War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 26
Capítulo 23 – De Volta a Parlahir


Notas iniciais do capítulo

Finalmente terminou o segundo arco do livro e, no próximo capítulo inicia-se o arco final: Disparada. Ah, como minhas aulas voltam em Março, tentarei terminar o livro antes disso, então ficarei postando com mais frequência.

Boa leitura!!!



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~ Capítulo 23 – De Volta à Parlahir ~

 

Os planos de Neptulon ocorreram perfeitamente. O rei, logo que soube da chegada dos seres da superfície à Seiland, percebera que não eram meros humanos, ou não teriam sobrevivido, e logo tratou de captura-los. Agora, cercados por seus soldados e diante dele, a execução dos quatro parecia ser a melhor opção.

— Não se preocupem meninas. Afinal, o que será da nossa honra como pais se não pudermos proteger nossas filhas, não é mesmo, senhor mago? – Um leve sorriso brotou no rosto de Shawn.

— Ora essa, não precisa me chamar de senhor. Ainda sou bem jovem, feiticeiro. – Riu. – Está na hora. Poderia criar um pincel para mim?

— Claro.

— Peguem-nos. – Ordenou Neptulon. – Quero todos esses demônios mortos. – Um pouco mais atrás, Mel os observava.

Além de manipular elementos, Augusto também conseguia condensar partículas mágicas nas cédulas de pincéis e criar runas de suporte no ar, direcionando-as para seus aliados. Sem perder tempo, os envolveu em escudos de ar, aumentando a defesa dos quatro e, em seguida, já flutuando sobre a cabeça de todos, o mago desenhou um novo círculo mágico com escritas para a amplificação de poder e leveza, fazendo-o descer e envolver Shawn.

— Lina, vamos pegar aquela garota traidora.

— Agora não, meninas. É minha vez. – O feiticeiro correu até um soldado a sua frente, subiu por seu corpo e como uma foice de vento, saltou sobre os outros girando pelo ar e flutuando sobre todos em seguida. – Sinto muito por isso. Transformação em massa!— Ele estendeu suas mãos como em uma cerimônia. Luzes saíram por seus olhos e boca, e logo em seguida um clarão correu por toda a sala. Todos os metais que compunham armaduras e armamentos haviam se transformado em pétalas violetas que se espalharam e decoraram o chão tal como um tapete.

— Seu maldito! – Resmungou Neptulon, aparentemente intacto.

— Rose amaria ver isso. – Ou não. Assim ela descobriria como consegui decorar aquele quarto com tantas flores vermelhas durante nossa Lua de Mel. Pensou e riu internamente.

Ele retornou para junto dos outros e iniciou uma negociação com o rei. – Não desejamos lutar, apenas sair daqui. – Puseram a se encarar durante alguns segundos.

— Malditos. Ainda não terminei. – Retirou uma espécie de tridente dourado do apoio de seu trono. – Matarei todos vocês.

Aquilo não havia sido citado nas ordens dadas a Mel. Seus olhos tremeram e, em seu semblante, as expressões de desespero foram moldadas pelo sentimento de culpa que a corroía.

— Não aceitarei ordens de nenhum demônio. – Bradou Neptulon.

— Não somos...

— Odeio vocês.

— Isso não fazia parte do plano. O senhor me disse que apenas iria conversar com eles! – Gritou Mel ao sair das sombras e tomar a dianteira do grupo a sua frente.

— O que está fazendo, menina? Volte para cá. – Ordenou apontando o tridente para ela.

— Não posso, pai. – Deu mais um passo para trás.

— Não defenda essas criaturas sombrias. Deviam ser exterminadas assim como aconteceu na grande guerra. Filhos daquela criatura assombrosa que vive nesses mares.  – Como um estralar de dedos, Mel entendeu o que queriam dizer as vozes que sempre ouvia.

— E se eu for uma bruxa? O Senhor também me odiaria e tentaria me matar?

— Do que está falando? – Franziu a testa. – Claro que não.

