Era Uma Vez... #paralisada escrita por Luhluzinha


Capítulo 9
Capitulo 8 – O vilarejo


Notas iniciais do capítulo

Hey, voltei como prometido!
Espero que gostem!



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Capitulo 8 – O vilarejo

Isabella encarava tudo o que tinha.

Sob a cama colocou seus brincos cravejados de brilhantes, herança de tia Nora, o anel de noivado também de brilhante, herança de sua mãe, o bracelete que havia ganhado aos 15 anos de tia Nora, o vestido caríssimo que tinha comprado para o casamento de Jill que tinha algumas pedrinhas que julgou valer alguma coisa naquela época e finalmente o livro, que também pelo visto, era herança de tia Nora.

Suspirou, precisava de dinheiro. Ela tinha que fazer dinheiro com o que tinha. Iria fazer uma semana que estava ali, sua intenção inicial era partir no dia seguinte.

Puxou os cabelos um tanto consternada. Nenhuma palavra a mais havia aparecido no livro, e ela esteve contando com isso. Roeu todo esmalte de suas unhas, pelo menos ninguém mais a julgaria como uma prostituta por causa das unhas vermelhas.

Já não suportava mais tanta companhia. Ali ninguém podia ficar sozinho, todos tinham que estar o tempo inteiros juntos, fazendo passeios, caminhadas, jogando jogos esquisitos, fofocando da vida alheia, indo caçar (o que ela era terrivelmente contra), ou praticar tiro ao alvo (o que ela adoraria fazer, principalmente se a Condessa fosse o alvo).

A Condessa estava usando cada segundo disponível, para ofende-la. A mulher não tinha muitos escrúpulos e isso incomodava Isabella. Já Aurora parecia adorar ressaltar seus atributos, que logo percebeu ser as suas atitudes escandalosas. Como montar a cavalo como homem, sua maneira supostamente atrevida de falar, o fato de ter 23 anos e ser uma mulher sem família e solteira, seu comportamento despojado. E todas as vezes que Aurora fazia a apologia, o Duque se enfurecia, e dizia de uma forma não tanto dócil para que ela tirasse aquelas ideias absurdas da cabeça. E como de burra Isabella não tinha nada, percebeu que não havia uma inimiga na casa, mas duas. Aurora estava mostrando sutilmente o quão imprópria Isabela era. E que o Duque já estava prestes a convida-la a sair de sua propriedade.

O sol mal tinha acabado de nascer, e como já sabia que sua paciência tinha esgotado, ela se aprontou antes e pediu para Popy como fazia para conhecer o vilarejo. Popy providenciou uma capa, e dentro da capa, nos bolsinhos internos, Isabella guardou todos os seus pertences, e do vestido ela retirou as pedrinhas e as levou também.

Para não contrariar Albert, tomou um rápido café da manhã e já saiu atrás de Ben Bennet. Pediu que ele selasse a égua que havia resgatado no bosque, e pediu que ele repetisse o caminho do vilarejo.

– Mas Senhorita, não é certo que vá sozinha!

– É apenas um passeio – disse calmamente para o jovem rapaz – Não quero atrapalhar Alice com algo tão ridículo como um passeio no vilarejo.

E imediatamente saiu.

E se sentiu livre. Se ela decidisse não voltar, que mal teria? Só seria chamada de ingrata, porque tinha tudo o que era seu em seus bolsinhos, e a égua não era do Duque, era dela, achado não era roubado. O vento batendo em seu rosto, seu corpo em movimento, ela estava com saudades de cavalgar sem hora para voltar e sem um destino certo.

Não era um caminho difícil, e as indicações foram bem dadas. Se fechasse os olhos estava novamente no Haras. Seu coração acelerou indicando a sua vontade de voltar para casa. Ela estava cansada daquele teatro de etiquetas, aquele jeito de falar e de se vestir. Cavalgou por 40 minutos até que o aglomerado despontasse despois do morro.

Pode ver o alto da torre da igreja e o sino esperando ser tocado. As ruas eram de pedra batida, tinha uma praça e ao redor dela vários comércios. Loja de tecido, açougue, mercearia, um bar, relojoaria, boticário, loja de penhor. Do outro lado algumas casas de andar, um prédio que julgou ser a delegacia, um glomerado de carroças e carruagens.

