contas para pagar não? –O Ricardo perguntou, irritado.

—Já vi que não sou querido aqui. Me chamem se precisarem. –Ele respondeu, com falsa mágoa, antes de sair.

—Onde estávamos? –O Ricardo perguntou, antes de me puxar para um beijo.

O beijo já estava despertando mais coisas, mas meu celular tocou e eu fui atender.

—Alô? –Atendi.

—Sofia?

—Eu mesma. Patrícia, aconteceu alguma coisa? Meus sobrinhos ou meu irmão?

—Não, eles estão bem, mas eu precisava saber se você não me quebrava uma árvore?

—Tenho até medo dessa árvore. Solta a bomba.

—Eu tenho médico hoje e ia deixar as crianças com a vizinha, mas ela está passando mal e eu já estou atrasada e sem ninguém para recorrer. O Fábio está no trabalho, seus pais e os meus não atendem o telefone. Não posso levar duas crianças comigo. Quebra essa para mim, Sofia, por favor?

—Eu preciso tomar um banho e vou para aí.

—Será que eu não posso levar elas para você? Eu já estou atrasada e, meio que já estou a caminho. O Fábio levou o Júnior da outra vez e o seu patrão não falou nada.

—Então, tecnicamente, eu não tenho muita escolha, não é?

—Não. Eu passei a última hora procurando alguém para ficar com eles. Você é minha última esperança. Eu amo meu irmão, mas não quero deixar as crianças com ele, não quando ele ainda estiver com aquela lambisgoia que ele chama de mulher. Ao menos, o tio Rick é legal e o Júnior adora ele.

—Traga. Fazer o quê?

—Obrigada, Sofia. Já te falei que você é a cunhada dos sonhos?

—Sem bajular, Patrícia. Até daqui a pouco.

Desliguei o telefone e expliquei para o Ricardo a situação. Ele ficou animado de reencontrar o Fabinho e mais ainda de conhecer a pequenina. Eu aproveitei para tomar um banho rápido, trocar de roupa e colocar algum café para baixo. Sei que aqueles dois, quando chegarem, não me darão sossego.

Eu fui para a varanda, esperar pela minha cunhada, e encontrei o Ricardo na rede. Me sentei ao seu lado.

—Sofia, eu sei que começamos meio errado, como minha mãe diria: Comemos a sobremesa antes do almoço, mas eu gostaria de agir direito com você. Será que você aceitaria sair comigo, um dia desses, para um jantar ou um almoço? –Ele perguntou, inseguro.

—Já não comemos todo dia juntos? –Provoquei.

—Já, mas queria algo mais privado. Algo em que pudéssemos nos conhecer melhor, sem o Moacir por perto para implicar. Mas está tudo bem se você não quiser.

—Eu adoraria. Basta escolher um dia.

—Domingo? Um jantar?

—Como quiser.

Ficamos ainda mais alguns minutos, apenas abraçados, até que eu vi o carro da minha cunhada chegando e eu me levantei para recebê-la. Ela saiu do carro, o Fabinho nem esperou e veio me abraçar, mas me ignorou quando viu o Ricardo e correu para os braços dele. Traidor. A Patrícia veio com a bolsa da bebê no ombro e a pequenina na cadeirinha do carro, me entregando ambos

—Quê? –Pergunte ao ver que ela não parava de me olhar com um sorriso na cara.

—É o tio Rick o responsável pelo seus chupões? –Perguntou.

Porra, esqueci de cobrir o meu pescoço.

—Patrícia, agora não, por favor.

—Agora não porque já estou atrasada, mas vou querer saber o nome do autor disso, se bem que acho que já sei. 

—Tá, tchau, Patrícia. Some, vai lá para sua consulta.

—Volto daqui a umas horas.

Ela saiu, rindo e eu entrei na casa com a Camila nos braços. O Fabinho logo veio puxando o Animal pelo braço para que ele conhecesse sua irmãzinha.

—Essa é a Camila, tio Rick. Eu falei pra ela de você. –O garoto falou, orgulhoso.

