Friendzone escrita por moonrian


Capítulo 10
Dramático de Cabelos Loiros


Notas iniciais do capítulo

Aos jovens que aqui chegaram, eu os presenteio com um novo capítulo! :3
Olá, galerinha mais gata do Nyah! o/
Cá estou eu para postar um capítulo novinho de Friendzone, com participação do divo do Milo ;)
Esse capítulo vai ser superinteressante que vai deixar umas pistas do passado do Camyu (hehe) e dizer um pouco sobre esse sonho/pesadelo que ele anda tendo todas as noites com o seu primeiro amor :3
Eu acho que não falei ainda que eu me baseei um pouco em dois mangás; um chamado "Totally Captived" e o outro é "Ano Kado wo Magatta Tokoro". Mas avisando: Eu não sigo os dois a risca, eu peguei apenas dois pequenos elementos do enredo deles e trabalhei em cima, mudando até o motivo do que os ocasionou.
Mas enfim, agora como é de praxe, quero agradecer a quem comentou: Automne, Mayu, ForeverAlone, Haleth, Lilith e Luna ♥
*Boa Leitura*



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“Estava frio... Lembra-se perfeitamente do vento frio que lhe açoitava o rosto e penetrava suas roupas enquanto caminhava para longe daquele lugar maldito, sua cabeça queimando de raiva; o som de seus passos batendo com força nos tijolos de pedra do chão. Seu cabelo, naquela época em um corte militar como seu pai, um homem rígido que presava muito a fama dos Lenfent como uma família tradicional, exigia de si, os fios úmidos com a neve que caía lentamente do céu, tornando-os escuros.

— Espera! – Ouviu a voz daquele menino idiota, mas ele não se virou – Por favor, não vá.

Camus continuou o seu caminho, as mãos cerradas em punhos apertados, cogitando simplesmente mandar tudo para o inferno, incluindo seu pai idiota que o obrigava a frequentar aquele lugar. Queria retornar para a França, mesmo que isso significasse ter que viver sob o mesmo teto que seu pai, pois pelo menos aquele era um inferno que já conhecia.

— Então eu vou ficar aqui até você voltar, está bem? – Fala o menino mais uma vez, o som dos seus passos cessando as suas costas – Todos os dias de todos os anos, virei aqui nesse mesmo horário para ver você voltar.

Camus não respondeu, mas seus passos hesitaram por um instante antes dele retomar sua decisão de sumir daquele lugar.

— Eu vou esperar por você!”

Camus coloca-se sentado em um solavanco, ofegante, o coração retumbando descompassado no peito com aquele maldito resquício de preenchimento começando a desvanecer a medida que se torna consciente de onde está; o quarto pequeno parcialmente obscurecido graças as cortinas Blackout pretas cobrindo a janela que dava para o jardim dos fundos, embora um raio houvesse encontrado uma fresta para se infiltrar.

Ultimamente esse sonho tem atormentado suas noites de sono com uma frequência incômoda, e Camus se pergunta quando simplesmente vai esquecer aquele garotinho idiota e superar. Impossível aquele rapaz o estar esperando até então naquele mesmo lugar, provavelmente já se esqueceu de sua existência e arrumou alguém menos… problemático.

Por que a droga do seu subconsciente não constata a obviedade desses fatos e apenas se dá por satisfeito, permitindo ter uma noite de sono tranquila? Mesmo que Camus encontrasse aquele garoto estúpido, provavelmente o socaria por atormentar suas madrugadas com aquela babaquice de esperar.

As mãos do aquariano cerram em punhos apertados, a fúria atravessando seu sistema como lambidas de fogo que aquecem seu sangue nas veias.

Suspira, tentando se acalmar e recuperar parte de seu controle em frangalhos, os dedos marcados de sua mão esquerda deslizando com força pelos fios rubros de sua franja, que grudavam em sua testa umedecida pelo suor, afastando-os de seu rosto.

Camus se arrasta para fora da cama com um profundo vinco entre suas sobrancelhas entregando seu desagrado com aqueles ecos de suas lembranças, e abre as cortinas para que o sol da manhã adentre seu quarto, observando a grama um pouco alta da varanda com cerca branca nos fundos, fazendo uma nota mental de apara-la no fim-de-semana.

Resolve que um banho frio poderá ajuda-lo a esfriar a cabeça e recuperar o seu controle habitual.

