A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 3
Está feito | A Seleção


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Primeiramente quero me desculpar por ainda não respondido ninguém do capítulo anterior, mas aqui em casa está uma correria que só Deus sabe.
Segundamente, mais uma vez peço desculpas pelo capítulo não estar betado, mas a beta, a Leeh, está atarefada com a escola, assim como eu, e se tiver algum erro, me culpem. Eu escrevo muito rápido, acabo esquecendo palavras, hífens e etc, mas será editado depois.
Não queriamos deixar esperando por mais tempo, então optamos por postar logo esse capítulo, e espero que vocês gostem, e me perdoem se ficou muito extenso. Eu cortei algumas partes falando sobre outros Distritos, como é a distribuição alimentar, mas é que, como é o início, são muitos detalhes.
Hm... A música do capítulo é "Take Me To Church", Hozier, como disse no capítulo passado, e quando ele estiver com a Delly, no final do capítulo, seria bom, para entrar no clima, mas faço preferência na versão da Demi. O vídeo oficial da música me deixou um tanto raiovosa. Não concordo com o início do vídeo, com toda e absoluta certeza, mas o que custa respeitar uns aos outros?! Por que tanto ódio?!
Glau, Jujuba, Lalá, Flávia, Gabrielli, Paulinha, Leeh, WildestDream e Sweet, muito obrigada pelo comentário e incentivo de vocês, sério. Notei que gostam de capítulos longos, e virão capítulos com umas seis mil palavras aí, mas por enquanto, são três, dois, quatro mil, e prometo não dividir mais, está bem?
Muito obrigada a todos que estão acompanhando, e espero que gostem desse, com a opinião do Peeta sobre a Família Real e como ele age quando está em família. Boa leitura, gente! Beijos!
AVISO: Nesse capítulo, há algumas cenas mais íntimas do Peeta e Delly, mas nada acontece, no final. Quem se sente ofendido, ou não gosta, tem algumas cenas, mas não tem nenhuma palavra ofensiva ou pensamento explícito.



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Posso ter nascido doente, mas adoro isso
Me ordene sarar
Amém, amém, amém

Me leve à igreja
Louvarei como um cão no santuário de suas mentiras
Vou lhe confessar meus pecados
Assim você pode afiar sua faca
E me oferecer essa morte imortal
Bom Deus, me deixe te dar minha vida

– Take me to church, Hozier

– Acho que você deveria colocar francês. – minha mãe sugeriu

– Mas eu não falo francês, mamãe... – respondi, suspirando profundamente

– Mas Pedro! É mais uma chance! – sacudiu-me, e pude sentir meus olhos se encherem d’água, por ela não acertar meu nome

– Mãe, meu nome é Peeta. – segurei sua mão pequena e fina, que mesmo com marcas, de tanto segurar panelas, mexer horas e horas com uma colher de pau diversos doces, sua especialidade, não perderam a delicadeza – E eu não falo francês. Apenas Amélia e Stuart, lembra? Eu só falo inglês, espanhol e italiano.

– Mas e o alemão? – estava confusa

– Mandy quem domina. Só ela. Eu nem sei como se diz olá em alemão ou francês. – suspirou profundamente, então beijei suas mãos – O que a senhora acha de cozinhar um pouco? O pai de Delly disse que é bom fazer algo que goste.

– Eu quero te ajudar... – baixou os olhos – Eu gosto de ajudar vocês, e não tem muita coisa para fazer na cozinha, querido. Você sabe, não sabe? – suspirei derrotado

– Sim, mãe... eu sei... vai ficar tudo bem, ok? Eu prometo, gata. – ela riu, me dando um abraço. É uma brincadeira nossa, ficar “paquerando” um ao outro. Ela é a mulher da minha vida! É a minha mãe!

Beijou o topo da minha cabeça – Se essa seleção for uma farsa... e o rei selecionar quem estará ou não, ele não está apto para continuar governando este país. Você é demais.

– Obrigada, mamãe. A senhora também é. – fechei os olhos, apreciando seu carinho, sentindo seu cheiro de açúcar e canela, do qual sempre me acalmou.

– É, eu sei que sou. Agora vai, e termina de preencher isso. – e saiu, deixando-me rindo, balançando a cabeça em negativa, embora eu seja fã de sua personalidade pouco afetiva. Quando ela demonstra seu amor, é impossível não acreditar que ela nos ame.

A felicidade que estava em mim sumiu, logo ao me lembrar das palavras de Delly. Contei para meu pai, que minha mãe tem alzaimer, e nunca o vi chorar tanto. Por sorte, estávamos a caminho de casa. Ele parecia que ia morrer, de tanto soluçar, a ponto de nem conseguir andar. Fecho os olhos e me lembro de nós dois, e depois eu tendo que guiá-lo para o banco mais próximo, ignorando os olhares curiosos.

Pior do que se esquecer, é ver alguém que ama se esquecer de você, assim como todos os sentimentos envolvidos.

– Precisa me dizer o que está havendo. – Amélia disse, massageando meus ombros, e eu gemi baixinho, apreciando a massagem, e fechei os olhos

– Pelo amor de Deus, qual é o seu problema? Por que sempre chega de repente? – ela riu, ainda massageando meus ombros – Obrigado pela massagem.

– Não há pelo que me agradecer... – disse suavemente – Pode colocar um sorriso na cara, enganar a todo mundo, inclusive a mãe ou o pai, mas eu sou sua irmã gêmea. E a Stacy e Amanda servem para isso. Me contar o que escapa por meus olhos. – sorri torto, mas não poderia contar o que estava acontecendo. Elas não merecem passar por isso.