—Ela é linda, Fabinho. Olá, pequena. –Ele falou, pegando na mãozinha da Camila.

—Quer segurar? –Perguntei.

—Posso? Faz muito tempo que não seguro nenhum bebê, nem sei se ainda lembro direito.

—Isso não é uma coisa que não se esquece. –Falei, entregando ela para ele.

Ele a pegou, com a maior delicadeza que eu já vi um homem segurar um bebê, e eu vi os olhos dele se encherem de lágrimas ao olhar para a pequena.

—Eu acho que eu me esqueci como era bom segurar um bebê, seu cheiro.  Faz muito tempo que não seguro um bebê. Acho que mais de dez anos.

Eu não sabia como responder a isso, então, fiquei apenas olhando para a cena. Eu queria ter visto o Ricardo como um pai. Ele deve ter sido um bom pai. Ele tem esse instinto paterno nele.

—Tio, podemos desenhar mais? Eu já pintei todos aqueles desenhos que o senhor me deu. –O Fabinho perguntou.

—Claro, garoto. O que você quiser.

Ele me entregou a Camila e se deixou ser arrastado pelo meu sobrinho. Eles se enfiaram na biblioteca. É, pelo visto, o garoto vai alugar ele pelo resto da tarde.

***

Já tinham passado algumas horas e a Patrícia devia estar a caminho. Nesse meio tempo, o Fabinho foi paparicado pelo Ricardo e a Camila não saiu dos braços do Moacir. Acho que nunca foi tão fácil olhar duas crianças. Eu não estou fazendo absolutamente nada. Aqueles dois estão como dois babões com eles. Até mesmo a Titília me largou e está andando atrás do meu sobrinho. Pela primeira vez, estou me sentindo abandonada.

—Sua sobrinha é um amor, Sofia. –O Moacir falou, ainda com a garota nos braços.

—É porque ela ainda não abriu o berreiro.

—É só manter ela aquecida, limpinha e alimentada que ela é um perfeito anjinho, não é coisa fofa? A Mariana também era calminha assim. Bons tempos aqueles...Pena que não voltam.

—Não voltam, mas você pode construir novos. Basta que a Mari te dê uns netinhos.

Tá, acho que exagerei. A simples menção do Moacir se tornar avô fez ele ficar mais branco que uma folha de papel. Tenho pena do futuro genro desse homem.

—Sofia, acho mais fácil você e o Ricardo me darem uns sobrinhos. Se depender de mim, a Mariana ainda vai demorar bastante. Ai de quem encostar na minha menina. –Ele reclamou, rabugento.

—Contente-se com esses dois sobrinhos emprestados, por enquanto. Ainda não pretendo embuchar minha barriga. –Falei, com um riso.

—Você não quer ter filhos? –Ele perguntou, um pouco desapontado.

Eu parei para pensar, por um momento, e, para ser sincera, eu nunca me vi como uma mãe. Não é bem que eu não queira ter filhos, mas nunca parei para pensar sobre isso. Minha vida sempre foi tão corrida e desprovida de bons espécimes masculinos que nunca me vi no papel.

—Eu sinceramente, Moacir, nunca parei para pensar nisso, mas, se um dia acontecer, eu acho que ficaria feliz.

—Bom. Isso só prova que você seria uma boa mãe.

Eu iria continuar a conversa, mas o João chegou falando que a minha cunhada estava me esperando do lado de fora e eu fui falar com ela por um tempo, enquanto o Moacir aproveitou os últimos minutinhos para trocar a fralda da Camila.

—Conta tudo e não me esconde nada. –Ela falou, rindo, quando me aproximei.

—Não há nada para contar.

—Nada, imagina... Apenas alguns chupões no pescoço...Nada mesmo.

—Isso é uma alergia.

—Qual o nome dessa alergia? Tio Rick?

—Patrícia!

—Me conta.

—Tá, mas promete não falar nada para meu irmão? Pelo menos por agora.

—Nada do que você disser sairá daqui.

