Enquanto um novo lugar surge para ser explorado, outro anterior ainda guarda mistérios que foram deixados de lado por conta da chuva.

Rota 10: Menhir Trail. O nome se dá pelo lugar ser disposto do começo ao fim de menires, que são grandes rochas cravadas no chão e que estão sendo usadas como santuário para os Pokémon mortos na grande guerra que teve em Kalos há 3000 anos. Todas estão enfileiradas numa espécie de labirinto com outras várias pedras menores que cercam e dividem o lugar de uma área para outra, entre mais pedras espalhadas aleatoriamente.

Sem a melancolia de antes, o santuário é muito bonito e cheio de uma energia mística que fascina e atrai os mais diversos tipos de treinadores. Muitos deles são Psychic Trainer em busca de melhoria nos seus poderes e os demais são turistas que atravessam o lugar fotografando tudo que encontram de diferente. 

— Esse lugar é ótimo para fotografias — fala o Lee enquanto aponta sua câmera registrando tudo que vê. — Me pergunto quais Pokémon são atraídos pra cá. Será que veremos algum bastante raro?

Olha para Rokon e a raposa devolve em ar sério por um tempo para logo depois dar de ombros sacudindo a cabeça em negativa.

— Acha mesmo que não vamos encontrar nenhum?

A raposa mantem sua resposta.

O garoto dá uma boa olhada pelos arredores e nota a ausência dos Pokémon, exceto por um escondido que passa tranquilamente até sumir entre as árvores que cercam a rota. Lee não soube identificar a criatura e nem sabe se o reconheceria se o visse de novo, mas diante de seus olhos.

— Espero que não tenha sido um inseto comum... — Um pouco decepcionado se perde em pensamentos até ser acordado pelo Vulpix que puxava com os dentes a perna de sua calça. — Ah, desculpa. Vamos continuar o passeio.

Andam pela rota inteira para melhor conhecer a área e escolher bons pontos para fotografia, antes de voltarem a cidade e só retornarem a rota no horário que os Pokémon costumam dar as caras. Quer caçar vários deles para registrar em fotografia, ter como companheiros Rokon e Soru já bastam.

[...]

Mais tarde no Pokémon Center da cidade.

— Estão prontos? Temos que aproveitar que agora tem menos gente e ainda não está tão escuro. — Soru se chateia em sair de noite e revira os olhos. — Ei, será legal. Não desaprove antes de experimentar.

Gostando ou não, Soru se junta a Rokon e ambos assentem e se posicionam para iniciar a missão de exploração. Rokon é o fiel companheiro sempre pronto para qualquer aventura e Soru o assistente que ajuda na iluminação usando Flash. Esse outro é orgulhoso e não gosta de ser visto como “o Pokémon do Lee”, aceitou ficar como colega e só entra na Ball para transporte ou descanso e nada mais.

Saem em ritmo acelerado por conta da ansiedade.

A rota 10 de noite não é nada parecida com sua versão a luz do dia. Na fraca iluminação do sol que se vai aos poucos, outro tipo de brilho vai tomando o seu lugar. Pokémon que antes se escondiam a toda hora por causa dos turistas, aproveitam os últimos minutos de tranquilidade para catar alimento e arrumar seu canto para dormir ao mesmo tempo que os noturnos emergem para a noite inteira vagarem por ali.

Lee se esconde na vegetação com cuidado para que eles não o notem e fujam. O solo fértil é um convite para milhares de Pokémon diferentes morarem entre os diversos tipos de árvores frutíferas, e algumas de suas vítimas foram: um casal de Zigzagoon escondendo os filhotes antes dos predadores os verem; uma horda de Yanma que passa muito rápido e bem perto do garoto; um Houndour e alguns outros que não reconheceu até parar de repente sua atividade.

— Esse colorido... acho que é o Pokémon de mais cedo! — Exclama para Rokon que se alarma também e procura em volta.

O garoto vai tirando fotos do misterioso Pokémon enquanto vaga continuamente em linha reta ao redor do lugar todo. Até parece estar de guarda ou algo do tipo. Como mais cedo, some de vista entre a vegetação, mas desta vez Lee se esperta em segui-lo.

— Vamos tentar conhece-lo, e se ele não for amigável damos no pé, certo?

Rokon uiva concordando. Soru protesta achando uma má ideia seguir um estranho de noite, mas acaba cedendo aos dois e os acompanha.

Caminham devagar para evitar tanto barulho, passo a passo na grama úmida e abrindo caminho pelos pequenos arbustos que muram o santuário de menires. Bem perto, Lee só percebe agora que o Pokémon não toca o chão, flutua com serenidade e mostra saber que está sendo seguido. Por um momento dá uma olhada discreta para trás e não se alarma ou foge, continua sua trajetória. Até que...