— Uma vez, certa voz me disse: O oceano é seu jardim e algum dia deverá cultivar as plantas que dele nascem. Agora entendi o que isso queria dizer. Seiland está cercada por criaturas que nasceram nesse Mar. Elas são as plantas que devo cultivar. Por isso, também sou como eles. Sou a emissária de Seilyn! – Bradou a Jovem envolta por uma áurea em forma de um réptil e de cor azul. – E essa mesma voz está me dizendo que você não é meu pai, é um impostor.

O que ela diz faz sentido: Segundo os registros, Neptulon foi um dos doze, o maior mago elementar que já existiu e aliado do War Angel, mas foi morto na grande guerra, seria impossível o encontrarmos vivo atualmente, talvez como herdeiro, embora eu não acredite que seja possível herdar o poder de um mago, mas jamais em sua aparência antiga. Pensou Augusto.

— Eu sei uma maneira de descobrirmos a verdade. – Shawn se aproximou do rei, agarrou seu tridente e conjurou um simples feitiço: Revelar! Sendo o suficiente para trazer à tona a verdadeira forma da arma: Um mero cajado de madeira.

— Como pôde? Como se uniu a eles? – Falou Neptulon em um tom mais brando desta vez.

— Como você pôde enganar todos em Seiland? Nenhum deles está aliado aos demônios. Os anos que passei presa naquele quarto foram suficientes para eu ler centenas de livros. Procurei sobre a vida marinha, terrestre, e estudei diversos assuntos sobre magia e religião.

— Por que, filha? – Soltou seu cajado para aproximar-se da jovem.

— Não me chame de filha, não tem esse direito depois de tudo o que fez. Eu não tive com quem brincar ou conversar depois da lei que você criou. Eu... Eu nem fiquei tão machucada naquele dia. Você consegue imaginar o quanto me senti solitária durante todo esse tempo? E finalmente, quando penso que poderei conversar com alguém, ter amigos, você decide mata-los por possuírem habilidades especiais? Vai tentar me matar também?

— Não fale assim comigo. Tudo o que fiz foi tentando protege-la...

— Eu sei me proteger. Vou completar dezoito anos dentro de alguns dias. Segundo suas próprias leis, serei a herdeira do trono por direito, o qual nunca deveria ter pertencido a você. Onde estão meus pais verdadeiros?  

— Se faz tanta questão de saber, eu direi: Foram mortos, assim como minha esposa, em uma expedição ao Santuário de Seilyn quando você era apenas um bebê. Ao nascer, você possuía escamas em várias partes do corpo, tais como a de um réptil. Várias pessoas foram enviadas em busca de respostas, mas nenhuma retornou.

— Isso sim faz sentido. Lembro-me bem desse período. Realmente presenciei a rara condição da princesa. – Complementou o pai de Lídia.

— Sim, eles estavam dispostos a fazer qualquer coisa para ajudá-la, então partiram. Éramos grandes amigos, e seu pai havia deixado por carta que, caso ele e sua esposa viessem a falecer, eu herdaria o trono até sua maioridade. Tive muito medo de falhar com meu melhor amigo, mas ao que parece, exagerei, perdoe-me, princesa.   

— Então... Meu poder os matou?

— Não pense assim! – Ele a confortou entre seus braços. – Senhores, meninas, peço perdão pelo ocorrido. Não imaginei que a verdade seria revelada dessa forma. Há alguma coisa que posso fazer por vocês?

— Tudo bem, senhor. Também somos pais e sabemos o que um pai faz por seus filhos. E, como ofereceu ajuda, eu gostaria de poder retornar à superfície. Minha vida é lá, com minha família. – Shawn o respondeu.

Não! Pensou Lídia preocupada.

Tentando recobrar o ânimo, Mel fez uma proposta a todos.

— Tenho uma ideia: Há um tempo venho treinando escondida, na esperança de um dia poder ir à superfície, ver um Sol de verdade e acho que posso ajuda-los a retornar.

— Ah, ainda há algo que podemos fazer por vocês. – O rei chamou um de seus guardas e cochichou em seu ouvido. Em alguns segundos, ele retornou trazendo uma senhora, que, para a surpresa de Augusto, era sua esposa Joana.

— Mamãe? Como veio parar aqui? Como superou seu medo de sair de casa?  – Perguntou Lídia surpresa.