– Eu vou trabalhar aos domingos também... – confessei baixinho

– Peeta Ryan Mellark, se você sair para trabalhar aos domingos, eu vou arrumar um emprego! – deu um tapa na minha nuca

– Ai! Qual foi? – me virei um pouco para olhar em seus olhos cor de mel, como de nossa mãe, mas temos os mesmos fios loiros,com cachos nas pontas, só que nela a deixa com um ar de princesa, já que caem como uma cascata até quase sua cintura. Na raiz são claros,e vão escurecendo até as pontas, naturalmente – Não está sendo suficiente, Mel. – ela suspirou

– Eu sei que não, P... mas você não pode arrumar mais um emprego. Quase não te vejo! Ai você ainda quer se ausentar aos domingos?! O que é que está acontecendo? Se você não me contar, eu vou descobrir, e se eu descobrir, ou melhor, quando eu descobrir, nunca mais vou falar com você! – abaixei os olhos, voltando a olhar para a ficha de inscrição, e meus olhos ficaram cheios d’água, mas nenhuma lágrima caiu.

– Ela está com alzaimer. – contei, batendo com a ponta da caneta na mesa – Os remédios não anulam a doença, mas alivia os sintomas. – um silêncio tomou conta do quarto pequeno, que de uma forma bem confortável, não sei como, dorme eu, Amélia, Stacy, Amanda e Stuart. Ben dorme com nossos pais.

– Quando você soube? – pude ouvir a cama fazer um barulho, indicando que ela havia se sentado

– Há três dias. – olhei para ela, que tinha os olhos quase verdes por causa das lágrimas – Me perdoe... não queria fazer você sofrer. – assentiu, com as bochechas ficando marcadas pelas lágrimas

– Ela vai parar de trabalhar, então eu tomo o cargo dela, e de ajudante no restaurante. – afirmou – Você não pode me impedir. – assenti serenamente, derrotado – Stacy pode muito bem dar conta da casa e de Ben. Mandy cozinha muito bem, enquanto Stuart termina de estudar. Você não vai trabalhar aos domingos, assim como ninguém. Papai vai sair de dois empregos. Eu vi que ele anda muito mais cansado que o habitual, e você sabe que isso é um grande problema, não sabe? – assenti, sabendo que é verdade. – Papai tem problemas pulmonares sérios, assim como no coração. Não estou incluindo os da coluna!

– Não posso contestar, posso? – perguntei, mas já conhecia a resposta

– De forma alguma. Agora deixa eu ver o que preencheu aqui. – eu já tinha escrito tudo, sido bem sincero, e espero que não seja selecionado. Eu não quero nem tentar, mas... – Vindo de White; Distrito Sete; 1,89 de altura; 70 quilos; olhos azuis-turquesa; cabelos loiros ondulados; fluente no italiano e espanhol; ensino básico completo em casa. – analisou tudo com cuidado – É, você será escolhido. – forcei um sorriso, do qual ela não notou que era fingido – Vou dizer para o pai que vou trabalhar, e convencê-lo de que é melhor ausentar-se de alguns empregos por hora. – assenti – Você será escolhido, Peeta, tenho absoluta certeza. Não precisa se preocupar com nada, ok? – assenti mais uma vez, vendo-a colocar minha ficha no envelope branco e macio novamente – Vá se deitar, pois amanhã bem cedo estaremos saindo para deixar isso no cartório. Boa noite, querido. – beijou minha cabeça.

Joguei-me em minha cama, vulgo um colchão com cobertores antigos, e fechei os olhos, sentindo meu corpo ser esmagado pela gravidade dos meus problemas. “Respire fundo, e lembre-se que não é o fim, pois no fim, tudo fica bem”. Lembrei a mim mesmo, mas não adiantou. Bem que poderia ser o fim.

Comecei a chorar silenciosamente, com os braços cobrindo meus olhos, para ninguém vir questionar a razão das minhas lágrimas. A verdade é que nem eu sei. São tantas coisas, e ao mesmo tempo nada!

Amélia disse que eu serei selecionado, com certeza, mas esse é o meu maior medo. Eu não quero. Minha família precisa de mim agora, e eu preciso deles. Sem notar, eu já estava inconsciente, sendo levado pelo sono sem sonhos ou pesadelos.

...

– Ainda bem que vocês vieram. Peeta parece que vai fugir a qualquer segundo! – Amélia disse impaciente, entrelaçando o seu braço fino no meu

– Que sacooooooo! – bati o pé – Por que vocês não vieram sozinhos? – perguntei mal humorado, de braços cruzados

– Porque tiram foto dos garotos, Pãozinho. – Amanda disse me dando um soquinho na costela, e eu me contorci todo, com um sorriso

– Ai, para... – eu disse rindo, por sentir cócegas

– Contenham-se! – ralou minha mãe, dando um tapa em meu braço – Principalmente você, Peter! Tem câmeras por todos os lados! – assenti, e Amanda moveu os lábios em um “se ferrou, idiota”, fazendo-me sorrir, e ignorar o aviso da minha mãe. Se a princesa não quer um cara que brinca com a irmã caçula, mais uma razão de eu brincar ainda mais. Minha família é absolutamente tudo para mim, e eu faria qualquer coisa para fazê-los feliz. Uma droga é que eles se sentem muito felizes por eu apenas mandar minha ficha para essa coisa toda. Eu quero mais que a princesa se ferre, honestamente. – E não é hora para brincadeiras, Savana.

– Mãe, eles só estão brincando... – Amélia disse sorrindo, com um braço por cima dos ombros da nossa mãe – E ele se chama Peeta, e ela, Amanda.

– Só não vou fazer cosquinha em você pois estamos em um local público, está me ouvindo? – assenti, me arrepiando todo só de imaginar sendo atacado por eles. Nesse quesito, meus irmãos não prestam – Ali, é a tia Linda! – todos nós levantamos nossos olhares para a mãe de Delly, que abriu um largo sorriso ao nos ver. Ela e mamãe são grandes amigas.

