War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 27
Capítulo 24 – O Desafio dos Herdeiros


Notas iniciais do capítulo

Início do último arco de Renascença: Disparada.
Estou postando só agora, pois queria fazer uma surpresa, mas acabei demorando um pouco mais do que eu esperava para termina-la kkk. Estão marcadas de azul pelo capítulo. :D

Boa leitura!!!



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~ Capítulo 24 – O Desafio dos Herdeiros ~

 

Com o retorno de seu filho, Rose voltara a ter companhia e com quem partilhar todo o seu afeto que distribuía por seu jardim, pois não via sua irmã a dois dias, a qual visitara diariamente. A volta de Witc trouxera felicidade ao coração da senhora Ryser, mas também inquietação.

Logo após descobrir que o garoto havia sido deixado em uma ilha, a qual fora atacada por demônios, seu lado maternal, acompanhado por um forte sexto sentido, falou mais alto. No dia anterior teve forte sensações de estar sendo observada.

— Hum, esses biscoitos ficaram com uma ótima cara! Assim que Witc chegar com Ayurik e Mylla, farei uma surpresa de... – Antes que pudesse concluir sua ideia, uma forte ventania vinda da floresta abriu a janela da cozinha, balançando as cortinas freneticamente. Ao aproximar-se para fecha-la, Rose avistou o parecia ter a forma de um homem com uma longa calda, a observa-la das sombras, e que sumiu em uma piscadas de olhos, causando-lhe arrepios.

Quase noite, as luzes na maioria das residências e ruas já se encontravam acesas. Alguns minutos se passaram em plena calmaria. Sem ninguém por perto, a senhora Ryser seguiu com seu costume de manter tudo em perfeita ordem e simetria. Andando pela casa a procura de algo desajeitado, voltou a sentir como se não estivesse sozinha ao ouvir barulhos estranhos vindos do andar de cima.

— Será que Witc está entrando escondido pelo quarto? Isso é típico de adolescentes. – Sorriu. – Filho, mamãe está indo ver o que o senhor anda aprontando.

Aparentemente não havia ninguém, apenas o relógio cuco, preso à parede entre os quartos, que encontrava-se ligeiramente torto. Rapidamente ela o arrumou e retornou à sala. Enquanto descia as escadas não pôde perceber, mas algo moveu-se pela parede entornando o relógio novamente.

Enquanto aguardava a chegada de seu filho, sentou-se sobre o sofá e ligou a televisão para matar o tempo. O jornal que passara naquele momento transmitia uma reportagem de urgência:

 Estranhamente, milhares de pássaros parecem estar deixando a região Oeste de Parlahir e partindo para o Norte. O fato chamou a atenção de vários biólogos, pois, segundo eles, não estamos em temporada de migração. Outro fato curioso ressaltado por eles é que, não só as aves estão deixando a região, como diversas espécies de mamíferos, répteis, insetos...

Misteriosamente, o aparelho desligou sozinho após uma nova rajada de vento, causando estranheza à Rose. Mais uma vez ouviu barulhos no andar de cima, mas desta vez também escutou ranhuras nas janelas e o estalar de panelas batendo na cozinha.

Preocupada, os calafrios ficavam mais fortes a cada segundo. Em passos rápidos subiu as escadas e voltou a verificar o relógio, desta vez caído sobre o chão. Ao colocá-lo em sua posição de origem, o estranho ser que avistado na floresta e que a observava a alguns minutos surgiu preso à parede como lagartixa, exibindo todo o terror de sua pele lisa e cinzenta combinada aos grandes olhos amarelos que a encaravam a poucos centímetros.

Ah! – Berrou continuamente tomando o caminho de volta. Próximas às janelas, inúmeras outras criaturas tentavam invadir o local. Em agonia, correu até a cozinha, onde poderia pegar algum utensílio para se defender. No entanto, deparou-se com os pequenos e maldosos diabretes a bagunçarem a área e prenderem Joy no forno, quando escorregou em um rolo de massa e viu o demônio saltar sobre ela, provavelmente planejando como matá-la, quando Escófia, a gata de estimação, saltou sobre suas costas, arranhando-o inúmeras vezes. Ele logo a agarrou com uma das mãos e a jogou contra a parede. Ao estender suas garras em direção a Rose, uma voz chamou seu nome:

— Rose, feche os olhos! – Gritou Shawn, disparando uma forte luz a partir de sua mão contra o demônio, partindo-o ao meio. – Você está bem?

Ainda em estado de choque, ela desferiu uma tapa na face de seu marido. – Como você pôde abandonar três crianças em uma ilha? Onde esteve com nossa filha nesses dias? Quem é esse seu amigo? Ele existe? – Bradou nervosa.

— Ei! Ei! Ei! Calma aí! Você podia me agradecer, sabia? Acabei de salvar sua vida, e nossa filha está bem.

— Oi mamãe!

— Querida?! – abraçou-a fortemente.

— Ai, está... Muito forte... Já pode me soltar? – Balbuciou Lina.