—Foi o Ricardo. Eu e ele estamos tentando pra ver se dá certo.

Ela me olhou e começou a rir, histericamente.

—Sabia que você gostava do coroa.

—Sabe, ele não é velho. Eu agradeceria se parasse de chamá-lo de coroa. Isso é estranho, eu chamo meu pai de coroa.

—E então, quando vai apresentar o tio Rick para a família?

—Não sei.

—Mês que vem é o aniversário do Júnior, seria legal que vocês fossem, além de ser uma ótima oportunidade para apresentar o seu namorado para a família.

—Patrícia, não força.

—Não estou forçando, por falar nisso, cadê meus filhos?

Eu comecei a tentar falar, mas a porta se abriu e o pequeno Fabinho veio correndo agarrar as pernas na mãe dele, logo atrás, o Ricardo com a Camila na cadeirinha e a bolsa no ombro.

—Mãe, olha o que o tio Rick fez para mim! –O garoto falou, levantando uma pilha de desenhos.

—São lindos, Júnior. Você já o agradeceu?

—Já, mãe.

—Sua filha, senhora. –O Ricardo disse, entregando a cadeirinha para a Patrícia.

—Obrigada. O senhor deve ser o tio Rick que o Júnior tanto fala. Espero que eles não tenham dado muito trabalho.

—Não deram. Seus filhos são uns anjos.

—É bom saber. Sabe, mês que vem é o aniversário do Júnior e seria bom se você fosse. Eu enviarei os convites pela Sofia.

—Será um prazer, senhora. Seu filho é um ótimo garoto.

—Convida o tio Moacir também, mãe. –O Fabinho reclamou.

—Claro, o tio Moacir também está convidado. Tio Rick, tio Moacir e tia Sofia.

—Patrícia, você não tem que ir para casa não? O Fábio já deve estar para chegar e, se bem conheço o meu irmão, ele gostaria de ter a família em casa.

—Claro, está na hora. Tchau, Sofia, tchau, tio Rick. –Ela falou, com uma certa ironia, o olhando dos pés à cabeça.

O Fabinho aproveitou para se despedir de todos, até dos animais e, relutantemente, entrou para o carro. Suspirei aliviada quando eles se foram.

—É impressão minha ou a sua cunhada estava me comendo com os olhos? –O Animal perguntou.

—Não, ela estava te olhando, mas não nesse sentido. Ela viu os chupões no meu pescoço.

—E isso é uma coisa ruim? Digo, ela saber sobre nós? –Ele perguntou, receoso.

—Não totalmente, mas a desgraça vai ficar me zoando agora.

—Por quê?!

—Porque, olha, não era pra eu te falar essas coisas, mas se lembra daquele vestido vermelho?

—Lembro bem.

—Foi um presente da minha cunhada para te seduzir.

Ele abriu a boca algumas vezes antes de colocar um sorriso presunçoso na cara. Tem hora que o odeio.

—Então a senhorita já estava pretendendo me seduzir? –Perguntou, com um sorriso malicioso.

—Não. Isso foi ideia da minha cunhada, não minha.

—E como ela sabia sobre mim, hein? Você teria que ter contado.

—Eu apenas comentei sobre você e ela tirou suas conclusões, não seja tão convencido.

—Não sou, só me impressiona que uma mulher bonita como você tenha olhado para mim mais que uma vez.

—Continuo olhando até hoje e, de certa forma, a Patrícia tem sua parcela de culpa por me fazer ficar curiosa sobre você.

—Lembre-me de agradecer a sua cunhada. –Ele falou, ates de me puxar para um beijo.

Acho que poderei conviver com as piadinhas da Patrícia, se isso significar mais beijos do Ricardo e, talvez, até um pouco mais que beijos.

Continua.


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Notas finais do capítulo

Opiniões sempre são bem vindas.
Estamos chegando à reta final, não sei bem mais quantos capítulos terá, mas calculo mais uns 10 ou 15 para o fechamento.
Obrigada por lerem.
Um forte abraço e até mais! :)



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