– Aliiiiiii! – Linda disse, vulgo minha sogra secretamente, e minha mãe abriu um enorme sorriso – Ai que bom encontrá-los por aqui!

– É, por pouco não encontra. P não queria vir de jeito nenhum. – Stacy disse, animada por minha presença naquele lugar exalando testosterona. Ai que nojo. Odeio homens. Em grande quantidade, eu fico nervoso. Estou enojado por estar aqui.

– E não quero continuar aqui. Não gosto de muitos homens juntos. – eles riram da minha fala, mas é verdade. Estamos em um lugar bem amplo, com uma vasta zona verde a poucos quilômetros a nossa distância, um céu azul, com algumas nuvens que dá vontade de apertar, e um sol razoável, mas cara! Não tem como! Tá tenso! É muito homem!

No distrito sete, tem-se uma vasta variedade de pessoas. Morenos, brancos, negros, pardos, asiáticos. Pessoas das quais não são dignas de viver com outras de classes mais altas como pessoas, mas também não são tão “bichos” a ponto de sermos condenados ao Distrito oito, onde têm-se prostitutas, mendigos, doentes mentais, rebeldes descobertos, assassinos inocentados, ladrões de grande porte, etc.

Na fila para entregar a ficha e tirar a foto, vejo alguns rostos conhecidos, e pelo visto não são muitos que sabem que as pessoas são escolhidas a dedo. Muitos estão com suas roupas do trabalho. Apresentáveis para suas funções, mas não para competirem pela mão da futura rainha de Panem.

Um dia, eu gostaria de saber como chegamos a esse ponto. Com a sociedade divida por números na conta, julgadas por um sorriso, condenadas pela forma de se portar. Isso é tão errado!

“Peeta, você precisa ver as coisas das quais não concorda, e guardar para si. Não se conforme, mas não tente ir contra as leis. Ir contra o sistema é a coisa mais perigosa do mundo. Você é diferente, Pequeno. O que te torna diferente, te torna perigoso. Não quero correr o risco de te perder. Se não concordar com alguma coisa, conte para mim ou sua mãe, não fale nada para seus irmãos ou amigos, estamos entendidos?”

Meu pai disse isso para mim ao lado da minha mãe, quando eu tinha dez anos, e disse que o governo era injusto na sala de aula. Recebemos, pelo que pude ver, uma carta de advertência, mas nunca soube o que ela continha. Sou diferente... sou diferente... sou um Sete, isso sim.

– Você precisa ver! Delly está toda risos por aí! – opa... esse assunto me interessa! – Eu e Cory achamos que seja porque ela se aproxima dos 18 anos. Acreditamos que tenha um garoto envolvido, que pedirá sua mão em casamento na frente da família toda.

– Nossa! Isso é incrível! – Amélia disse com um sorriso, que eu sabia que era um meio termo. Ela nunca acreditou nessa coisa de amor, e tals. Nem eu acreditava. Até conhecer Delly. Sabia que minha irmã estava feliz por sua amiga (minha futura noiva, mas ainda não sabe) ser pedida em casamento, porém, como nunca acreditou, às vezes percebo uma inveja branca quando alguém encontra o amor verdadeiro, enquanto ela não acredita nisso ainda.

– Não importa o Distrito, sério. – tia Linda disse, com um sorriso torto - Pois estou bem certa de que é uma pessoa incrível, e que a ame como a própria vida. Se esse cara partir o coração dela, Cory disse que parte o sujeito em quatro. – todos nós rimos, até ela, mas sabemos que é uma meia verdade. Cory, seu marido, é cirurgião, e é bem provável que ele faça isso com quem ferir sua filha.

– Não duvido nada, mas pela forma da qual Delly é, com certeza fará uma boa escolha. – Stacy disse, com um braço entrelaçado ao meu. Minha. Irmã. Está. Cer. Tis. Si. Ma. Eu sou a melhor escolha, com relação ao amor que posso oferecer. Eu amo Delly com a minha vida. Infelizmente, não estou certo com relação ao pedido... nascer um Sete é uma coisa. Ser rebaixado a Sete é outra totalmente diferente.

Uma tristeza sem precedentes invadiu meu coração, deixando-me cabisbaixo com essa possibilidade, de não poder oferecer o melhor do mundo para ela, só o melhor de mim. Isso é suficiente? – O que foi? – Stacy me perguntou baixo, puxando-me um pouco para baixo. Ela nota absolutamente tudo em mim, a ponto de me deixar assustado. Até mais que Amélia. Mandy percebe, mas não fala nada, apenas tenta me animar, e sempre consegue. Stuart é mais avoado. Amo ele, e seu jeito todo de liderança, mas isso acaba fazendo ele não ver quem está ao seu lado, e é um ponto bem negativo. Porém, sempre que preciso falar algo que preciso de segredo absoluto, recorro a ele, que é meu confidente, e o único que sabe do meu relacionamento com Delly, e fica tentando me dar conselhos.

– Não é nada. – eu disse dando de ombros – Sério. – negou, balançando a cabeça, fazendo seus cabelos castanhos escuros se moverem juntos, assim como de nosso pai.

– Eu vou mandar a mãe te perguntar! – ameaçou, e eu suspirei

– Não quero mandar minha carta. – falei simplesmente

– Eu sei, Peeta, mas não vai te machucar se mandar. – mandar não, pensei, agora se eu for selecionado, sim. E vai me machucar muito. – Do que está com medo?

