Hellfire escrita por PseudoL


Capítulo 4
Capítulo 4




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Ainda cheio de dores de costas, Malfoy abria lentamente os olhos, havia adormecido no parapeito da janela, pelos vistos, Astoria havia-o coberto com uma manta, visto os elfos domésticos estarem proibidos de entrar nos seus aposentos.

Vestiu roupa Muggles debaixo da capa, era prática e passaria despercebido na rua, mal sabia Astoria que ele possuía desse tipo de roupas. Saiu de casa sem tomar o pequeno-almoço, antes de ir trabalhar ainda queria passar pela livraria, precisava de novas leituras, e precisava acima de tudo de a ver.

No caminho comprou um copo de chocolate quente, iguaria Muggles que adorava. Começara a adquirir alguns hábitos Muggles ainda que os mantivesse em segredo da família. Era um mundo que lhe fora negado durante uma vida, e queria aproveitar o tempo para descobri-lo. Havia inclusive coisas que preferia, tal como andar de transportes públicos, frequentar cafés, feiticeiros não tinham esses hábitos, geralmente viajavam de vassoura ou pó de floo sem nenhum convívio durante a viagem. Apesar de muitas destas actividades frequentar sozinho,

Bateu á porta, a loja parecia ter acabado de abrir. Ela viera abrir-lhe a porta, com um sorriso na cara, era raro ter alguém na livraria pouco após a abertura. Malfoy, tentava disfarçar a felicidade por vê-la uma segunda vez num curto espaço de tempo, exibindo um ar aparente arrogante comum dele, mas os seus olhos não mentiam, irradiando um brilho raramente visto. Apesar de tudo continuava de rosto tapado pelo manto que vestia. Rebecca estava ao fundo arrumando as pilhas de livros que haviam chegado durante o fim-de-semana.

-Quer ajuda? - Malfoy tirou o capuz e Hermione ficou espantada por o ver - Sr. Malfoy precisa de ajuda?

-Não me trates por Sr. Eu não sou o meu pai. Trata-me apenas por Malfoy, por favor

Malfoy sabia exactamente o que queria por isso dirigiu-se à ala de literatura de autor, que se encontrava na parte de trás da loja. Procurava "Lolita" uma leitura difícil, bastante escandalosa, não só entre Muggles mas também entre feiticeiros, que zelando pelos valores morais dos humanos, tentaram impedir a sua publicação. Esse facto apenas por si transformava o livro numa leitura mais apetecível. Hermione vendo o homem a pegar no dito livro lançou-lhe um olhar repreensivo. Seria ele um homem perseguidor de pequenas raparigas, tal como o Humbert Humbert, personagem principal daquele infame livro.

Draco sentara-se num dos sofás que se encontravam colocados de forma semi-circular à volta de uma pequena lareira na qual a partir do meio-dia poderiam surgir feiticeiros utilizando pó de floo. Na opinião do loiro, seria preferível que a história passa numa época mais longínqua como o século XIV ou até mesmo XVIII, onde a existência de tabus acerca da sexualidade era bastante grande. A personagem principal, Humbert, era na sua opinião um anti-herói, em que apesar de condenar o seu comportamento, não deixava no fundo sentir pena deste homem cego de amor e com o medo de a perder, ver-se feito escravo por esta jovem moça, caprichosa e astuta.

Pousou o livro sob o colo e dirigiu-se ao balcão, a jovem voltou-se a ele e perguntou-lhe se ele necessitava de algo, pergunta à qual respondeu negativamente. Precisava de ganhar coragem para lhe falar lhe pedir algo que antes era impossível. Mas o seu pensamento apenas recaía nas piores das hipóteses, a rejeição, o riso descontrolado sobre os sentimentos. Corado e de olhos na mesa de carvalho, perguntou num sussurro:

-Gostarias de hoje à tarde ir, como se diz, tomar um chá na minha companhia?

Hermione ficou boquiaberta com tal convite, que quereria Malfoy falar com ela? Afinal não havia sido ele que havia em tempos infernizado toda a sua estadia em Hogwarts. Mas reflectiu, ele poderia querer pedir desculpas ou algo parecido.

-Com todo o prazer, Sr. Malfoy.

Muito envergonhado entregou-lhe um papel com o local e a hora a encontrar-se. Saiu rapidamente da livraria, não acreditava no que havia feito, perguntava-se o que lhe iria dizer, se deveria confessar-lhe tudo o que sentia e depois como seria, deixaria tudo na mesma, na sua opinião não poderia deixar Astoria e Scorpius assim sós, seria um acto de irresponsabilidade e crueldade confessar à esposa que nunca a amara e que só casara com ela para cumprir o ultimo desejo do pai, por outro lado estaria a repetir os passos deste, enganando a sua esposa e a si mesmo. Não poderia continuar a viver naquela mentira, estava a magoa-la, e não era assim que gostava de continuar a viver.

Passeou por Londres, naquele dia estava de folga, recebera um lembrete a avisa-lo já ele à porta do hospital, e teria de aproveita-la bem para mudar todo o rumo que a sua vida havia tomado. Dando longos passos, foi pensando no seu discurso a fazer-lhe. Estava decidido, iria confessar-lhe tudo, depois iria pensar nas consequências do seu acto.

Foi a uma loja de sandes, não lhe apetecia grandes iguarias antes de tal acontecimento, já que iria mudar a sua vida, iria muda-la para melhor, tentando demonstrar ao mundo que Draco Malfoy também era humano, e tinha um lado bom que tinha relutância em demonstrar.

Paga a sande, sentou-se num banco no parque, local onde estaria à espera de Granger. Olhava á sua volta e só via crianças despreocupadas. Não lhes importava diferenças de sangue nem a cor da sua pele, eles eram livres, como ele não fora na escolha dos amigos. Imaginava como havia sido a sua vida sem as restrições impostas pela família pensava se teria ele arriscado o bom nome dos Malfoy por Hermione, possivelmente seria acusado de traição aos devoradores da morte que haviam escapado às muralhas de Azkaban, e entregue á morte, uma morte heróica digna de um romance, do homem que sacrifica a sua vida pela mulher que ama. Ilusão que criava enquanto esperava por ela, com o coração a palpitar ao som do relógio, como uma bomba prestes a explodir.


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Notas finais do capítulo

Desta vez não há extras, mas não sei se vou actualizar antes da Páscoa, portanto se não actualizar antes:
Feliz Páscoa



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