Desceu do cavalo e amarrou na entrada em uma arvore disponível. Seus cabelos estavam um tanto desordenados pela pequena viagem.

Conforme ia caminhando, notava que as pessoas voltavam seus olhares para ela e cochichavam. Passou por duas jovens que se afastou dela como se tivesse alguma doença contagiosa. Se irritou profundamente.

Preciso ir embora desse fim de mundo.

Entrou na loja de penhor, a porta balançou o sininho alertando o dono de sua chegada. Do outro lado do balcão, o senhor que estava de costas se virou para ela. Era portador de uma barriga proeminente, barba e bigode, e um óculos que beirava a ponta do nariz, segurava em mãos alguns livros.

– Olá! Bom dia senhorita, em que posso ajuda-la? – deixou os livros sob o balcão.

Isabella olhou em volta, ali tinha tanta tralharia que logo pensou que talvez ele não poderia ajuda-la. Se aproximou lentamente e receosa.

– Bom dia, gostaria de saber se aqui faz penhores.

Ele sorriu.

– Depende, eu ganharia algo?

Engoliu seco, ela não poderia fazer aquilo, era jogar seu maior tesouro no lixo. Tentaria sua cartada de sorte, enfiou a mão no bolsinho da capa e retirou as pedrinhas do vestido. Isso teria que valer alguma coisa nessa época em que provavelmente uma caneta custaria milhões.

As pedrinhas se espalharam pelo balcão, o homem esbugalhou os olhos.

– Que diabos é isso?

Ele se virou para ela como se estivesse preste a ligar para a polícia, exceto que ali não tinha telefone. Analisou Isabella de cima abaixo. A capa era de qualidade assim como o vestido e os sapatos, estava um pouco descomposta, entretanto não aparentava ser alguém de frágil condições financeiras.

– Não são de verdade – se apressou em dizer percebendo que ele não acreditaria se ela dissesse que eram diamantes e principalmente o problema que isso poderia causar – São réplicas muito bem feitas.

Ele estreitou os olhos. Não se faziam réplicas de diamantes assim tão facilmente. Pegou uma nas mãos.

– Tem um pequeno furo nelas.

– Porque estavam bordadas em um vestido que... – pensou bem no que diria – que eu ganhei. Mas houve um acidente e o vestido ficou inutilizável.

Ele agarrou uma pequena lupa e começou analisar a pedra.

– De fato, realmente é muito bem feita, mas isso não seria penhor senhorita, é uma venda. E eu não estou interessado em comprar.

Isabella suspirou. Era exatamente isso que ela tinha medo.

– Bem, vi que tem algumas joias expostas no outro balcão – seu coração doía, retirou o seu bracelete e colocou na frente dele – Isso tem alto valor sentimental para mim, mas no momento sentimento não enche barriga, se é que me entende.

O homem pegou o bracelete de ouro e analisou e ela continuou a falar.

– Eu preciso de dinheiro, mas não queria me livrar definitivamente dele, então poderíamos fazer um acordo. Eu empenhoraria o bracelete por duas semanas, se eu não conseguir voltar no prazo para resgatar a peça o senhor pode expor para vender.

O homem ainda estava concentrado admirando os detalhes da peça. Ela estava jogando alto. Tinha traçado uma meta, no mínimo em uma semana ela tinha que ter encontrado a saída daquele lugar e no máximo duas ela sim ou sim teria que voltar para sua vida normal. Estava enlouquecendo no ducado de Devonshire.

– Bem, quanto quer por ele?

Isabella não tinha ideia de como funcionava o meio financeiro por ali.

– Quando o senhor daria?

O homem estalou os lábios e voltou a analisar.

– Cinco moedas de ouro. – disse suspirando – Fazemos um pequeno contrato que daqui 14 dias voltará e irá me ressarcir, depois disso, caso não voltar, poderei vender a peça.

– Sete moedas e não se fala mais nisso? – ela era uma péssima negociante.

– Seis e nenhuma libra a mais.

Suspirou, era o que ela poderia conseguir.

Okay. – o homem estreitou os olhos – Tudo bem.

Recebeu suas moedas do Senhor Farrel e a sua garantia. Ela tinha 14 dias para recuperar seu bracelete. Atravessou a praça e se sentiu curiosa para conhecer o interior da igreja. Se sentiu um tanto decepcionada ao ver que não tinha mudado muito, continuava com um altar e bancos de madeira, um confessionário, muitas velas e uma bacia com agua benta.