– Ser escolhido, e precisar deixar vocês. – confessei apenas para ela, que me ouviu com bastante atenção – Eu amo vocês. – sorriu para mim, e eu sorri de volta. Fazer eles sorrirem é como se todo meu trabalho valesse a pena, e de fato vale, se for para vê-los contentes

– Nós também te amamos – beijou minha bochecha, ficando na ponta do pé – E não importa o que aconteça, se você for selecionado ou não. Nós vemos isso como uma chance de fazer você descansar um pouco. Nos importamos com você.

– E eu me importo com vocês. – a abracei, beijando sua cabeça.

– Então quer dizer que, não importa o Distrito, o cara terá a sua benção se pedir Delly em casamento? – Stuart perguntou para a mãe de Delly, como quem não quer nada, e não me olhou nesse meio tempo. Esperto.

– Se ele amar mesmo nossa filha, e estiver disposto a dar tudo o que ela precisa e merece, claro! – eu abri o maior dos meus sorrisos

– Próximo! – uma voz gritou, e era minha vez.

Desprendi-me delicadamente das minhas irmãs, e minha mãe me entregou a ficha, que entreguei com empolgação. Todos meus irmãos, até Ben, que estava no colo de Amanda, riu, me mandando um beijo, e eu sorri ainda mais. Todos dos quais eu me importo e amo de verdade, sorriram – Vou tirar quatro fotos suas, e a melhor será colocada na sua ficha, está bem? – disse uma moça baixinha, com um sorriso sedutor para mim, fazendo-me rir, notando que ela se inclinou discretamente para frente, dando-me visão de sua lingerie vermelha. Não me importo com a lingerie de nenhuma garota, se não for Delly.

Fingi que não vi, sentando-me em um banco confortável, e passei as mãos no cabelo, bagunçando-os ainda mais, soando o menos arrumado possível, embora eu estivesse com minha melhor blusa polo e calça jeans. Ela suspirou alto – Quando estiver pronto. – alertou e eu assenti

– Pode tirar agora. – e ela tirou a minha foto, comigo em meu melhor e mais radiante sorriso. Duvido que algum cara estava mais radiante do que eu naquele momento em todo o país.

...

– ACORDAAAAAAAAAAA! – Amanda gritou, me sacudindo – PREGUIÇOSOOOOOOOO!

– AAAAAAAAARRRRRRRRRRGGGGGGGHHHHHHHH! ME DEIXA DORMIR, DROGA! – Gritei de volta, revoltado, me virando para o outro lado, cobrindo o rosto com um travesseiro.

– TA NA HORA DO JORNAL OFICIAL! ANDAAAAAAAAAAAA! – continuou me sacudindo

– Mas não é hoje que eles vão revelar os nomes. – eu disse bufando, na mesma posição – Só sexta-feira que vem!

– E daí? A princesa Prim está na TV também. Anda... por favoooorrrrr... – pelo tom de voz, eu sabia que ela estava fazendo um biquinho

– Ah... – disse choramingando, e me debati na cama, chutando os lençóis, como uma criancinha. Continuei deitado, de costas para ela, demonstrando minha insatisfação.

– Peeta... – disse puxando minha mão e eu me levantei, com meus olhos cheios d’água, por não querer me levantar – Não chora. Daqui a pouco você volta. – assenti, esfregando os olhos

– Sinto cheiro de pipoca! – exclamei passando minha irmã, e correndo pra sala, encontrando todo mundo com um pote – Cadê o meu?!

– To terminando de fazer! – minha mãe disse da cozinha. Troquei um olhar com meu pai, de “ela pode cozinhar sozinha?”, e ele assentiu de leve. – Deixem um espaço para mim no sofá!

Fui para onde Amélia, Stacy e Stuart estava, jogando-me no colo deles, de barriga para cima, e Ben jogou o controle para mim. Pisquei para ele, que piscou com os dois olhos, fazendo-me rir.

– Sabe, pessoas educadas pedem licença. – Stuart disse jogando um pouco de pipoca na minha cara, e dei de ombros, comendo-as de boca aberta, e todos riram de meu ato.

– Eu não sou educado. – ainda disse de boca cheia, tirando do desenho infantil, e colocando no Jornal Oficial.

– Você é pesadoooooo! – Amélia disse fazendo cócegas nos meus pés, e eu me engasguei rindo, caindo do sofá, de barriga para baixo. Fiquei na posição que caí, ainda rindo – Iaaaa, otáriooooo!

– Vai se lascar, cretina. – eu disse e Ben trocou um olhar questionador para nosso pai, como se quisesse saber se podia falar aquilo.

– Se você disser isso, não vai para a pracinha durante quatro domingos, e Peeta não vai comer pipoca por seu vocabulário. – Ben assentiu, voltando os olhos para a TV, assim como eu, quando me dei conta da advertência que recebi

– PAI! – me sentei no chão – Pow, mó caô, ai! Na moral! Por favor, libera a pipoca aí! – pedi juntando as mãos, escutando os milhos pulando na panela, e minha mãe cantarolando alguma música antes da terceira guerra mundial, de onde vem suas músicas prediletas, e minhas também.

– Eu disse o que? Nada de palavrões em casa, e o que você fez? – estava boquiaberto com isso

– Mas eu nunca falo! Nunca! Paaaaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiii! – supliquei, fazendo beicinho, unindo as mãos, enquanto meus irmãos davam risada – Papaaaaaaaaaaaaaaiiiiiii!

– Iaaaaaa! Otárioooooooooooooo! Não vai comer pipocaaaaaaaa! – Mandy fez questão de jogar na minha cara

– Não é não, Peeta. – meu pai parecia aborrecido, bem aborrecido, e eu não gostava de decepcioná-lo.

– Ah, quer saber? Que droga! Drogaaaaa! – eu disse me jogando no chão de novo, dessa vez, de barriga para cima – Vocês! – apontei para Amélia, Amanda, Stuart e Stacy, que riam de passar mal – São grandes idiotas, e os piores irmãos no mundo! – Ben riu, com sua risadinha infantil

– O futulo lei de Panem está boladinhu... – meu irmão caçula disse, se deitando ao meu lado

– Eu. Não. Sou. O. Futuro. Rei. De. Panem. – falei pausadamente, para compreenderem minhas palavras – Nem sou bonito!

