War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 29
Capítulo 26 – Baile das Chamas


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo com muita ação e uma capa bem quente. Agora faltam apenas dois, o que reservam os capítulos 27 e 28?
Em breve :D



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~ Capítulo 26 – Baile das Chamas ~

 

Lina Ryser

 

Sob os primeiros feixes de luz a tocarem as planícies por onde os herdeiros se esgueiravam a procura da caverna das duas gargantas, o brilho singelo do azul logo se chocaria com a ferocidade do vermelho demoníaco, apagando o rasto de sangue deixado pelo instinto de vingança e senso de justiça.

Em um novo confronto, Witc se encontrava em posição desfavorável. Localizar Tsifer não foi a tarefa mais difícil para o seu amuleto, mas sim detê-lo. De alguma forma ele encontrou uma maneira de romper a proteção mágica do garoto, iniciando uma sequência de golpes destrutivos. Ainda sem o controle pleno de seus poderes, Lina apenas o observava incapacitada de ajuda-lo.

— Witc! Deixe essas armas, não precisamos delas, vamos voltar! – Bradou a garota em agonia por ver seu irmão em apuros.

Com a face ensanguentada, ele sorriu antes de responde-la.

— Isso não é apenas pelas armas, mas pelo o que ele fez. – Limpou o líquido vermelho que escorria de sua boca e voltou a falar com determinação. – No período em que você se recuperava no hospital e que esteve longe de Déviron Garden, muita coisa aconteceu: Vi seres queimarem em suas chamas, vi um amigo morrer e você também quase me deixou por causa dele. Não quero que isso acontece outra vez e também não poderemos seguir sem detê-lo.

— Você está cheio de um otimismo tolo, chega de baboseiras heroicas, mas não se preocupe, acabarei com isso bem rápido. – O demônio o respondeu com agressividade erguendo as mãos em ordenamento para seu exército de elementais de fogo erguer-se, dos quais, alguns maiores e diferentes dos demais, receberam as armas e amuletos roubados.

— Lina, afaste-se!

— Isso não é justo – sussurrava ao olhar para as mãos limpas. – Por que vocês não esquentam? Que droga de poder!

— Tudo bem, consigo lidar com eles, veja isso. – Erguendo-se pelo ar, o feiticeiro gerou uma forte corrente de vento em volta de seu corpo. Pouco a pouco a intensidade aumentava e o círculo crescia, engolindo os monstros de fogo. Uma vez em seu centro, o tamanho e força dos elementais diminuía até sumirem pela falta de oxigênio.

Antes de iniciar um novo contra-ataque, notou que alguns inimigos resistiram, então traçou um novo plano:

— Lina, já que faz tanta questão de entrar na luta, te ajudarei. Está vendo aquele monstro com os bastões de prata?

— Sim.

—  Contarei até três e, quando eu disser já, corra para perto dele. – Explicou.

— Isso se eu deixar. – Tsifer partiu na direção da garota ao mesmo tempo que Witc fazia a terra em volta do portador da arma umedecer-se e cobri-lo em seguida, apagando as chamas da criatura. Ao apanhar o objeto e virar-se na direção de sua irmã, a viu ser segurada pelo demônio. A mão direita a prendia firme pelo pescoço e a esquerda, em volta em fogo, preparava-se para desferir um forte soco.

— Lina! – Berrou o dominador de ar em agonia ao vê-la ser jogada alguns metros pela força do golpe. Logo avistou seu inimigo aproximar-se em segundos, pegando-o desprevenido.

Estava clara a diferença entre seus poderes. Tsifer retornara com carga total.

— Quanto mais terei que te surrar até desistir? Agora posso usar toda a minha magia. Você sabe quantos seres alcançam meu nível? Pouco mais de 100. Sabe quantos têm o seu? Quase um milhão.

— Esses valores são impressionantes! Se meus cálculos estiverem certos, seu poder supera o do meu irmão... Em mais de 5000 vezes. Mas tenho uma péssima notícia para você: É verdade que está entre os 100 mais fortes, pena que eu estou entre os doze. – Disse Lina a ironiza-lo e levantar-se, revelando as fortes chamas azuis em suas mãos. – Às vezes só precisamos de uma faísca para iniciarmos um grande incêndio.

— Vejo que há um gênio em meio a tantos aspirantes da magia... Agora fiquei curioso, quero ver até onde posso testa-la. – Abriu um sorriso sádico.

— Deixe minha irmã ir... Ainda posso enfrenta-lo. – Mirando o olhar para a garota, Witc gesticulou para que seguisse atrás de Akira, dessa forma, pelo menos uma pessoa do grupo conseguiria avançar.