Saiu e foi em direção as carruagens onde tinha algumas pessoas.

– Olá. – Os cocheiros que conversavam olharam surpresos – Oi, é... poderia me enformar onde acho o trem que vai pra Londres?

Trem? – Um deles perguntou – O que seria trem?

Isabella estacou, a revolução industrial estava só começando. O único meio de transporte era carruagens, diligências, carroças, á cavalo, a pé e a navio de velas.

– Como faço para ir até Londres?

Outro homem se levantou.

– Comigo, minha diligencia sai ao meio dia, senhorita. – o jeito que ele sorriu não agradou Isabella.

– Certo – disse sem se abalar – quanto seria a passagem? – ele arqueou a sobrancelha – Quanto é o seu serviço?

– Seria 4 moedas de prata.

Isabella assentiu.

– Obrigada.

Rapidamente se afastou, ela que não iria a lugar nenhum com ele. A forma que a olhou era bizarra. Ela teria feito algo errado novamente? Teria sido impropria, como dizia Popy?

Foi voltando para o cavalo, alisou o animal e ia se preparando para sair dali.

– Hey! – se virou – Hey esse animal é meu.

O homem, alto magro e um tanto sujo se aproximou. Parecia ser um agricultor.

– Esse é animal é meu!

– É seu? – questionou um tanto surpresa – Eu..

– Como teve coragem de roubar meu animal e ainda permanecer na vila? – ele a interrompeu.

Isabella se calou tamanha foi a sua confusão; ela roubar um animal? Ele tinha bebido? As pessoas começaram a se aglomerar a sua volta. Podia escutar os murmurinhos.

“Que absurdo!”

“Como pode roubar o sustento de uma família?”

“Covarde!”

– Espera eu não..

– Não ouse negar! Este animal é meu! Chamem as autoridades!

Pelo visto, por ali, achado era roubado.

– Poderia me escutar? – disse sufocada – Eu não roubei nada, eu...

– Ah, terá a ousadia de negar? Santo Deus, em que mundo estamos?

Isabella viu o homem de chapéu se aproximar apressado, seria ele ‘as autoridades’? Pensou por um instante em correr e dar o fora dali, mas logo notou que não iria muito longe.

Mas que inferno, Isabella Swan seria presa, e seria presa por engano em um lugar onde não tinha a quem pedir ajuda. Apodreceria na cadeira.

– O que está acontecendo por aqui? – disse o homem do chapéu um tanto ofegante. Isabella concluiu que aquele episódio era o mais badalado em tempos, ganharia a boca do povo em minutos, e não sairia dela por meses.

– Esta mulher roubou o meu sustento! Este animal é meu!

– Eu não..

– Calem-se! – disse o homem quando todos começaram a falar juntos.

Ela merece a forca”

Quem tinha dito isso? Isabella olhou em volta desesperada. Forca? Isso seria alguma piada?

– Os dois, -apontou para Isabella e o acusador – me acompanhem.

“Prenda-a! Ela irá fugir!”

Quem era o infeliz que estava dando essas ideias horríveis? Forca.. algema.. Isabella se encarregaria de soca-lo depois disso.

O homem do chapéu, um tanto atrapalhado, pegou as algemas e foi em sua direção.

3...2...1... Isabella provaria da vergonha.

– Senhor O’Brien, poderia por favor, guardar as algemas?

Isabella e todos os outros se voltaram para a voz.

Ela confessava até a última célula do seu corpo, nunca tinha ficado tão feliz em ver um homem em sua vida. Nunca imaginou que ficaria tão aliviada com a presença do Duque de Devonshire, o Lorde Edward Cullen, que por sua vez honrava muito bem seu título montado em seu cavalo malhado, ele portava uma imagem intimidadora.

E Isabella assistiu, o homem do chapéu que agora tinha um nome, engolir seco, abaixar as algemas e agir como um pobre cordeirinho indefeso.


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Notas finais do capítulo

Hahaha.. Gente, acho que o proximo capitulo foi o que eu mais gostei de escrever!
Siiiim ele esta pronto!
Então sejam excelentes leitoras e vamos comentar e recomendar a história?
Bjo bjo pra vcs! Até mais!