Tira sua calça de flanela quadriculada, que usa como seu pijama quando não está cansado demais para vesti-la, e entra no Box de vidro do banheiro pequeno sem se importar de pegar a touca de plástico para proteger seu cabelo, pois precisa que a água entre em contato direto com seu couro cabeludo e leve de sua mente todas aquelas asneiras de sua mente para o ralo.

O francês liga o chuveiro, enfiando sua cabeça ruiva imediatamente embaixo da água refrescante do esquecimento. Fica ali parado com seus olhos fechados por um tempo, apenas permitindo que o jato do seu chuveiro ecologicamente irresponsável escorresse pelas suas mechas e relaxasse os músculos de seu corpo. Camus recosta sua testa no azulejo frio da parede e suspira mais uma vez, não compreendendo como o sexo da noite anterior não surtiu efeito contra aquele sonho. Geralmente funciona.

Está quase cochilando debaixo d’água quando um chamado daquele garoto ecoa por seus ouvidos, sobressaltando-o. Decidiu sair logo daquele banheiro, que tem o poder de invocar coisas que não gosta de pensar, antes que começasse a sonhar acordado com aquela pessoa maldita.

Ensaboa ligeiramente o corpo com seu sabonete de menta, mas quando vai passar o punhado de shampoo em suas longas madeixas ruivas, hesita por um segundo. Começa a esfregar o couro cabeludo vagarosamente, sentindo a protuberância da longa cicatriz que o corta, e por um ínfimo segundo deixa a ponta de seu dedo acompanhar os primeiros milímetros, o movimento começando a trazer aqueles pensamentos que trancara na parte mais funda e escura de sua mente. Ele sacode a cabeça, os afastando, e termina com os cabelos rapidamente, concentrando-se logo a seguir em retirar todo o sabão.

Quando já está vestido em seu jeans escuro com All Star surrado e uma camisa branca sem mangas com uma caveira em cinza, Camus começa a pentear seu cabelo longo, pensando sobre como irá para a escola agora que conseguiu enxotar Milo de sua vida, pesando entre as opções de ir de ônibus ou metrô. 

Antes que viesse a decidir a melhor opção, o som de uma buzina se faz ouvir, e Camus encara seu reflexo no espelho com certa perplexidade. Ainda se ocupando em desembaraçar as madeixas ruivas, o aquariano caminha até a porta de sua pequena casa, encontrando o conhecido Mustang preto e lustroso parado próximo ao meio-fio.

Milo, que está sentado no banco do motorista a tagarelar no telefone em uma conversa que não parece ser das mais agradáveis, olha-o parado na porta ainda a pentear o cabelo e balança a mão que não está ocupada com o celular para chama-lo.

Camus fica seriamente em dúvida sobre aceitar aquela carona, pensando que aquele é o momento para tirar aquele loiro irritante completamente de sua vida e voltar a ter sua existência solitária natural. Por fim suspira em resignação, pensando que Milo não está sendo um estorvo muito grande enquanto não está o envolvendo em suas confusões e ainda está o fazendo economizar dinheiro com passagens e energia, caso desejasse ir a pé e pensar. Mas tudo que Camus menos quer é pensar, e a tagarelação daquele escorpiano o ajudava a não ficar com a cabeça sondando ao redor do mesmo assunto.

Ele entra para pegar sua mochila e depois de trancar a porta, caminha em direção ao lustroso carro, começando a ouvir o que o loiro dizia antes mesmo de entrar.

—… tempo com aquele babaca mimadinho! Indo as festinhas dele, agora indo para a balada e postando fotos juntos nas redes sociais. E nem pense em negar que eu vi a foto de vocês dois no facebook como se fossem o casalzinho do momento, Kanon. – Volta-se para o ruivo enquanto espera que o rapaz na outra linha fale. – Quer ouvir as babaquices que meu namorado está dizendo? – disse apenas com o movimento dos lábios.

Antes que Camus pudesse assentir em negação, Milo já está colocando no Viva-Voz, apoiando o celular sobre a perna e saindo do acostamento.

—… ficando paranoico demais, gracinha. — disse uma voz rouca e masculina do outro lado da linha, enquanto Milo saia do acostamento; e Camus se pergunta por que eles estão conversando em inglês. – A gente só saiu para uma balada juntos, mas não éramos só nós, havia uma galera conosco. Nós bebemos, dançamos e fomos pra casa.