— Decidi que era a hora, não tinha mais nada a perder... Meu marido estava preso e minha filha já está bem crescidinha. – Riu.

— Estou tão orgulhosa de você, mamãe! – Joana aproximou-se de sua filha e seu esposo, abraçando-os fortemente.

***

Na manhã seguinte

         Chegando próxima ao portão de entrada de sua casa, Rose viu Witc se aproximando na companhia de Ayurik e Mylla. Rapidamente soltou a sacola de pães que segurava e correu. – Filho!

— Mãe! – Eles se abraçaram por alguns segundos.

— Onde está Lina e meu pai? – Indagou enquanto observava para os lados.

— E eles não estavam com vocês? Que machucados são esses?  – Witc balançou a cabeça negativamente. – Ai meu Deus! – Murmurou com as mãos sobre a boca.

— Meu pai não está aqui?

— Não. Faz alguns dias que ele partiu. Sua irmã estava muito ansiosa e pediu diversas vezes para vê-lo novamente. Meu Deus! O que terá acontecido?

— Eles devem estar bem, mãe. – Espero. Pensou e mudou e assunto em seguida. – Vamos entrar. Estou com muita fome.

— Mas... Tudo bem. E seus amigos? Mylla e Ayurik?

— Eles já vão longe, com certeza também estão com muita saudade de seus pais. Mamãe, a senhora não vai acreditar no que vimos lá. – Começou contar sobre suas histórias de aventura na tentativa de acalma-la e tirar de foco sua preocupação.

***

Instituto de Pesquisas em Paleontologia e Arqueologia - IPPA, Curso de Arqueologia.

— Sabemos que, assim como em diversas culturas antigas, também foram encontrados crânios deformados ou alongados, como queiram chamar, na cultura dos pígeias, uma civilização do continente Amarelo. – Apoiou-se sobre sua mesa. – O que mais me chama a atenção, é que Ekaton, um dos maiores líderes do pígeias, também possuía o crânio estranhamente alongado... – Foi interrompido por um questionamento.

— Professor? – Uma aluna levantou a mão.

— Sim?

— Já li em algumas revistas que mostravam Ekaton como um ser de outro planeta ou dimensão.

— Qual o seu nome? – Levantou-se e foi em direção a jovem.

— Samara. – Respondeu.

 - Bem, Samara... Na época, acreditava-se que ele procedia de uma linhagem direta dos deuses e que eles desceram das estrelas. Atualmente, há muitas controvérsias sobre o assunto: Alguns defendem com unhas e dentes a teoria dos deuses extraterrestres ou de outras dimensões, e outros, que a deformidade não passou de uma doença. O que posso afirmar para vocês, é que até hoje, a ciência não conseguiu provar a relação entre a anomalia dos crânios e qualquer doença conhecida.

— Professor Zenkatsu – Desta vez, um jovem de dezoito anos levantou a mão e fez uma nova pergunta. – Você falou que acreditavam numa descendência direta dos deuses. Isso tem algo a ver com as maldições das pirâmides? Explico: Seriam as maldições uma forma que esses deuses encontraram para proteger seus tesouros ou poderes?

— Diversos escritores e historiadores alimentam a fantasia das maldições encontradas nas tumbas dos pígeias. Contudo, não se sabe ao certo quando isso começou e por qual motivo. – Exclamou o professor.

— Você acredita que elas realmente estejam enfeitiçadas e que a tentativa de explorar áreas mais restritas ou violar os túmulos possa matar quem tente?

Zenkatsu engoliu a pergunta em seco. Rapidamente, as imagens da cena do incidente no dia de sua formatura vieram à sua mente com uma enxurrada de lembranças que ele não gostaria de guardar. Zenkatsu retirou seus óculos e tentou responder. – Bem... – Sua fala foi atravessada por uma visão. Lentamente, o objeto caiu sobre o piso da sala, assim como o corpo do professor.

— Uma luz esférica? Espere um pouco. Ainda estou em Déviron Garden! Mas não sei em qual rua...

[...]

— Que risadas são essas? Elas parecem vir da praça da igreja.

[...]