— Agora não temos tempo para muitas explicações, temos que nos livrar deles e dos outros que estão lá fora. Afastem-se. – Shawn rapidamente criou pequenas esferas de luz em seus dedos e disparo-as contra os diabretes na cozinha, destruindo-os. Decompor!

Em seguida, Rose soltou o beagle preso no forno, pegou o felino e seguiram para a sala, onde havia uma porção de armas escondidas sobre o assoalho.

— Onde está Witc?

— Na casa de Ayurik, mas já deve estar voltando.

— Não podemos esperar. Lina, tome isso – entregou-a uma submetralhadora. – Isso irá protegê-la até a casa dele. Se meus planos tiverem corrido como penso, seu irmão poderá defende-la no caminho de volta.

— Consigo me virar sozinha, papai! – Brincou. – Volto logo.

— Certo. – Respondeu enquanto prendia um revolver à cintura e carregava um rifle.

— Shawn, você está maluco? Desde quando temos armas em casa? E como você entrega aquilo à nossa filha? – Rose continuava a tagarelar sem entender nada do que estava acontecendo.

— Abaixe-se, querida. – Com o rifle em mãos, disparou de forma certeira contra o dragólion que se aproximava da janela, uma criatura de aproximadamente um metro e meio, com cabeça e corpo reptiliano, calda curta e asas que se estendem desde a ponta de seus membros superiores até seus pés. – Como disse antes, não temos tempo para tantas conversas.

— Seu amigo, o professor, veio aqui mais cedo. Disse que precisavam se encontrar com... – Suas palavras foram cortadas pelo toque do telefone.

— Alô!

Olá, Shawn, Aqui é o Zenkatsu. Desculpe-me pela falta de cordialidade, mas já deve ter percebido o que está acontecendo em Déviron Garden.

— Sim.

Caro, hoje mais cedo tive outra visão, foi bastante confusa, mas com as técnicas que me ensinou, consegui visualizar grande parte do que faltava. A esfera de poder finalmente deixou seu estado inercial. Tem mais uma coisa, acredito que acontecerá algo próximo a sua casa, então, tenha muito cuidado, amigo. Estou saindo para ajuda-lo, chegarei em alguns minutos.

— Certo, até mais.

Até.

Pelas vidrarias, Rose avistou um Réuson, gigantes bípedes de até 16 metros de altura, sair da floresta derrubando as árvores a sua frente e seguir à cidade enquanto seus fortes passos faziam o chão tremer.

— Sha...Shawn, o que é... Ai meu Deus... – Trêmula pelo medo, ela desmaiou sobre o sofá.

— Caramba, tomara que as crianças estejam bem. – Disse preocupado. – Talvez eu precise de uma arma maior e mais poderosa que um simples rifle.

No jardim, regressando ao mundo exterior pela primeira vez desde o incidente em 1988, Ádrian se preparava para executar o próximo passo de seus planos, criando um imenso círculo mágico em volta da residência dos Rysers e desaparecendo em seguida.

Algumas quadras dali, desviando das criaturas que podia e atirando nas que tentavam impedi-la de seguir, Lina conseguiu chegar à casa de Ayurik, derrubando a porta de entrada ao ser jogada por uma espécie de ogro.

Ai! – Reclamou ao levantar-se e encontrar seu irmão e os outros. – Essa doeu. Oi Witc, Ayurik, Mylla, senhor e senhora Olaf... Voltei! – Se apresentou sorridente. – Mas tem um bicho lá fora que precisa de uma boa surra. – Disparou vários tiros contra o monstro até cair para trás com o impacto da arma e matar a criatura.

— Quando você voltou? – Indagou Witc.

— A quase uma hora. Vamos, papai está nos esperando. Vocês também devem vir.

Aproximando-se da porta, Witc notou que vários lugares estavam sendo atacados por seres que nunca viram. – Tudo bem, acho que chegou a hora de nos tornamos heróis, pessoal.

As ruas estavam tomadas por bandos de diabretes, demônios que se esgueiravam e ganhavam poder próximos às chamas e dragólions que voavam sobre eles, quando, entre o caos, quatro jovens surgiam limpando a bagunça em seu caminho:

A pequena artilheira de cabelos brancos, que não poupava disparos para derrubar os répteis alados que atravessavam a sua frente. Ao seu lado, a espadachim que refletia o brilho de um raio em seus olhos, fatiando rapidamente os diabretes que se aproximavam. Alguns passos atrás, o garoto com o símbolo da Lua em seu pulso liberava a água dos hidrantes, enfraquecendo os demônios entre as chamas ao passo que e o feiticeiro com olhos de dragão os jogava contra o rígido asfalto repetidas vezes apenas com o poder de sua mente e a força do vento.

Protegidos um pouco mais atrás, os senhores Olafs seguiam com eles.

Com a coragem do grupo não foi difícil retornar à casa dos Rysers. Protegidos pelos garotos, que destruíam os inimigos próximos, os pais de Ayurik se juntaram à Rose e Shawn. Finalmente livre dos diabretes e outros demônios maiores, porém, não tão fortes, seguiram em direção ao portão.

