War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 28
Capítulo 25 – O Selo da Promessa


Notas iniciais do capítulo

Estou tentando sempre postar uma imagem ou mais por capítulo, como uma capa. Não sei se conseguiram ver as imagens do capítulo passado, então avisem se não conseguirem ver a capa deste.
Ah, mais uma coisa: Segundo o contador do site, este seria o 28º capítulo, mas quero lembrar que o prólogo e o especial de natal não estão inclusos nos 28 e um dos capítulos foi dividido em duas partes, ou seja, ainda terá mais 3 até terminar. Só Isso :D

Boa Leitura!!! :D



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~ Capítulo 25 – O Selo da Promessa ~

 

Capa do capítulo

 

Distantes algumas dezenas de quilômetros de Déviron Garden, seguindo por uma estrada de terra que não parecia levar a lugar algum, os quatro jovens pareciam estar dominados pelo o efeito da desorientação.

A caminhada noturna consumia uma maior quantidade de energia e exigia mais esforço físico. Lina, a mais jovem do grupo, embora possuísse grande sabedoria e bastante determinação, já demonstrava os primeiros sinais de cansaço, deixando visível toda a fragilidade e inocência de uma criança.

— Minhas pernas... Estão... Doendo. – Sussurrou Lina, deixando a arma desprender-se de sua mão e cair de joelhos sobre o solo ressecado e repleto de pedregulhos enquanto esfregava os olhos na tentativa de retardar o sono.

— Ela deve estar exausta. Também já estou ficando cansada, Witc. Acho melhor pararmos e descansarmos um pouco.

— Não sei nem como conseguiu chegar até aqui com essas botas, minha irmã. – Brincou Ayurik.

Todos concordaram com o descanso. Procurando um ponto de apoio, Witc sentou-se sobre um rochedo próximo de onde Mylla estava, podendo sentir seu doce perfume e deixando-a rosada com suas ressalvas.

— Não há ninguém por perto, acho que estamos bem atrás da maioria e não sinto nenhuma presença estranha com meu amuleto, mas... pelo menos podemos observar as estrelas ao lado de quem gostamos como em nenhum outro lugar.

Deitada sobre a mochila preparada pela mãe de Ayurik, Lina fazia comentários um pouco desconexos. A divisão de seu sono entre a realidade e o estado Rem a fazia responder, ora de acordo com seus sonhos, ora com a conversa.

— As luzes da cidade... Se você calcular a derivada... Essa função não existe nas estrelas... O Sol é a integral, é isso! – Gesticulava movendo uma das mãos e com os olhos fechados, despertando boas risadas em quem a ouvia.

— Ela cresceu bastante, nem parece mais aquela menininha que eu provocava por não saber contar até cinquenta, acho que de tanto querer provar o quanto era inteligente, acabou me superando mais rápido do que imaginava e ainda não se deu conta disso. Sempre existiu uma mente brilhante aí dentro, ela só não sabia. – Voltando-se para o lado, com curiosidade ele fez uma pergunta à Mylla, transferindo o foco da conversa. – Seu irmão me falou que também é muito inteligente, por que entrou na mesma turma que ele e eu, não deveria estar na faculdade?

 - Eu? Não, por que estaria? Acha que menti sobre minha turma só para ficar perto de você... E dele? Eu... Eu posso ter reprovado. – Disse desconsertada. Estou muito nervosa, será que ele percebeu? Ser cortejada por outros garotos na universidade onde eu estudava era bem normal, por que fico assim com ele? Será que ele também gosta de mim? Seus pensamentos ferviam em meio a tantos questionamentos e devaneios.

— Tudo bem – Continuou sorrindo e aproximou-se um pouco mais. – Posso arrumar sua tiara? Ela está... Sabe... Um pouco torta.

Mesmo tensa pela curta distância entre eles, Mylla permitiu.

— Sim... – Ele fez como da primeira vez! Reviveu o momento enquanto sorria despercebidamente.

— Vem cá, como você está em relação ao Don, Witc? – Indagou Ayurik a observar a Lua e como sua pulseira brilhava, reagindo a ela.

— Espero que ele esteja bem.

***

Insuficiente para aquecer as profundezas do Vale das Sombras, a escassa luz Solar que chegava ao submundo limitava-se entre as periferias das passagens ao mundo exterior, tornando gélido os calabouços do castelo de Ádrian, onde o pequeno réptil permanecia aprisionado.

A mercê dos testes biológicos realizados pela Senhora da Dor, Don se tornara cobaia para um dos planos do lorde das trevas, um projeto de longo prazo, porém, com grande retorno.