Milo dá uma risada cética.

— Quer mesmo que eu acredite que vocês foram para uma balada juntos e não aconteceu nada? Aquele otário do Julian está te sondando já tem muito tempo, Kanon, não pense que sou idiota! E pelo visto você deve estar adorando ser cercado, já que não larga do pé daquele filho da puta. Estão tão amiguinhos que estão indo juntinhos para baladas e virando a noite como grandes melhores amigos, aproveitando que o idiota aqui está bem longe. Mas quer saber, Kanon? Estou A-DO-RANDO saber que você está arrastando uma asa por aquele ser. Isso mesmo, Kanon Seferis, vá atrás daquele parasita inútil que não faz nada da vida além de usurpar o dinheiro dos pais – Milo tira as mãos brevemente do volante para aplaudir debochadamente o namorado, enquanto os olhos castanhos avermelhados de Camus se abrem mais em medo de ter um insano dirigindo aquele carro. – Só fique ciente que existe uma liberdade igualitária entre nós.

Eu não vejo problema de você sair com aquele seu amigo ruivinho, o Camyu, certo? — Camus dirige uma sobrancelha erguida para Milo, que para em um sinal e sorri sem jeito para o francês. – Confio plenamente em você, como espero que você confie em mim.

O aquariano leva seu olhar para a janela, cogitando aproveitar que o carro está parado para descer e continuar o trajeto até a escola a pé, pois não está interessado em saber da discussão entre Milo e seu namorado. Antes que pudesse tirar o cinto de segurança, o sinal abre e o escorpiano avança sem notar que o seu colega esteve tentando fugir.

— Como vou confiar em você, quando tudo que faz apenas acende um alerta vermelho para “cafajestismo”? Cada vez que eu entro no meu facebook, aparece a porra de uma foto sua com o Julian, sorrindo como se estivessem namorando. Mas a foto dessa vez passou dos limites cabíveis, Kanon Seferis, passou dos limites! Você fica dando beijinho na bochecha daquele vadio? Abraçando-o pela cintura como se aquele retardado insosso fosse o seu novo namorado? É isso mesmo? Não pensa nenhuma vez sobre como vou me sentir quanto a cada uma dessas suas demonstrações de afeto públicas por aquele cara? E o pior é que você está me deixando de lado para ficar cada minuto seu com ele! Deixou-me esperando por você um longo tempo, ontem no Skype, como se eu fosse um grande nada.

E o que você espera que eu faça, Milo?— Explode Kanon de repente. – Fique trancado no meu quarto chorando por você estar longe? Você sabe que eu não sou de ficar chorando por nada, e você já começou a namorar comigo sabendo que eu sou festeiro! Estava nas mesmas festas que eu!

Camus volta seus olhos levemente esbugalhados para o loiro ao seu lado, sabendo que essa resposta não será bem recebida pelo rapaz, e apenas observa o rosto chocado do escorpiano se metamorfosear para a fúria intensa e desmedida, os olhos azuis acesos como chamas demoníacas. O francês pode não conhecer Milo o bastante, porém tem a certeza irrefutável de que a reação para essa resposta será a pior imaginável. Ou inimaginável.

— Ah, então eu sou um nada, seu grande filho da puta? – Esbraveja Milo, completamente alterado, seu pé começando a apertar demais o acelerador, fazendo o corpo do aquariano colar no banco e o coração retumbar descompassado. – Muito bom saber, Kanon Seferis, fico muito comovido em descobrir o que significo para você. Ainda mais em saber o quão idiota você pode ser com assuntos tão simples, pois tudo que estou pedindo até agora é que pare de ficar saindo o tempo todo com aquele filhinho de papai inútil -

Ah, pare com esse drama desnecessário, Milo! — Interrompe Kanon, estressado, e até o antissocial do Camus sabe que chamar o drama de Milo de “desnecessário” foi um erro grave e sem precedentes. – Foi só um beijo na bochecha, nada demais, e pare com essa bobeira! Estou namorando com você, e não com ele. E de qualquer forma, eu não estou prendendo você em casa, está fazendo isso porque quer. Se você quiser sair com aquele seu amigo libertino, que vá! Só pare de pegar no meu pé!