– Eu sou um cara gostoso, Peeta. – Stuart disse – Bonito pra caraca, e sou a sua cara, quase. A minha pele é mais bronzeada do que a sua, e você é mais alto. Se eu sou a sua cópia, tudo o que se parece comigo não é menos que per-fe-i-to. – todos rimos de sua cara, explicando, como se fosse álgebra, e estava bem sério.

– Ok, ok. Aceito ser mais gostoso que você. – eu disse pegando um pouco de pipoca do pote do meu irmão caçula, depois de me sentar, e colocá-lo em meu colo

– Eu também sou gotoso? – Ben perguntou mordendo seu bracinho, e a gente riu ainda mais

– Você é mais que todos nós juntos, caçulinha. – baguncei seus fios castanhos escuros, e ele deu aquela risadinha de bebê esganiçada, fazendo todos nós rimos. Beijei sua bochecha gordinha, e fiz um pedido. Que ele nunca cresça.

Minha mãe se juntou a nós, e depois de muitas risadas, ofensas e intrigas, o Jornal deu início.

Caesar apareceu com seu sorriso imutável e assustador desde seus 21 anos, quando começou a apresentar o Jornal Oficial, com um terno azul cintilante, e o cabelo em tons pretos e azuis.

– Olá, meu querido e amado país! – disse animado, e as notícias começaram a serem noticiadas.

Ele disse algumas coisas sobre vagas de emprego, inscrições para guardas encerradas, de criadas abertas, e blá-blá-blá – Eu poderia me inscrever... – Amélia disse e nós olhamos para ela – É um ótimo emprego, fora que eu nunca seria despedida. Falam que as criadas dispensadas trabalham na cozinha.

– Vamos esperar os nomes da Seleção, está bem? – meu pai, como sempre sensato, disse – O que acha, Alicia? – minha mãe lia estava distraída, com Amanda fazendo carinho em seus cabelos

– O que eu acho? Sobre o que?

– Sobre a Amélia se inscrever para trabalhar no palácio.

– AH! – olhou para minha gêmea – Você se sentiria bem? – ela sorriu

– Claro! Seria incrível! – Amélia disse batendo palmas, com um sorriso incrível – Fora que eu me casaria com um guarda, provavelmente.

– Você seria uma dois já, qualquer guarda gostaria de você e pediria sua mão em casamento. – Stuart disse – Sentirei sua falta, se for.

– Não vamos pensar nisso, por favor. – Stacy é muito unida a Amélia, assim como Amanda, da forma como Stuart e Ben são comigo. – Vamos ouvir o rei falar. – assenti, de muito bom grado, sem olhar para minha irmã mais velha por quinze minutos.

O rei Snow começou a falar, sobre algumas revoltas e manifestações no sul, bem próximas a mim e minha família, mas que estava tudo sobre controle. Mentira. Uma grande mentira. Estão se preparando, pelo o que eu ouvi falar, para atacar o palácio. Já foram avisados, é claro, e eu nunca vi tantos guardas em toda minha vida. Boatos dizem que os sulistas planejam tomar o trono, e eu tenho medo de que isso seja verdade. Nosso país está aos frangalhos, mas com pessoas tão agressivas assim no poder, é algo extremamente complicado.

Pode-se notar os esforços do rei, enviando tropas de homens fortes e aparentemente capazes de lutar, mas o povo não se conforma com mais formas educativas ou planos de inclusão social. Os sulistas não querem mudança. Eles querem vingança, por passarem todos esses anos, muitos mesmo, sendo taxados como inferiores, incapazes de serem denominados como gente. Eu não concordo com suas atitudes, pois creio que gentileza gera gentileza, e guerra gera guerra, mas entendo suas razões para não aceitarem mais nada.

É muito ruim ir para um Distrito superior, e ser olhado torto.

A rainha entrou, estonteante, com uma feição confiante e serena, falando sobre novos projetos para as mulheres, com relação a saúde, fazendo eu, Amélia e meu pai nos endireitarmos para ouvir com atenção deforma sincronizada. Apenas nós sabíamos da doença da minha mãe, e não planejávamos contar para mais ninguém. E não iremos.

Infelizmente, nenhum deles era cabível para nosso caso, e nós três trocamos um olhar preocupado e infeliz. Vamos ter que trabalhar para pagar os gastos médicos, não há solução.

– E então, Majestades, podem nos adiantar alguma coisa sobre a Seleção? – Caesar perguntou sorrindo, aparentemente empolgado. Pelo que sei, essa é sua terceira seleção. Ele acompanhou a do rei, para encontrar sua rainha, 25 anos atrás.

– Tem muuuuuitas fotos de meninos e fichas no escritório do papai! – Prim disse, com sua voz em um meio termo, meio criança, meio moça. Ter 12 anos é um meio termo, e sempre me divirto, como todos, quando ela aparece. Ela é como uma menina normal, só que com roupas caras. Ela fala como nós.

– Sério, princesa? – ela sorriu, animada – E são bonitos?

– MUITO! – disse rapidamente, ressaltando o nível de beleza, e todos rimos, até seus pais, embora balançassem a cabeça em negativa

– É um sorteio, mas precisa-se analisar com muito cuidado o perfil dos rapazes. – o rei disse, e tem razão – Não podemos permitir que alguém coloque a vida de Katniss em perigo. – e a câmera focalizou no rosto da futura rainha, fazendo meu coração disparar... de raiva!