Cercado por vidrarias preenchidas com líquidos e substâncias de diversos tipos, até onde sua visão podia alcançar, também era possível observar agulhas sobre bandejas próximas a ele, esboços e figuras de modelos genéticos fixados às paredes e uma forte luz sobre seu rosto. Imobilizado por tiras de coro, Don estava impedido de se mover.

— Espero que este seja mais resistente do que os últimos Dragólions trazidos, embora pareça bem diferente deles. – Comentou a ex-bruxa a preparar uma seringa com 1 Ml de um líquido incolor e visualmente tão inofensivo quanto água.

Alguns minutos depois, devolvido à sela com parte de suas energias recuperadas pela solução injetada em seu corpo, Don não podia ver, contudo, em seu dorso, listas negras surgiam acompanhadas por pequenas escamas a se tornarem espinhos. Sua pele gradualmente partia do verde para o cinza, e seus olhos, para um laranja brilhante.

***

Em Déviron Garden, o tempo parecia haver congelado. Pouco mais da metade da runa havia sido traduzida. Pelo lado exterior, Zenkatsu seguia anotando cada símbolo em uma espécie de diário, enquanto, internamente, Shawn e os Olafs tentavam traduzir as escrituras com o auxílio dos livros da estante, na sala.

No extremo de onde poderia chegar pelo jardim, com o felino machucado nos braços, Rose notou algo brilhante após a árvore, depois das últimas roseiras, mas ligeiramente próximo. Sem perder tempo, tratou de avisar o professor o quanto antes.

Parando para pensar, todo aquele esforço parecia inútil. Para cada porção decifrada, mais seis surgiam criptografadas.

— Ádrian, com certeza isso é obra dele. – Bradou Zenkatsu ao fechar seu diário com força e jogá-lo contra o chão.

— Aconteceu alguma coisa de errado, professor? O que é aquilo brilhando? – Rose indagou curiosa.

— Sim, isso é impossível de ser resolvido! É... O que você havia perguntado mesmo? Não vejo nada brilhar. – Então eu estava certo, ele esteve aqui, Ádrian ainda está vivo. — Quando mais jovens costumávamos criar enigmas e deixarmos mensagens subliminares escondidas em um padrão de símbolos diferentes do utilizado no restante do texto...Espera um pouco, senhorita Rose, já ouviu falar na Cifra de César ou os estudos de Blaise de Vigenère?

— Nunca me aprofundei em história, não gosto de saber que tudo foi conduzido por guerras sangrentas.

— Bem, na Cifra de César, foi criado um dos padrões mais clássicos de criptografia, ele consistia apenas em substituir as letras do alfabeto avançando três casas, exemplo: Se uma palavra começa com a letra A, na cifra ela começaria como D. Foi um algoritmo poderoso e conseguiu enganar muitos inimigos, mas perdeu seu valor ao descobrirem a chave dos códigos. Por outro lado, o método utilizado por Blaise de Vigenère foi mais complexo, pois diferentes sequências de deslocamento alfanuméricos eram empregados. Acredito que Ádrian fez o mesmo. – Explicou.

— E como descobriu isso? Eu olho para esses símbolos e não consigo entender nada. – Riu.

— Ele era meu melhor amigo, conheço seus sistemas de códigos, ele sempre deixa sua marca: Um D’ no final de cada parte.

Para a surpresa do professor, ao voltar sua visão à senhora, a viu ter sua saída impedida pela barreira da mesma forma que os outros.

— Pelo o que traduzi, essa barreira serve para prender e impedir que qualquer magia superior ao nível 1 e inferior ao nível 8, saia ou seja usada nesse círculo. Como humana, não vejo problema em você sair, deveria ter funcionado... – Pareceu pensativo. Rapidamente correu até seu diário jogado ao chão e abriu na página de um feitiço de exorcismo. – Acredito que essas são runas do tipo possessão, pois estão controlando as ações de todos em seu interior. Afaste-se!

O Deum, dominus omnipotens.

Holder sapientia et ad summam potestatem.

Domine, obsecro te quae repraesentatio omne malum excludit

Com o avançar do ritual, fumaças emergiam das marcas e erguiam-se a formar uma torre negra, que girava em volta do círculo como um redemoinho preso dentro de uma garrafa.

Ego, Zenkatsu Kotaro, per in me potestatem, concessit,

Quaeso intercedere in mea misertus, in hoc proelio.

Relinquo, manum diaboli! Liberatio hujus residentiae.

Fiat pax regni. Amen!

Densamente concentrada em uma esfera maciça de magia que pairava a mais de 100 metros de altura, o feitiço de prisão condensou-se em sua totalidade, colapsando em uma imensa nuvem de fumaça escura, que se espalhou com a forte onda de ar sobre todo o céu da cidade.