Camus, que desconfia ser o tal “amigo libertino” citado, indigna-se mentalmente por nem estar se metendo no assunto e mesmo assim ter sido incluído sem motivo algum. Encara o rosto do escorpiano, enrubescido pela fúria, apenas esperando o cruel carrasco das masmorras medievais que vive em seu interior vir à superfície.

O ponteiro que indica a velocidade com que o carro avança no tráfego vai se movendo, o escorpiano insano fazendo ultrapassagens como se tivesse apostando algum racha dos tempos de rebeldia na Grécia, fazendo com que Camus apertasse o cinto de segurança em seu corpo com receio.

— Ah, é? – fala Milo, sua voz parecendo mel derramando em brasa. Volta-se para Camus, o azul de seus orbes cintilando em uma fúria contida e demoníaca, enquanto o aquariano começa a se desesperar porque o rapaz ainda está dirigindo como um louco e não está olhando para frente – O que acha disso, Camyu? Parece que essa noite nós vamos aproveitar! Então até breve, Kanon. Arrivederci. Ou melhor dizendo, Au revoir!

Milo encerra a chamada e joga o celular com descaso no banco de trás, os orbes azuis fulminam a estrada a frente e suas mãos apertando o volante com tanta força que empalideceu os nós de seus dedos. O pé do escorpiano permanece a pressionar impiedosamente o acelerador e raramente tocar no freio, o ponteiro de milhas por hora avançando como louco.

Enquanto isso, lá na Grécia, Kanon se sobressalta com a fala “breve” de Milo, pois pior do que um Milo irritado e dramático, é um Milo sucinto em suas reclamações.

— Alô? Milo? – Chama nervosamente. – Amor, é brincadeira, espera...

Voltando a Califórnia, Milo continua a castigar o acelerador impiedosamente, seus dentes cerrados.

— Eu não me importo com o que você está planejando para essa noite, Camus, se está planejando comer aquela coisinha afeminada mais uma vez ou apenas vegetar em casa. Hoje nós iremos a um bar e tomaremos um porre daqueles, e não estou aceitando um não como resposta! Ah, e isso me lembra daquele fora que você me deu para foder aquela Barbie com surpresinha, que nós vamos ter que falar sobre isso. Agora. Eu realmente não sei o que você viu nele, já que ele parece uma mulher, e eu achei que você tinha um gosto melhor. Acho que você deveria ter arrumado uma, se gosta de caras com a aparência dele, elas tem mais buracos para você usar e são fáceis de submeter na cama, mas este não é o ponto! O ponto é: você foi completamente ignorante comigo por causa de uma foda? Sério, Camus, talvez você não entenda sobre interações e relacionamentos, mas vou te dizer uma das regras básicas de uma amizade: Manos antes das minas, sacou? E sim, mina, porque aquela coisinha não é nada masculina! E não precisava ter agido daquela maneira, era só me dizer que queria come-lo ao invés de ficarem falando em código.

O aquariano começa a hiperventilar a medida que o cenário ao redor se torna um borrão, e Milo a fazer desvios bruscos toda vez que ficavam a um triz de colidir com um carro, ônibus ou caminhão. Camus sente o ataque de pânico lhe morder e agarra-lo com suas mãos, ameaçando dominá-lo como costumava fazer quando aqueles problemas e o vazio dentro de si eram novos, e o aquariano tenta relutar para manter o controle, mas a velocidade do automóvel que só faz aumentar não o está ajudando.

Sente os flashes daquele dia na França há tanto tempo retornar a sua mente, quase como se tivesse de volta a garupa da maldita moto, fazendo Camus cerrar os dentes e apertar os olhos para se livrar daquelas imagens.

Um tsunami de pânico o atinge e o engole, arrastando-o para as profundezas e deixando-o cada vez mais sem fôlego, e todo o ar dentro daquele carro não parece o suficiente para suprimir a necessidade de seus pulmões. Seu coração martela com tanta força contra a caixa torácica que dói, suas mãos apertando o cinto para tentar provar a si mesmo que não está naquela moto, está no carro com um loiro idiota.

Mas não consegue manter a racionalidade que sempre foi sua marca registrada, pois as lembranças se tornam vívidas demais para que possa diferenciar a realidade da ilusão, mas o pânico de estar outra vez sobre aquela maldita moto naquele dia de inverno se instala em sua garganta, desejando sufoca-lo até a morte.

— Pai, me deixe descer... – Camus murmura com a voz embargada e falha, seu corpo tremendo.