Cheio da insistência do herdeiro, Tsifer tentou atingi-lo com um forte chute, porém, teve sua força amenizada na barreira criada pelo jovem feiticeiro. Embora ainda não fosse mestre em sua telecinese, já conseguia criar fortes proteções apenas com a força de sua mente.

Não satisfeito, um novo ataque fora lançado: Desta vez, com o corpo em volto de chamas, o demônio conseguiu romper a proteção e atingi-lo com força, fazendo sangue jorrar de sua boca com um chute no queixo para tira-lo do chão e um segundo, no abdome, que o arremessou inconsciente alguns metros.

— Agora somos apenas nós dois, menina.

***

Alguns dias antes, ilha

Era noite. O céu estava claro e repleto de estrelas. Sentados sobre os rochedos do Norte da ilha, Ippy e o druida conversavam sobre o destino de seus pupilos.

— Wechar, você acha que eles conseguirão enfrentar o destino de serem herdeiros? Quero dizer, passaram todos esses anos acreditando serem apenas humanos e, de repente, descobrem que possuem habilidades especiais, que criaturas mágicas existem e que o mundo sobrenatural não faz parte apenas da imaginação, que ele é real? – Questionou o elfo de maneira insegura.

— Amigo, há algo bastante enigmático no destino. Por mais que tenhamos conhecimento de todo nosso trajeto, por mais que tracemos metas, nunca conseguiremos estar preparados o suficiente para o que nos espera, sempre seremos surpreendidos com uma novidade, seja ela positiva ou negativa. Acredito que temos um papel importante no caminho desses jovens e descobriremos muito em breve. – Respondeu o druida com calmaria.

***

Alguns quilômetros atrás de Lina e Witc, os irmãos Olafs enfrentavam o imenso bando de criaturas com dificuldade. Descobrir qual a habilidade de cada um na ilha proporcionou aos dois a evoluírem livremente, pois aquele solo era rico em partículas mágicas e, sem que percebessem, confiaram na facilidade demasiada e nos artefatos dados por Wechar em seu último teste, no entanto, a nova realidade era diferente. Sem qualquer auxílio do local ou objeto, Mylla e Ayurik se viram encurralados.

— Ele me beijou... Ele me beijou... Ele me...

— Você vai repetir isso até quando, Mylla? Eu também posso beija-la, se quiser. – Retrucou.

— Não quero seus beijos, meu irmão. Não tire os olhos dos inimigos, não sei por que, mas não estou conseguindo lançar meus raios como antes, deve ter algo a ver com os bastões.

— É mais fácil... Eles arrancarem os meus. – Balbuciou desviando dos diabretes que saltara sobre ele.

— Você consegue criar água?

— Acha que sou uma nuvem, Mylla?! Sou apenas um mago, não um feiticeiro, mas consigo sim – Mostrou um sorriso discreto. – Quando estávamos treinando com o senhor Wechar, ele me fez memorizar vários encantos. Um deles era para a invocação elementar, mas nunca tentei.

— Então, essa é sua chance, tenho um plano.

Embora tivesse passado por um rígido treinamento, a inexperiência do jovem mago o limitava em diversos aspectos, induzindo-o a falhas consecutivas. Por outro lado, enquanto Ayurik não conseguia realizar sua parte do plano, Mylla seguia abatendo todos a sua frente, demonstrando toda a ferocidade adquirida nas artes marciais. Entre saltos seguidos de chutes e socos, a força da herdeira do raio derrubava as criaturas franzinas como papel a ser soprado pelo vento.

— Ayurik, rápido. Não vou conseguir manter eles longe durante muito tempo. – Esbravejou.

— Estou pensando, aguenta aí. – Como era mesmo aquelas palavras... Invocatis... Invoctus... Invoctutis.... Ah! Droga, não consigo lembrar!

— Só falta você falar que não se recorda de quais palavras usar... Não acredito, Ayurik! Até eu lembro desse: Swyn Ymbil elfennol.

— Isso, me humilha, ‘sabichona’! Ainda serei melhor que você, Witc e Lina em alguma coisa, vão ver. – Resmungou.

— Rápido, estão vindo mais.