Eu não gosto dela. O cabelo castanho, sempre perfeito demais. A maquiagem, sempre perfeita demais. Sua voz, sempre melodiosa demais. Ela... sempre perfeita demais. É como se não possuísse erros, pecados, segredos, e isso me deixa fora do sério.

Só tem uma coisa, na verdade, duas, que não me fazem odiá-la. O seu claro amor pelo país, e reconheço que ela será uma boa rainha, e seus olhos. Eles são em um cinza perfeito, como uma tempestade, mas os acho... foscos. Como se ela não quisesse viver. Isso me intriga. As maquiagens carregadas nos olhos, creio eu, que são para disfarçar isso, mas a mim não escapa este detalhe. Sinto pena dela, por precisar a chegar a este ponto, de casar-se através de uma Seleção forjada para encontrar o seu marido ideal, com as probabilidades de nunca de apaixonar.

– Como a senhorita, princesa, está reagindo com isso tudo? – Katniss riu

– Eu estou bem tensa com essa coisa toda... só tenho contato com meu pai e o senhor, juntamente com alguns poucos conselheiros homens. Não tenho a menor ideia de quem poderá ser escolhido no sorteio. Minha irmã e meus pais que estão vendo alguns rostos, mas eu não. Descobrirei junto com todo o país.

A tá... e eu sou um conde da Noruega.

– Acredito na senhorita, e desejo-a uma boa sorte, na hora do sorteio. Quando será realizado, aliás? – Caesar disse gentilmente, com um sorriso torto, que ela devolveu, e podia notar que eles tinham uma amizade.

– Será realizado amanhã. Os conselheiros já analisaram todas as fichas, e pelos comentários que escutei, não tenho medo. Os rapazes de nosso país são tão capacitados, em todos os sentidos, tanto quanto parecem. – uma salva de palmas foi feita no estúdio, fazendo-a corar, mas manteve-se como se esse fato não tivesse ocorrido. – Muito obrigada mesmo pelo desejo de boa sorte. Embora eu não esteja com medo, bate um receio, de falhar em algo quesito.

– A senhorita não falhará. – Caesar disse, dando um beijo na mão dela, que sorriu

– Já disse que não precisamos de tantas formalidades! – Prim assentiu, e o rei e a rainha sorriram

– Desculpem-me... força do hábito. – disse em um tom brincalhão, gerando risadas – Bom, e esse foi o Jornal Oficial semanal. Na semana que vem, serão divulgados os nomes de todos os selecionados, com a presença da família real, e em duas semanas, os selecionados estarão bem aqui! No palco, e vocês quem enviarão perguntas! Boa noite, Panem! – a família real acenou, ainda sentados em suas cadeiras com certeza feitas de ouro, e a insígnia do país apareceu na tela.

...

– As coisas estão bem, não quero falar sobre mim, Pepe. – Delly disse naquela mesma noite, sentada em meu colo, com as pernas pendendo para um lado do meu corpo, brincando com os botões da minha camisa – Meus pais não param em casa, e hoje não é uma exceção... – desabotoou dois, sem olhar em meus olhos – O que você acha de descer para o meu quarto? – parou o que estava fazendo, para olhar bem dentro dos meus olhos

– Delly, não podemos... – eu disse prendendo o ar, quando colocou as duas pernas ao redor da minha cintura – Por favor, não abusa da minha sanidade. Sério...

– Mas você precisa. Por ter enviado sua ficha. – segredou, beijando meu pescoço lentamente, me arrepiando todo – Com frio, Peeta? – sussurrou, passeando as mãos pelos meus braços.

– Talvez, e você? – desci minhas mãos. Estavam em suas costelas, na intenção de afastá-la, mas elas escorregaram, por sua camisola bem fina, que marcava bem seu corpo com belas curvas.

Minhas mãos passearam por sua cintura, apertando bem de leve, e ela chocou nossas intimidades, e eu podia sentir a minha latejar – Por favor, vamos parar... – pedi quase desesperado

– Eu não quero parar essa noite. – admitiu, fazendo de novo, e eu gemi mais alto, jogando a cabeça para trás, sentindo-a sorrir – E nem você, pelo meu ver.

– É, eu não quero. – falei sem pensar, trocando nossas posições, deitando-a com cuidado no tapete de veludo que tinha para nos sentarmos em seu sótão.

Estando no meio de suas pernas, sobre ela, desci minha mão da sua cintura para sua coxa, apertando-a com medo de deixar marca – Para com isso, e faça o que você quer. Ninguém vai descobrir. – disse desabotoando a minha blusa, olhando em meus olhos, e eu podia ver uma imensidão negra, causada pelo prazer, e sei que os meus não estavam diferentes.

Eu não disse nada, apenas apertei sua coxa com mais força, como havia dito, e escondi meu rosto em seu pescoço, beijando-a ali, e fiz um movimento de vai e volta três vezes, fazendo-a gemer alto, e eu sorri, fazendo de novo, dessa vez com mais intensidade, como se estivesse dentro dela. Não me contive, e gemi junto, querendo acabar com a demora.

Ela tirou minha blusa, e eu a ajudei. Ela observou meu corpo, da cintura para cima durante alguns instantes, e depois me olhou nos olhos novamente, ofegante, assim como eu. Fiquei com medo, de ela não ter gostado da minha aparência, quando fui surpreendido por um beijo caloroso dela, com nossas línguas batalhando por espaço, na intenção de alcançar o fruto proibido. Enquanto uma de suas mãos estavam na minha nuca, causando-me arrepios positivos, outra passeava por meu abdômen – Você é perfeito. – disse de olhos fechados, com nossas posições invertidas. Voltei a me sentar, para tirar sua roupa, e deixar algumas marcas em seu pescoço, jogando seus cabelos com cuidado para trás, já que são até um pouco abaixo de seus ombros.