Milo não ouve ao certo o que o ruivo ao seu lado disse, mas isso faz com que sua cabeça se vire na direção dele e perceba o desespero do garoto, que aperta compulsivamente o cinto de segurança com as mãos – inclusive aquela que ele enfaixa para esconder as cicatrizes – e mantém os olhos severamente fechadas.

Vê-lo daquela maneira, o rapaz inexpressivo e controlado que Milo conhece, é como um choque de realidade para a loucura que está fazendo por causa da briga com Kanon.

Ele começa a diminuir lentamente a velocidade e estaciona em uma pracinha que fica a poucas quadras do Colégio Santuário, sentindo-se o pior dos babacas por fazer aquilo com Camus, provavelmente atingindo uma das fobias do ruivo – e todo mundo tem a sua em graus de medo diferentes, alguns são bobos o bastante para enfrenta-los e outros são graves demais para que possa encarar, e até mesmo o rígido e frio do ruivo não seria exceção. Embora Milo realmente não esperasse...

Ele tira o cinto de segurança e se inclina no espaço entre eles, preocupado.

— Camus – chama Milo com uma voz suave. – Hey, cara, eu já parei. Sinto muito.

Camus abre os olhos lentamente, encontrando os orbes azuis  de Milo próximos dos seus, e ele tentou se concentrar naquela imagem e recuperar seu controle.

Sente uma leve sensação de dejavu, como se já tivesse visto aqueles olhos ardentes antes mesmo daquele dia em que se conheceram na lanchonete, mas não consegue se recordar de onde.

Com aquela proximidade, Milo nota as leves sardinhas que salpicam o nariz do francês, assim como aqueles olhos castanhos avermelhados emoldurados por cílios de um vermelho mais quente do que as chamas.

Geralmente, as pessoas ficam mais feias quando olhadas de muito perto, mas Camus só fica mais bonito, e Milo fica admirado com traços tão impecáveis em um rosto masculino, compreendendo porque ele é tão popular no Colégio Santuário.

— O que aconteceu, Camus? – Pergunta o loiro, seus olhos inquietos.

Aquela pergunta inocente é o balde de água fria que o aquariano precisa para perceber o quão próximo aquele loiro está de si e como ele foi insano em dirigir em uma velocidade como aquela, correndo o risco de bater ou serem fichados na polícia. Ainda por cima, por culpa daquele idiota inconsequente, coisas que Camus não gosta de lembrar voltaram para sua mente com uma nitidez dolorosa.

Ele vira seu rosto para a janela, a conhecida máscara de seriedade severa retornando a sua face, mas aquele vinco entre as sobrancelhas – que está se tornando tão habitual em sua face desde o dia em que Milo apareceu na sua vida – entrega a sua raiva.

— Afaste-se – pediu, a voz com uma frieza fenomenal.

Milo, catatônico, recua lentamente de volta para o seu banco, mas antes que pudesse voltar ao tráfego, vê que Camus retira seu cinto e sai do carro, batendo a porta com um pouco de força demais para alguém inabalado.

O escorpiano fica apenas observando o ruivo avançar pela calçada em direção a escola, pensando que é melhor dar um tempo para o rapaz se acalmasse antes de falar com ele novamente, pois sabe que pisou na bola com o aquariano.

Ele suspira pesadamente e recosta a cabeça no banco de couro, sentindo-a quente.

Aquele dia não está sendo dos melhores para ele.

Fica estacionado ali por um tempo, esperando que desse tempo para que Camus chegasse a escola, pois se sentiria mal se passasse por ele de carro como alguém que não se importa. Apenas ficou ouvindo música e cogitando acender um cigarro, mas prometera a Shaka que não fumaria mais.

Pega um chiclete de nicotina no porta-luvas para suprimir aquela vontade que em tempos de estresse surge sem ser convidada, e sai do acostamento, sentindo-se mal pelo que fizera com o aquariano.

Torce que quando chegar ao colégio, Camus esteja bem o bastante para perdoá-lo por sua inconsequência e falta de percepção, mas ao mesmo tempo espera que o aquariano tire sua dúvida em relação a aquele medo de alta velocidade que não combina nem um pouco com a imagem impassível dele.

Depois de deixar o carro no estacionamento do colégio, o escorpiano busca o francês por todo os cantos, achando-o na sala vazia de sua primeira aula com os fones de ouvido brancos e olhando a janela, como na segunda vez que o vira.