— O que aconteceu? O que foi essa explosão? – Questionou Shawn ao sair preocupado.

— Consegui, amigo. Estão livres. – Disse Zenkatsu com firmeza.

— Aguentem só mais um pouco crianças, logo chegarei para ajuda-los.

Após algumas horas, adormecidos, os herdeiros haviam baixado a guarda, abrindo espaço para a aproximação dos inimigos que os observavam de longe. Nenhum sabia ainda, mas o poder de todos os demônios estava maior, e a chave disso foi o sacrifício de Zoe, que abriu o portal entre os dois mundos por completo.

De forma sorrateira, Tsifer e Akira se aproximaram e roubaram os amuletos e armas de Mylla, Ayurik e Lina, falhando em Witc, pois a proteção que impediu a arqueira de mata-lo em sua primeira tentativa ainda existia e era mais poderosa do que o demônio das lâminas dançantes.

 Enquanto tentavam descobrir o motivo da falha, em seus sonhos, Witc recebia novas instruções:

A luz, a luz, a luz!

— Quem está falando? Que lugar é este? – Não consigo ver nada, mesmo que fosse noite eu conseguiria enxergar.

Este é o mundo sem luz! Liberte a luz!

 Tentando descobrir a direção da voz, Witc bateu em algo. Abaixando-se para averiguar, viu um ponto brilhante iluminar a face pálida de Mylla sobre o chão e seu arco caído ao lado, seguro pela mão ensanguentada da jovem. Do outro lado, Lina e Ayurik igualmente mortos.

Liberte a luz, garoto! Liberte! Liberte! Esse é o mundo sem luz! Sussurrava a voz tênue próxima a ele repetidas vezes.

— Não! – Berrou tapando os ouvidos com as mãos. Ao mesmo tempo gritou ao despertar, emitindo uma forte luz de suas mãos na direção de Tsifer.  – Ei, acordem! Acordem!

— Não me lembro disto na última vez que nos encontramos. Certamente alguém parece ter descoberto uma nova arma. – Elogiou o demônio surpreso.

— Quem são eles? Vocês os conhecem? – Lina indagou assustada.

— Akira e Tsifer, foram enviados para nos matar quando estávamos na ilha. – Ayurik respondeu.

— Agora que a pirralha já me conhece, posso revelar. Estou com todos os amuletos que davam mais poder, se é que posso chamar isso de poder, e também peguei suas armas. Não sei por que, mas apenas o menino brilhante conseguiu não ser roubado. Então, este será o meu joguinho: Tentem recuperar seus bens e deixarei que sigam atrás da tal esfera. Não quero ser o Deus dos mundos, seria muito chato e entediante, gosto da diversão gerada pelo imprevisto. Estou indo, é melhor se apressarem. – Murmurou assumindo sua forma de sombra e partindo para o Norte. Em seguida, Akira, também em forma de sombra, o seguiu.

— Droga! O que vamos fazer? – Esbravejou Lina.

— Eu irei atrás dele e vocês seguem atrás da esfera, sou o único com o amuleto, posso rastreá-lo. – Witc se pronunciou. 

— Acho que não iremos a lugar... Algum. – Balbuciou Ayurik ao avisar das centenas de criaturas que se aproximavam, cercando-os em poucos minutos.

— Vá, Witc, e leve a Lina com você, estará mais protegida. Eu e meu irmão ficaremos e lutaremos contra eles. Alguém precisa atrasar esses bichos.

— Mylla, antes de partir, tem algo que eu gostaria de fazer há algum tempo, mas ainda não consegui... Talvez pelas situações ou minha covardia mesmo. – Witc virou-se, ficando com seu rosto a poucos centímetros da face corada da garota. Era possível ouvir a respiração ofegante de ambos, sentir seus corações baterem fortemente e suas mãos tremerem. Totalmente de guarda baixa, ela foi tomada entre os braços do jovem feiticeiro e sentiu seus lábios tocarem os dele em segundos que pareceram se estender por horas. – Tudo dará certo, eu prometo, e no final não teremos que nos preocupar com nenhum demônio.

Segurando firme a mão de sua irmã, ele saltou sobre a cabeça dos monstros maiores, carregando consigo a esperança de quatro corações e um só objetivo.


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Notas finais do capítulo

Feitiço de Zenkatsu:

Ó Deus, senhor todo poderoso.
Detentor da sabedoria e do poder supremo.
Senhor, eu lhe rogo que afastes toda representação maligna
Eu, Zenkatsu Kotaro, pelo poder a mim, concedido,
Peço que intercedas a meu favor nesta batalha.
Suma, mão do demônio! Liberte esta residência.
Que a paz reine. Amém!

Próximo capítulo: Baile das Chamas

Até breve!