– Você quem é perfeita. – declarei baixo, apalpando seus seios, que apenas me davam a certeza de que eu estava no caminho certo.

Desci as mãos novamente para suas coxas, mas dessa vez para encontrar a barra da sua camisola, e ela sorriu, tirando a peça de roupa – O que achou? – perguntou, com as mãos nos meus ombros, afastando-se só um pouco para poder me dar a visão de seu corpo, coberto apenas por um sutiã rendado, e uma calcinha baixa, já que não era nem um quilo acima do peso. Seu corpo é perfeito. Ela é perfeita. Joguei sua peça de roupa para outro canto, assim como minha blusa.

– Não podia ser melhor. – sorriu, inclinando-se novamente, e me beijando, enquanto eu desabotoava a minha calça apressadamente, sem pensar em mais nada. Meu membro já estava preparado para tal ato, e eu podia senti-la quente sobre mim.

Deitamo-nos novamente, comigo por cima dela, que cobriu nossos corpos por um edredom grosso – Você tem certeza? – perguntei preocupado – Vamos parar. – levantei um pouco, tentando entender aonde eu estava com a cabeça. Temos que parar.

Eu estava apenas de cueca, e ela apenas com sua calcinha, e o sutiã ainda no corpo, mas suas mãos se encarregavam de desabotoá-lo – É a nossa última noite, Pepe. – disse olhando-me nos olhos, cheios de certeza e paixão, mas eu não podia acreditar no que ela tinha me dito.

– Peraí, como assim nossa última noite? – sentei-me, e ela prendeu o ar, me acompanhando. O edredom caiu em meus ombros, assim como a realidade sobre meu rosto. – Delly!

– Peeta! – disse de volta, e seus olhos ficaram cheios d’água – A Seleção vai acontecer na semana que vem, é sobre isso que quero dizer. – passou a mão fina em meu rosto, suavemente

– Eu não vou ser selecionado. – estava convicto disso – Meus pais não podem ficar sem mim.

– Mas se você for selecionado, precisa ir. E se for, não nos veremos nunca mais. – algumas lágrimas caíram de seu rosto ao pensar na possibilidade – Eu não posso te deixar ir, sem ser sua... – abraçou-me pelo pescoço – Não vai me dizer que não pensou nessa probabilidade, Peeta! – olhou-me nos olhos – Você não pensou, não foi?

– Dells, pelo amor! Que características e qualidades eu tenho para ser um rei?! – perguntei com as mãos em sua cintura, e qualquer frase dita em um momento errado, nos separaríamos. Qualquer frase dita no momento certo, avançaríamos.

– Eu poderia enumerar várias delas, e tem o conhecimento disso. – disse beijando minha bochecha – Mas a principal delas, é se colocar em segundo plano, priorizando sempre aqueles que ama, e seu senso de justiça é incrível.

– Não pude fazer nada com relação as costas de Stuart... – falei em um fio de voz, extremamente baixo, pois as lembranças são horríveis. Aos oito anos, meu irmão foi açoitado em praça pública por ser pego roubando frutas, por estar com muita fome. Eu corri pelas ruas ao ouvir seus gemidos de pura dor, e na quinta e última chicotada, uma poça enorme de puro sangue estava ao seu redor, e eu acreditaria se alguém me dissesse que tinha afetado alguma artéria ou diversas veias. Ficou carne viva.

Não estava no inverno, e sim verão. A região da qual estamos, é bem rígida com relação as estações. Quando é inverno, neva. Quando é verão, a gente fica a dois palmos de derreter. O que ficamos fazendo por um mês inteiro foi em espantar os mosquitos, e minha mãe gastou seu salário todo com a compra de uma maleta de primeiros socorros completa para não permitir que ele morresse.

– Mas você, se pudesse, terminaria com essas punições, aumentaria a dignidade dos Setes, assim como o salário. – passou as mãos por minhas costas – Você será o melhor rei que Panem já viu, e melhor que você, só seus filhos com a rainha.

– Você é a minha rainha. – deitei ela novamente, fechando suas pernas, mas ainda sim sobre ela – E só com você que eu quero ter filhos. – seus olhos novamente ficaram cheios d’água

– Oh, Peeta... – e me puxou para um beijo novamente, com gosto de lágrimas, amor e despedida – Eu te amo.

– Eu te amo. – disse beijando seu pescoço, com a respiração ofegante, assim como a dela, que estava ainda mais acelerada e difícil do que a minha, por eu estar subindo e descendo minha mão por sua coxa mais uma vez – E quando te digo que não serei selecionado, eu não serei. – voltei a me sentar, admirando ela ali, toda linda, como sempre, só para mim.

– Mas e se você for? – puxou um lençol para cobrir seu busto. Ah, você não precisa fazer isso... a visão está boa... – Peeta, me responde. E se você for?

– Eu volto na primeira remesa. – respondi na hora, como se estivesse ensaiado

– Não, você não vai. – segurou minha mão esquerda, entrelaçando com a sua mão esquerda também – Por favor, olhe dentro dos meus olhos. – obedeci – Se você for selecionado, pelo menos vai tentar. Vai ser simplesmente você, e tentar ganhar.

– Delly... – suspirei – Eu não quero ser da realeza.

– Eu sei que não, mas quando for, não vai querer voltar a vida de antes. Pense comigo, por favor. – tocou meu rosto com a mão livre – Estando no poder, você vai poder colocar tudo em seu devido lugar. Vai poder fazer com que as pessoas não morram mais de fome, que as punições sejam em praça pública, e obrigatoriamente assistidas...

– Mas aí eu te perderia. – essa ideia é insuportável. Ela apenas abriu um sorriso torto, com os olhos cheios d’água

– Você nunca vai me perder, meu bem. Eu te amo. Nada pode mudar isso... serei sempre sua. Você será sempre meu?