— Incrível como as pessoas geralmente estão no último lugar que a gente procura, não acha? – Brinca Milo para chamar sua atenção, um sorriso divertido nos lábios.

Camus volta seus orbes castanhos avermelhados frios para o loiro que caminha em sua direção, retirando um fone de ouvido.

— Porque geralmente as pessoas param de procurar quando acham – responde.

Milo ignora a resposta, puxando uma cadeira ao lado e a coloca próxima ao lugar que o ruivo está, sentando-se.

Ele suspira em preparação para o que vai perguntar, e então olha para Camus com uma seriedade que ele nunca demonstrou antes.

— O que aconteceu no carro, Camus?

O aquariano desvia sua atenção para a janela, o perfil endurecido.

— Não é da sua conta.

— Tem fobia de velocidade alta? – Continua o escorpiano sem se abalar.

— Não.

— Você me pareceu bem amedron-

— Eu não preciso dar satisfação da minha vida – Interrompe. – Deixe-me em paz!

Milo não gosta da resposta nada gentil de Camus, e até pensa em responder a altura, pois está com um humor de merda depois da briga com o Kanon, mas ao se lembrar do que fizera com o aquariano, resolve apenas deixar para lá.

— Tenho que me inscrever para uma peça – muda de assunto – e eu quero que você venha comigo. Você é meu amigo e vai fazer o teste também.

Camus lembra-se de Milo tagarelar no dia anterior sobre Shion castiga-lo obrigando-o a fazer parte de uma peça, mas se pergunta o que ele tem a ver com isso. Cogita dizer que não é amigo de Milo e não vai fazer teste algum, mas do que adiantaria? E lhe parece melhor aceitar e fazer com que Milo se esqueça da cena que fizera anteriormente para que não toque no assunto outra vez; e além não lhe afetará em nada um teste de teatro idiota.

— Mas nós vamos nos sair mal, ok? – Continua o loiro. – Prefiro construir cenários a atuar.

Camus volta seus olhos castanhos sóbrios para o rapaz ao seu lado.

— Acho que mesmo tentando se sair mal, você vai conseguir o papel principal.

Um sorriso pretensioso exibe os dentes brancos do grego com as palavras do amigo.

— Você acha? – Inquere embevecido.

— Sim – responde com sua seriedade habitual. – Notei como adora um drama.

Milo perde dois segundos com a surpresa, sentindo logo depois a raiva começar a invadir seu sistema com aquela provocação, principalmente com o seu humor terrível aquela manhã. Porém, antes que pudesse se indignar, a estranheza do ocorrido cessa a sua fúria com uma velocidade fenomenal.

— Você acabou de fazer uma brincadeira? – Indaga com incredulidade.

Camus ergue uma sobrancelha sarcástica que faz Milo cair na gargalhada.

Mas então ele percebe que o escorpiano está certo em ficar embasbacado, pois Camus nunca faz piada em nenhuma circunstância. O aquariano sempre foi uma pessoa séria e fria; gosta de ir direto ao assunto, detesta quando alguém tenta ser mais do que um conhecido para si e costuma sorrir sem sinceridade apenas para abater o coração de algum pobre coitado

O que está acontecendo consigo? Por que esse rapaz está conseguindo faze-lo parecer mais como um adolescente normal?

Camus se frustra ao chegar a conclusão de que talvez esteja gostando de Milo mais do que deveria e mais do que se permite acreditar.


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Notas finais do capítulo

E aí, galerinha, o que acharam do capítulo?
Parece que tem muito mais caroço nesse angu do passado do nosso aquariano gato u.u E que ele tem medo de alta velocidade - é fera, passado tenso...
E o Milo dirigindo que nem um insano que tá fugindo do inferno? Nem eu que não tenho medo dessas coisas estaria tendo um enfarto fulminante naquele carro!
E o titio Kanon já ensinou: Pior do que um Milo irritado tagarela, é um Milo irritado em silêncio... Cuidado... kkk
Agora uma perguntinha: Estou cogitando colocar Lemon, mas pra isso eu terei que aumentar a classificação. Isso vai dar problema para alguém? Hein? Me digam, ok? :3
Espero que o capítulo tenha saído do agrado de vocês, galerinha, e espero que eu mereça reviews *-*
Até o próximo capítulo o/