— Aquela é a residência de Shawn. Aquelas crianças... Estão correndo para algum lugar... – Seu corpo foi levado à tumba dourada. – Ela está brilhando. O que está acontecendo?

[...]

Viu um sorriso irônico e logo em seguida, os olhos azuis de Ádrian.

— Professor, professor. O senhor está bem? – Indagou a menina preocupada.

Acordando-se repentinamente, Zenkatsu parecia estar bastante assustado. – Sim, foi apenas uma tontura passageira. – Disse ao levantar-se. – Se me dão licença, preciso sair. Por hoje é só. Estão liberados. – Recolheu os livros sobre a mesa e deixou a sala em passos rápidos.

— E quanto a minha pergunta, professor? – Insistiu o aluno.

Ele retornou à sua carteira e, antes que pudesse responder, uma pequena ave chocou-se contra uma das vidraças da sala, dando-lhe ímpeto para expressar sua opinião sincera: - Sim... Acredito. Agora tenho que ir. – Tocou seu ombro e saiu.

— Tudo bem. Muito obrigado. – Sorriu.

Preciso avisar a meu amigo Shawn. Por que será que vi seus filhos correndo? Por que aquela maldita tumba estava brilhando? E Ádrian? Será que sobreviveram? Inúmeras perguntas surgiram em sua mente. – Olá! – Cumprimentou um colega de trabalho que acabara de cruzar seu caminho. Preciso avisa-los o quanto antes. Desceu os degraus da calçada no fim do corredor e prosseguiu pelas gramas do jardim do Instituto, de onde avistou uma nuvem de pássaros migrando em direção ao Norte em disparada. – Que estranho, ainda é muito cedo para o período de migração. Isso só mostra que algo estar para acontecer. – Então seguiu até chegar a rua para encontrar um taxi.

***

— O feitiço que desenvolvi é capaz de criar uma película protetora em volta de vocês para leva-los de volta à superfície em segurança, assim não sofrerão com a forte pressão sobre seus corpos, na verdade acredito que tenham chegado até aqui dentro delas... Talvez foram pegos pelas bolhas por coincidência.  

— Nunca visitei esse lugar antes. – Uma enorme caverna era escondida atrás do Palácio Real. Sua entrada possuía cinco metros de altura, e em seu interior, essa medida podia ultrapassar facilmente os trinta. No fundo, uma grande abertura por onde poderia sair para além do escudo de Seiland. – Posso vir aqui outras vezes?

— Claro que sim, Lídia. – Ela colocou suas mãos sob a água e pequenas ondas surgiram. – Por sorte, a água está na temperatura ideal e há uma corrente marítima próxima daqui. – Levantou-se.

— Amiga... Sentirei tanta saudade. – Balbuciou a jovem metamórfica com lágrimas correndo por sua face. – Por que minha única amiga tem que ir embora?

— Ora essa. Também sentirei, minha amiga sereia. – Elas se abraçaram intensamente. – Não fique triste – Cerrou o braço sobre os olhos. – Mel lhe fará companhia. Ela é muito inteligente. Poderá lhe ensinar diversas coisas. – Agarrou suas mãos. – Agradeço muito por conhecer alguém tão incrível, engraçada e especial para mim como você.

— Não fale isso, senão, irei chorar mais ainda. – Abraçaram-se novamente.

— Não queria ser estraga prazer, mas nossa deixa chegou, filha. – Disse enquanto se despedia de Augusto e Mel. – Lina? Sua vez de entrar para a película. – E assim ela fez.

— Não se preocupem com a pressão. Ela irá regula-la da mesma forma que fez quando vieram até aqui. São bem adaptativas. – Explicou a princesa.

— Se cuida, Lídia. – Gritou Lina.

— Você também. – Foi para o lado da futura rainha de Seiland, seu pai e sua mãe, a quem abraçou para amenizar a dor da despedida. Acenou de leve.

Não por acaso, criamos laços tão fortes, que nada pode superar, nem mesmo a distância. Lídia, espero nos vermos novamente. Fique forte, amiga.


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Notas finais do capítulo

Final do arco Herdeiros

Próximo capítulo: O Desafio dos Herdeiros

Até breve! :D