Numa súbita mudança de postura, o Pokémon vira-se na direção do garoto e corta caminho voando depressa até ficar cara a cara com seu stalker. Está realmente a poucos centímetros de Lee que treme com o susto e dá uns passos para trás até cair sentado no chão, enquanto que Rokon pula para frente ameaçando atacar. É um Sigilyph desgostoso com tanta atenção.

Sigilyph é um Pokémon voador e psíquico de aparência muito peculiar, não se parece com nenhum pássaro conhecido apesar de ter asas de penas como todos os outros. Seu corpo é redondo e levemente achatado nos polos com um “chifre” preto no topo possuindo um olho azul em seu centro lembrando muito o Unown “I”, e nas laterais, apêndices pretos de três pontas cada. É todo colorido nas cores verde, branco, amarelo e preto. Onde talvez seja sua face no corpo redondo possui um par de olhos azuis e logo abaixo dos mesmos estão espetos ósseos. Suas asas amarelas têm um pequeno espaçamento entre um conjunto de penas e outro, totalizando em quatro extensões de pontas coloridas azul e vermelho. Não possui pés, apenas sua longa causa nas mesmas cores das asas e também dividida em quatro extensões.

Sigilyph evade a bola de fogo que Rokon solta como aviso e se sacode irritado, mas não mostra querer atacar, a princípio. Parece querer que o garoto responda por que o seguia ou que pare de fazer isso. Seu olho solitário é o que mais varia as expressões enquanto manda um tipo de sermão, o par no corpo talvez não sejam reais.

— Desculpa, desculpa! Eu não queria te irritar, apenas tirar umas fotos. Devo ter sido muito intrometido te seguindo. Foi mal, não me toquei.

Lee levanta sua câmera para mostrar ao Pokémon e esse ameaça atacar. Fica alarmado como se o objeto fosse perigoso, agitando-se de um lado para o outro enquanto gorjeia irritado por um tempo. Mais inalterado, seu olho brilha ameaçador e pedras ao seu redor flutuam apontadas para o trio a sua frente.

Antes de finalizar o ataque, Soru entra em seu caminho usando Flash e o faz recuar atordoado, soltando as pedras.

— Por que se assustou com a câmera? Calma, não é nenhuma arma! — Se afasta para tentar mostrar o que o objeto faz, fotografando a esmo. — Viu? Não aconteceu nada, se você se acalmar te mostro melhor como é.

Rokon agora concorda com a opinião de Soru sobre sair atrás de estranhos perigosos, mas não pode fazer nada para impedir, o instinto fotógrafo de se arriscar por uma boa foto é mais forte que a razão do garoto.

— Posso tirar uma foto sua?

Sigilyph tem o olhar vidrado na máquina, para onde Lee a levava, o Pokémon acompanhava desconfiado.

— Vou tirar uma do Rokon e te mostro, daí verá que é confiável. Que tal?

Siligyph concorda mantendo sua guarda alta, suas penas até estavam levemente eriçadas.

Lee mexe em algumas coisas ajustando para a foto e tira uma do Rokon, depois se aproxima devagar de Sigilyph e mostra a imagem da raposa na tela do aparelho. O pássaro se mostra aborrecido daquilo não ser perigoso como parece e até briga com Lee de novo.

— Ei, calma... acho que muitos turistas já te perturbaram muito para tirar fotos também, né? Desculpa ser mais um. — Desiste da foto e guarda o objeto, assim acalmando o Pokémon. — Você que cuida do lugar, certo? Então vamos deixa-lo trabalhar e explorar outro lugar.

O jovem chama seus dois companheiros e saem do local depois da despedida. Sigilyph fica parado observando os três até que sumissem de vista, fica pensativo até voltar para sua rotina.

[...]

No dia seguinte em Geosenge Town. Lee está arrumando suas coisas para partir da cidade quando recebe uma visita inesperada. No portal da cidade, que também é feito de rochas, o Pokémon misterioso está parado observando as pessoas curiosas com sua presença. Quer entrar, mas não sabe se o faz, não quer invadir um território humano. Principalmente por não gostar de turistas.

Lee se apressa em ir falar com ele e avisa para os curiosos que queriam tirar fotos que o Pokémon não gosta desse hábito.

— Não esperava mesmo te ver por aqui, achei que se escondesse durante o dia ou algo do tipo.

Rokon e Soru aparecem para cumprimenta-lo também. Siligyph voa de um lado para o outro dizendo algo e Rokon uiva para Lee puxando a mochila do garoto, apontando a câmera.

— Ué? Vai deixar que eu tire uma foto agora? — Pergunta emocionado, tanto que os olhos até brilham.

Sigilyph assente. Talvez por dentro se sentisse bobo pela reação da noite anterior, mas por fora está em total firmeza como se nada tivesse acontecido.

— Que maravilha, muito obrigado por ceder!

Rokon festeja junto enquanto Soru continua indiferente.

Não perdem tempo e correm para um melhor lugar de se tirar belas fotos. A vegetação com a iluminação natural da manhã dará um ótimo contraste as cores do guardião do santuário de menires.