— Rápido, rápido, faça isso Ayurik, faça aquilo Ayurik, eu sou ‘sabichona’ e bla bla bla... Só sabe dar ordens! – Murmurou. Agachou-se para analisar o solo em seguida, tocando a areia com uma das mãos e conjurou as palavras do encanto. Com sutileza, a água brotou sob sua mão e espalhou-se pelo chão, alcançando Mylla. – Swyn Ymbil elfennol! – Mantendo-a como um escudo em volta da irmã, o líquido exibia e intensificava as alternâncias das correntes de eletricidade em seu corpo.

— Não toque na água, meu irmão, apenas direcione-a a mim... Ela ficará bem perigosa. – A garota sussurrou com seriedade.

Não muito longe dali, após despertar suas chamas, Lina parecia ter adquirido uma pequena vantagem sobre Tsifer, desviando de seus ataques apenas dançando e assumindo o controle dos elementais de fogo remanescente, recuperando as armas e artefatos roubados.

Seus pés, leves e rápidos, a conduziam em um ritmo inesperado pelo monstro a sua frente, que tentava de forma falha acerta-la. Com rodopios graciosos, Lina apenas sentia as chamas de seu oponente passarem próximas, e brincava com isso. Ora provocando-o, ao acenar com as mãos, ora realizando passos mais complexos.

Ao dominar os elementais somente pelo toque de suas chamas, sua batalha necessitava de mais bailarinos. Como em muitas apresentações ou contos de fadas, os monstros, antes com grandes corpos e forma não definida, agora sofriam uma transformação, assumindo curvas e detalhes mais humanos, à espera dos comandos de Lina. Os parceiros da dança tão esperados pela jovem.

Um verdadeiro baile das chamas: azuis e vermelhas, grandes e sutis, coreografadas pelo rítmo agitado do confronto.

— Agora que tenho minha submetralhadora de volta, esse bracelete azul e uma espada, podemos continuar, até me sinto mais forte com eles.

— Li... Lina... volte e entregue-os... À Mylla e Ayurik. – Sussurrou o jovem feiticeiro com dificuldade, ainda caído.

— Witc?! Você está bem?

— Não se preocupe comigo... Vá!

— Não deixarei meu irmão sozinho. Você sempre me protegeu, na escola não deixava ninguém me tocar, me desafiava com enigmas complicados, me transformou no gênio que sou hoje e o principal, foi meu melhor amigo durante todo esse tempo. Agora é a minha vez de provar que valeu a pena todo o esforço que fez por mim... Witinho. – Sorriu enquanto se aproximava dele e retirava seu amuleto. – Vou pegar emprestado, mas devolvo logo. Ah, como último pedido, pode mirar toda sua magia restante em mim?

— Lina...

— Ainda não posso usar magia de nível superior a quatro, mas acredito que, ao reunir todos os amuletos e armas, poderei atacar aquele demônio em um nível forte o bastante para derrota-lo. Temos uma chance e preciso testa-la.

A tensão pareceu aumentar. O risco era grande e a ameaça de morte eminente. Ela não poderia errar, pois estava numa jogada de tudo ou nada. Concentrada em seu objetivo, Lina começou a emanar sua áurea de cor verde, intensificando as chamas azuis em suas mãos, que sutilmente foi se espalhando pela submetralhadora e transformando-a em uma nova arma, maior e mais potente. Esta, capaz de concentrar e disparar chamas por dezenas de metros.

— Agora Witc! – Bradou. A ponta da arma logo começou a brilhar, assim como o corpo de Lina, ainda frágil para tamanho poder. Unindo suas últimas forças, seu irmão fazia uma proteção para sua irmã, entretanto, logo pequenas fissuras foram surgindo por seus dedos, braços e rosto, de onde cintilava uma forte luz azul e aumentava a medida que seu armamento concentrava mais poder. A dor sentida por Lina era intensa. Seu corpo estava sendo queimado por seu próprio poder e, embora não soubesse, apenas suas chamas poderiam causar-lhe algum dano. – Não aguento... Mais. Desapareça, monstro dos infernos! – Vociferou, disparando um raio luminoso na direção de Tsifer e que pôde ser visto por qualquer um a dezenas de quilômetros. Sem energias, a jovem caiu com grande parte de seu corpo queimado. – Acho que conseguimos, Witc. – Disse ao abrir um sorriso de canto de boca.

Do alto, em sua forma real, as asas flamejantes de Tsifer ruflavam forte e altas gargalhadas eram dadas por sua declaração de vitória.

— Seu ataque foi poderoso, menina, mas se eu fosse vocês, não comemoraria ainda, afinal, agora que a diversão começou.


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Notas finais do capítulo

Feitiço usado por Ayurik: Encanto de Invocação Elementar

Próximo capítulo: A Clave de Sol

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Até breve!