– Eu sou sempre seu. – beijei nossas mãos, olhando em seus olhos, e algumas lágrimas caíram sem sua permissão – Eu não quero fazer isso, Dells...

– Eu sei que não, mas por favor... pelo menos tente. Você vai se apaixonar pela princesa, e eu serei apenas uma parte do seu passado. – não podia acreditar em suas palavras

– Está mandando eu desistir de você?! Delly! Eu nunca vou deixar de amar você! Amar outra garota é inimaginável! – ela suspirou

– Você precisa tentar. – aproximou nossos rostos, tocando nossos narizes, e eu fechei meus olhos, querendo que momentos como esse se repetissem todas as noites da minha vida

– Mas e se eu for eliminado?

– Eu estarei aqui. – encostou nossos lábios, e se afastou. Rápido demais. – Eu sempre estarei aqui. Serei sua segunda opção.

– Você sempre foi, e sempre será a primeira. – pude sentir ela sorrir, pela proximidade de nossos corpos.

– Essa pode ser o nosso último encontro íntimo... – sussurrou, com a cabeça agora em meu peito, comigo ainda sentado – O que você acha que devemos fazer?

– Quando seus pais chegam? – perguntei com os dedos fazendo um suave carinho em seus cabelos

– Pela tarde.

– Então só vamos ficar aqui... e aproveitar o momento. – apenas assentiu, e não fomos mais adiante, coisa da qual eu sei que não faríamos. Não temos coragem, embora pareça que sim, e essa noite tenhamos ultrapassado todas nossas barreiras.

– Peeta? - chamou-me quase em um sussurro

– Sim. - devolvi no mesmo tom

– Leve-me a Igreja. - pediu delicadamente, sem malícia - Depois a gente se ama. - sorri

– Eu vou te louvar como um cão... - falei beijando seu pescoço, sem segundas intenções - E te confessar todos os meus pecados. - ela sorriu

– Você tem muitos pecados, senhor Mellark? - perguntou risonha, com aquele sorriso torto que me dá vontade de dar todas as estrelas para ela

– Ah, com certeza, senhora Mellark. Todos eles a envolvem, mas ainda não pratiquei nenhum. Só quando eu colocar uma aliança no seu dedo que pecarei. - falei e ela riu - Você me perdoaria se eu dissesse que quero te amar um dia inteiro? - sorriso maliciosa, mas em tom de riso

– Eu sou muito boa em perdoar quem pede sinceramente, Mellark.

– Ah, então estou perdido. Não me arrependo disso, de sentir vontade de fazer amor o dia todo depois de casado, com a mulher mais perfeita do universo. - seus olhos se encheram d'água - Oh, por favor, não chora. - pedi preocupado

– Você é incrível. - respondeu, jogando os braços ao redor do meu pescoço, e me abraçando com força - Eu te amo.

Ficamos em meio a beijos, muitos beijos, calmos, rápidos, intensos, e abraçados, conversando sobre banalidades. Não importa quem seja a princesa, ou que ela será coroada um dia. A minha rainha sempre foi e sempre será Delly.

– Eu te amo. – disse já com uma parte do corpo do lado de fora, com o sol nascendo, e vi ela sorrir torto, tocando minha bochecha, passando a mão gentilmente

– Eu também te amo. – e se inclinou um pouco, segurando meu rosto, aprofundando um beijo. Nossas línguas buscavam espaço, como se aquilo fosse sucumbir a saudade que já começava a crescer, embora estejamos juntos ainda. – E não importa o que aconteça, sempre será meu rei. – sorri. Meu sorriso não poderia estar mais radiante.

– E você sempre será minha rainha. – demos mais um selinho demorado

– Se for escolhido, vai tentar? – eu não queria. Mas precisava. Por ela.

– Sim, eu prometo. – sorriu, e ela não estava bonita. Estava tão radiante como o sol.

Desci as escadas, sem olhar para cima, mas sabia que seus olhos me acompanhavam. Acenei exageradamente, com um sorriso enorme no rosto, ao ver que não tinha ninguém na rua, e ela riu, acenando de volta, me mandando muitos beijos. Como eu amo essa garota...

Virei meu corpo, e corri para casa. É preciso manter a descrição.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Grande demais? Muito cansativo?
Hm, e como prometido, um pedaço do próximo capítulo! :D
"E lá estava minha foto! Eu, com o cabelo atrapalhado, meus olhos brilhando, azuis como o mar, as bochechas coradas pelo sol, minhas covinhas que dificilmente aparecem, algumas sardas no nariz, e um sorriso de dar inveja no sol, de tão radiante, puro e sincero. Qualquer um que visse essa foto, dada as atuais circunstâncias, juraria que eu estava apaixonado pela princesa."

Será um poema que abrirá o próximo, e aí vai ele!

"Porque se olhares em mim verás...
Não sou tão má quanto pensas;
apenas não sou tão corajosa como imaginas...
Pareço forte, mas no fundo sou fraca
Fera, porém sou bela
As vezes chata, mas no meu íntimo há sentimentos diversos
Pareço metida, porém se olhares em meu semblante com seu coração verás apenas humildade
Calma, sempre...
Posso até parecer solitária ...
é que realmente tenho poucos amigos...
a diferença é que os poucos que tenho
não valem metade de um seu...
Pense nisso
depois me julgue
Lembre-se que se me julga pela aparência...
sou apenas o reflexo de sua ignorância
Desconhecido"

Vale novamente ressaltar que esse poema é o que abrirá o próximo.

E aí? Quais as expectativas? Amo saber o que estão achando! É tão empolgante! Ainda falta alguns capítulos para o encontro entre pessoal entre ele a Katniss!
Beijos! Obrigada mais uma vez pelo suporte, gente!