— Parem! Não entrem aí! – Gritou ainda longe um homem alto, de óculos e cabelos longos. Aproximando-se, ele explicou: - Meu nome é Zenkatsu Kotaro, sou professor antropologia no IPPA, sou amigo de Shawn e vidente. Há runas em volta da casa, ficarão presos se entrarem.

Aproximando-se deles, Shawn tentou atravessar o portão de saída, mas uma forte energia o repeliu, revelando as runas.

— O que devemos fazer? - Questionou Witc a Zenkatsu.

— Eles já sabem, Shawn?

— Sim.

— Certo, é o seguinte: A esfera de poder foi lançada e, ao que tudo indica, logo estará bem próxima daqui, precisam encontra-la primeiro. De algum lugar do planeta ela iniciou seu ciclo, o que agitou todo o equilíbrio mágico. Em uma visão pude notar a caverna das duas gargantas. Milhares de criaturas bizarras estão indo para lá, deve ser algum tipo de portal. Muitas desejam o poder divino, inclusive os demônios. Se tomarem o caminho do parque após a igreja e seguirem ao Norte, deverão percorrer pouco mais de 100 quilômetros, mas não se preocupem, tentarei tira-los daqui e seguiremos assim que pudermos. Evitem qualquer tipo de confronto, pois estarão em desvantagem numérica e de poder. Agora vão. – Ordenou.

Em lágrimas, Rose se despediu mais uma vez de Witc e Lina. – Filhos, cuidado com esses bichos, ficarei aqui, torcendo para que tudo dê certo... Mamãe ama vocês!

— Também amamos você! – Responderam abraçados.

— É isso aí, bebês da mamãe, também amamos vocês, vão com fé e se tornem os heróis de Déviron Garden. – Disse a senhora Olaf.

— Mãe, corta essa de “bebês da mamãe”, é muito constrangedor. – Comentou Ayurik.

— Pode deixar, cuidarei desse “bebesão” aqui. – Mylla agarrou seu irmão enquanto ria.

— Deem o melhor de vocês, garotos. Sejam os herdeiros que mudarão o mundo e nos encha de orgulho. Boa sorte! – Bradou Shawn.

Como pedido, os quatro seguiram entre as ruas desertas da cidade. Estava frio e escuro. Não parecia ter um sinal de vida em Déviron Garden. Ao avistarem a igreja de uma esquina próxima, também puderam ver o colossal Demoxon em sua forma real, tão grande quanto os Reusons, agarrado à torre do prédio. Mais abaixo, sobre a praça, Tsifer com seu exército de elementais de fogo e uma guitarra em chamas em suas mãos.

Neste momento, Ayurik e Lina rapidamente perceberam que ele fazia parte da estranha banda de rock que aparecia na cidade há oito anos. Quase ao mesmo tempo também ouviram os comentários de Demoxon “Esses herdeiros não podem nos vencer”, “Com metade deles ainda descobrindo seus poderes e um quarto deles a menos, suas forças foram reduzidas em mais da metade”, “É o fim dos guardiões! Essa guerra é nossa!”. As sequências de falas foram seguidas pela destruição do prédio sagrado com apenas um soco do demônio.

— Talvez ele tenha razão, Witc. Não podemos derrota-lo, o que um simples mago pode fazer contra aquele monstro? – Amedrontado, Ayurik quis retornar, mas fora impedido por uma tapa de Mylla.

— Você acha que também não estamos com medo? Somos apenas adolescentes que deveriam estar estudando, não caçando demônios. Talvez, assim como nós, deve haver outros na mesma situação ou até pior, sem família ou amigos por perto. Nossos pais confiaram em você, não pode falhar com eles.

— Acho que todos estávamos precisando ouvir isso depois do que vimos, obrigado Mylla. – Witc a complementou. – Vamos continuar, nós precisamos. Ainda não descobri como salvar o Don e não consegui pedir ajuda ao meu pai, mas sei que conseguirei e sei também que nossa prioridade é encontrar e proteger a esfera que o Senhor Zenkatsu tanto falou.

— Exato – Estendendo a mão ao centro do grupo, Lina sugeriu um pacto. – Isso por nós, herdeiros e por nossos amigos. Protegeremos a todos com nossas próprias vidas.

Ayurik, um pouco mais animado, mesmo estendendo a mão, indagou timidamente: – Assim como o War Angel?

— Assim como o War Angel. – Olhando-se, Mylla e Witc ao estenderem as mãos juntos e responderam.

Após gritarem em só coro “Assim como o War Angel”, adentraram pelo bosque em disparada, mas não foram os únicos. Todas as estradas estavam tomadas por criaturas com o mesmo objetivo dos herdeiros. Igualmente as florestas e os céus estavam tomados. A corrida pelo prêmio principal havia iniciado, e possuir uma habilidade não era mais uma escolha e sim uma necessidade, pois apenas os mais fortes irão sobreviver à guerra declarada.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: O Selo da Promessa

Até mais!!!